Dia: 12 de Setembro, 2022

Lápis azul nas redes anti-sociais [4]

https://www.amnesty.org/en/Web Action WA 14/06; AI Index POL 30/010/2006
Start date: 20/07/06

An Amnesty International Campaign

Chat rooms monitored. Blogs deleted. Websites blocked. The Internet is a new frontier in the struggle for human rights.

Sign our pledge to keep the internet as a space for freedom of information and expression.

Irrepressible

adj. Impossible to repress or control

Chat rooms monitored. Blogs deleted. Websites blocked. Search engines restricted. People imprisoned for simply posting and sharing information.
The Internet is a new frontier in the struggle for human rights. Governments — with the help of some of the biggest IT companies in the world — are cracking down on freedom of expression.
Amnesty International, with the support of The Observer UK newspaper, is launching a campaign to show that online or offline the human voice and human rights are impossible to repress. [“Amnesty International” (pdf)]

Irrepreensível*

Adj., 2g. 1) Que não se pode reprimir.

“Chat rooms” vigiadas. Blogs apagados. Sites com acesso bloqueado. Restrições a motores de busca. Pessoas encarceradas apenas por escrever ou trocar informações.
A Internet é uma nova fronteira na luta pelos direitos humanos. Existem Governos que – com a ajuda de algumas das maiores empresas na área das novas tecnologias, a nível mundial – estão a “cair em cima” da liberdade de expressão.
A Amnistia Internacional, com o apoio do jornal The Observer UK, lançou uma campanha para demonstrar como é impossível reprimir a voz das pessoas e os direitos humanos, tanto online como offline.

Assine a nossa petição pela liberdade na Internet
Estou convicto de que a Internet deve ser uma força de liberdade política, não de repressão. As pessoas têm o direito de procurar e de receber informação, e de pacificamente expressar as suas convicções na Internet, sem receio e sem interferências.
Apelo aos governantes no sentido de que acabem com a restrição injustificada da liberdade de expressão na Internet, e às empresas para que deixem de ajudar os governos a fazê-lo.

Acerca desta petição
Em Novembro de 2006, reunir-se-ão governantes e representantes de empresas de todo o mundo, numa conferência em Nova Iorque, onde será discutido o futuro da Internet; ajude-nos a enviar-lhes uma mensagem clara, significando que existe gente por todo o lado que acredita ser a Internet um espaço de liberdade política e não de repressão.
Apresentaremos o número total (de adesões) naquela conferência. Quanto mais pessoas assinarem, mais alto se fará ouvir a nossa voz.
Por favor, leia e assine a nossa petição em http://irrepressible.info/**.

(Tradução de Apdeites, 11.11.2006)
(*) Sobre a tradução de “irrepressible” é favor ler os comentários ao post original.
(**) O webdomain http://irrepressible.info “desapareceu” em Julho de 2010.

As “amplas liberdades”

O documento acima serve para bastante mais do que apenas ilustrar a mais significativa das implicações da gigantesca máquina de censura que já foi posta em movimento por todo o mundo.

A primeira constatação é que não apenas o delito de opinião foi instituído a nível global, incluindo as ou principalmente nas próprias organizações supra-nacionais, como também não é de hoje ou sequer recente a internacionalização de todas as instituições repressivas que progressivamente vão cooperando entre si.

Os mecanismos de vigilância e de formatação das liberdades do indivíduo, outrora exclusivos dos regimes mais ditatoriais e sanguinários, espalharam rapidamente a peçonha estendendo-se — desde os primórdios da Internet — à esmagadora maioria dos governos de países que se intitulam a si mesmos como regimes democráticos.

É o caso — absolutamente flagrante — de Portugal. Em princípio, os direitos, liberdades e garantias individuais, que em teoria continuam a ser válidos e efectivos, nos termos constitucionalmente previstos, manter-se-ão pelo menos tecnicamente em vigor enquanto não for revogada a Constituição da República Portuguesa. Porém, como sabem por experiência própria alguns cidadãos, as liberdades de pensamento, opinião, expressão e informação não valem, hoje por hoje, o papel em que estão impressos — ou, em rigor, no caso, o espaço virtual onde se possa ler o texto.

Não está de forma alguma em causa o direito — e até a obrigação — de as mais diversas entidades e organizações nacionais e internacionais protegerem os cidadãos, até porque é essa a sua missão e a sua razão de existência, contra quaisquer actividades criminosas, sejam elas quais forem, desde que tal resulte ao menos da presunção da ocorrência de crimes previstos e puníveis nos termos da respectiva legislação nacional, internacional ou global, e da presunção de inocência inerente a um verdadeiro estado de direito.

Five ways technology will shape the future of politics, society and human rights

Precisamente, a questão reside na destrinça entre aquilo que é o cometimento de um crime e o que não passa de forma de expressão (mesmo que agressiva, porque as palavras não matam nem causam ferimentos) e de opinião (mesmo que a de “um contra todos” ou de péssimo gosto, porque também isso é mero enunciado). Ora, as liberdades de expressão e de opinião jamais poderão constituir um delito, dado resultarem em qualquer dos casos do pensamento — que poderá até ser extremamente mal expresso ou completamente estúpido, o que são opiniões de terceiros — e o pensamento não pode de forma alguma ser regulamentado, limitado, condicionado ou reprimido… a não ser pelo próprio indivíduo. Donde se conclui que a definição constitucional daquilo que é “opinião” e de que forma a mesma pode ser expressa (“liberdade de expressão”) constitui em essência a (de)limitação, o condicionamento, a restrição da liberdade de pensamento — que é a origem da opinião que gera a expressão.
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