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Casa da “cidadania” da língua brasileira


José Manuel Diogo

Estudou Engenharia Mecânica e é licenciado em Jornalismo, ambos pela Universidade de Coimbra. Completou o PADE, Programa de Alta Direcção de Empresas da AESE, em 2009, do qual é vice-presidente. Em 2014, fez pós-graduação em Gestão da Informação e Segurança na Escola de Gestão da Informação da Universidade Nova de Lisboa.
Tanto em Portugal como no Brasil, estabeleceu as parcerias internacionais da Global Media, trabalho foi a força motriz que levou à criação da primeira mídia global, em língua portuguesa – a Plataforma. (…)
Fundou o Instituto Cultural “Associação Portugal Brasil 200 anos” (APBRA), do qual é o presidente da direção. É ainda diretor da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria, onde dirige o comitê de Trade Finance. (…)
Desde 2018 vive quotidianamente no Brasil, onde é um dos portugueses a ter uma coluna semanal da Folha de São Paulo, às quartas-feiras. (…)
Atua, atualmente, como produtor cultural e consultor, envolvido no desenvolvimento de projetos e negócios nas áreas da cultura, comércio e tecnologia.

[Transcrição parcial (extractos) do “curriculum” publicado pelo próprio no seu “site” pessoal.
A cacografia brasileira do original não foi (deliberadamente) corrigida automaticamente,
visto ser a brasileira a língua que o senhor utiliza (não muito bem, digo eu).
Destaques, sublinhados e “links” meus. A fotografia “tipo passe”
do indivíduo é do pasquim brasileiro “Folha de S. Paulo”.]

«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»
«Os dois países parecem interessados nesse movimento: a língua portuguesa sendo instrumento de cidadania. Será que a União Europeia vai permitir?»
«Portugal se apresenta cada vez mais como um Estado brasileiro na Europa.»
[post «Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

«Sem exageros, aplicando apenas cautelosas matemáticas, poderíamos afirmar sem medo que a “turma” que fala brasileiro nas ruas das cidades e vilas portuguesas representa hoje mais de 10% dos falantes totais.»
«A história mostrou-nos que, nas movimentações demográficas, sempre foi a hegemonia dos falantes por unidade geográfica que definiu idiomas, acentos e sotaques. A exponencialidade do aumento da “demografia brasileira” em Portugal antecipa uma nova era normativa para a língua portuguesa.»
«“O futuro da língua portuguesa e a sua grande potência é o Brasil”. Precisará de Portugal?»
[postA língua brasileira é «língua oficial de Portugal»”]

[José Manuel Diogo, Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos, director da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria e “curador” (?) da Casa da Cidadania da Língua]

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.
[postA lógica instrumental do #AO90″]

Casa da Escrita em Coimbra passa a ser da Cidadania da Língua sob críticas da oposição

A mudança foi concretizada após aprovação de protocolo na reunião da Câmara Municipal de Coimbra desta segunda-feira, que foi criticado pela oposição por falta de transparência no processo.

O presidente da Câmara, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (liderada pelo PSD), esteve ausente da votação e discussão do protocolo com a Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA), que rebaptiza aquele espaço municipal na Alta da cidade, por o seu irmão e antigo reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, ser um dos fundadores da instituição e, segundo o ‘site’ da mesma, presidente da mesa da assembleia geral.

Para a aprovação do protocolo, o vice-presidente do município, Francisco Veiga, teve de manifestar o voto de qualidade, face aos cinco votos contra do PS e da CDU, contra os também cinco votos favoráveis da coligação Juntos Somos Coimbra.

O protocolo determina que a APBRA, presidida por José Manuel Diogo, passa a programar aquele espaço, com o município a suportar até 75 mil euros das despesas anuais no funcionamento da Casa, sem transferência de verba directa para a associação, esclareceu, antes de se ausentar, José Manuel Silva.

Apesar de a votação sobre o acordo ter sido realizada esta segunda-feira, os vereadores receberam uma semana antes da reunião um convite, por parte do Gabinete de Protocolo da Câmara de Coimbra, para a inauguração da Casa da Cidadania da Língua, a que a agência Lusa teve acesso.
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Calçada à brasileira

“Calçadão” do Rio de Janeiro (Brasil)

A suprema patranha geralmente atrelada ao “acordo”, isto é, que a coisa serviria — entre outras não menores artistices — para elevar a “língua portuguesa” à “dignidade” de “língua oficial da Organização das Nações Unidas”, conta agora com o alto patrocínio do não menos alto magistrado cá da “terrinha”, como ternurentamente chamam os brasileiros a Portugal.
A “variante portuguesa” da língua brasileira foi já totalmente eliminada dos sistemas informáticos em geral e foi em particular exterminada nos motores de busca (Google), em todos os bancos de dados, agregadores de informação ou enciclopédias virtuais (Wikipedia).
Por conseguinte, apenas um perfeito imbecil poderá ter a mais ínfima dúvida sobre qual seria a 7.ª língua oficial da ONU, no improvável caso de americanos, ingleses, russos, espanhóis, franceses, chineses e árabes estarem pelos ajustes: caso vingue o “cambalacho”, será a língua brasileira, pois qual é a dúvida, essa “língua” que Marcelo e outros que tal andam por aí a promover com o rótulo de “portuguesa”.
[O brasileiro será a 7.ª língua oficial da ONU?]

No que respeita à expressão “língua portuguesa”, na mesma frase, é igualmente evidente que se trata de apropriação abusiva da designação para fins de promoção política da língua brasileira.
Foi aliás nesse mesmo pressuposto, isto é, assumindo que a “difusão e expansão” daquela língua — com a patine de um idioma europeu de raiz greco-latina — seria impossível caso fosse utilizada a palavra “brasileira” em vez de “portuguesa”.
O que importa, no caso, é que já não basta aos acordistas e neo-imperialistas tugas substituir a Língua Portuguesa pelo “fálá” brasileiro (a língua brasileira procura ser uma transcrição fonética “simplificada”); já não basta que o #AO90 tenha sido imposto manu militari a Portugal e, como segundo objectivo, aos PALOP, com 100% de imposições brasileiras e 100% de subjugação dos tugas que negociaram a venda da nossa Língua. Não, todo esse imenso cortejo de horrores já não satisfaz os vendilhões, os novos donos disto tudo. Querem ainda mais.
[Brasileiro foi língua líder em exame de acesso a universidades dos EUA em 2023]

Pelo menos, passará a dispor de uma outra perspectiva — sistemática e geralmente silenciada, porque inconveniente — de que não foi apenas de uma forma que o #AO90 chegou ao extremo de abuso, de usurpação, de liquidação sistemática do património imaterial português, de destruição da nossa herança histórica e do nosso mais precioso tesouro identitário.
[Resíduos tóxicos]

OPINIÃO

Um futuro para a língua portuguesa brasileira

Ana Paula Laborinho

 

Na Cimeira da CPLP, realizada em Agosto passado em São Tomé e Príncipe, o presidente Lula da Silva declarou que era tempo de o português brasileiro ser língua oficial das Nações Unidas e os países deveriam, em conjunto, desenvolver esforços nesse sentido. Trata-se de uma ambição há muito enunciada, mas importa considerar que esta declaração do presidente do Brasil se insere numa estratégia mais global que decorre do regresso à cena internacional e ao diálogo multilateral, que tem na língua uma relevante componente.

Há menos de uma semana, o jornalista brasileiro Jamil Chade publicou no portal Vozes uma notícia intitulada Brasil lança ofensiva diplomática para promover o português brasileiro no mundo, informando que, de acordo com fontes do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), a partir de 2023, esta estratégia passou a ser “uma das linhas prioritárias do Programa de Diplomacia Cultural do Instituto Guimarães Rosa (congénere do Instituto Camões), e acrescenta que “sendo o português brasileiro uma das línguas mais faladas no hemisfério sul, seu lugar no mundo faz parte do reposicionamento do país no debate internacional, principalmente depois de quatro anos de isolamento”.

Também o discurso do presidente Lula da Silva na abertura da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no passado dia 19 de Setembro, centrado na urgência de combater a desigualdade, a fome e alertando para o agravamento da crise climática, insiste neste regresso à comunidade internacional: “Nosso país está de volta para dar a sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais. Resgatamos o universalismo da nossa política externa, marcada por diálogo respeitoso com todos.”
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Macau, outra “plataforma” do Brasil?

«Em Abril, Macau recebeu a visita do linguista Malaca Casteleiro, por muitos tido como o ‘pai’ do acordo, que se manifestou confiante relativamente a uma eventual adopção por Macau[postMacau não adopta o AO90?! Malaca Casteleiro amua…”]

Os sinais eram mais do que evidentes e já aqui mesmo, neste modesto apartado de correio, tinham sido assinalados alguns deles, nomeadamente tomando a pista do que se vai passando em Macau — um entreposto para a China e feitoria para Angola. [post ‘Para Angola, rapidamente e em força’]

Palavras e expressões-chave: planos quinquenais, China, Macau, Brasil, Português, língua “unificada“, vistos “gold”, globalização, movimento de capitais, investimento, Banca, especulação, Bolsa, jogo, capitalismo, Império, #AO90. [post “Mundo brasileiro: um plano quinquenal”] [nota: acrescentar “plataforma”]

Apesar da resistência que Macau — em rigor, de parte dos portugueses e macaenses em Macau — vai oferecendo à brasileirização compulsiva das ex-colónias portuguesas em África e na Ásia, a pata do neo-colonialismo já assentou também naquelas remotas paragens. O encadeamento dos episódios corresponde a outras tantas etapas do plano (delineado por portugueses, relembre-se mais uma vez) de dominação político-económica brasileira daquilo que em tempos foi o império português.

São essas três etapas que agora se apresentam por ordem cronológica. O óbvio nexo de causalidade entre elas não dá grande margem para dúvidas: Lula visita a China (14 de Abril), UPM visita o Brasil (19 de Abril), Macau aumenta escolas de “português” (Agosto).

Depois da invenção da CPLB, da imposição da “língua universau” brasileira e da constituição do primeiro Estado brasileiro na Europa, um dos objectivos remanescentes está agora prestes a ser alcançado: Macau, entreposto de negócios entre o Brasil e a China.

BRICS. Os presidentes da primeira e da quarta letras do acrónimo, um ditador e um analfabeto, consolidam ainda mais as suas relações bilaterais. De facto, para o efeito, Macau dá imenso jeito ao analfabeto. E para (mais) essa colossal golpada, o que de melhor se poderia arranjar além da “difusão e expansão” da tau língua univérrssau?

«BBC News – Brasil – Apr 14, 2023»
«A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China foi marcada por uma série de mensagens sobre qual deverá ser a sua agenda internacional em seu terceiro mandato.E entre esses recados, Lula deixou claro que contará com a China para, nas palavras dele, mudar as regras da governança global.
Neste vídeo, Leandro Prazeres, nosso enviado à China, explica cada um desses recados do presidente brasileiro – num momento em que as relações e disputas entre China e EUA só aumentam.»

Portal do Governo da RAE de MacauUma delegação da Universidade Politécnica de Macau visitou diversas instituições do ensino superior do Brasil para promover a “Zona de Cooperação Aprofundada” e a “Zona da Grande Baía” aprofundando a cooperação em inovação e empreendedorismo

Fonte: Universidade Politécnica de Macau (UPM)
Publicado em: 19 de Abril de 2023 às 18:59

Por ocasião da visita do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, uma delegação da Universidade Politécnica de Macau deslocou-se ao Brasil, de 11 a 17 de Abril, para um encontro com a Vice-Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), e visitas a diversas instituições, entre as quais, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Confúcio. Nestas visitas, a delegação da UPM apresentou os projectos de construção da “Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” e da “Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”, bem como o papel importante de Macau como Plataforma, com vista a atrair a atenção das instituições do ensino superior do Brasil para projectos na “Zona da Grande Baía” e na “Zona de Cooperação Aprofundada”. Aproveitando a construção das “Duas Zonas”, Macau desempenha um importante papel no aprofundamento da parceria global entre a China e o Brasil, reflectindo a integração de Macau no desenvolvimento nacional a todos os níveis. A UPM, como instituição do ensino superior, que privilegia o ensino multidisciplinar e o conhecimento aplicado, nas áreas da língua e cultura, da cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, da inteligência artificial, da tradução automática, da cidade inteligente, da descoberta de medicamentos, entre outras, tem um amplo espaço de cooperação e complementaridade académica com a comunidade académica do Brasil. A delegação da UPM foi calorosamente recebida pelas instituições do ensino superior do Brasil, reuniu e trocou ideias sobre possíveis parcerias e cooperação académica com as direcções das universidades, os responsáveis dos Departamentos de Cooperação Internacional, diversos especialistas prestigiados nas áreas académicas e profissionais e alguns dos responsáveis de instituições de empreendedorismo e inovação, tendo chegado a vários consensos sobre a possibilidade de futuras cooperações e a realização conjunta de projectos em diversas áreas.

No encontro com a Vice-Presidente da AULP e nas visitas realizadas às universidades de renome do Brasil, a delegação da UPM apresentou as vantagens e oportunidades de cooperação trazidas pela construção e desenvolvimento da “Zona da Grande Baía” e da “Zona de Cooperação Aprofundada”. A construção do Centro de Intercâmbio e Cooperação de Ciência e Tecnologia entre a China e os Países da Língua Portuguesa, em Hengqin, é uma das possibilidades em aberto para a cooperação com as instituições do ensino superior do Brasil, e ao mesmo tempo, as garantias e medidas de facilitação e suporte oferecidas pelo Governo da RAEM aumentam também a confiança e a possibilidade das instituições do ensino superior do Brasil poderem colaborar e participar no desenvolvimento das “Duas Zonas”. Nas áreas da inovação, empreendedorismo e incubação tecnológica, a delegação da UPM visitou a Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (INOVA) e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT), apresentando o plano de desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau “1 + 4” e a construção do “Centro Internacional de Inovação Científica e Tecnológica em Hengqin”, atraindo a atenção das instituições do ensino superior do Brasil para a possibilidade de introduzir os resultados da investigação científica parar as “Duas Zonas” para a sua incubação e produção. (mais…)

A língua brasileira é «língua oficial de Portugal»

Português do Brasil “é língua oficial de Portugal” e sobrepõe-se à nossa “frigidez sonora”

O director da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, José Manuel Diogo, diz que o português do Brasil “é verdadeiramente uma língua oficial de Portugal”.

O número de brasileiros que imigra para Portugal continua a aumentar. Em 2022, viviam em Portugal 233.138 brasileiros, mais 28.444 (13%) do que em 2021.

Nos últimos 12 anos mais de 391 mil brasileiros obtiveram a nacionalidade portuguesa. Trata-se da principal comunidade estrangeira residente no país.

Portugal é um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, dos quais 400 mil ainda não falam português — por serem bebés ou crianças demasiado pequenas.

É com base nestes dados demográfico que, num texto publicado na Folha de S. Paulo, o director da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, José Manuel Diogo, escreve que “sem compromisso com o erro, o português do Brasil é verdadeiramente uma língua oficial de Portugal”.

O também fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos sublinha que “simplesmente caminhando nas ruas”, o número de falantes de português do Brasil parece bem maior do que é na realidade.

“O balanço doce do português de Vinicius de Moraes sobrepõe-se à frigidez sonora dos conterrâneos de Pessoa e Saramago”, escreve José Manuel Diogo. “A vida acontece cada vez mais em ônibus que nos autocarros, e a frescura mata-se cada vez mais na geladeira que no frigorífico”.

Crianças e jovens usam cada vez mais expressões brasileiras, impulsionadas por influencers brasileiros do YouTube e outras redes sociais.

“A exponencialidade do aumento da ‘demografia brasileira’ em Portugal antecipa uma nova era normativa para a língua portuguesa”, prevê o português natural de Castelo Branco. “A nova proporcionalidade na convivência de falantes no território português confronta a língua e os seus estudiosos com uma necessidade de reinvenção —será esta a palavra certa?”.

Segundo o historiador e analista político brasileiro José Murilo de Carvalho, os estudantes e imigrantes do país sul-americano vêm para Portugal “em busca de emprego e de formação académica”.

No fim de Julho do ano passado, o SEF informou que tinha atribuído 133 mil novos vistos de residência a cidadãos estrangeiros nos primeiros seis meses do ano.

Os números avançados revelam que 47.600, mais de um terço, são imigrantes brasileiros. A fila de espera para novos vistos andará por volta dos seis meses.

[Transcrição integral de artigo publicado por

Geladeira ou frigorífico?

José Manuel Diogo

Sem exageros, aplicando apenas cautelosas matemáticas, poderíamos afirmar sem medo que a “turma” que fala brasileiro nas ruas das cidades e vilas portuguesas representa hoje mais de 10% dos falantes totais.

Mas, pegando um 99, ou apanhando um táxi, almoçando e jantando em restaurantes, comprando nas lojas, lendo em bibliotecas, aprendendo nas escolas secundárias, estudando nas universidades ou simplesmente caminhando nas ruas, o número parece muito maior.

O balanço doce do português de Vinicius de Moraes sobrepõe-se à frigidez sonora dos conterrâneos de Pessoa e Saramago. A vida acontece cada vez mais em ônibus que nos autocarros e a sede mata-se cada vez mais na geladeira que no frigorífico. O som e as palavras da língua “brasileira” expandem-se, na mesma proporção que na “portuguesa” encolhem.

A história mostrou-nos que, nas movimentações demográficas, sempre foi a hegemonia dos falantes por unidade geográfica que definiu idiomas, acentos e sotaques. A exponencialidade do aumento da “demografia brasileira” em Portugal antecipa uma nova era normativa para a língua portuguesa.

A nova proporcionalidade na convivência de falantes no território português confronta a língua e os seus estudiosos com uma necessidade de reinvenção.

Em uma primeira fase – já em curso – ela ocorre por apropriação de palavras e expressões brasileiras pelos portugueses, sobretudo por crianças e adolescentes. Mas brevemente, por imperativos de coabitação, será necessário definir-lhe um novo momento normativo.

Em uma conversa com a escritora, curadora e jornalista portuguesa Isabel Lucas, ela também antecipa este movimento, afirmando: “O futuro da língua portuguesa e a sua grande potência é o Brasil”. Precisará de Portugal?

José Manuel Diogo

*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos

[Transcrição integral de artigo, da autoria de José Manuel Diogo, publicado pelo

Lula e José Sócrates no lançamento de um livro do antigo primeiro-ministro DR [Imagem do jornal Público, em artigo com o título «Onde as suspeitas sobre Lula se cruzam com o caso de Sócrates» e com o ‘lead’ «Os dois ex-líderes são amigos e ambos são suspeitos em casos de corrupção, em Portugal e no Brasil»]

«Portugal, um Estado brasileiro na Europa»

Este documento foi publicado no “Jornal de Notícias” há já mais dois meses mas, por algum estranho motivo, passou despercebido a todos os rastreadores automáticos e dele não existem sequer referências ou menções em blogs, no Fakebook, no Twitter ou noutras redes sociais. Não por mera coincidência, o texto aqui transcrito no último post é igualmente deste autor.

O qual assina ainda, num jornal brasileiro, uma coisinha espantosa com o seguinte título: “Portugal se apresenta cada vez mais como um Estado brasileiro na Europa“. Essa outra pérola está também transcrita mais abaixo.

Fica assim, portanto, escarrapachada — por uma “autoridade” na matéria — a verdade nua e crua sobre as reais finalidades políticas e empresariais do AO90. Já ninguém voltará a dizer “não percebi, faz-me um desenho”.

Aí está, enunciada com toda a clareza, a estratégia urdida ao longo das últimas três décadas: a “língua universau” brasileira, funcionando como pretexto “ideológico” para dar cobertura política à CPLB, resulta naquilo que o agora citado pau-mandado formula como sendo «a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»

Tal cidadania (da língua brasileira, repita-se) acarretará as mais óbvias implicações, tanto as já aqui profusa e repetidamente documentadas como aquelas que, embora previsíveis, como foi agora exarado, pelo que podem os adeptos da brasileirofonia ficar descansados, «o ‘premiê’ português sabe disso e vai lutar em Bruxelas por um regime especial de cidadania para os cidadãos dos países de língua» brasileira.

O que implicará também, como inerência, outro “fato” à medida que — apesar de todo roto e coçado — envergará o noivo deste infeliz enlace entre um pato e um mastodonte.

Sobre esse “fato” à medida, diz Seu Manuéu, em jeito de rasgados elogios à pinta do animal, que «Portugal apresenta-se cada vez mais como um Estado brasileiro na Europa».

E não precisa de dizer mais nada, presumo. Não só deixa de ser necessário fazer um desenho, como sequer precisam tais evidências que se enumerem de novo umas quantas “coincidências”, que se responda à milésima pergunta das mais habituais e comezinhas, ou até que se enumerem e sequenciem outra vez os pontos para que as pessoas descubram, unindo-os, que imagem surgirá no final.

Estes dois textos mais os “perfis” citados após devem chegar e sobrar para que os portugueses — ao menos alguns deles — não descubram que essa imagem é aquela que fazem assistindo a tudo isto enquanto pastam placidamente, sacudindo as moscas com o rabo e baixando as orelhinhas como compete aos quadrúpedes.

A primeira cidadania da língua

José Manuel Diogo*

“Associação Portugal-Brasil 200 anos (APBRA200)”, 27.06.22

O Governo português tomou medidas inovadoras e disruptivas para facilitar a vinda de cidadãos brasileiros. E isso é muito bom porque Portugal precisa de imigrantes para inverter o envelhecimento do país.

A criação de um visto de maior duração (180 dias) que permite a entrada legal de imigrantes dos países de língua portuguesa em Portugal com o objetivo de apenas1 procurar trabalho é um verdadeiro convite para que os nossos irmãos brasileiros venham morar cá.

A medida vem em muito boa hora e é boa resposta a uma operação de propaganda2 negativa que se gerou numa manhã de filas – propositadas ou espontâneas – que os agentes intervenientes nos assuntos aeroportuários, públicos e privados, causaram recentemente.

Porque o que é relevante sublinhar sobre o futuro das relações entre Portugal e o Brasil não são as filas de aeroportos momentâneas, mas sim as políticas de fundo que os portugueses3 pretendem implementar.

O Governo de Lisboa, antecipando questões impostas: pela nova realidade política de uma guerra prolongada na Ucrânia, por um lado; e a necessidade urgente de combater o risco demográfico que a nação lusa vive, por outro; são os pontos fulcrais onde se joga o futuro da relação entre Portugal, o Brasil e os outros países da CPLP.

Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.

O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.

*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos

In


[Transcrição integral mantendo a cacografia brasileira do original.
Destaques, sublinhados e “links” meus.]

1 – aspas conforme original
2“Jornal do Incrível”?
3 – poucos; apenas os coniventes

Portugal se apresenta cada vez mais como um Estado brasileiro na Europa.

José Manuel Diogo*
“Folha de S. Paulo” (Brasil), 29.06.2022

Os dois países parecem interessados nesse movimento: a língua portuguesa sendo instrumento de cidadania. Será que a União Europeia vai permitir?

Hoje os sinais são fortes como os fatos. A história se desenha em frente de nossos olhos, e aquilo que era a intuição de poucos é hoje certeza e vontade de muitos. Viver em Portugal está no topo da lista dos desejos de cada vez mais brasileiros.

Faça a experiência. Perdendo-se pelas ruas de São Paulo, no Uber, em mercados, teatros, jardins, academias e restaurantes, não importa de que sofisticação ou preço, da Mooca à Faria Lima, popular ou elitizado, sinta a reação ao nome “Portugal”. Ela se alterou substantivamente nos últimos anos.

Onde antes existia desconhecimento (ou mesmo vazio), hoje existe um desejo afável de proximidade que se expressa, às vezes nervosa-miudinhamente, em manifestações de carinho que vão se organizando à volta de uma ideia que, cada vez mais, todos sentem como normal — ir morar em Portugal.
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