A dita desdita

«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.» [José Manuel Diogo, “APBRA200”, 27.06.22] [post «Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

Na dita “comunidade” brasileira um país serve como capacho de entrada na Europa e de trampolim para África. A dita “mobilidade” só existe num sentido. A dita “reciprocidade” vale apenas no papel.
Todos os custos para um e todos os benefícios para o outro, eis aquilo em que consistem os sucessivos “acordos” entre Portugal e o Brasil. [post “Três mil e cem por dia”]

(…) o objectivo é promover os interesses geoestratégicos do Brasil, aproveitando as raspas dos negócios (estrangeiros), se possível, isto é, correndo atrás das migalhas que porventura possam sobejar dos milhões traficados entre o “país-continente” e, por exemplo, o petróleo venezuelano, a carne argentina, as minas chilenas e até, se calhar, nunca se sabe do que são capazes os meliantes da “língua universáu”, produtos da Colômbia. Uma versão revista e aumentada da CPLP, por conseguinte, sustentadas ambas as teatralizações pela patranha fundamental, aquilo a que chamam “difusão da língua“; da língua brasileira, bem entendido, porque, dizem os mesmos, “eles são 220 milhões e nós somos só 10 milhões“. O Estado português, que paga a CPLP e as demais despesas das negociatas, incluindo os “pacotes” de “turismo linguístico” (…) [post “Uma questão de milhões”, 12.03.21]

Esta é, como já vimos por diversas vezes, uma das vertentes “utilitárias” — todas elas beneficiando apenas o Brasil e os brasileiros, patente e evidentemente — daquilo a que alguns implicados continuam a tentar impingir a pretexto da “língua universau” brasileira, mascarando esta sob a designação de “língua portuguesa”.

De facto, além do objectivo primordial — uma espécie de neo-colonização invertida, a ex-colónia impondo à ex-potência colonial (e aos PALOP) a transcrição fonética do seu “fálá” como língua “adotada” –, e na mesma linha das ambições expansionistas do “país-continente” com vista à exploração das riquezas naturais das ex-colónias portuguesas em África e na Ásia, vamos agora assistindo à imposição da terceira vertente político-económica, ou seja, a transformação da “terrinha” em porta-dos-fundos (literalmente) para a Europa, em especial, mas também para o resto do mundo.

Golpadas acessórias, como a “facilitação” dos processos de obtenção da cidadania portuguesa, incluindo a cidadania automática e a tramitação de documentos não presencial, online ou via agências e escritórios de “advogados”, funcionando todos estes mecanismos como “aceleradores” de processos e obliteração de métodos ou critérios, contribuem decisivamente para um cada vez maior afluxo de “excedentários” que o “gigante” vai produzindo em progressão exponencial.

Concomitantemente, decorre a intensa campanha lançada pelos diversos órgãos de intoxicação social avençados, cujas técnicas de desinformação consistem basicamente em inundar os noticiários e as páginas dos jornais com os “problemas” supostamente causados por quaisquer outros dos contingentes de imigrantes, principalmente os hindustânicos mas também outros asiáticos, os naturais de países do Leste europeu e até os provenientes das ex-colónias africanas — com as quais sempre existiram acordos bilaterais e com os quais nunca anteriormente houve problemas de monta ou a assinalar. Desde que se omita por sistema quantos dos três mil e cem por dia são… enfim… aquilo que são… bom, nesse caso está tudo bem. Tudo “légau”.

Portuguese passport among Top 5 of world’s “most powerful”

By NatashaDonn
“Portugal Resident” – 20th July 2023

 

Portuguese travel document gives direct access to 187 countries

A Portuguese passport is now among the Top 5 passports considered “the most powerful in the world”.

This ranking comes from the ‘Henley Passport Index’ – a rating system measuring global travel freedom in terms of access to visa-free or visa on arrival countries, based on data from IATA (the international air transport association).

Set up 17 years ago, this passport index has seen all kinds of changes. This year, for example, Singapore’s is the passport that grants access to the most countries without prior visa, and Japan has fallen from first to third place after five years ‘leading the field’.

Second place is shared by Germany, Spain and Italy (all offering access to 190 countries); 3rd by Austria, Finland, France, Japan, Luxembourg, SouthKorea, and Sweden (access to 189 countries), 4th to Denmark, Ireland, the Netherlands, and the United Kingdom (188 countries) and finally 5th to Portugal, Belgium, Czech Republic, Malta, New Zealand, Norway and Switzerland.

According to the press release published about the ranking, the average number of destinations travellers can access without a visa has almost doubled in the last 17 years, “but the gap between the top and bottom of the table has never been wider”. Citizens of Afghanistan, Iraq and Syria can only visit 27, 29, and 30 countries respectively without a visa, while the United Arab Emirates has added 107 destinations to its list of visa-free countries since 2013.

[Transcrição integral, incluindo destaques e “link”.
Imagem de rodapé de: Dotty Jo Kruse VanPelt (publicação de “Absurd Signs” – Facebook).]

[tradução]

Documento de viagem português dá acesso directo a 187 países
O passaporte português está agora no Top 5 dos passaportes considerados “os mais poderosos do mundo”.

Esta classificação resulta do ‘‘Henley Passport Index’‘ – um sistema de classificação que mede a liberdade de viajar a nível mundial, em termos de acesso a países sem necessidade de visto ou com concessão de visto à chegada, tendo por base os dados da IATA (associação internacional de transportes aéreos).
Criado há 17 anos, este índice de passaportes tem registado diversas alterações. Este ano, por exemplo, o passaporte de Singapura é o que dá acesso ao maior número de países sem visto prévio e o Japão desceu do primeiro para o terceiro lugar, depois de cinco anos a “liderar” a tabela.
O segundo lugar é partilhado pela Alemanha, Espanha e Itália (todos oferecem acesso a 190 países); o terceiro pela Áustria, Finlândia, França, Japão, Luxemburgo, Coreia do Sul e Suécia (acesso a 189 países), o quarto pela Dinamarca, Irlanda, Países Baixos e Reino Unido (188 países) e, finalmente, o quinto lugar é ocupado por Portugal, Bélgica, República Checa, Malta, Nova Zelândia, Noruega e Suíça.
De acordo com o comunicado de imprensa publicado a propósito desta classificação, o número médio de destinos a que os viajantes podem aceder sem visto quase duplicou nos últimos 17 anos, “mas o fosso entre o topo e o fundo da tabela nunca foi tão grande”. Os cidadãos do Afeganistão, do Iraque e da Síria só podem visitar 27, 29 e 30 países, respectivamente, sem visto, enquanto os Emirados Árabes Unidos acrescentaram 107 destinos à sua lista de países isentos de visto.

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