Resíduos tóxicos

Este é um daqueles assuntos pestilentos, nauseabundos, asquerosos, de tal forma que a gente só pode pegar-lhe com pinças e, de preferência, com fato completo de guerra química, máscara de gás ou, ao menos, uma mola no nariz.

Será, por conseguinte, de recomendar que as pessoas evitem incomodar-se com estes restolhos putrefactos, passando de largo, de preferência sem ler, porque de facto um acerto de contas pessoal — confesso que preferiria de outra forma, porém não tem calhado esbarrar no desgraçado — nunca é coisa agradável. Serve a presente, por conseguinte, como “carta aberta” de resposta àqueloutra carta aberta publicada pelo dito… hmmm… camelo, cavalgadura, enfim, animal, a qual passo a reproduzir.

Este foi um dos mais nojentos episódios — e apenas alguns deles foram relatados ou sequer referidos, houve outros, com origem na mesma ou em outras bestas daquela récua — que se sucederam particularmente entre 2012 e 2015 e cujos esgotos desaguaram na invenção de um referendo, mais uma “genial” invenção deste mesmíssimo idiota. Escusado será dizer que tudo aquilo era a fingir, os paus-mandados dos fanáticos da “revisão” — e este “setor” funcionava como lacaio do manda-chuva — jamais tiveram qualquer intenção de acabar com o #AO90; uns tachitos na Comissão Técnica de Revisão (CTR), umas mordomias como “especialistas” da coisa ortográfica e pronto, o #AO90 passaria a estar nos conformes, tudo “légau”.

A tal carta aberta do IMBecil foi referida na “Uma história (muito) mal contada“:

Mas o que diabo vem a ser isto? Chantagem?

Sim, pelos vistos era mesmo chantagem, algo como “ou nos dizem quantas assinaturas têm ou nós não vos enviamos as que temos em nosso poder”.

E a chantagem foi subindo de tom, de forma cada vez mais grosseira, rapidamente passando à pura e simples ameaça.

Como ilustração, salvo seja, aqui está um outro detrito avistado a boiar na rede anti-social Fakebook.

Felizmente, além do próprio, apenas duas pessoas atenderam ao “apelo” do rapaz.

Este apelo à “desassinatura” em massa, publicamente dirigido a todos os subscritores da ILC-AO, não teve os efeitos pretendidos mas poderia ter tido: se a coisa tivesse “pegado”, teríamos de instalar um contador de assinaturas… decrescente! [UHMMC XXII]

Pois bem, que não seja por isso, o facto é que enviei à dita cavalgadura, no dia 28 de Setembro p.p., em carta registada com aviso de recepção, o impresso de subscrição do tipo e o de sua mãezinha. Os dois impressozinhos foram endereçados à Faculdade de Direito de Lisboa (pobre academia, que tais nulidades contrata), onde parece que o rebento arma aos cucos de chapéu quadrado na cabeça, mas que grande barrete, nas mesmas salas onde se licenciou em IMBecilidade, variante de artes rastejantes.

É claro, o recibo do aviso de recepção não foi devolvido ao remetente; pulha até ao fim, não é, ó licenciadozeco? Contudo, a aplicação de rastreamento dos CTT assinala o registo como “entregue”… a uma tal Patrícia. Mais uma excelente demonstração de como é cumpridor e legalista e tudo, o setorzeco, de como segue religiosamente os conceitos que ele próprio apregoa, a “legalidade”, a “transparência, o “respeito pelo Direito” e o diabo que o carregue.Enfim, aquela alminha mirrada deve estar afinal aborrecidinha, coitadinha, se calhar amuou, ai, mas que maçada, porque afinal resultaram da tal carta aberta apenas três pessoas — nelas se incluindo a própria esgraçadinha — aderiram à “campanha” pela “desassinatura em massa” da ILC-AO. Digamos que arrebanhar duas pessoinhas não é grande coisa, hem, ó cromo.

Acabo de rasgar em pedacinhos o impresso de subscrição da segunda (e última) “aderente” à imbecilóide campanha. Não tendo outros “dados pessoais” além de nome, BI/CC, número de eleitor e Freguesia e Concelho de recenseamento da dita, não pude fazer com o papel desta o mesmo que fiz com os outros dois “desassinantes”, isto é, gastar dinheiro (e tempo e pachorra). Como prova de que destruí aquele valioso documento, por não poder devolvê-lo, aqui fica uma fotografia que, para variar, não é “tipo passe”.

Espero que absolutamente ninguém tenha lido este post até aqui. Se o fez, foi por sua própria conta e risco, porque o aviso de toxicidade é explícito, logo no início do texto.

Caso, porventura e ignorando o alerta, leu mesmo tudo isto, pois então fique sabendo que não terá sido, assim o espero, inteiramente em vão. Pelo menos, passará a dispor de uma outra perspectiva — sistemática e geralmente silenciada, porque inconveniente — de que não foi apenas de uma forma que o #AO90 chegou ao extremo de abuso, de usurpação, de liquidação sistemática do património imaterial português, de destruição da nossa herança histórica e do nosso mais precioso tesouro identitário.

Não, de todo. Não foram “só” os políticos, mercenários e vendidos tugas nem os novos bwana da ex-colónia. Grande parte do trabalho sujo (infiltração, sabotagem, intriga, maledicência, criação de factos “alternativos”, invenção de conflitos) foi levado a cabo por um nada irrelevante número de perfeitos idiotas, sim, mas também de traidores que fingiram durante anos a fio rasgar as vestes, tal era o “anti-acordismo” que muito alardeavam mas para o qual raramente ou nunca tinham tempo.

[Imagem de topo de: “EMRA“]

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