Mês: Novembro 2023

«“Bobagens” de Ministro brasileiro» [“O Diabo”, 23.11.23]

Logo de entrada, contaminando o artigo propriamente dito, uma citação do falecido historiador José Hermano Saraiva, esse assumidíssimo, assanhadíssimo brasileirista, aliás um dos mais destacados membros do restrito clube de fiéis à “causa” do Itamaraty, ou seja, devotos do putativo II Império brasileiro.

Dessa elite de tugas ilustres do chamado “antigo regime” com imenso “sentido de dedicação ao Brasil”, fazia também parte, por exemplo, Adriano Moreira, ex-Ministro de Salazar (1961-62), depois ex–Presidente do CDS-PP (1986-88), depois ex-deputado (1992-95) e por fim ex-Conselheiro de Estado (2016-19).

E, se bem que fossem — como continuam a ser — uma irrisória minoria, Hermano e Adriano tinham por companhia outros devotados sonhadores (ou apreciadores de pesadelos, consoante a perspectiva) do brasileirismo, alguns dos quais ainda transportando consigo o mofo do “antigamente”, como o próprio Marcello Caetano, que ali se exilou em 26 de Abril de 74 e que por lá ficou a dar umas aulas, ou o Cavaco de Boliqueime (ex-PM, ex-PR e ex-especialista em rodagens de automóveis Citroën), a quem Brasília deve, pessoalmente, a “adoção” da língua brasileira em Portugal e PALOP, via #AO90.

Brasão do (I) Império do Brasil. O brasão do II Império brasileiro poderá ser o mesmo com, por exemplo, uma bola de futebol no centro e o lema “Pentacampeão Mundiau”

De resto, no mesmo clube “canarinho”, isto é, no “time“, alinharam, antes e depois do 25 de Abril, outras figuras gradas e caras — literalmente — de ambos os regimes. Já no Estado que sucedeu ao velho (o qual, por mais paradoxal que tal coisa possa parecer, se designava como “Estado Novo”), as esquerdas partidárias atiraram-se ao Brasil e à língua universau brasileira como gato a bofe, salvo seja, tendo descoberto, para o efeito e de repente, que afinal o “sentimento de dedicação ao Brasil” é uma ideia nova, novíssima, totalmente ao contrário do que sucedia no dito Estado Novo, e que, portanto, quem for contra o “acordo” de “adoção” da cacografia brasileira não passa de um empedernido “reacionário” a merecer holocausto ou, no mínimo, ser encostado à parede.

Viva o #AO90, “falam” estes “progressistas”, e “morte aos velhos do Restelo“, “falam” também, entre mais umas quantas brilhantes pérolas de coltura.

No que respeita a brasileiristas militantes, de resto, não considerando os gémeos do centrão, entre esquerdolas e direitalhos não existe a mais ínfima diferença: utilizam exactamente os mesmos “argumentos” para justificar o injustificável e fazem ambos gala da sua admiração parola pelo “gigante” sul-americano, sempre tentando disfarçar a insaciável ganância que a uns e a outros move. Não passam de uns quantos tristes, é certo, mas são por igual ruidosos, broncos e caceteiros.

“Bobagens” de Ministro brasileiro arrasadas por académico português

“Eu acho que as nações, como as pessoas, valem pelos sentimentos que têm. Esse nosso sentimento de dedicação ao Brasil é uma das riquezas da Alma Portuguesa. Às vezes pergunto a mim próprio se estaremos a fazer tudo, tudo quanto esse sentimento nos obriga”
José Hermano Saraiva, in “A Alma e a Gente”, IV, Ep. 7 – Portugal no Brasil (2006)[vídeo no fim deste “post”]

Jornal “O DIABO”, 23/11/2023


Com pouquíssimo eco na comunicação social, as declarações proferidas por Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, pela sua gravidade, deveriam ter motivado uma resposta firme por parte do Governo português. Não há reacção conhecida. Para não acirrar ânimos? Talvez.

Diz a sabedoria popular que “vozes de burro não chegam ao céu”, mas também que “quem cala, consente”.

Cotejadas as duas expressões, e porque “quem não se sente não é filho de boa gente”, impõe-se algumas observações sustentadas por factos, como se segue.

Flávio Dino milita no Partido Socialista Brasileiro, depois de um percurso político vinculado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). É professor de Direito Constitucional e senador pelo Estado do Maranhão, para o qual, como candidato do PCdoB, foi eleito governador, na primeira vez, em Dezembro de 2014.

Nas redes sociais a partir do dia 7 de Novembro, um vídeo que mostrava “uma portuguesa xingando uma brasileira no aeroporto de Lisboa”, invectivando com “vá para a sua terra, estão a invadir Portugal”, suscitou o seguinte comentário de Flávio Dino: “Bom, se for isso, nós temos direito de reciprocidade, não é? Porque em 1500 eles invadiram o Brasil”. E continuou com “concordo, até, que eles repatriem todos os emigrantes que lá estão, devolvendo junto o ouro de Ouro Preto, e aí fica tudo certo, a gente fica quite”. Nesta pérola linguística sobre invasores e espoliados sobressai o “nós” e o “eles” …

Houve ainda comentários de Túlio Gadelha, deputado brasileiro com o cargo de relator da Comissão sobre Migrações Internacionais e Refugiados da Câmara de Deputados, que solicitou ao ministério das Relações Exteriores do Brasil que exigisse esclarecimentos à Embaixada de Portugal no Brasil. Quis “botar faladura” dirigida à turba inculta brasileira que faz ganhar eleições, e dela se aproveitando para atingir desígnios pouco edificantes, pondo-se a par com a agenda da moda. E fê-lo durante uma cerimónia pública, no Brasil.

Não se discute esse acto isolado e grosseiro, xenófobo se não for patriótico, de uma cidadã portuguesa sobre uma cidadã brasileira. Não é importante. Mas é pretexto para que reflictamos, todos, portugueses e brasileiros, ao nível de cada uma das nossas sociedades e de cada uma das nossas governações. Há, aqui e ali, pequenas situações de mau convívio, irrelevantes, que podem envenenar relações que se querem globalizantes, envolventes e de compromisso entre os dois Estados e Povos.

De forma sistémica, não há xenofobia nem racismo em Portugal. Os números registados nas polícias e nos tribunais provam-no. O que há são actos isolados, a que os mal-intencionados, “wokes” e grupelhos com uma agenda de racismo e de supremacia, mas ao contrário, querem dar dimensão institucional ao nível das relações bilaterais entre países. E há quem isto promova no exercício do ministério da Justiça brasileiro.

O Brasil, enquanto colónia, depois como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822) e, por fim, como país independente, foi atractivo para portugueses e para gentes de muitas nacionalidades. Nas últimas décadas não tem sido. Pelo contrário, o movimento é inverso: são os brasileiros a procurar outros países para melhorarem as suas vidas e Portugal é um destino de referência. Pululam: por todo o lado em que se faça uma televisiva entrevista de rua, lá os ouvimos nas mais variadas situações e pelos mais diversos motivos.

São muitos, demasiados, para a nossa dimensão territorial e cifra demográfica. É um problema de escala, não tanto um choque cultural, que está na origem das reacções adversas do português comum aos brasileiros e dos atritos quotidianos nas cidades a que maioritariamente estes últimos afluem para viver: Lisboa, Porto, BragaÉ que não basta invocar a reciprocidade: deve haver proporcionalidade. Presentemente, vivem em Portugal cerca de 400 mil brasileiros, com mais de 150 mil a adquirirem autorização de residência durante o presente ano de 2023, dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. E os pedidos não abrandam.
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“Compra da cidadania portuguesa lá na terrinha”

“Click” na imagem para aceder à notícia (com vídeo)

Portugal 7th safest country in the world

The 17th edition of the Global Peace Index (GPI) ranks Portugal as the 7th safest country in the world, in a ranking led for the 16th time by Iceland.

“The Portugal News”, 28.11.23

Portugal moves up one position compared to the 2022 index and appears with a score of 1,333, behind Iceland (1,124 points), Denmark (1,31 points), Ireland (1,312 points), New Zealand (1,313 points), Austria (1,316 points) and Singapore (1,332 points), but ahead of countries like Japan (1,336 points), Switzerland (1,339 points), Canada (1.35 points) and Finland (1,399 points).

Globally, although 126 countries improved their peace index between 2009 and 2020, the 2023 Global Peace Index (GPI) reveals that the average level of global peace has deteriorated for the ninth consecutive year, with 84 countries recording an improvement and 79 a deterioration. Positive Peace measured by the Positive Peace Index (PPI) represents attitudes, institutions and structures that create and sustain peaceful societies. This demonstrates that the deterioration has been greater than the improvements, as the rise in post-COVID civil unrest and political instability remains high while regional and global conflicts accelerate.

[tradução] Portugal é o 7º país mais seguro do mundo
A 17ª edição do Global Peace Index (GPI) classifica Portugal como o 7º país mais seguro do mundo, num ranking liderado pela 16ª vez pela Islândia.
Portugal sobe uma posição em relação ao índice de 2022 e surge com uma pontuação de 1.333, atrás da Islândia (1.124 pontos), Dinamarca (1.31 pontos), Irlanda (1.312 pontos), Nova Zelândia (1.313 pontos), Áustria (1.316 pontos) e Singapura (1.332 pontos), mas à frente de países como o Japão (1.336 pontos), Suíça (1.339 pontos), Canadá (1.35 pontos) e Finlândia (1.399 pontos).
A nível global, embora 126 países tenham melhorado o seu índice de paz entre 2009 e 2020, o Índice Global de Paz (IGP) de 2023 revela que o nível médio de paz global se deteriorou pelo nono ano consecutivo, com 84 países a registar melhorias e 79 deterioração. A paz positiva medida pelo Índice de Paz Positiva (IPP) representa atitudes, instituições e estruturas que criam e sustentam sociedades pacíficas. A deterioração foi maior do que as melhorias, uma vez que o aumento da agitação civil e da instabilidade política pós-COVID continua a ser elevado, ao mesmo tempo que os conflitos regionais e mundiais aceleram. [tradução]

[Transcrição integral. “Links” e destaques meus.]

Polícia de Portugal investiga infiltração de facções criminosas em consulado no Rio

Existem centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para o país usando o suposto esquema

“O Globo” (Brasil) – blog “Portugal Giro”, 27.11.23

Por Gian Amato

A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal investiga a possível infiltração de criminosos de duas facções criminosas no consulado português no Rio, informou o “Diário de Notícias”.

A suspeita é que os grupos possam ter organizado uma operação para fazer a regularização ilícita de obtenção de vistos para criminosos entrarem em Portugal.

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ detectou casos de pessoas mortas que obtiveram cidadania portuguesa. Também investiga crimes de corrupção, abuso de poder e peculato.

Foram indiciados dezenas de funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas dos trabalhadores. A maioria dos suspeitos é brasileira. Os funcionários, segundo a reportagem, temem represálias.

Na primeira fase, a PJ estava convicta que os funcionários agiam como intermediários entre o consulado e as facções. Depois, a investigação concluiu que integravam as facções.

Há centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para Portugal usando o suposto esquema.

Brasileiros comandavam laboratório de cocaína em Portugal

A origem da investigação apontou para dezenas de manipulações para agendamento dos serviços consulares, como vistos e pedidos de cidadania. Há indícios de certificação irregular de documentos.

Os investigados cobrariam cerca de € 300 (R$ 1,6 mil) para passar certas pessoas na frente da fila do agendamento, onde existem milhares à espera de uma data para iniciar processos.

A equipe de investigação portuguesa foi ao Rio no início de novembro e recebeu apoio da Polícia Federal. Ao tentar fazer buscas em bairros da cidade, os portugueses souberam que não poderiam ir a certos lugares, dominados pelas facções.

E, em solo brasileiro, os investigadores portugueses foram informados que as facções estavam a infiltrar membros em Portugal.

Um relatório do Serviço de Informações de Segurança (SIS) revela que há pelo menos mil integrantes de uma facção criminosa de São Paulo em Portugal.

[Transcrição integral, incluindo “links” (a azul). Acrescentei “links” (a verde). Destaques meus.]

Brasil Urgente
13,939 views 14 Nov 2023
PCC cresce cada vez mais em Portugal e Polícia Federal brasileira investiga a compra
de cidadania portuguesa por parte de integrantes da facção.

«Duas maiores organizações criminosas do Brasil» em Portugal [“DN”, 27.11.23]

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.
[postA lógica instrumental do #AO90″ – 03.03.23]

Naqueles virginais e impolutos 8.510.345 Km² não há absolutamente violência alguma, tal coisa jamais existiu, o Brasil nem é um dos países mais violentos do mundo nem nada, fomos e somos nós que malignamente pecámos e pecamos ocultando a «violência da colonização portuguesa do Brasil».
[postBrasil colonizando Cristina– 07.03.23]

Diz a imprensa que “mais de 93 mil da CPLB” (com o truque da troca do B pelo P) obtiveram autorização de residência em Portugal — ou seja, livre-trânsito para a Europa — em apenas um mês. O que resulta numa média de 3.100 por dia. Chamam-lhes “imigrantes lusófonos”, porque para puxar o lustro à jogada a adjectivação aportuguesada (portuguesa, lusitana, lusofónica) dá imenso jeito; e dizem que, desses 93 mil, «a maioria são brasileiros».
E que maioria! Entre 51%? e 99%, a quanto monta, ao certo, essa maioria? Bem, se nos fiarmos nos números oficiais, «os nacionais do Brasil representam, até ao momento, 86,5% dos pedidos de autorização de residência CPLP, seguidos dos cidadãos de Angola, com 3,8%, e de São Tomé e Príncipe, com 3%.»
[postTrês mil e cem por dia – 14.04.23]

PJ investiga infiltração das duas maiores organizações criminosas do Brasil

Por “razões de segurança” a Polícia Federal não permitiu duas buscas previstas para a casa de suspeitos em zonas controladas pelo Comando Vermelho, a segunda maior organização criminosa brasileira. As autoridades acreditam que este grupo e o Primeiro Comando da Capital, o maior do país, têm cúmplices no Consulado para colocar em Portugal operacionais seus.

“Diário de Notícias”, 27.11.23

A Polícia Judiciária (PJ) suspeita que as duas mais poderosas organizações criminosas do Brasil – Primeiro Comando da Capital (PCC), de S. Paulo, e Comando Vermelho, do Rio de Janeiro – podem estar envolvidas e ter beneficiado de um esquema de legalização ilícita e obtenção de vistos para colocar operacionais seus em Portugal.

Casos de mortos “ressuscitados” que obtiveram nacionalidade portuguesa com falsificação de documentos, um dos crimes em causa. Mas também indícios de corrupção, participação económica em negócio, acesso ilegítimo, usurpação de funções, abuso de poder e peculato, entre outras situações, foram detectados no Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, no âmbito de investigações da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ, em inquéritos titulados pelo DIAP de Lisboa.

Neste momento há quase uma dezena de arguidos, a maioria brasileiros, funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas dos funcionários.

As autoridades, Ministério Público (MP) e UNCC, têm em mãos uma centena de processos administrativos sob suspeita de fraude e, até agora, já identificaram perto de 30 cidadãos brasileiros que terão viajado para Portugal usando o esquema ligado às redes criminosas.

Numa primeira fase, a convicção era de que se tratavam de intermediários das organizações criminosas, mas com o desenrolar da investigação concluíram que havia mesmo quem fizesse mesmo parte desses grupos.

Em comunicado já na manhã desta segunda-feira, a PJ diz que foram feitas buscas, não só no Consulado, como também em “território nacional, foram executados dois mandados de busca e apreensão, bem como 4 mandados de pesquisa de dados informáticos, visando a apreensão de prova de natureza digital, tendo participado na operação, 10 investigadores e peritos informáticos da PJ”. Ao que o DN soube terá sido no próprio ministério dos Negócios Estrangeiros.

Em concreto, precisa a PJ “tem em curso investigações que visam o desmantelamento de esquemas de legalização e certificação ilícita de documentos para obtenção de nacionalidade portuguesa, atribuição de vistos, prestação de informações privilegiadas através da usurpação de funções, atribuições ilícitas de vagas de agendamento para a prática de actos consulares, bem como, de execução de actos consulares para os quais não existe habilitação legal e peculato de emolumentos.

Na origem da investigação estão, pelo menos, dois grandes inquéritos, nos quais se investigam dezenas de denúncias de de utentes do Consulado.

A troco de cerca de 300 euros (cerca de 1500 reais, num país onde salário mínimo é de 1300 reais), funcionários colocavam certas pessoas à frente das que aguardavam vagas, numa espécie de “via verde” para o atendimento. De acordo com a imprensa brasileira, “o esquema montado pelos funcionários consulares redireccionavam no site do consulado o agendamento de documentação para empresas intermediárias“.

Uma das linhas de investigação relaciona também este esquema com a entrada de elementos do PCC, em Portugal, através de uma ligação anterior ao consulado português em S. Paulo, Estado onde o PCC tem o maior domínio.

“Há interesse destas organizações criminosas terem seus membros com documentação regular em Portugal, considerando que o país é estratégico como porta de entrada de drogas, principalmente cocaína, na Europa”

“Possivelmente ocorreu o denominado recrutamento operacional de funcionários do Consulado pelo crime organizado. No Estado do Rio de Janeiro existem diversas facções criminosas. As principais são o Comando Vermelho, o Terceiro Comando, o Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos, todas com grande poderio financeiro. Em São Paulo existe o PCC, considerada uma das maiores organizações criminosas da América Latina e que tem membros em todos os Estados do Brasil e no exterior. Há interesse destas organizações criminosas terem seus membros com documentação regular em Portugal, considerando que o país é estratégico como porta de entrada de drogas, principalmente cocaína, na Europa“, explica RobsonSouza, um ex-polícia militar brasileiro, autor de um mestrado na Universidade Nova de Lisboa, que demonstra como fugitivos à justiça brasileira podem conseguir entrar em Portugal.

A especialista em crime organizado Sylvie Figueiredo observa também que “o cada vez maior envolvimento do PCC no tráfico de cocaína tem sido visível também em Portugal, onde o grupo está a aproveitar-se do facto de alguns membros ou elementos próximos aqui residirem para desenvolver capacidade operacional no nosso país.

Segundo noticiou a revista Visão, em Novembro de 2022 um suspeito líder narcotraficante luso-brasileiro, residente em Portugal, foi detido no Dubai. Inicialmente as autoridades pensavam que era um dos chefes do PCC, mas posteriormente veio-se a saber que, afinal, era do Comando Vermelho.

Com a alcunha de “carioca” (nome que se dá aos naturais do Rio de Janeiro, integrava um grupo no qual, segundo os relatórios policiais, a que a VISÃO terá tido acesso, era “o principal articulador, responsável pela logística de transporte e embarque dos carregamentos de droga, negociando pagamentos a motoristas e guardas portuários, tratando inclusive desde os fornecedores até os compradores no destino final, o continente europeu”.

Territórios inimigos

Logo quando chegou ao aeroporto no Rio de Janeiro, no início do mês, a equipa de 29 pessoas (21 investigadores da UNCC, dois técnicos informáticos da PJ, três magistrados do Ministério Público (MP) e três inspectores do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), foi recebida por uma aparatosa escolta da Polícia Federal.

As autoridades brasileiras tinham lido a lista dos suspeitos e dos alvos dos sete mandados de busca em bairros da cidade, que constavam da carta rogatória, como Rio Comprido, Jacarépaguá, Botafogo, Saquarema e S.João de Meriti, tinham excluído dois.

Os inspectores da PJ e os procuradores ficaram a saber que entre os nomes estariam suspeitos ligados ao Comando Vermelho e ao Primeiro Comando da Capital (ver características no final do texto) e que não podiam ir, “por razões de segurança” a, pelo menos, duas das moradas.

Segundo contou ao DN fonte que conhece o processo, tratava-se de “territórios inimigos” onde a polícia não entra ou, quando entra, tem de ser acompanhada com o famoso BOPE (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, que leva blindados e helicópteros.

Tinham ainda outra informação: que membros desta organização criminosa estavam a colocar operacionais seus em Portugal, através de uma rede de cúmplices nos consulados, sendo o do Rio de Janeiro um dos casos.

A casas de um dos cúmplices, avisou a Polícia Federal, estava num bairro, Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, onde este ano uma operação conjunta do BOPE e da Polícia Rodoviária Federal, para deter os líderes da maior facção criminosa do Estado e suspeitos de outras regiões, resultou em 26 mortes, 20 das quais durante a acção policial. Foi a segunda operação mais mortífera no Rio de Janeiro, muito próximo dos 28 óbitos no Jacarezinho, em Maio de 2021.

A escolta da Polícia Federal manteve-se junto aos portugueses durante todos os sete dias que lá estiveram.
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“Lost in translation” (Brazilian to Portuguese)

[“click” na imagem para aceder ao artigo]

Note-se o contraste flagrante entre o conteúdo da notícia seguidamente transcrita com os resultados que uma pesquisa sobre o tema devolve nos “motores de busca”.

Entre a atabalhoada (e duvidosa) tradução da expressão em brasileiro “aborto da natureza” para Português e os títulos na respectiva pesquisa Google — ao que parece, no Brasil, um aborto é algo excelente, admirável, supimpa, além de “muito légau” –, aquilo que ressalta não é a putativa bondade da dita expressão, não é a sua chocante “expressividade” e não é sequer, de todo, a pretensa inocuidade que a imprensa tuga se apressa a “garantir”.

O que resulta disto, até porque ninguém vai abrir os artigos sob o mesmo título, um por um, e muito menos irá lê-los, é o sistemático hábito brasileiro de enxovalhar tudo aquilo que lhes cheire a “terrinha” e todos aqueles que nela nasceram.

O “preconceito, racismo e xenofobia” de que tanto tantos brasileiros se “queixam”, como tantas vezes tem aqui sido demonstrado, é um fenómeno que afinal existe mesmo, sim, mas funcionando apenas em sentido único: de lá para cá. Não no sentido contrário.

Por mais que os vendilhões e a imprensa avençada apregoem o contrário e tentem impingir aos mais “distraídos” a sua deles língua universau brasileira, a lusofobia está aí, bem à vista, variando sempre e cada vez mais na razão directa do número de colonos em função do número de colonizados.

“O Brasil não é para qualquer um. Abel foi um ‘aborto da natureza'”

“Notícias ao Minuto” (www.noticiasaominuto.com), 24/11/23
Andrés Sanchez

Andrés Sánchez concedeu, esta quinta-feira, uma extensa entrevista ao canal de YouTube ‘Benja me Mucho‘, onde teceu a sua opinião a propósito do sucesso alcançado pelo treinador português Abel Ferreira, no Palmeiras.

“Trabalhar no Brasil não é para qualquer um. Falam do Abel, mas o Abel foi um ‘aborto da natureza’. Nem o Palmeiras acreditava nele. Veio porque tinha de vir, não tinha opção“, começou por afirmar o homem que ocupou a presidência do Corinthians entre os anos de 2007 e 2021, quando foi sucedido por Duílio Monteiro Alves. Ao contrário daquilo que aparenta, a expressão ‘aborto da natureza’ não é pejorativa no Brasil. Pelo contrário: é empregue para descrever algo raro, um ‘achado’.

“E deu certo, é um bom treinador. Mas eu sou contra treinadores estrangeiros, principalmente, na selecção brasileira. Acho que temos treinadores competentes e preparados para dirigir a selecção brasileira e qualquer clube deste país”, acrescentou.

Abel Ferreira, recorde-se, chegou ao Verdão em 2020. Desde então, conquistou duas Taças Libertadores, uma Supertaça Sul-Americana, um título de campeão brasileiro, uma Taça do Brasil e ainda uma Supertaça do Brasil.

[Transcrição integral. Inseri imagem de pesquisa Google.]

O unicórnio brasileiro

A expressão utilizada pelo actual presidente (“prefeito”, em brasileiro) da Câmara Municipal de Lisboa, no passado dia 2 de Novembro, em plena Web Summit, não foi “atrair brasileiros para Lisboa”, foi “atrair brasileiros para Portugal”.

Menos de um mês após proferir a bojarda, Moedas desloca-se a Brasília para assinar um acordo de geminação entre a capital portuguesa e a capital brasileira. Fez um acordo com esta, como já existiam acordos semelhantes com as capitais dos PALOP, mas “esqueceu-se” de “atrair para Portugal” (ou para Lisboa) os cidadãos destas outras, logo, dos respectivos países. Se há acordos de geminação com Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé, então porque não pretenderá o “prefeito” alfacinha “atrair” angolanos, moçambicanos, guineenses e santomenses “para Portugal”? Porquê só brasileiros?

Na vida de cada qual, como é do senso comum, muito raramente há coincidências. Na política, nunca.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das prioridades”

eco.sapo.pt, 02.11.23
“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, diz Carlos Moedas

A fábrica de unicórnios tem previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas a se instalar em Lisboa.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na conferência de imprensa, na Web Summit, depois de ser conhecida a primeira scaleup a integrar a UnicornFactory Lisboa.

“Espero que a Web Summit no Brasil ajude a atrair mais pessoas para cá e não o contrário”, disse o autarca quando questionado sobre de que modo o ecossistema de startups brasileiro poderia beneficiar da Unicorn Factory Lisboa. Esta quarta-feira a Sensei foi anunciada como a primeira scaleup a integrar o programa de scaleups, com arranque previsto para 2023.

O projecto da fábrica de unicórnios tem ainda previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas para se instalarem em Lisboa. Para estes dois programas, a CML e os privados têm alocado um total de 8 milhões de euros.

“Lisboa tem de ser uma cidade aberta”, reforçou Moedas, que aposta no projecto da fábrica unicórnios — uma promessa eleitoral — para atrair empresas de base tecnológica de todo o mundo para a cidade, uma forma, diz, de atrair jovens e criar emprego.

“A diversidade de pessoas é o que cria inovação”, reforça.

[Transcrição integral, incluindo destaque e “link”. Cacografia brasileira corrigida automaticamente]

Moedas assina acordo de geminação entre Lisboa e a capital do Brasil

Dinheiro Vivo/Lusa
dinheirovivo.pt, 23.11.23

O acordo tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que está no Brasil, assina esta quinta-feira em Brasília um acordo de geminação entre as capitais portuguesa e brasileira.

Durante um jantar de comemoração dos 111 anos da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo, Moedas disse à Lusa que o acordo está inserido numa tradição que Lisboa já mantém com várias capitais de países de língua portuguesa como Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé.

“O acordo é mais uma ligação de cidades irmãs que, Lisboa, por tradição, tem com cidades que são capitais de países de língua portuguesa. Não tínhamos isso com o Brasil e eu gostava muito de deixar essa marca (…). Por isso, assinar este acordo é muito importante”, afirmou o autarca.

O acordo de geminação entre Lisboa e Brasília, que será assinado por Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal (que detém o controlo administrativo da cidade de Brasília), tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

De acordo com dados divulgados no site da Câmara Municipal de Lisboa, os acordos de geminação também simbolizam “um reconhecimento de interesse mútuo no comércio, indústria e educação.”

A capital portuguesa já assinou 13 acordos de geminação, que incluem cidades europeias, asiáticas e africanas como Madrid, Rabat, Malaca, Macau, Budapeste e Cachéu. No Brasil, Lisboa mantém acordos de geminação com as cidades do Rio de Janeiro e Salvador.

Moedas confirmou que participou na Assembleia-Geral da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Americo-Asiáticas (UCCLA), no âmbito de uma visita ao Brasil que começou na segunda-feira.

“Sou presidente da UCCLA, dessa união das cidades que falam português, e foi uma reunião muito boa porque conseguimos juntar muitas cidades, mais de 40 cidades, à volta da mesa, em Fortaleza [capital do estado brasileiro do Ceará], para discutir os temas da língua portuguesa e aquilo que é a capacidade que temos como cidades capitais portuguesas de sermos centros de inovação e tecnologia”, explicou.

Depois de passar por Fortaleza, Moedas participou, na terça-feira, em São Paulo, na 20ª. Assembleia Geral da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI), na qual autarcas de 18 cidades decidiram que o ano de 2024 será dedicado à língua portuguesa.

“Fui eleito vice-presidente da UCCI [no biénio 2024/2025]. Foi um prazer promover um impacto maior da língua portuguesa, não só o impacto que queremos ter entre as cidades de língua portuguesa, mas também nas cidades ibero-americanas, que por tradição usavam mais a língua espanhola a do que a língua portuguesa”, avaliou.

Moedas reuniu-se ainda com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e com o vice-governador do estado de São Paulo, Felicio Ramuth.

O autarca de Lisboa lembrou que assinou, há cerca de um ano, um acordo bilateral de colaboração com a maior cidade do Brasil, que engloba parcerias e troca de experiência em várias áreas como limpeza urbana, saúde, empreendedorismo, promoção de tecnologia, gestão administrativa e intercâmbio entre funcionários públicos.

Moedas disse que outro objectivo da visita ao Brasil é promover o projecto Fábrica de Unicórnios de Lisboa, que visa atrair investimentos de grandes empresas tecnológicas à capital de Portugal.

“Conseguimos num ano atrair mais de 54 empresas tecnológicas para Lisboa, entre elas [empresas] unicórnios, ou seja, que valem mais de mil milhões de euros (…). Hoje já temos um unicórnio brasileiro na nossa cidade, com escritórios, que é a Quinto Andar”, empresa de arrendamento de imóveis, disse o autarca

“Lisboa é um centro de atracção de talentos e é uma plataforma de inovação que hoje conta na Europa. Nós estamos pré-seleccionados para ser a capital da inovação da Europa. Acredito que Lisboa pode ganhar esse prémio porque tem realmente construído um ecossistema de tecnologia e inovação único na Europa. E, portanto, estou aqui também para falar com os investidores brasileiros“, concluiu.

[Transcrição integral. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Destaques e “links” meus. Imagem de topo de: “Saddlery Direct“.]