A lógica instrumental do #AO90

«Países lusófonos apresentam resistência em introduzir as novas normas de modo efetivo. Por quê? O argumento principal é de que se trata de um acordo brasileiro»
«O Brasil ratificou a norma e deu início à implantação. Porém, o país parece estar só na viabilização dessas políticas públicas. Por quê? A questão é muito simples: toda a lógica instrumental do acordo é brasileira.»

[Marcos Nunes Carreiro, jornal “Opção” (Brasil),02.07.16]
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«Toda a lógica instrumental do AO90 é brasileira» [jornal “Opção” (Brasil)]

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«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»

[José Manuel Diogo, “APBRA200”, 27.06.22]
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«Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

O “acordo” de 1990 foi o tiro de partida, aliás precedido de uma aparente falsa partida, em 1986, para uma longa corrida de (poucos) obstáculos e por etapas: Estatuto de Igualdade, Declaração de Brasília, Protocolo Modificativo, Acordo de Mobilidade.

Agora, com a meta já ultrapassada, os conspiradores rejubilam e preparavam-se até para convidar o putativo presidente da sua deles República para as comemorações; ao que parece, no entanto, a coisa seria por demais escandalosa, para já ainda convém ir disfarçando o estatuto de 28.º Estado da República Federativa do Brasil, o evento público de tomada de posse ficará talvez para o próximo ano, se calhar até no 10 de Junho.

Portanto, agora sim, o plano — cujos “ideais” neo-colonialistas já estavam aliás definidos muito antes de 1974 — está completo. Não será por os protagonistas de hoje serem filhos ou netos dos brasileiristas, vendilhões, negociantes e vigaristas de antanho que se deva presumir alguma espécie de abatimento (ou desconto) quanto a responsabilidades: os traidores actuais, os que renegam a História pátria e a sua própria memória, não têm antepassados — a falta de carácter não é hereditária — nem deixarão para a posteridade qualquer vestígio. Não. Um traidor é um traidor, extingue-se a si mesmo.

Porque é de traição que se fala quando se fala de tamanhas mentiras, a CPLB, o AO90, a “igualdade“, a “mobilidade“. Tão gigantesco é o embuste, aliás, que muito boa gente continua a recusar-se a acreditar seja possível semelhante absurdo, num país europeu, ainda por cima, e com mais de 800 anos e tudo. “Pode lá ser!”, dizem os incrédulos. Já outros, pouco ou nada incrédulos e bastante idiotas, passam logo ao chorrilho de insultos (de “reaccionários” ou “velhos do Restelo” a “fassistas”, passando por “preconceituosos, racistas e xenófobos” vale tudo), é preciso calar imediatamente quem se opõe à língua universáu brasileira, por isso cole-se aos incréus um rótulo na testa (“tipo” a estrela de David na lapela, que tão “bons” resultados deu), esfolem-se esses “negacionistas”, essa “cambada” que não acha que a língua tem letras a mais e que não é “muito complicada”, ora portanto, “simplifique-se”, os brasileiros é que a sabem toda.

Conviria ter algum tento na bola, por conseguinte, ou, ao menos, um mínimo de civilidade. Talvez recomendar um pouco de álgebra, por exemplo, conseguir apurar quantos são 2+2, bem, isso como requisito mínimo é capaz de ser realmente exorbitante.

Bem, mesmo assim, não sendo possível a alguns conseguir chegar ao resultado da referida operação algébrica (são 4, meninos e meninas), então ao menos podem tentar somar 1+1. A ver o que dá.

1=Comunidade de Países de Língua Brasileira (CPLB)
1=cidadania portuguesa (europeia) instantânea, automática e virtual
1+1=2 “cidadania da língua” brasileira

A “CPLP” é uma ficção inventada para integrar (nominalmente) os PALOP e servir como encobrimento político das ambições expansionistas e dos interesses económicos do Brasil. Nos termos previstos no Estatuto de Igualdade, a “igualdade” é uma prerrogativa exclusivamente reservada a brasileiros: os 5 PALOP estão excluídos e não existe reciprocidade para os portugueses.

Portanto as referências a “restantes” ou “demais” países da CPLP são pura falácia. Isso consta apenas do papel mas não vale nem a tinta que gasta a imprimir.

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.

E já pode ser tudo tratado remotamente. E nem é preciso pôr cá os pés. E até o expediente fica entregue à inteligência, digo, à estupidez artificial.

E tudo. Maravilhoso.

(…)

  1. Digitalize cada documento original (sem clipes ou grampos) individualmente. Não deve digitalizar cópias de documentos.
  2. Um documento com várias páginas deve ser digitalizado num único ficheiro.
  3. Digitalize todas as folhas de um documento, incluindo as folhas sem conteúdo.
  4. Assegure que o documento digitalizado é legível (recomenda-se a digitalização a cores a 200 dpi).
  5. Guarde o documento digitalizado em formato PDF.
  6. Assine digitalmente cada documento.

(…)

“(…) Permite, de forma totalmente desmaterializada, entregar pedidos de cidadania junto com a documentação obrigatória, realizar pagamentos, acompanhar o estado dos processos, completar e corrigir informação sem necessidade de ir a um balcão”, informa o MJ.

(…)

[Origem: “Portugal Giro”, jornal “O Globo” (Brasil), 20.02.23]


(…)
Entre as vantagens de possuir o passaporte europeu, estão:

  • Ser um cidadão europeu;
  • O passaporte português, atualmente, ocupa a 6ª posição, ou seja, está entre os 10 passaportes mais poderosos do mundo, podendo viajar para mais de 180 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, sem a necessidade de visto;
  • Tanto o cônjuge e descendentes menores e maiores de idade terem o mesmo direito à nacionalidade, uma vez que o requerente passa esse direito aos seus descendentes;
  • Poder morar, trabalhar e estudar em qualquer um dos 27 países da União Europeia;
  • Ter acessos a valores menores em excelentes Universidades de Portugal, em comparação aos valores cobrados aos estudantes estrangeiros;
  • Não enfrentar longas filas na imigração, sendo possível acessar a entrada de cidadãos europeus nos aeroportos.

(…)

[Origem: “Metrópoles” (Brasil), 21.02.23]