Para que se entenda, ainda que apenas no essencial, a complexidade do fenómeno linguístico — e a motivação comunicacional subjacente — haverá sempre que atender a pelo menos três formulações básicas envolvendo outros tantos conceitos: por ordem inversa de factores, variedade, evolução e necessidade.
Assim, sem quaisquer pretensões academicistas, esta pequena série de textos sobre línguas e alfabetos pretende apenas tornar inteligível para o maior número possível de pessoas a essência do dito fenómeno, ou seja, como nascem, crescem, amadurecem, envelhecem e eventualmente morrem as línguas, por um lado, e como podem as bases dos códigos que as sustentam (alfabetos ou outros) sobreviver-lhes… ou não.
A partir da exemplificação por tipos, como a língua gestual ou o Braille e a comunicação à distância — rádio/telefone ou outros meios –, poderemos talvez passar à etapa seguinte: a estruturação das diversas línguas, ou seja, como se articulam e relacionam (ou não) entre si. O método mais comummente utilizado para este fim é através de uma analogia tão universal como fácil de entender: a árvore.
Como se vê na (espantosa) imagem no topo deste “post”, o Português nasce de um dos ramos dos idiomas românicos surgidos a partir da bifurcação primordial das línguas indo-europeias. A interpretação desta árvore é em si mesma uma leitura, pouco ou nada carecendo de qualquer descodificação; podemos perceber as origens, a espessura de cada tronco e dos ramos respectivos (e ainda, eventualmente, os que deles despontaram) e até os tamanhos relativos — consoante a extensão territorial e número de falantes — de cada uma das ramagens. Além disto, a partir da parte inferior da imagem, podemos ainda entender a forma como os dois grandes troncos em que o fuste se dividiu se foram subdividindo e disseminando pelo mundo.
Atenhamo-nos apenas ao caso que aqui nos interessa, o da Língua Portuguesa. Assim, partimos da família das línguas românicas, com origem no Latim pai, evidentemente casado com uma italiana, que gerou o menino Francês, depois o Romeno, a seguir os pimpolhos Português e Espanhol (Castelhano) e, por fim, pariu a valente senhora duas meninas, que tomaram os nomes das línguas da Catalunha e da Sardenha.
Aqui chegados vem a propósito recordar o pressuposto essencial desta série de textos:(…) poderão resultar pelo menos algumas conclusões óbvias, a começar pelo facto de a imposição manu militari da “língua universau” brasileira (vulgo, #AO90) não passar de uma aberração, uma manobra puramente política e economicista, um golpe perpetrado por alguns traidores, trânsfugas, vendidos, mercenários tugas.
É nesta exacta medida, revistas as principais formas de expressão (línguas e linguagens) e contextualizada a respectiva estrutura organizacional, que se insere a questão central: a língua brasileira existe mesmo ou aquilo é, como alguns persistem em designá-la, uma “variante” do Português?
Bem, como toda a gente sabe, até porque se trata de um óbvio ululante, oficialmente ainda não, a Língua Brasileira ainda não foi reconhecida como sendo o idioma oficial da República Federativa do Brasil. Portanto, será uma questão de tempo e não de facto — porque de facto já o é mesmo, como facilmente se comprova através de apenas três factos: o #AO90, mera imposição do “fálá” brasileiro a Portugal e PALOP, a invenção da CPLP (CPLB), uma ficção destinada a “facilitar” o neo-colonialismo serôdio e ultra-capitalista dos cleptocratas de lá servidos pelos corruptos de cá, e, por fim, a criação de uma “geringonça” absurda que os mesmos cleptocratas e corruptos convencionaram vender sob a designação de “língua universau“.
Será seguramente mera questão de tempo até que a intoxicação sistemática da opinião pública portuguesa, através de órgãos de comunicação “sociau” e de profissionais da desinformação avençados, seja desmascarada em toda a linha e por fim expostos os mercenários, demonstrados os seus métodos, denunciados os colaboracionistas, infiltrados, idiotas úteis, bufos e outros tipos de Sonderkommandos alienígenas. Chegará um dia o dia, porque a verdade pode tardar mas nunca falha, em que aqueles “académicos” contratados — por baixo da mesa, é claro, quanto mais não seja através da tipicamente tuga distribuição de tachos — vejam ruir as suas pretensões de sujeição ao “país-continente” e reduzidos à mais justa insignificância os textículos com os quais tentam há décadas abrilhantar a fraude.
O Brasileiro e o Português já são línguas diferentes. A separação teve início com a independência daquele país (1822), como arma política dessa clivagem primordial, ficou oficialmente demarcada em 1911, igualmente por motivos políticos, recebeu um golpe decisivo em 1945 e teve o seu desfecho radical e definitivo com a assinatura unilateral — e pela calada – do AO90 (ratificado politicamente em 2008).
Nem a “adoção” daquela espécie de transcrição fonética do “fálá”, nem a imposição selvática da ausência de regras (ou da inexistente) gramática brasileira, nem a abolição administrativa do Português (e da bandeira do país e do próprio país) em inúmeras plataformas virtuais, instâncias e organizações supra-nacionais, nada disso poderá jamais abalar a marcha da História: a Língua Brasileira acabará fatalmente por ser — pública, factual, popular e oficialmente — reconhecida como tal.
Quanto àqueles que persistem em inventar realidades alternativas, bom, não é preciso usar a Língua dos surdos para responder-lhes de forma concisa; para o efeito, não precisamos de soletrar seja o que for; nem de usar o Braille ou o Latim ou o Grego e ainda menos qualquer código cifrado ou hermético. Existem gestos e sinais — como sucede com as atitudes — que toda a gente entende.
Um dos gestos mais expressivos, sendo pelo menos teoricamente universal, ganhou com o tempo uma espécie de estatuto de “cidadania” linguística. Por exemplo, em Português — e também em Brasileiro, nem de propósito — é uma das “expressões idiomáticas” mais utilizadas para significar repulsa (nojo, asco) ou revolta. Refiro-me, evidentemente, àquele em que os dedos de uma mão estão recolhidos — todos menos um, o médio, que fica bem esticado.
É o que se augura e deseja à “língua universau” brasileira, ao #AO90 em geral e aos seus prossecutores em particular: um grande dedo médio espetado.
[Imagem de topo copiada de “The Language Nerds” (infinitamente replicada na Internet, de autoria desconhecida). Imagem de “censored” de: “PNGegg“.]
Textos desta série “Línguas e Alfabetos”
[1. Gestual] [2. Soletração] [3. Braille e bandeiras] [4. A árvore e a floresta] [5. Impérios e imperialismos]