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“Compra da cidadania portuguesa lá na terrinha”

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Portugal 7th safest country in the world

The 17th edition of the Global Peace Index (GPI) ranks Portugal as the 7th safest country in the world, in a ranking led for the 16th time by Iceland.

“The Portugal News”, 28.11.23

Portugal moves up one position compared to the 2022 index and appears with a score of 1,333, behind Iceland (1,124 points), Denmark (1,31 points), Ireland (1,312 points), New Zealand (1,313 points), Austria (1,316 points) and Singapore (1,332 points), but ahead of countries like Japan (1,336 points), Switzerland (1,339 points), Canada (1.35 points) and Finland (1,399 points).

Globally, although 126 countries improved their peace index between 2009 and 2020, the 2023 Global Peace Index (GPI) reveals that the average level of global peace has deteriorated for the ninth consecutive year, with 84 countries recording an improvement and 79 a deterioration. Positive Peace measured by the Positive Peace Index (PPI) represents attitudes, institutions and structures that create and sustain peaceful societies. This demonstrates that the deterioration has been greater than the improvements, as the rise in post-COVID civil unrest and political instability remains high while regional and global conflicts accelerate.

[tradução] Portugal é o 7º país mais seguro do mundo
A 17ª edição do Global Peace Index (GPI) classifica Portugal como o 7º país mais seguro do mundo, num ranking liderado pela 16ª vez pela Islândia.
Portugal sobe uma posição em relação ao índice de 2022 e surge com uma pontuação de 1.333, atrás da Islândia (1.124 pontos), Dinamarca (1.31 pontos), Irlanda (1.312 pontos), Nova Zelândia (1.313 pontos), Áustria (1.316 pontos) e Singapura (1.332 pontos), mas à frente de países como o Japão (1.336 pontos), Suíça (1.339 pontos), Canadá (1.35 pontos) e Finlândia (1.399 pontos).
A nível global, embora 126 países tenham melhorado o seu índice de paz entre 2009 e 2020, o Índice Global de Paz (IGP) de 2023 revela que o nível médio de paz global se deteriorou pelo nono ano consecutivo, com 84 países a registar melhorias e 79 deterioração. A paz positiva medida pelo Índice de Paz Positiva (IPP) representa atitudes, instituições e estruturas que criam e sustentam sociedades pacíficas. A deterioração foi maior do que as melhorias, uma vez que o aumento da agitação civil e da instabilidade política pós-COVID continua a ser elevado, ao mesmo tempo que os conflitos regionais e mundiais aceleram. [tradução]

[Transcrição integral. “Links” e destaques meus.]

Polícia de Portugal investiga infiltração de facções criminosas em consulado no Rio

Existem centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para o país usando o suposto esquema

“O Globo” (Brasil) – blog “Portugal Giro”, 27.11.23

Por Gian Amato

A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal investiga a possível infiltração de criminosos de duas facções criminosas no consulado português no Rio, informou o “Diário de Notícias”.

A suspeita é que os grupos possam ter organizado uma operação para fazer a regularização ilícita de obtenção de vistos para criminosos entrarem em Portugal.

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ detectou casos de pessoas mortas que obtiveram cidadania portuguesa. Também investiga crimes de corrupção, abuso de poder e peculato.

Foram indiciados dezenas de funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas dos trabalhadores. A maioria dos suspeitos é brasileira. Os funcionários, segundo a reportagem, temem represálias.

Na primeira fase, a PJ estava convicta que os funcionários agiam como intermediários entre o consulado e as facções. Depois, a investigação concluiu que integravam as facções.

Há centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para Portugal usando o suposto esquema.

Brasileiros comandavam laboratório de cocaína em Portugal

A origem da investigação apontou para dezenas de manipulações para agendamento dos serviços consulares, como vistos e pedidos de cidadania. Há indícios de certificação irregular de documentos.

Os investigados cobrariam cerca de € 300 (R$ 1,6 mil) para passar certas pessoas na frente da fila do agendamento, onde existem milhares à espera de uma data para iniciar processos.

A equipe de investigação portuguesa foi ao Rio no início de novembro e recebeu apoio da Polícia Federal. Ao tentar fazer buscas em bairros da cidade, os portugueses souberam que não poderiam ir a certos lugares, dominados pelas facções.

E, em solo brasileiro, os investigadores portugueses foram informados que as facções estavam a infiltrar membros em Portugal.

Um relatório do Serviço de Informações de Segurança (SIS) revela que há pelo menos mil integrantes de uma facção criminosa de São Paulo em Portugal.

[Transcrição integral, incluindo “links” (a azul). Acrescentei “links” (a verde). Destaques meus.]

Brasil Urgente
13,939 views 14 Nov 2023
PCC cresce cada vez mais em Portugal e Polícia Federal brasileira investiga a compra
de cidadania portuguesa por parte de integrantes da facção.

Quinta dos ingleses, Zeitgeist

Uma das ruínas da Quinta dos Ingleses, em Carcavelos

Sem poder pagar aluguel, brasileiras moram em barracas em Portugal

Ganham salário mínimo, mas vivem em área de ricaços. Poupam para sair de uma situação que tem sido comum em Lisboa, cidade mais cara da Europa para alugar um imóvel

Por Gian Amato
O Globo” (Brasil) – “Portugal Giro”, 20/09/2023

“Comprei logo uma de dois quartos, porque eu gosto de conforto”. É assim que Márcia Araújo, de Nova Iguaçu, começa a falar com o Portugal Giro sobre a barraca onde vive acampada em Carcavelos, região praiana de Lisboa.

Ela e a amiga Andréia Machado trabalham fazendo limpeza de apartamentos e entregando marmitas. Conseguem ganhar pouco mais de um salário mínimo € 760 (R$ 3,9 mil).

Há dois meses, no auge da inflação, desistiram de procurar um imóvel digno e individual, que pudessem pagar, e vivem de graça acampadas na Quinta dos Ingleses, endereço nobre e alvo de disputa.

São vizinhas de ricaços, que deixam os filhos para estudar ali ao lado, na Julian’sSchool, apontada como a escola privada mais cara de Portugal.

O terreno da Quinta dos Ingleses, pulmão verde da região, tem um projeto de urbanização aprovado há anos e que prevê a construção de 850 apartamentos e lojas.

Há 20 anos que a população local protesta. O empreendimento travou diante da possibilidade de destruição de 52 hectares de área verde em frente à orla.

Os campistas da quinta são elas, um casal formado por brasileira e português e, segundo as duas, outros 30 brasileiros. A maioria sem dinheiro para viver na cidade com aluguel mais caro da Europa. O dono do terreno, garantem, não incomoda.

— Além da gente, tem brasileiro acampado ou vivendo em trailer. Conheço brasileiro que vive aqui há 11 meses, outros há dois anos — contou Machado, em Portugal desde março e que afirma ter visto CPLP.

As barracas das duas são apenas a parte visível de uma saga. Chegaram como turistas e conseguiram trabalho. Difícil era viver aglomerada e pagar caro por uma cama.

— Dividia um quarto com quatro pessoas por € 230 (R$ 1,1 mil), mas quiseram aumentar para € 280 (R$ 1,4 mil). Para mim, não é vantagem pagar isso. E sem privacidade, com câmeras no corredor. Além de banheiro e cozinha comunitários — disse Álvaro.

Ela conta que chegou a viver por 11 dias em um quarto com seis pessoas, inclusive homens. Abandonou a ideia de tentar alugar um imóvel maior e individual, onde possa receber amigos. Mas só por enquanto, enquanto junta dinheiro morando de graça.

— Vou tentar juntar dinheiro porque quero alugar uma quitinete. E também não desisti de estudar gastronomia, mas não sabia que as faculdades eram tão caras — contou Álvaro, que diz ter feito manifestação de interesse via contrato de trabalho para residir em Portugal.

Machado vive em Portugal há um ano, mas passou a acampar no segundo semestre deste ano. Foi ela que convidou Álvaro e convenceu a amiga que dava para juntar dinheiro.

— Eu pagava € 400 (R$ 2 mil) por um quarto em Cascais. Mais da metade do salário mínimo. Vi uma quitinete por € 600 (R$ 3,1 mil). Mas o dono queria dois meses antecipados e caução. Dava € 1,8 mil (R$ 9,3 mil) no total e à vista. Impossível pagar (…) Fora da nossa realidade — disse Machado.

Agora, Machado quer trocar a barraca por um trailer. Diz ela que consegue comprar um por menos dinheiro do que gastaria em um imóvel:

— E será meu para sempre, ao contrário do imóvel alugado.

Machado saiu de São Paulo para trabalhar como marceneira, sua profissão há 25 anos. Mas afirma ter sido enganada por um empresário, que nem pagou o mês de trabalho:

— Aqui em Portugal, mulher na marcenaria não existe, porque os homens fecham a porta mesmo. Ele disse que teria quarto para eu ficar. Mas depois de um tempo, tive que ir para uma pousada por cinco dias ao custo de € 600 (R$ 3,1 mil).

Ambas afirmam que recebem ajuda dos clientes portugueses. Por exemplo: lavam roupa e tomam banho nas casas deles. Quando não dá, o banheiro público da praia é a saída.

[Transcrição integral, mantendo a cacografia brasileira do original brasileiro. Destaques e “links” (a verde) meus.]

Ocupas na Quinta dos Ingleses

Alberto Magalhães
“Diana FM”, 22.09.23

Situada entre a praia de Carcavelos e a linha férrea Cascais-Lisboa, a Quinta dos Ingleses faz parte das minhas recordações de juventude. Além das instalações da Marconi, enormes edifícios junto à praia, a quinta albergava um enorme pinhal e o colégio St. Julien, que emprestava o seu campo de futebol para os jogos de pais e filhos, do meu bairro na Parede, jogos que terminavam em grandes almoçaradas num dos restaurantes da praia. Chegou o 25 de Abril e, em pleno PREC (processo revolucionário em curso), os edifícios da Marconi foram ocupados por famílias carenciadas, que mudavam assim das suas barracas para instalações que, embora degradadas, lhes davam melhor abrigo e conforto.

Quase 50 anos depois, muita coisa mudou. A Universidade Nova instalou a ocidente, junto à marginal, a sua Escola de Negócios e Economia, mas em inglês claro, e parece haver planos para, substituindo o pinhal centenário onde tantas vezes passeei, construir uma mega-urbanização, que reduzirá de 52 para oito hectares o espaço verde junto à praia de Carcavelos. Mudança radical e que custa a aceitar. Mas pior, por ser sinal aziago do que se passa no país, cinco décadas depois da revolucionária ocupação, a Quinta dos Ingleses volta a acolher gente sem tecto, agora acampados em tendas e roulottes.

Ontem, o pacote “Mais Habitação” foi aprovado pela maioria socialista no Parlamento e o ministro das Finanças anunciou umas medidas que, aliviando as contas de quem tem empréstimos imobiliários a pagar, serão, segundo o Presidente da República, paliativas; e, aparentemente, o programa “Mais Habitação” poderá trazer, como efeito perverso, ainda menos habitação.

[Transcrição integral. Destaques meus. Acrescentei logótipo de St. Julian´s School.]

Fala Portugal

«A crise na habitação está atirar cada vez mais pessoas para as ruas. O Parque dos Ingleses, em Carcavelos, tem recebido novos moradores todos os dias, que se instalam com tendas ou caravanas.»

[Imagem de topo de: “Dinheiro vivo“]

Mais portugau giro

Este artigo do jornal “O Globo” já tem mais de um ano mas, em especial porque se insere nas operações de destruição em curso, mantém toda a actualidade e torna ainda mais claro o trabalho de demolição linguística, cultural e identitária a que se dedicam desde 1986 alguns patos-bravos tugas.

Se atendermos, já não tanto de um ponto de vista global, isto é, abarcando o contingente (i)migratório geral, mas antes analisando a situação por sector profissional e/ou camada social, vemos que — por exemplo — os afectados não são “só” os dentistas, os médicos das mais diversas especialidades e os advogados. Sabia-se que os estudantes brasileiros (e, já agora, se bem que ainda sorrateiramente, os professores) são, apenas porque cidadãos brasileiros e não portugueses ou imigrantes de qualquer outra nacionalidade, altamente beneficiados pelo governo-gérau lócau; mas não estava ainda suficientemente claro o que mais se está a preparar, que, quantas, quão alucinantemente discriminatórias (e, portanto, anti-constitucionais) serão as benesses exclusivamente reservadas às batinas em calções e chinelos de praia.

O artigalho do “cara” Gian (com a inestimável colaboração do seu prestabilíssimo compincha da Universidade de Coimbra) dá uma panorâmica geral da questão.

Com tal clareza que até o conceito associado ao verbo “democratizar” ganha um novo, nadinha ilegal, espantoso significado: “democratizar”, v. transitivo, sacar mais umas lecas do erário público português para oferecer benefícios exclusivos a um único tipo de indivíduos.

Professor de Coimbra revela elitização de brasileiros nas universidades de Portugal

Por Gian Amato
“Portugal Giro” – jornal “O Globo” (Brasil), 14/07/2022

Lula da Silva foi feito “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra em Março 2011 [Ap53]

[fotografia não reproduzida do original]
Universidade de Coimbra

O professor de Sociologia e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Pedro Góis, informou ao Portugal Giro que detectou um processo de elitização da comunidade brasileira no ensino superior de Portugal. (mais…)

«População brasileira em Portugal supera estimativa do Itamaraty» [“O Globo” (Brasil)]

É praticamente impossível deslindar dados em falta, gráficos desgarrados (ou “enfeitados”), relatórios confusos e desactualizados, números sem ponta por onde se lhes pegue, estatísticas paradas há três anos nalguns sítios e outras maroteiras do género.

Mas podemos tentar apurar alguma coisa, ainda assim, com tempo e estudo, cruzando cifras e desmontando verborreias de campanha quando ou se for o caso.
Pelo “Gabinete de Estratégia e Estudos” do Ministério Que Está Sempre A Mudar De Nome não vamos lá. E nem ajuda, de tão obsoletos são os dados e tão paralíticos são os automatismos.
[post
‘Preconceito linguístico’, racismo e xenofobia – 2“]

A “CPLP” é uma ficção inventada para integrar (nominalmente) os PALOP e servir como encobrimento político das ambições expansionistas e dos interesses económicos do Brasil. Nos termos previstos no Estatuto de Igualdade, a “igualdade” é uma prerrogativa exclusivamente reservada a brasileiros: os 5 PALOP estão excluídos e não existe reciprocidade para os portugueses.
Portanto as referências a “restantes” ou “demais” países da CPLP são pura falácia. Isso consta apenas do papel mas não vale nem a tinta que gasta a imprimir.

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 27 países da União Europeia.
E já pode ser tudo tratado remotamente. E nem é preciso pôr cá os pés. E até o expediente fica entregue à inteligência, digo, à estupidez artificial.
[postA lógica instrumental do #AO90“]

Devem ficar todos contentes, os refugiados, os imigrantes que escaparam com vida à guerra, à fome, à pobreza extrema, quando se aperceberem de que afinal não passam de emigrantes “de segunda”: para eles, Portugal reserva todos os deveres e poucos ou nenhuns direitos, mas para um outro “contingente”, para uma única outra nacionalidade de origem ficam garantidos todos os direitos e obrigação… nenhuma! Pois sim, ficariam contentíssimos se de tão simpático “acordo” tomassem conhecimento, o que por certo não irá acontecer nos tempos mais próximos.

Existe, porém, quem já se tenha apercebido do filão que representa o “igualitário” e “inclusivo” tratamento dado a determinado contingente migratório em detrimento de todos os outros; dessa percepção expedita resulta o recente surgimento de um ramo de negócios que está já transformado numa verdadeira indústria de produção jurídica em série — algo semelhante a uma linha de montagem especializada em expedientes legais. Por assim dizer, e para mais fácil entendimento do conceito, trata-se de uma espécie de gigantesca charcutaria (vulgo, encher chouriços) em que por um lado entram papéis e requerimentos saindo pela outra ponta o produto acabado: autorizações, títulos de residência, de trabalho e académicos, cartões de cidadania e, por fim, passaportes.
[post “
Mas algumas igualdades são mais iguais do que outras“]

População brasileira em Portugal supera estimativa do Itamaraty

Professor e sociólogo da Universidade de Coimbra defende que há 500 mil residentes no país, 140 mil a mais que o divulgado pelo governo

Por Gian Amato
“O Globo” (Brasil), 11/08/2023

A população brasileira que vive em Portugal é maior que a estimativa de 360 mil pessoas divulgada esta semana pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).

Segundo o professor e sociólogo Pedro Góis, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o dado do governo brasileiro se aproxima, mas não é a realidade.

O número do Itamaraty começa a se aproximar da realidade, mas é menos que os 500 mil brasileiros residentes em Portugal que eu costumo dizer — afirmou ele ao Portugal Giro. (mais…)

‘Preconceito linguístico’, racismo e xenofobia – 4

‘Portugal Giro’

Desta vez são dois em simultâneo os artigos, ambos brasileiros e pela mesma medida monocórdicos, a merecer destaque nesta série sobre a pretensa “xenofobia” lusitana de que alguns pretendem convencer-nos e assim enganar os mais incautos ou “distraídos”.

Agora até vêm aqueles tipos com números para cima da gente, nós, os portugueses por junto e por extenso, os quais na sua douta opinião não passam de uma chusma de “racistas”, uns “cara” carregadinhos de “preconceito linguístico” que até ferve e ainda por cima somos pobres e mal agradecidos, isto ele se não fosse o Brasil a “terrinha” era uma desgraceira completa. A sobranceria e o insuportável paternalismo com que se referem a Portugal, à excepção dos artistas que aqui vêm ganhar o seu — todos esses têm um Avô ou uma Tia em Sobral de Monte Agraço –, resulta num efeito com seu quê de anedótico, se bem que triste… caso atendamos ao ar “grave e sério” que as autoridades portuguesas arvoram quanto a este tipo de histórias da Carochinha a levar porrada de sua Avó e a ser comida, salvo seja, pelo lobo-mau.

Sobre os tais números, que foram aos zucas solicitamente disponibilizados por entidades portuguesas absolutamente insuspeitas e de uma competência a toda a prova, sem absolutamente bajulação alguma, dizem que as “denúncias de xenofobia contra brasileiros em Portugal aumentaram 433%” (título de “O Globo”), que há por cá gente do piorio, capaz de tudo, porque existe (saiu na BBC – Brasil) “discriminação contra brasileiros em Portugal” e esse “fato” é “provado” com o depoimento de um tipo qualquer que se queixa desta pictórica, porém psicadélica invenção: “tive que falar inglês para ser bem tratado”. E isto é só uma piquena amostra. Há mais, muito mais.

A foto que usam para ilustrar a colecção de bojardas é sempre a mesma. Pois, pudera, só há uma! Ou duas, vá, sempre do mesmo sítio, do mesmo caixote em madeira no qual apenas vai mudando um suposto cartaz que estaria pendurado no dito; de resto é só copy/paste das tais dois instantâneos, mais uns cortes para fabricar grandes-planos e supostas novas fotos “de pormenor”, fora as montagens ao estilo web meme. Nada de mais suspeito do que o habitual, portanto.

Aliás, nem o facto de não existirem mais fotografias (e porque não filmagens? Os brasileiros não têm espertofones?) suscitou a mínima dúvida a um único jornalista português; foi tudo engolido sem pestanejar, isco, anzol, bóia, cana e carreto. Ou seja, é de novo o habitual: o que brasileiro diz é sagrado, tugazinho algum atreve-se a sequer franzir o sobrolho, mesmo se o caipira estiver a convencê-lo de que o Pai Natal (seu papai Noeu, viu?) mora num cottage de luxo em Búzios, alimenta as renas a pão-de-ló e afinal essas renas não são renas, aquilo é uma manada de vacas Girolando (as vacas “mais produtivas do mundo”, está claro, que o “país-continente” é um colosso, uiui, tudo o que é brasileiro é o melhor do mundo, olha o futchibóu).

A “tese”, tal como as duas fotografias, é invariavelmente a mesma, sempre explorando até à medula (política) fenómenos que em Portugal são, como sempre foram, a absoluta excepção e nunca por nunca a regra: em matéria de racismo e xenofobia, o povo português não tem nada que receber lições ou aturar sermões seja de que estrangeiro for, brasileiros incluídos… e por maioria de razões.

Incrível, sem dúvida. Haverá ainda alguém que não veja a mais comezinha das realidades que se escondem por detrás deste afã vitimista e as finalidades que das queixinhas inventadas subjazem?

As duas peças “jornalísticas” agora aqui transcritas são ambas exemplos flagrantes da mistificação, da mentira descarada em doses industriais, da montagem de cenários absurdos e da mais pura e dura invenção de “fatos” — distinguindo-se estes não pelo aspecto mas antes pelo corte e costura. Assinalei nelas a “bold” azul algumas das (muitas) coisas que na minha opinião não passam de tangas. São tantas, tão repetitivas e de tal forma idiotas que só alguém pertencendo a essa classe profissional (o idiotismo) poderá conferir-lhes alguma espécie de credibilidade. Seria de facto necessário ser-se um perfeito imbecil para engolir semelhante chorrilho de patranhas; a repetição sistemática das mesmas formulações, ad infinitum, são indício seguríssimo de que estamos em ambos os textos (e muitos outros de rigorosamente igual teor saíram em tudo quanto é OCS brasileiro) perante mistificações escabrosas, patranhas escandalosas, manifestações fictícias de histeria, queixas inventadas e cheias de lamechice e coitadismo militante.

A vitimização é de facto uma arma política. A lavagem ao cérebro é outra. Quando aquela serve de detergente a esta, bem, então o que temos aqui é, de novo, brasileiros explicando a tugas que o Pai Natal, no fim de contas, é natural da Freguesia do Corcovado.


Denúncias de xenofobia contra brasileiros em Portugal aumentaram 433%

Gian Amato
“Portugal Giro”, Apr 14, 2022 – blogs.oglobo.globo.com

Ofensas racistas contra brasileiros em 2019 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Ofensas racistas contra brasileiros em 2019 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

As denúncias de casos de xenofobia contra brasileiros em Portugal aumentaram 433% desde 2017, ano em que a comunidade imigrante do Brasil no país voltou a crescer,

No Porto: Universidade de Portugal decide demitir professor que chamou brasileiras de mercadoria

Em 2020, ano com dados mais recentes, foram 96 queixas nas quais a origem da discriminação foi a nacionalidade brasileira. Haviam sido 18 em 2017.

É possível que os números sejam maiores porque nem sempre as vítimas relatam oficialmente uma queixa. Mas o fato de as denúncias terem aumentado ao longo dos anos mostra uma tendência de mudança de comportamento.

As denúncias foram recolhidas pela Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial (CICDR) e enviadas na última terça-feira ao Portugal Giro.

Brasileiras são alvo: Queixas de discriminação sobem 52% em Portugal na pandemia

Os dados também constam nos relatórios anuais do órgão, presidido pelo Alto Comissariado para as Migrações e com integrantes parlamentares, do governo e de associações de imigrantes, contra o racismo e a favor dos direitos humanos.

A CICDR explica que “a expressão que mais se destaca enquanto fundamento na origem da discriminação é a nacionalidade brasileira”.

A discriminação sofrida pelos brasileiros supera as manifestações de racismo e de xenofobia contra outras nacionalidades. E pode reunir múltiplas expressões, que acontecem quando o discurso de ódio atinge uma nacionalidade ou a cor da pele simultaneamente.

Os dados de 2021 ainda estão em fase de apuração pelo CICDR e estarão no relatório que será divulgado este ano.

Barreira: Em Portugal, Parlamento bloqueia extrema direita e cala discurso xenófobo

Denúncias anuais de xenofobia contra brasileiros (CICDR):
2017 – 18
2018 – 45
2019 – 74
2020 – 96
2021 – (Em apuração)

Evolução da população brasileira em Portugal (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras):
2017 – 85.426
2018 – 113.636
2019 – 151.304
2020 – 183.993
2021 – 209.558 (Dados provisórios)

Ver também https://www.dn.pt/pais/lisboa-uma-piada-sobre-brasileiros-poe-a-faculdade-de-direito-em-polvorosa-10845576.html
E ainda https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/04/universidade-de-lisboa-recebe-50-denuncias-contra-professores-em-11-dias.shtml

[Reprodução integral (incluindo imagem de topo e alguns destaques originais) de artigo
publicado no blog brasileiro “Portugal Giro” em Apr 14, 2022. Destaques a azul
e “links” a verde meus. Evidentemente, desactivei o corrector automático
para transcrever o texto, que assim conserva a cacografia do original brasileiro.]

Discriminação contra brasileiros em Portugal: ‘Tive que falar inglês para ser bem tratado’

LuisBarrucho – @luisbarrucho
Da BBC News Brasil em Londres, 6 maio 2022

[legenda de foto no original] Denúncias de casos de xenofobia contra brasileiros em Portugal aumentaram 433% desde 2017, diz órgão ligado ao governo português

“Não é problema meu se você não sabe falar português”. “Não há água potável no Brasil”. “Mulher brasileira vem para cá para roubar o marido das portuguesas”. “Os moradores estão se sentindo incomodados de ver uma pessoa assim como você, estranha, andando por aqui”. “Brasileiras são todas p*”. “Você não entende nada. Você é burra”. “Claro que não, brasileiro vir dar aula aqui?”

As declarações acima foram compartilhadas com a BBC News Brasil por brasileiros que viveram ou ainda vivem em Portugal. Apesar de fazerem parte de uma nova geração de imigrantes, mais qualificados e com maior poder aquisitivo, eles relatam episódios de xenofobia. E essa é uma das razões pelas quais alguns dos que já deixaram o país dizem não querer mais voltar a viver lá.
(mais…)