Este artigo do jornal “O Globo” já tem mais de um ano mas, em especial porque se insere nas operações de destruição em curso, mantém toda a actualidade e torna ainda mais claro o trabalho de demolição linguística, cultural e identitária a que se dedicam desde 1986 alguns patos-bravos tugas.
Se atendermos, já não tanto de um ponto de vista global, isto é, abarcando o contingente (i)migratório geral, mas antes analisando a situação por sector profissional e/ou camada social, vemos que — por exemplo — os afectados não são “só” os dentistas, os médicos das mais diversas especialidades e os advogados. Sabia-se que os estudantes brasileiros (e, já agora, se bem que ainda sorrateiramente, os professores) são, apenas porque cidadãos brasileiros e não portugueses ou imigrantes de qualquer outra nacionalidade, altamente beneficiados pelo governo-gérau lócau; mas não estava ainda suficientemente claro o que mais se está a preparar, que, quantas, quão alucinantemente discriminatórias (e, portanto, anti-constitucionais) serão as benesses exclusivamente reservadas às batinas em calções e chinelos de praia.
O artigalho do “cara” Gian (com a inestimável colaboração do seu prestabilíssimo compincha da Universidade de Coimbra) dá uma panorâmica geral da questão.
Com tal clareza que até o conceito associado ao verbo “democratizar” ganha um novo, nadinha ilegal, espantoso significado: “democratizar”, v. transitivo, sacar mais umas lecas do erário público português para oferecer benefícios exclusivos a um único tipo de indivíduos.
Professor de Coimbra revela elitização de brasileiros nas universidades de Portugal
Por Gian Amato
“Portugal Giro” – jornal “O Globo” (Brasil), 14/07/2022Lula da Silva foi feito “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra em Março 2011 [Ap53]
[fotografia não reproduzida do original]
Universidade de CoimbraO professor de Sociologia e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Pedro Góis, informou ao Portugal Giro que detectou um processo de elitização da comunidade brasileira no ensino superior de Portugal.
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Os valores das mensalidades, câmbio desfavorável e a alta dos aluguéis seriam os motivos. Mesmo assim, o número de brasileiros matriculados aumenta a cada ano. Mas, segundo o professor, foram os alunos das classes sociais mais altas do Brasil que mantiveram condições de estudar em Portugal.
— De acordo com o que temos assistido, há mais procura. Mesmo com o câmbio desfavorável, a comunidade brasileira nunca parou de crescer. Mas admito que há uma elitização e os mais pobres não conseguem estudar em Portugal — disse Góis.
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A solução, para Góis, seria aumentar o número de bolsas e programas de intercâmbio com origem no Brasil. O professor lembra que, mesmo que consigam bancar mensalidades reduzidas, pagar as contas básicas seria um obstáculo.
— Sem a existência de bolsas, continuará a haver elitização, como já acontece. E há o problema para obter fundos para pagar estadia ao longo da formação — explicou o professor.
Os brasileiros são a maioria dos estudantes estrangeiros em Portugal. Em algumas ocasiões, dominam os cursos.
— Em todas as universidades, às vezes são maioria em sala de aula, superando os portugueses — disse Góis.
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Presidente da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb), Fellipe Vaz defende o trabalho em conjunto dos governos brasileiro e português para democratizar o acesso às salas de aula do país europeu.
— Talvez, o melhor caminho seja trabalhar em conjunto e alcançar investimentos governamentais para conseguirmos democratizar o ensino superior português. Seja agindo de maneira direta nos custos dos estudantes brasileiros ou com a criação de projetos com oportunidades para quem não tem condições financeiras — declarou Vaz.
Ele revela que a Apeb sugeriu a criação da mensalidade setorizada, cobrada de acordo com o custo de cada curso.
— As universidades têm a liberdade de fixar o valor das mensalidades internacionais de acordo com o custo gerado pelo aluno. O que nos leva a valores muito elevados, como na Universidade de Coimbra, de € 7 mil (R$ 38 mil) anuais. Valor muito elevado se comparado ao da mensalidade nacional, de € 697 (R$ 3,8 mil) anuais — comparou Vaz.
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Para Anabelly Pontes, fundadora do coletivo Estudantes Internacionais, o mercado brasileiro virou importante fonte de alunos para as universidades portuguesas.
— Alguns podem pagar as mensalidades impostas pelas universidades, que enxergaram no Brasil um mercado para sustentar o ensino superior de Portugal. Tem outro grupo de estudantes brasileiros que ganha a bolsa, que é somente o direito de pagar como estudante nacional. Chegam com dinheiro curto, apostando que conseguirão um trabalho. Outros, contam com apoio da família, que se aperta para realizar o sonho do filho estudar no exterior — contou Pontes.
Um atalho para pagar o mesmo valor dos portugueses é conseguir o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres. Leia mais sobre o tema.
[Transcrição integral, sem correcção automática (jornal brasileiro).
Inseri “links” (a verde) e imagens. Destaques meus.]