Dia: 3 de Março, 2023

A lógica instrumental do #AO90

«Países lusófonos apresentam resistência em introduzir as novas normas de modo efetivo. Por quê? O argumento principal é de que se trata de um acordo brasileiro»
«O Brasil ratificou a norma e deu início à implantação. Porém, o país parece estar só na viabilização dessas políticas públicas. Por quê? A questão é muito simples: toda a lógica instrumental do acordo é brasileira.»

[Marcos Nunes Carreiro, jornal “Opção” (Brasil),02.07.16]
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«Toda a lógica instrumental do AO90 é brasileira» [jornal “Opção” (Brasil)]

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«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»

[José Manuel Diogo, “APBRA200”, 27.06.22]
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«Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

O “acordo” de 1990 foi o tiro de partida, aliás precedido de uma aparente falsa partida, em 1986, para uma longa corrida de (poucos) obstáculos e por etapas: Estatuto de Igualdade, Declaração de Brasília, Protocolo Modificativo, Acordo de Mobilidade.

Agora, com a meta já ultrapassada, os conspiradores rejubilam e preparavam-se até para convidar o putativo presidente da sua deles República para as comemorações; ao que parece, no entanto, a coisa seria por demais escandalosa, para já ainda convém ir disfarçando o estatuto de 28.º Estado da República Federativa do Brasil, o evento público de tomada de posse ficará talvez para o próximo ano, se calhar até no 10 de Junho.

Portanto, agora sim, o plano — cujos “ideais” neo-colonialistas já estavam aliás definidos muito antes de 1974 — está completo. Não será por os protagonistas de hoje serem filhos ou netos dos brasileiristas, vendilhões, negociantes e vigaristas de antanho que se deva presumir alguma espécie de abatimento (ou desconto) quanto a responsabilidades: os traidores actuais, os que renegam a História pátria e a sua própria memória, não têm antepassados — a falta de carácter não é hereditária — nem deixarão para a posteridade qualquer vestígio. Não. Um traidor é um traidor, extingue-se a si mesmo.

Porque é de traição que se fala quando se fala de tamanhas mentiras, a CPLB, o AO90, a “igualdade“, a “mobilidade“. Tão gigantesco é o embuste, aliás, que muito boa gente continua a recusar-se a acreditar seja possível semelhante absurdo, num país europeu, ainda por cima, e com mais de 800 anos e tudo. “Pode lá ser!”, dizem os incrédulos. Já outros, pouco ou nada incrédulos e bastante idiotas, passam logo ao chorrilho de insultos (de “reaccionários” ou “velhos do Restelo” a “fassistas”, passando por “preconceituosos, racistas e xenófobos” vale tudo), é preciso calar imediatamente quem se opõe à língua universáu brasileira, por isso cole-se aos incréus um rótulo na testa (“tipo” a estrela de David na lapela, que tão “bons” resultados deu), esfolem-se esses “negacionistas”, essa “cambada” que não acha que a língua tem letras a mais e que não é “muito complicada”, ora portanto, “simplifique-se”, os brasileiros é que a sabem toda.

Conviria ter algum tento na bola, por conseguinte, ou, ao menos, um mínimo de civilidade. Talvez recomendar um pouco de álgebra, por exemplo, conseguir apurar quantos são 2+2, bem, isso como requisito mínimo é capaz de ser realmente exorbitante.

Bem, mesmo assim, não sendo possível a alguns conseguir chegar ao resultado da referida operação algébrica (são 4, meninos e meninas), então ao menos podem tentar somar 1+1. A ver o que dá.

1=Comunidade de Países de Língua Brasileira (CPLB)
1=cidadania portuguesa (europeia) instantânea, automática e virtual
1+1=2 “cidadania da língua” brasileira

A “CPLP” é uma ficção inventada para integrar (nominalmente) os PALOP e servir como encobrimento político das ambições expansionistas e dos interesses económicos do Brasil. Nos termos previstos no Estatuto de Igualdade, a “igualdade” é uma prerrogativa exclusivamente reservada a brasileiros: os 5 PALOP estão excluídos e não existe reciprocidade para os portugueses.

Portanto as referências a “restantes” ou “demais” países da CPLP são pura falácia. Isso consta apenas do papel mas não vale nem a tinta que gasta a imprimir.

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.

E já pode ser tudo tratado remotamente. E nem é preciso pôr cá os pés. E até o expediente fica entregue à inteligência, digo, à estupidez artificial.

E tudo. Maravilhoso.

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