Anticonstitucionalissimamente (1)

“Ninguém pode ser privilegiado em razão de ascendência ou território de origem”

Constituição da República Portuguesa
Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica , condição social ou orientação sexual.

Bandeira brasileira no alto do castelo de Belmonte, em Portugal | Divulgação/WIT [imagem e legenda de “Portugal Giro”, jornal “O Globo” (Brasil)]

Empresa portuguesa quer contratar 300 engenheiros brasileiros para trabalhar em Belmonte

A empresa WIT Software já lançou o concurso para engenheiros e desenvolvedores brasileiros devido a falta de mão de obra no interior do País.

(…)

Agora, uma empresa portuguesa criou um concurso de emprego direccionado em grande parte a brasileiros qualificados: e há 300 lugares para ocupar. No gancho apontado ao Brasil, o desafio é o de voltar a trabalhar e repovoar o berço do seu fundador.

A notícia foi primeiro avançada, na passada semana, pelo jornal brasileiro “O Globo“. A WIT, uma premiada empresa portuguesa de software, elaborou uma estratégia que procura minimizar dois problemas em simultâneo: a falta de mão de obra e a desertificação do interior do País.

Foram estas razões que levaram a WIT Software a abrir 300 vagas e a direccionar as candidaturas para o seu novo escritório no Centro de Portugal, em Belmonte, em parte para o mercado brasileiro. As vagas são para cargos de engenheiros de software e desenvolvedores. A empresa afirmou que ajudará com todo o processo para a concessão do visto de residência tecnológico, o “tech visa”.

Segundo adiantou fonte do grupo à NiT, a WIT tem já 20 anos de existência e é especialista no desenvolvimento de software para a indústria de telecomunicações. Actualmente, tem 350 engenheiros e “uma situação muito estável e perspectivas de elevado crescimento”. Por esse motivo, quer agora contratar engenheiros, também do Brasil, e “convidá-los para virem viver para Portugal”, adianta a mesma fonte.

Porque é que estão a apostar no mercado brasileiro? “Porque em Portugal existe deficit de engenheiros de software, e o Brasil tem muitos engenheiros com qualidade”.

[Transcrição parcial de notícia publicada no site “Nit“.
Destaques meus. Brasileirês corrigido automaticamente.]

Preferência pelos nacionais

É inevitável, em algumas áreas vai sim haver preferência pelos profissionais nacionais, especialmente quando se relaciona a áreas da comunicação.

Desde jornalistas a fonoaudiólogos, entrar no mercado de trabalho com o sotaque e escrita do português do Brasil podem mostrar-se verdadeiros obstáculos. Esqueça o que ouviu falar sobre a reforma ortográfica da língua portuguesa. Em Portugal, ela é motivo de debate, não de união.

Fora isso, a verdade é que, na contratação geral de recém-formados, por exemplo, os profissionais portugueses são qualificados, mas os brasileiros têm mais experiência no mercado porque realizam estágios durante a faculdade – o que não é tão comum por aqui.

Mesmo assim, muitas vezes, havendo dois profissionais com mesma competência e formação, o brasileiro pode perder a vaga para o português por ser nativo do país.

Existe preconceito?

Seria mentira dizer que não existe, mas também não existe em todas as empresas e em todas as áreas.

Infelizmente alguns brasileiros sofrem preconceito e até discriminação em algumas áreas de trabalho, o que é um aspecto dificultador para quem quer trabalhar no país. É importante não se deixar abalar, conhecer de antemão o seu valor pessoal e profissional, e também estar preparado para situações de preconceito e até mesmo xenofobia em Portugal.

[Extractos de “Empregos para brasileiros em Portugal: veja como conseguir”, website “Eurodicas”.]

“Screenshots” obtidos no “site” de pt.indeed.com

Origem da imagem: Twitter (N.B.: não verifiquei autenticidade)

Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
Art.º 21.º

1. É proibida a discriminação em razão, designadamente, do sexo, raça, cor ou origem étnica ou social, características genéticas, língua, religião ou convicções, opiniões políticas ou outras, pertença a uma minoria nacional, riqueza, nascimento, deficiência, idade ou orientação sexual.

2. No âmbito de aplicação do Tratado que institui a Comunidade Europeia e do Tratado da União Europeia, e sem prejuízo das disposições especiais destes Tratados, é proibida toda a discriminação em razão da nacionalidade.”

[Anticonstitucionalissimamente (2)]