«Porque nós temos a oposição, a nível global, de uma conspiração monolítica e impiedosa que se apoia em meios obscuros para expandir as suas esferas de influência, com infiltração em vez de invasão, com subversão em vez de eleições, com intimidação em vez de livre escolha, com guerrilha a coberto da noite em vez de exércitos à luz do dia. É um sistema que congrega vastos recursos humanos e materiais que resultam numa máquina eficiente e afinada, que combina operações militares, diplomáticas, de espionagem, económicas, científicas e políticas. As suas actuações são feitas em segredo, não reveladas ao público. Os seus erros são enterrados, não mencionados. Os que discordam são silenciados, não apreciados. Nenhuma despesa é questionada, nenhum rumor sai na imprensa, nenhum segredo é revelado.» [John Fitzgerald Kennedy, Presidente dos Estados Unidos da América, New York City, 27 April 1961]
Não há coincidências
Para compreender a diferença entre o lápis azul virtual, geral e casuístico, e aquilo que é de facto censura por delito de opinião, cirúrgico e objectivo, com motivações políticas e ad hominem, não basta simplesmente enumerar uma cadeia de episódios, ainda que a anormal recorrência desses episódios indicie per se a existência — ou, no mínimo, a suspeita — de um padrão subjacente. Pode “não ser nada”, como se costuma dizer, mas nunca fiando.
Vinte anos “disto” é bem capaz de chegar e sobrar para algo bem mais “pesado” do que apenas desconfiar. Não é de ontem nem de anteontem, que as “coincidências” se vão acumulando. Ora, se ao menos assumirmos que na vida em geral muito raramente e na política em particular absolutamente nunca alguma coisa é mera coincidência…
A finalidade única desta série de conteúdos sobre “lápis azul”, contando também com todos os antecedentes (como por exemplo, os dois “posts” sobre A Internot), é alertar para os perigos que correm e a que tipo de retaliações podem sujeitar-se todos aqueles que julgam, por ingenuidade ou mera “distracção”, que o Artigo 37.º da Constituição vale mesmo o que lá está solenemente garantido. Trata-se, portanto e em suma, de deixar a quaisquer presentes ou futuras vítimas de censura ou represália por delito de opinião algumas pistas, caso ainda acreditem que também existe disso em Portugal, para que exerçam a sua prerrogativa mais básica e inalienável — o direito de legítima defesa.
Os sucessivos episódios de censura no Fakebook — alguns dos quais são de facto hilariantes mas outros nem por isso, ou rigorosamente nada — podem não ser ainda indícios suficientes. Com tudo isso, a que se juntam os sucessivos ataques técnicos — quanto aos pessoais, de “anónimos”, identificados e infiltrados, nem vale a pena bater mais no ceguinho –, bem, o mais natural é que por fim ainda ressurja a rapsódia da “vitimização”; até porque esta é uma palavrinha que está na moda, por um lado, e por outro há quem não reconheça a vitimização — uma táctica política, não um insulto canalha — nem que esbarre nela e parta o nariz.
A plataforma YouTube não é geralmente considerada como sendo uma “rede social”, mas na verdade funciona como tal: os utilizadores publicam “posts” com vídeos, estes são comentados e/ou partilhados, qualquer pessoa pode subscrever as contas que entender, existem “likes” e “unlikes” etc.
Ora, também no YouTube, e já desde antes do #AO90, quando ocorreram outros “fenómenos” (Maddie Mccann, diploma de Sócrates, processo Casa Pia) mas principalmente desde que o (meu) assunto principal passou a ser a aldrabice brasileirista, choveram os apagamentos, as limitações, as suspensões da (minha) conta de utilizador. Cá está de novo o padrão, tanto no Fakebook como no “TuEntubas”.
Uma das ocorrências de censura ali ocorridas está retratada, a traços largos, nas imagens que se seguem e nas respectivas legendas.
O “post” no qual o vídeo estava é este. “Click no título ou AQUI.
Os “castigos” infligidos aos “prevaricadores” e “criminosos” em geral (culpados de Thoughtcrime, em Orwelliano) são no YouTube em tudo semelhantes aos do Fakebook, se bem que Mark Zuckerberg não se rale nada com supostos (ou reais) plágios, ao contrário do que se passa com os vídeos.
Evidentemente, como foi e é o caso do pequeno excerto do programa do Provedor da RTP, as acusações de “copyright infringement” não passam de um pretexto, até porque não interessa para nada que o “target” reclame — ninguém vai jamais responder ou sequer ler a reclamação — e não existe um interlocutor, sector, serviço ou departamento de intermediação; neste particular, aliás, os americanos são tão mestres em matéria de censura que chegam ao ponto de vir a Portugal dar umas lições aos tugas deputados da nação.
Não estamos a falar de incidentes fortuitos ou de eventos passageiros. Mais do que simples avisos ou meros sinais, aquilo que vamos vendo com cada vez maior frequência — e violência, por mais subtil que à maioria pareça — é o estabelecimento de uma nova ordem afinal antiquíssima, um novo estado de coisas que de novo nada tem.
Não será com certeza pelo facto de os lápis em madeira e grafite serem uma espécie em vias de extinção ou por o céu e o mar serem ambos azuis que o lápis azul deixou de existir ou passou a ser uma coisa bonita. Isso não é o lápis azul, é o lapis lazuli.
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Lápis azul nas redes anti-sociais [4] – As “amplas liberdades”
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Lápis azul nas redes anti-sociais [3] – ‘O estado a que isto chegou’
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Lápis azul nas redes anti-sociais [2] – O “Código Penal” do Fakebook
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Lápis azul nas redes anti-sociais [1] – Delito de opinião e pensamento
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