O fim do Estado de contingência

Polémica em Almada: autarca manda calar munícipe

Flávio Bártolo, sicnoticias.pt, 07.12.22

Numa reunião de Câmara, Inês de Medeiros diz que se sentiu ofendida com expressão usada por munícipe.

A discussão começou depois de uma cidadã ter questionado a ausência de uma resposta definitiva para os moradores do bairro do 2.º Torrão, que passou por um processo de demolição de dezenas de construções clandestinas.

A munícipe utilizou a expressão “Almada colonial”, o que incomodou a presidente da Câmara, que disse que se sentiu ofendida, ao mesmo tempo que a mandou calar.

A vereadora do Bloco de Esquerda condenou a actuação de Inês de Medeiros. Na resposta, a autarca garantiu que se livrou de “toda a acção colonialista de Portugal há muito tempo”.

Os sinais são já inconfundíveis. Como aliás não seria difícil de prever mas, a julgar pelo que vamos vendo, ou porque tais previsões seriam inconvenientes ou porque a matéria não interessa de todo aos detentores do poder político, sucedem-se os episódios de conflito e começa a notar-se perfeitamente uma tendência de escalada de tensão. O ambiente em Portugal, e com particular incidência nos meios urbanos mas também um pouco nos distritos do interior, começa a tornar-se definitivamente tóxico.

O desaguisado entre a Presidente da Câmara de Almada e uma tal Renata representa, do ponto de vista político, muito mais do que aquilo que poderia significar algo de semelhante caso a “cidadã” brasileira em causa não tivesse puxado daquele “argumento”. De facto, não lembraria nem ao careca atirar com a expressão “Almada colonial” à cara da presidente da edilidade — tendo o adjectivo, no caso, a nada subtil conotação de “colonialista” –, mas, como mais uma vez se vê e constata, tratou-se “apenas” da habitual manobra de vitimização — uma táctica sistematicamente explorada por imigrantes brasileiros em Portugal. Existem registos de incidentes entre diversos autarcas e munícipes dos respectivos concelhos, mas nunca por causa e à conta de tão inventados quanto insultuosos “motivos”.

A intenção da fulaninha era óbvia e exclusivamente a de ofender — e não apenas aquela presidente ou aquela cidade — porque para o mesmo efeito qualquer outra e qualquer outro pretexto ou “razão de queixa” serviria. Por definição, segundo a cartilha das pessoas afectadas pelo despenteamento mental, não apenas todos os almadenses (ou alfacinhas, ou tripeiros, ou ovarenses ou louletanos) são “colonialistas”, como todos os portugueses o são também por extensão, por osmose, por contágio, porque todos os “cara” da “terrinha” são uma cambada de meliantes que “roubaram o ouro” aos brasileiros, todos nós estivemos lá na terra deles a “escravizá-los”, a “exterminá-los”.

A “Mayor” de Almada, honra lhe seja feita, respondeu honradamente à frenética ignorante, com o desassombro e a coragem que alguns portugueses ainda demonstram quando necessário.

Desassombro e coragem cujo valor facial baixou drasticamente de cotação e por isso vão faltando à esmagadora maioria dos nossos políticos, muito especialmente nesta matéria e neste âmbito, principalmente porque muito pouco ou nada lhes interessa pôr em causa os interesses geopolíticos e económicos do “país-continente” — o que iria prejudicar os seus próprios interesses, as suas ambições pessoais.

Ambições e interesses esses que rigorosamente nada interessam ao português comum, pelo claro motivo de que em Portugal, como em qualquer país com História, existe uma identidade colectiva — linguística, logo, cultural, logo civilizacional — que nem os profissionais da traficância política nem os mercenários e seus agentes conseguirão alguma vez sacrificar em holocausto ao deus da ganância.

Ao contrário do que fazem políticos, traidores e degenerados em geral, o povo português sabe que não será com certeza por amochar, por muito bajular o “gigante”, por aparar qualquer golpe ou tolerar qualquer abuso da nova casta de intocáveis, que alguma vez conseguirá abater a intolerável sobrançaria — e a impenetrável estupidez — de uns e de outros.

Mesmo que para isso tenha de perder a cabeça e cometer excessos. O que depende, aliás, da região em que nos encontramos. Por exemplo, esta mulher é do Norte (carago), onde o calão nada tem — ao contrário do que pretendem fazer crer os media que deram destaque a isto — de insultuoso ou, muito menos, de ofensivo. São apenas palavras, não amolgam ninguém.

Se bem que o mesmo já não suceda quando quem as profere conduz uma viatura…

«“Estou aqui há mais de dez minutos para ir buscar uma pessoa doente e não consigo”, afirma a mulher, como forma de justificar a sua atitude violenta. “Estou aqui há muito tempo a tocar para alguém vir tirar esta merda”, acrescenta, objectivamente furiosa com a situação.» [“MAGG“]

«“Brasileiros aqui são merda” e “estes filhos da p**a de merda” são algumas das frases xenófobas que a mulher dirige a Kleyton Emmel. E ainda vai mais longe: “No país deles é tudo merda, vêm para aqui e pensam que é igual, estão habituados às favelas”.» [“O Minho“]

Esta gravação vídeo, da autoria do imigrante envolvido, “mereceu” o destaque habitual na imprensa tuga e, sobretudo, nas redes anti-sociais zuca, como sempre sucede quando a “vítima” é um dos intocáveis que fazem o favor de nos presentear com a sua desinteressada e interessante companhia.

Caso tenha alguém curiosidade em ver ou ouvir casos semelhantes — e alguns são muitíssimo piores — em sentido inverso, ou seja, episódios de (simples) altercação ou conflito (verbal) em que o/a/os/as autor/a/as/es sejam brasileiros dirigindo-se não muito amenamente a portugueses (ou a outros brasileiros) em território nacional, bem, então esse alguém curioso/a irá deparar com um imenso deserto de no pasa nada; as “violências” e as “agressões” e o “preconceito” e a “xenofobia” e o “racismo” são sempre dos (malditos) “colonizadores”, os “colonizados” (coitadinhos) são uns seres angelicais, não fazem mal a uma mosca, aliás nem concebem algo que vá para além do mais profundo respeito, urbanidade e extrema educação.


Rogério Penna
Tem alguns programas na minha TV que por alguma razão só tem dublagem em Português Europeu.
Minha filha tem dificuldade de entender o Português falado na Europa. Isso que ela só tem 6 anos. Eu as vezes forço só pra ver se ela acostuma um pouco.
Mas a verdade é que ao contrário de EUA e Inglaterra, onde a Inglaterra foi A superpotência até 80–100 anos atrás… e produz MUITO conteúdo midiático internacional (só ver a quantidade de bandas, músicos, atores ingleses que fazem sucesso nos EUA), e portanto a sonoridade do Inglês britânico tem muito mais exposição nos EUA, Portugal e Brasil são muito mais isolados de maneira linguística e a sonoridade do Português Europeu divergiu MUITO de outras línguas latinas, principalmente pelo constante desaparecimento de certas letras, em especial vogais, do português falado Europeu.
Não existe certo ou errado em línguas. Mas o modo como os portugueses eliminam as vogais faz a língua soar menos latina e mais eslava (como muitos estrangeiros atestam, inclusive eslavos)
Não é ruim nem bom. É evolução natural da língua. Mas faz com que esse Português, falado em um país Europeu infeizmente mais periférico nos últimos séculos e de somente 10 milhões de habitantes (21 vezes menos população que o Brasil)e por países africanos, os quais como boa parte dos países africanos, estão no grupo de países MENOS desenvolvidos e portanto tem exportação cultural tb insignificante, difícil de entender pelos brasileiros, que provavelmente vão consumir mais produtos vindos de vizinhos que falam castelhano e de países de língua inglesa, do que propriamente de outros países lusófonos.

[Links, destaques e sublinhados meus.]

José Azevedo – Procura manter-se informado
(conta banida)
Relacionado – Por que os portugueses ficam ofendidos quando algum brasileiro aponta as falhas da cultura portuguesa? Seria falta de humildade?
A pergunta é viciada porque implica que os portugueses se “ofendem” com críticas.
E isso é falso. O que os portugueses – e os demais – não podem tolerar são observações maldosas feitas por ignorantes e complexados.
O meu amigo não pode entrar em casa alheia e faltar ao respeito a quem lá está. E se o fizer, o que merece é ser posto na rua.
Infelizmente, o que não falta em Portugal – como em outros países – é gente com baixa auto estima, e sempre pronta a rebaixar os seus para ser aceite pelos outros.
O pior é que isso é insustentável. E, mais tarde ou mais cedo, essas pessoas acabam sempre por ficar em “terra de ninguém”. São justamente repudiados pelos seus, e nunca conseguem ser olhados com respeito pelos outros.
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[Links, destaques e sublinhados meus.]

Perguntas relacionadas

Portugal e o Brasil conviveram sem qualquer percalço de maior, enquanto países independentes, ao longo de 178 anos. Apenas a partir de 1990 a paz entre os povos português e brasileiro começou a ser abalada — e em especial, por maioria de razões, após a farsa parlamentar de 2008 –, com a imposição selvática da língua brasileira através do extermínio selvagem da Língua Portuguesa.

[Imagens copiadas do blog “O Lugar da Língua Portuguesa” (de post com data de 19.11.22)]
São agora evidentes os sinais, como qualquer pessoa pode verificar por si mesma. Os portugueses começam finalmente a acordar para a realidade. A CPLB, uma imitação rasca da Commonwealth of Nations, e a sua prima bastarda, a bizarra invenção a que chamam”lusofonia”, mera macaqueação da Francophonie, serviram para que vendilhões e traficantes tentassem enganar os portugueses com miragens de grandeza, oferecendo-lhes o delírio de um II Império brasileiro “de mil anos”… enquanto os serventes da Endlösung vão pela calada enchendo os bolsos com o saque dos destroços.
Conseguiram enganar alguns comprando outros tantos, é verdade.

Mas não todos. Muito longe disso.