In the vast majority of cases there was no trial, no report of the arrest. People simply disappeared, always during the night. Your name was removed from the registers, every record of everything you had ever done was wiped out, your one-time existence was denied and then forgotten. You were abolished, annihilated: vaporized was the usual word.
[‘1984’, George Orwell]
Livre arbítrio
Sobre as sucessivas camadas de ruínas, da 2.ª Grande Guerra à queda do Muro de Berlim, passando pela “crise dos mísseis” e pelo Vietname, uma nova ordem mundial emergiu, ainda mais refinadamente sórdida e ditatorial do que todas as autocracias, ditaduras ferozes e regimes sanguinários que a precederam: uma “nova” sociedade altamente vigiada, servida por uma miríade de “novas” forças repressoras, vários corpos de polícia política — travestida de “entidade reguladora” ou de outra coisa qualquer ou de coisa nenhuma — tendo por finalidade única o esmagamento da dissidência, a eliminação através da ostracização, a vaporização (no sentido orwelliano do termo) de tudo aquilo que escape ao mainstream politicamente correcto. Sendo já prática corrente, a demolição sistemática de todas e quaisquer referências, conteúdos ou simples opiniões que não obedeçam à “norma” vigente ou que extravasem as fronteiras do pensamento autorizado são agora — “legítima e democraticamente”, segundo os ditames da cartilha obrigatória — rastreadas por sistema e apagadas mais ou menos discretamente, sendo os seus autores tão vaporizados quanto aquilo que dizem, escrevem ou sequer pensam.
É disto que estamos a falar, é das consequências para a liberdade, os direitos e as garantias do indivíduo, quando referimos a “política” comummente aceite ou forçadamente tornada aceitável pela massa amorfa que resulta da propaganda compulsiva e do geral embrutecimento promovido pelos meios (media) ao dispor dos “donos disto tudo”.
Perante a geral — e altamente comprometida — complacência de todas as tribos partidárias, sem excepção, a “mão invisível” dos DDT, não apenas vigilante e repressora como também insidiosa e venenosa, actua em campos muito mais vastos do que as redes anti-sociais.
Por exemplo, estão de regresso os autos-de-fé — réplicas dos medievais, imitações dos da Alemanha nazi — com os respectivos acepipes e entradas, como as queimas de livros.
A WayBack Machine presta um inestimável serviço à comunidade cibernética, ou seja a todas as pessoas normais em todo o mundo.
Evidentemente, nestes novíssimos autos-de-fé estão incluídos os cortejos (procissões), com diversos andores, pendões e, sobretudo, imensos membros do clero ricamente paramentados — vulgo, “políticos” e “influenciadores” — conduzindo hereges e apóstatas ao suplício público (no alto de um monte, que pode ser de esterco).
Dependendo da inspiração (salvo seja) que tiverem na altura esbirros, algozes e carrascos, a delirante invenção de pretextos para a pretendida condenação do “pecador”, assim resultará o castigo mais adequado do perigosíssimo criminoso, na muito pouco ou nada douta sentença exarada pelo tribunal de sanha da inquisição.
Esta remoção foi feita sob a acusação de infringir as normas de “child safety“! O letreiro no buraco onde estava o vídeo não corresponde à acusação. O vídeo foi transmitido pela RTP em 31.05.07. Trata-se de uma produção original dinamarquesa/canadiana.
A mais óbvia das conclusões a retirar, não apenas dos casos aqui citados, agora e anteriormente, como também de todos aqueles de que vamos tendo conhecimento, das mais diversas proveniências, é que aos DDT irrita profundamente qualquer voz dissonante, ou seja, mantendo a analogia do verbo arrebanhar, qualquer balido que destoe das ovelhinhas em uníssono.
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