Está já muito perto do fim o périplo mundial do presidente da “língua universau” brasileira pelos quintais da CPLB. Alguém na comitiva ter-se-á porventura esquecido de encaixar Moçambique na corrida mas, ainda que em versão acelerada, Lula já quase completou a sua volta a meio mundo e, ao que parece, com pleno sucesso. Só falta o “quase”; já lá vamos.
O objectivo primordial da invenção da CPLB, sob o pretexto do #AO90 (a “tau língua universau”), sempre foi Angola — ou seja, o petróleo, o gás natural, os diamantes de Angola — e portanto faz todo o sentido, segundo a cartilha rascunhada nos anos 80, que Luanda tenha sido uma etapa decisiva. Recorde-se que anteriormente, e de enfiada, este colosso dos direitos humanos e da transparência política aterrou na “terrinha”, “por mero acaso” em pleno 25 de Abril, a seguir passou por Bruxelas, à conta do Mercosul,, ao que se seguiu Cabo Verde — uma etapa simbólica, digamos assim, espécie de prólogo para a subida ao Monte da Graça, essa montanha de primeiríssima categoria, ou seja, como já foi dito, a terra das línguas Kimbundu, Umbundu, Chokwe e Kikongo: Angola.
Tudo mais do que previsível, portanto, até o traçado desta volta a meio mundo, cada uma das etapas. Tudo previsível e, aliás, mais do que previsto, aqui mesmo, por diversas vezes, a última das quais vem a propósito reproduzir.
De enfiada, logo após a tomada de posse como soba supremo da CPLB (Portugal, Cabo Verde, São Tomé, Guiné-Bissau, Moçambique, Macau, Timor e Angola), numa vergonhosa cerimónia realizada em pleno parlamento “português”, soma-se agora a simulação de “negociações” com o eixo franco-alemão e, para fechar com chave de ouro (literalmente) a peregrinação do “metalúrgico”, seguir-se-á a “visita de Estado” a Angola, cuja resistência à pax brasiliensis e à sua colonização linguística poderá fazer subir exponencialmente os valores envolvidos para que o preço certo mais uma vez possibilite o aperto de mãos que marca o negócio fechado.
E pronto, agora é que entra o tal “quase” que faltava. Também não custava nada adivinhar, até por simples palpite. Será logo a seguir à Cimeira dos BRICS, que terminou ontem, 24 de Agosto de 2023: o “quase” é a viscosidade que escorre da imagem seguinte.
Ora aí está a sequência completa: Portugal (28.º Estado), Bruxelas (UE), Cabo Verde (porta-aviões), Angola (minas), BRICS (aliados “democratas”), São Tomé (Cimeira da CPLB). E fecha o círculo, digo, o circo.
Será bonita a festa, pá?
Pelo menos 11 acordos de cooperação deverão ser rubricados no quadro da visita de Estado do Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, a Angola, segundo revelou o embaixador do Brasil em Angola, Rafael de Mello Vidal, à saída de um encontro de trabalho com a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira. Em Angola Lula vai pensar: Que se lixem os direitos humanos, a democracia e as regras de um Estado de Direito. Há valores mais altos e, na circunstância, os que sofrem até não são brasileiros…
De acordo com o diplomata, trata-se de acordos nos domínios da agricultura, saúde, educação inclusiva, transportes, criação de pequenas e médias empresas, processamento, tratamento e transferência de dados da administração pública, bem como apoio recíproco a candidaturas em instituições internacionais.
Rafael de Mello Vidal adiantou que os presidentes João Lourenço e Lula da Silva deverão lançar, durante a visita do Estadista brasileiro, o Programa de Desenvolvimento Vale do Cunene, por ocasião do fórum económico e empresarial, sublinhando que o fórum contará com a participação de 500 empresários, dos quais cerca de 170 brasileiros integrantes da comitiva presidencial brasileira.
Rafael de Mello Vidal afirmou que sobre a mesa estarão, igualmente, questões ligadas aos domínios de defesa e paz, construção de estaleiros navais, exportação de embarcações e a formação de efectivos militares angolanos para participar de missões da ONU.
O embaixador disse estar já em preparação, no seu país, a primeira força angolana de deslocamento rápido para trabalhar em missões da ONU.
Anunciou também a pretensão do Brasil construir, nos próximos tempos, um consulado geral em Angola para atender a procura de vistos para o seu país, que cresceu 760 por cento, nos últimos três anos. O quadro actual, prosseguiu, recomenda o reforço da missão por viverem actualmente em Angola perto de 27 mil brasileiros, a maior comunidade no continente africano, seguida da África do Sul, com três mil.
Considerou que a visita do Presidente Lula da Silva servirá para renovar o acordo de parceria estratégica entre os dois países, rubricado em 2010. Na ocasião, Rafael Vidal informou que será retomado o grupo de amizade parlamentar Brasil/Angola.
A cooperação entre Angola e o Brasil começou a desenhar-se a 11 de Junho de 1980, com a assinatura do Acordo de Cooperação Económica, Científica e Técnica.
No âmbito desse acordo, os dois países desenvolveram a cooperação bilateral nas áreas da saúde, cultura, administração pública, formação profissional, educação, meio ambiente, desporto, estatística e agricultura.
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