Etiqueta: artes

Coimbra é um pagode (ou um samba)

director da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria Janja, Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique
Castelo de Belmonte (Portugal) Ministro português, bandeira do Brasil

«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»

[José Manuel Diogo, C,C.I. L-B e APBRA200]
[post
«Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

 

Nasce em Coimbra casa para celebrar a língua portuguesa brasileira e falar de temas “desconfortáveis”

Casa da Cidadania da Língua foi inaugurada com a proposta de ser um espaço artístico e literário do idioma português brasileiro, mas também para debater temas como colonização, racismo e xenofobia.

Amanda Lima
“Diário de Notícias”, 13 Outubro 2023

[foto]
O coordenador José Manuel Diogo, o autarca José Manuel Silva e o presidente do Senado federal brasileiro, Rodrigo Pacheco, inauguraram o espaço na Alta de Coimbra.

Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”, já dizia o escritor José Saramago. Décadas depois de uma das frases que mais resume[m] o idioma, Portugal passa a ter um local que celebra a complexidade e riqueza da língua portuguesa brasileira, mas também dos seus mais de 260 milhões de falantes pelo mundo. Fica na Alta de Coimbra, no prédio histórico da Casa da Escrita.

O local, por si só, já possui uma tradição literária, tendo abrigado variados escritores portugueses. “Esta já foi uma casa de cidadania, de literatura e de luta antifacista[sic] contra a ditadura”, lembrou José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, durante a inauguração oficial, ocorrida na quinta-feira.

A programação arrancou com actividades de literatura, arte e música representados por artistas de pelo menos três países da lusofonia. A proposta é que todas as actividades desenvolvidas no local tenham a presença de pessoas de todos os países que possuem o português como um dos idiomas oficiais.

[foto]
Rute Simões Ribeiro, Simone Paulino, Luiza Romão e Raquel Lima protagonizaram a primeira mesa literária da nova casa

O trabalho de curadoria será realizado por seis pessoas de Portugal e do Brasil, que prometem trazer vozes de Angola, Cabo Verde, Moçambique, entre outros. Para o curador brasileiro André Augusto Diasz, o local simboliza “uma outra forma de conviver, de se relacionar, de viver, em sua dimensão mais ampla, uma cultura forjada na língua portuguesa” brasileira.

Se conviver e se relacionar é uma proposta da Casa da Cidadania da Língua, temas que dizem respeito aos laços históricos que unem os povos não ficam de fora. Segundo José Manuel Diogo, coordenador do espaço, temas “desconfortáveis” serão debatidos. “Vamos falar de racismo, de xenofobia, das consequências da colonização que vemos até hoje. Acreditamos que o conhecimento é o melhor antídoto contra o ódio e aqui vamos produzi-lo ao mais alto nível, não queremos que as pessoas se sintam desconfortáveis com isso”, explica.

No discurso de inauguração, o presidente do Senado Federal do Brasil, Rodrigo Pacheco, disse que a cidadania “não é, nem nunca será, um muro entre os povos”. Acrescentou que a língua portuguesa brasileira “não legitima discriminação ou preconceito, segundo critérios de alfabetização, acentos, ou ajuste à norma culta“.

A primeira mesa literária, mediada pela editora Simone Paulino, já mostrou a que veio, com o título “Dicções de uma escrita feminista”. Três jovens autoras foram convidadas: a brasileira Luiza Romão, a angolana Raquel Lima e a portuguesa Rute Simões Ribeiro. Raquel afirmou que o idioma hoje “apresenta uma hierarquia entre os falantes, dando o exemplo dos estudantes estrangeiros que chegam a Portugal, mesmo em Coimbra, e não são considerados da mesma forma”.

[foto]
A Casa da Escrita acolhe agora o espaço de celebração da lusofonia e da riqueza da língua.

Luiza, vencedora do Prémio Jabuti, o mais importante da área no Brasil, afirmou que uma das principais motivações da sua escrita é a inquietação com temas das mulheres, que em outras épocas foram vozes ainda mais silenciadas na literatura. Já Rute, que acaba de vencer o Prémio Hugo Santos, exaltou a inauguração da Casa em Coimbra, cidade em que nasceu e que acredita ser um bom local para as discussões de vozes que nem sempre são ouvidas.

Livros mais acessíveis

Uma das iniciativas da Casa da Cidadania da Língua é ter um selo editorial oficial, que permite a impressão através do método ‘print on demand’, em parceria com gráficas sediadas em Portugal. Na prática, significa que livros de autores e autoras da língua portuguesa brasileira poderão ser impressos em 48 horas com um preço mais acessível.
(mais…)

“Qualquer cidade dividida contra si mesma não perdurará”

O Ministro da Administração Interna. Na posição protocolar da bandeira da UE, a bandeira do Brasil, ao lado da do 28.º Estado

Lula da Silva “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, Março 2011


Marcelo mostra os seus “extraordinários” dotes de sutáki brasileiro

Lula da Silva, Marcelo e Janja (Grã-Cruz da Ordem Infante D. Henrique)

Abstraiamo-nos das questões protocolares ou diplomáticas envolvidas. Atenhamo-nos apenas aos factores políticos que, não muito subtilmente, enformam mais esta cerimónia.

De facto, vamos assistindo — como é da tradição portuguesa, impassível e sonolentamente — a um estranho frenesi de imposição de insígnias, condecorações e títulos, por parte das autoridades tuguesas, tendo por obsessivo objectivo único “honrar” determinadas “personalidades” brasileiras. Talvez, se atendermos ao facto de ser este um vício já antigo — a peganhenta bajulação ao “gigante” sul-americano é uma idiossincrasia nacional –, possamos admitir alguma espécie de atenuante para tão esquizofrénica mania; porém, nem “no tempo da outra senhora” se viam tão frenéticas quanto frequentes engraxadelas como agora. Urge seja criada quiçá mais uma “entidade reguladora”, mas esta, por absoluta excepção, com algum préstimo; tão utilíssimo serviço público poderia vir a chamar-se, por exemplo, Provedoria Geral de Engraxadoria ou, simplificando, Observatório da Engraxadela.

Foi o doutoramento Honoris Causa de Lula da Silva pela Universidade de Coimbra, em 2011, com a (política e diplomaticamente inexplicável) presença do então PR Cavaco Silva.

Foi o Prémio Camões 2019 para Chico Buarque, com o Governador Geral do 28.º Estado da RFB a “óminágiá u lauriadu” em brasileiro.

Foi a condecoração de Janja, mulher de Lula, “com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, destinada a distinguir serviços relevantes a Portugal ou na expansão da cultura portuguesa“.

E é agora esta outra, ocorrida há poucos dias, a do doutoramento Honoris Causa do cantor brasileiro Gilberto Gil pela Universidade Nova de Lisboa. Como se vê, até porque isso está escarrapachado na notícia, o artista fez um intervalozinho na sua tournée e deu um saltinho à “cápitau” da “terrinha” para receber o títulozinho académico — que, pelo menos no que toca a brasileiros, começa a ser um ritual praxista.

Após esta cerimónia e empochando o título, aliás ao invés dos carolos e das pinturas na testa vulgares em qualquer praxe, o dito artista vai logo de seguida dar mais um “espetáculo”, por mero acaso na mesma Lisboa da generosa Universidade que lhe impôs borla (de certeza) e capelo (se calhar). Da capital do 28.º Estado seguirá para o Porto, a segunda maior cidade provincial, “para o último de três concertos em solo” tuguês.

Da absoluta vacuidade das suas palavras, incluindo os agradecimentos do alto da burra e os desejos de tornar não sei quê “mais suave, mais flexível, mais aberto e afecto às coisas do afecto e do amor“, tiradas que não desmerecem dos discursos de qualquer recém-eleita Miss Universo, pouco ou absolutamente nada haverá a notar ou a anotar.

O mesmo já não se poderá dizer, evidentemente, quanto ao significado político de mais esta enérgica escovadela a que se prestaram — e de cara alegre — tanto o colégio académico de “engraxates” (em Português, engraxadores) como ou principalmente o seu “magnífico”… errrr… coiso.

Provavelmente, ou por pura ignorância ou porque também o Latim “já não se usa”, visto ser “muito complicado”, a nenhum dos “ilustres” brasileiristas daquela universidade alfacinha terá ocorrido sequer dar uma vista de olhos à divisa da instituição: “OMNIS CIVITAS CONTRA SE DIVISA NON STABIT”.

Gilberto Gil recebe título Doutor Honoris Causa pela Universidade NOVA de Lisboa

sicnoticias.pt, 31.10.23
Daniela Tomé
Cultura

O compositor e cantor Gilberto Gil está em digressão pela Europa. Esta terça-feira volta a actuar em Lisboa e na quinta-feira dirige-se ao Porto, para o último de três concertos em solo português.

O músico brasileiro Gilberto Gil foi distinguido na tarde desta terça-feira com o título doutor ‘honoris causa’, pela Universidade Nova de Lisboa. Na cerimónia de atribuição do título, Gilberto Gil, de 81 anos, expressou a sua “gratidão profunda a todos da UNL”, e agradeceu o gesto da universidade para com um “cantor do simples, do subtil, quiçá do belo, por vezes acossado e assustado pelos horrores de um mundo traiçoeiro”.

Com 60 anos de carreira, Gilberto Gil foi ministro da Cultura do Brasil e sempre mostrou resistência contra a ditadura do país.

O compositor, que é um dos símbolos da cultura lusófona, afirmou que a política no país melhorou, desde a eleição de Lula da Silva há cerca de um ano.

Gilberto Gil, que conta com mais de 600 canções no seu reportório, está em digressão pela Europa, tendo dado um concerto esta segunda-feira, no Coliseu de Lisboa.

Esta terça-feira volta a actuar em Lisboa e na quinta-feira dirige-se ao Porto, para o último de três concertos em solo português.

O reitor da UNL, João Sáàgua falou, durante a cerimónia, num “dia único” e “muito feliz” para a UNL, e que a atribuição do título Honoris Causa ao cantor brasileiro é uma “expressão de profunda gratidão e reconhecimento pela sua vida e obra“.

“No caso de Gilberto Gil, honramos valores fundamentais que corporiza de dois modos — pela arte (representa para nós valores da energia criativa, alegria sã, harmonia cósmica e compreensão profunda da humanidade) e pela cidadania (representa para nós valores de liberdade, diversidade, igualdade, democracia)”, referiu.

Biografia

Nascido em 1942, em Salvador da Bahia, no Brasil, Gilberto Gil começou a carreira musical na década de 1950 a tocar acordeão, “inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som da rádio e pelas procissões à porta de casa no interior da Bahia, até que surge João Gilberto, a bossa nova, e também Dorival Caymmi, com as suas canções imbuídas de praia e do mundo litoral”, como descreveu a promotora IM.par.

Figura central do Tropicalismo, Gilberto Gil também foi ministro da Cultura do Brasil entre 2003 e 2008, durante a administração do presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, e é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2021.

Instado na conferência de imprensa a recordar os tempos em que tutelou a área da Cultura, Gilberto Gil contou que “aquele momento foi uma oportunidade de endereçar ao país, e ao mundo todo, uma série de questões, de quesitos, da proposição cultural permanente que se vai tornando cada vez mais densa, cada vez mais caudalosa, com as grandes massas humanas, os grandes mercados“.

“O Ministério da Cultura foi uma tentativa de amplificar essa compreensão sobre essa extensa vastidão do mundo cultural no Brasil e no mundo, num momento em que nas relações internacionais o factor cultural tem cada vez mais peso, com a desmaterialização obrigatória das funções práticas da vida humana. Um telemóvel é o exemplo extraordinário dessa desmaterialização, a concentração da vida cultural num pequeno aparelhinho. Foi um momento para amplificar esse discurso”, disse.

Sempre que é questionado sobre questões culturais, Gilberto Gil lembra que “a Cultura anda sozinha, anda por si própria: é o resultado de falares, falas, modos de convívio, permanente, e a reverberação desse convívio através das linguagens”.

No entanto, há um papel, “discutível”, que o Estado tem na vida cultural de um país.

“Fomento, incentivo, mapeamentos, para que as populações tenham ideia de como se colocar no plano cultural. Tudo isso é papel do Estado, do governo federal, dos governos estaduais, municipais”, defendeu.

Papel da Cultura num mundo em conflitos

Gilberto Gil foi também questionado sobre o papel na Cultura numa altura em que há no mundo cada vez mais conflitos, entre os quais o que opõe Israel ao movimento islamita Hamas.

Para o músico, “a Arte, especialmente a música, todas as formas de expressão artística são balsâmicos, unguentos de que nos utilizamos para o amaciamento dessa musculatura enrijecida que é a humanidade cada vez mais complexa e cada vez mais volumosa, em termos de população, em termos de operação, a grande operação da vida contemporânea, moderna no mundo inteiro”.

O papel da Arte, da canção em especial é balsamizar esse corpo todo no sentido de torná-lo mais suave, mais flexível, mais aberto e afecto às coisas do afecto e do amor, esse é o papel da canção, da música“, defendeu.

Gilberto Gil admite que “os aspectos tormentosos da vida humana” obrigam a um “discurso duro e menos harmonioso”, mas o papel da canção “é essa balsamização do corpo, em cada indivíduo e em todos os colectivos da sociedade humana”.

[Transcrição integral. Destaques meus. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.]

Vídeo legendado (subitchitulado) em brasileiro
As regras gerais para o uso da Bandeira Nacional (BN) encontram-se estabelecidas pelo Decreto-Lei 150/87
Quando hasteada com outras bandeiras, a Bandeira Nacional ocupará sempre o lugar mais honroso.

Se existirem três mastros: a BN ocupará o mastro do centro e a seguinte bandeira na ordem de precedência, ocupará o mastro da direita (esquerda de quem olha).
[AUDACES – vexilologia, heráldica e história]

[Fotografia de Lula/Marcelo/Janja de: “Poder 360“.]

“Em troca de cerveja” [entrevista]

Da revista “Time Out – Lisboa” (em Português): «As melhores baladas e bares brasileiros em Lisboa»

Antecedentes

Estatuto de Igualdade

Acordo de Mobilidade

Dentistas? Check! Advogados? Check! Médicos? Check!

Puro Sangue Lusitano (cavalos)

“Bispos” e “Pastores” (seitas religiosas)

Estudantes (1, 2, 3, 4, 5)

Uma entrevista super-informal com Luís Paulo Lucas Pinto, músico (percussionista). Nasceu e viveu até à adolescência em Moçambique, veio para Portugal, como outros 800.000 (segundo algumas estimativas), durante o PREC e fez a sua carreira musical principalmente na área da Grande Lisboa, desde meados dos anos 80. Carreira essa que bem parece ter terminado (esperemos que não, é claro) há um par de anos — o que aliás sucedeu com muitos outros músicos, exactamente pelos mesmos motivos — porque é impossível concorrer (e sobreviver) com quem se oferece para tocar “em troca de cerveja”.

Aí ficam adiantadas algumas frases lapidares, o que não obsta de forma alguma a que se oiça a gravação na íntegra. O “entrevistado” diz outras coisas interessantes sobre o impacto da imigração em massa no seu (ex-) sector de actividade; na parte final da gravação, por exemplo, podemos ouvir falar de impostos, recibos verdes, empresariado tuga e, para desfecho, como se processa na prática aquilo a que os nossos governantes chamam “equilibrar as contas da segurança social”: é tudo “por baixo da mesa“.

«Consoante o tempo foi avançando, as vagas de brasileiros cada vez eram maiores. Então o que é que aconteceu? O mercado começou a ficar saturado. Já com os músicos que havia cá. Os brasileiros que vinham, que não tinham qualidade como músicos, como é que eles se intrometeram no mercado? Foi chegar às casas, aos bares, e, em troca de cerveja, portanto, tocarem o samba e…»

«Conclusão: minou o nosso mercado, nosso (portugueses, moçambicanos, angolanos, brasileiros que já cá estavam) e, portanto, nós conquistámos, os valores que nós praticávamos nessa altura, os “cachets” — que não são praticados hoje em dia — os valores que nós praticávamos quando esse fenómeno aconteceu derrubou de tal maneira o mercado de trabalho em relação aos músicos (…), isso combinado de tal maneira que ainda hoje os valores são baixíssimos.»

«Conheço um guitarrista de jazz “de top” que está a dar aulas em infantários.»

«Queria levantar aqui um parêntesis. Queria falar do oportunismo dos donos dos bares, dos comerciantes. Eles é que permitiram, para benefício próprio, eles é que permitiram isto; porque eles enchiam a casa na mesma! Pagavam cerveja! Qual metade? Pagavam cerveja!»

Dumping refers to the practice of exporting goods to a foreign country at lower prices than the price of the same goods in the exporting country’s domestic market. As a result, affordable or cheaper exported goods invade the market in the importing country.” [Wall Street Mojo]

Imagem de sambista (tuga?) a tiritar de frio de: Figueira da Foz mantém desfiles de Carnaval – “Campeão das Províncias” (campeaoprovincias.pt) [Em Portugal existem 25 “escolas de samba”.]

Os filhos… do vento

«Nas últimas décadas a criação brasileira investiu em genética, obtendo a mais seleta tropa de cavalos Lusitanos do mundo, tanto em morfologia quanto em animais funcionais, sejam eles para esporte, lazer ou lida. Reconhecido mundialmente, o Brasil já é o maior exportador de Lusitanos para a América do Norte e vem crescendo as exportações também para a Europa, inclusive para Portugal.»
«Com 350 criadores e um plantel atual de aproximadamente 12 mil animais ― onde a maior concentração ainda está no estado de São Paulo ―, o Lusitano vem registrando expansão para outras regiões do País, fazendo-se notório nas competições hípicas, especialmente no Adestramento e na Equitação de Trabalho onde, aliás, é o atual Campeão Mundial da modalidade.»
«Fontes de Consulta: Artigo de Ênio Monte sobre o Lusitano no Brasil – Livro: Puro Sangue Lusitano – 25 Anos de ABPSL Livro: O Cavalo Lusitano, autor: Paulo Gavião Gonzaga»
[Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano” (ABPSL)]

«Raça Puro Sangue Lusitano destaca seus novos Grandes Campeões»

«Por sua vez, o presidente da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano (ABPSL), Ismael Gonçalves da Silva, destacou que a 40ª Exposição Internacional foi um grande sucesso. “A Hípica Paulista é um lugar maravilhoso, que agrega muitas pessoas, prova disso é que tivemos um público muito grande, em especial nas noites de sexta e de sábado, nas quais cerca de mil pessoas passaram pelas nossas instalações.”»
«O dirigente ressaltou ainda a elevada qualidade de Puro Sangue observada na pista da Sociedade Hípica Paulista. “O plantel brasileiro mostrou nesta exposição por que é respeitado no mundo inteiro, afinal tivemos a participação de exemplares de qualidade excepcional, que proporcionaram um belo espetáculo aos visitantes que vieram de diversas partes do país, assim como de países como Colômbia, Portugal, Estados Unidos, Bélgica e Chile.”»
[“Mundo Agro Brasil“]

Neymar Jr. é o novo embaixador da HorseTeam/CamplineHorses

O futebolista brasileiro Neymar Jr. uniu forças com o grupo empresarial português HorseTeam/CamplineHorses, uma entidade de renome no mundo equestre e na defesa do cavalo Puro Sangue Lusitano. Esta colaboração foi oficialmente anunciada hoje, marcando um momento histórico, pois é a primeira vez que uma estrela do futebol mundial apoia o desenvolvimento de um desporto equestre de nível global.

Neymar Jr., amplamente reconhecido pelo seu talento e recentemente contratado pelo Al-Hilal da Arábia Saudita, expande o seu impacto não apenas nos campos de futebol, mas também no âmbito social, ao tornar-se patrono da Selecção Brasileira de Dressage – composta por João MarcariOliva/Escorial e RendersonOliveira/Fogoso –, que competirá nos Jogos Pan-Americanos, no Chile, em Outubro.

Designado o primeiro Embaixador Global da HorseTeam/CamplineHorses, Neymar Jr. traz consigo a sua alegria e carisma para o mundo equestre, como já evidenciou na semana passada ao visitar Portugal e conhecer o Centro Equestre da HorseTeam/CamplineHorses, situado em Santo Estevão, Benavente.

Durante a visita, gravou a campanha publicitária que em breve estabelecerá a ligação entre o campeão olímpico Neymar Jr. e os atletas olímpicos da HorseTeam/CamplineHorses.

Neymar Jr. afirma estar “extremamente contente por me unir à família HorseTeam/CamplineHorses e por ter a oportunidade de conhecer pessoalmente João Marcari Oliva e Renderson Oliveira. Eles têm realizado um trabalho notável ao elevar o nome do Brasil no mundo do desporto equestre. Sempre nutri grande curiosidade em relação aos cavalos e aguardo com expectativa a oportunidade de aprender com eles, celebrando as vitórias que estão por vir. Esta parceria não diz respeito apenas ao desporto, mas também aos valores que partilhamos, como o trabalho de equipa, a defesa da igualdade, a protecção dos animais, da natureza e, evidentemente, o amor pelo Brasil.”

O Grupo HorseTeam/CamplineHorses, detentor exclusivo dos dois cavalos olímpicos Puro Sangue Lusitano (Escorial e Fogoso) e de várias centenas dos seus descendentes, acolhe com entusiasmo esta parceria. No âmbito deste acordo, a NN Consultoria e Neymar Santos, pai do futebolista, assumem a responsabilidade exclusiva pela representação comercial da HorseTeam/CamplineHorses na América Latina.

“Contar com Neymar Jr. como Embaixador Global representa um passo extraordinário e uma grande responsabilidade, tendo em conta a sua relevância no panorama desportivo mundial. Como testemunhámos na semana passada em Santo Estevão, onde ele fez questão de estar presente apesar da mudança de vida que estava a enfrentar ao mudar-se para a Arábia Saudita, acreditamos que esta parceria irá inspirar um público mais amplo a apreciar o talento, a beleza e os valores do adestramento, realçando Portugal como um destino turístico com uma tradição equestre distinta”, comenta Rui Hortelão, CEO do Grupo HorseTeam/CamplineHorses. (mais…)

Nacionalizando o Padre Eterno

Considered one of the largest Warships built by Portugal, The “Padre Eterno” was built in 1663 (in the Colony of Rio de Janeiro, South America). Larger than any Warship afloat at the time, she displaced 2,000 tons and was 300 feet long. Her beam (height) stood at 35-feet. Sporting 144-guns (mostly heavy), “Padre Eterno” was tasked with protecting Portugal’s interests in not only South America, but The Caribbean. During her service, “Padre Eterno” fought many Pirate engagements (for those foolish enough to try her). In 1667 however, she was lost in a hurricane in The Indian Ocean.[“Stronghold Nation“]


Este artigalho do brasileiríssimo “Estadão” é uma pequena amostra do mais absoluto descaramento hiper-nacionalista que no Brasil se propaga rapidamente e que até por cá vai já infectando alguns tugas mais deslumbraditos, coitadinhos, com o seu deles mítico “gigante”.

Trata-se, poupando nas adjectivações, de pura e dura reescrita da História.

Vale tudo, para o efeito, a começar pela súbita e radical “nacionalização” de todos os portugueses “desde o século 16” (em língua brasileira não existe numeração romana) e de tudo aquilo que eles fizeram no Brasil. Não interessa para nada que fossem portugueses, nascidos em Portugal ou filhos e netos e bisnetos até à 20.ª geração de portugueses; segundo a extraordinária “lógica” da confraria dos becharas, se alguém pisa terras de Vera Cruz passa imediatamente a ser “brasileiro” e tudo o que ali alguém fizer (de bom, claro, porque todo o mal é culpa “do colonizador”) só pode ter sido feito por “brasileiros”. Até as referências ao período colonial são altamente enviesadas, sempre de raspão e passando por sistema grandes tangentes à verdade — o que importa é exacerbar a “paixão” nacionalista.

A “Passarola” de Bartolomeu de Gusmão. Construída antes de 1720. À popa, a bandeira Real portuguesa.

Já não basta o “brasileiro” Bartolomeu de Gusmão, esse grande herói nacional do país do Cárrrnáváu; vai tudo a eito: se nasceu lá, mesmo que tenha morrido um século (ou dois ou três) antes da independência, é brasileiro; e se por mero acaso não nasceu lá mas foi lá fazer alguma coisinha de jeito, então não só a pessoa como aquilo que ela fez é do mais brasileiro que há.

Claro que o Brasil não se tornou independente em 1822 nem nada, esse pormenorzito insignificante não convém à narrativa, aliás essas coisas de datas e factos (e História e assim) são como a língua: é muito complicada, só atrapalha, toca a “simplificar”, que é nossa (deles).

Portanto, está bem de ver, o “maior navio do mundo” foi não apenas “construído no Brasil” como também, evidentemente, foi desenhado, concebido e integralmente montado por brasileiros. “Prova” disso é o “fato” de o Padre Eterno (um nome tipicamente brasileiro, vê-se logo) ter atracado num qualquer “cais de Lisboa”, entre outros portos da Europa. Muito viajado, este “gigante dos mares” em duplo sentido: gigante porque o galeão é brasileiro, feito no Brasil por brasileiros, e gigante porque é assim que os confrades do lado de cá (casteleirenses) se referem àquilo: “eles são 220 milhões e nós somos só 10 milhões“.

Convém repetir, não vá ter escapado alguma coisa, como, por exemplo, que no século XXVII — enquanto o Padre Eterno estava a ser concluído — sequer estavam definidas as fronteiras daquilo que dois séculos mais tarde viria a ser o Brasil, mas isso que interesse tem, ora, ora, deixemo-nos de pormenores embirrantes.

Enfim, se calhar terão de ficar para outra ocasião os extraordinários feitos “da Marinha brasileira”. Esta do Padre Eterno, definitivamente, não cola.

Maior navio do mundo, no século 17, construído no Brasil – Mar Sem Fim

João Lara Mesquita
marsemfim.com.br

Maior navio do mundo, no século 17, o galeão Padre Eterno foi construído no Brasil

Na segunda metade do século 17 foi fundado um estaleiro situado na atual Ilha do Governador, onde hoje fica o aeroporto Antônio Carlos Jobim. Entre outros, ele colocou no mar o galeão Padre Eterno, o maior navio do mundo no século 17.

A fonte desta informação acima é o belíssimo livro A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A obra é assinada pelo historiador Gilberto Ferrez. Ele não só escreveu o texto e diagramou as páginas. Também selecionou as imagens e fez pessoalmente os contatos para obtê-las no Brasil e no exterior. A concepção foi do colecionadorRaymundo Castro Maya (O Estado de S. Paulo).” Foi editado em 1965 para comemorar os 400 anos da fundação do Rio de Janeiro.

[imagem]
Nos séculos 17, 18 e 19, caçava-se baleias na Baía de Guanabara. Gravura de Leandro Joaquim (1738–1798).

Importância da obra

O livro é tão importante que, em 2015 houve uma exposição e reedição da obra. Sobre este evento escreveu o Estadão: “Ferrez usou imagens icônicas do Rio, de pintores do século 18 e 19, como Debret, Rugendas, Taunay e Victor Meirelles. Até fotografias de nomes pioneiros como o de seu avô, Marc Ferrez, cujo trabalho é um dos importantes da segunda metade do século 19.”

Uma destas gravuras é a que reproduzimos abaixo, mostrando o Padre Eterno. E prossegue o jornal: “Acontecimento editorial dos festejos do quarto centenário, uma época em que era parca a bibliografia sobre a cidade. O livro foi impresso em Paris.”

[imagem]
O Padre Eterno (Gravura de A muito leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro)

Para quem quiser polemizar sobre número de tripulantes, que discuta com Gilberto Ferrez ou o inglês Charles Boxer, historiador, bibliófilo e professor de civilização portuguesa na London University. Autor, entre outros, de O Império Marítimo Português, 1415 – 1825‘, Edições 70. Gilberto Ferrez diz em seu trabalho sobre o Rio de Janeiro que “foi o professor inglês Charles R. Boxer quem descobriu este inédito. E provou numa conferência em Londres que o galeão foi construído na ilha do Governador.”

Maior navio do mundo, no século 17, ‘made in Brazil’

De acordo com este livro, ‘o Padre Eterno era um colosso: seis pontes (ou conveses), 180 escotilhas (o que quer dizer 180 canhões). Podia carregar até 4 mil caixas de açúcar de 680 quilos cada. Sua tripulação era de 3 a 4 mil homens’ (É isso mesmo que você leu: ‘de 3 a 4 mil homens’, apesar da informação parecer equivocada. Assim está no livro de Ferrez).

[imagem]
A Praça XV e o Passo Imperial na visão de Jean-Baptiste Debret (1768 – 1848).

Outra obra aborda a construção de Padre Eterno

Outra, e mais recente publicação, o livro Escravidão, volume 1, de autoria de Laurentino Gomes, também aborda a construção do galeão Padre Eterno ressaltando sua enormidade, embora os dados não sejam iguais aos do primeiro. Segundo Laurentino, “o galeão Padre Eterno pesava 2 mil toneladas. Estava pronto para receber 144 canhões. E exibia um mastro colossal, feito de tronco de uma única árvore, medindo na base quase três metros de circunferência, o que significa que, para abraçá-lo, seria necessário que três homens fizessem um círculo de mãos dadas à sua volta.” Infelizmente, não há informações sobre a tripulação no trabalho de Laurentino.

Os ecos da construção do maior navio do mundo do século 17

Segundo Laurentino Gomes, “era um navio tão grande que especulações a seu respeito começaram a circular pela Europa antes ainda que deixasse o Rio de Janeiro. Em março de 1665, o jornal português Mercúrio Portuguez, de Lisboa, referia-se à construção, no Brasil, “do mais famoso baixel de guerra que os mares jamais viram”, despertando de imediato a curiosidade da comunidade diplomática local. Sete meses mais tarde, quando, finalmente, atracou no cais no rio Tejo, foi saudado com a seguinte notícia: ‘Veio nesta frota aquele famoso galeão… o maior que há hoje, nem se sabe que houvesse nos mares’.

[imagem]
A igreja da Glória. Leandro Joaquim (1738–1798).

Uma capela dourada no maior navio do mundo

Prossegue o relato de Laurentino: “Parte dos equipamentos tinha sido cuidadosamente fabricada por artesãos coloniais fluminenses. Incluindo as madeiras entalhadas e uma deslumbrante capela dourada, que acusou a admiração de dois padre capuchinhos italianos que o visitaram mais tarde no cais de Lisboa. O restante viera da Inglaterra, que então já despontava como a principal potência marítima do planeta. Mas ainda não tinha um navio daquele tamanho. A maior embarcação inglesa da época, o SovereignoftheSeas, pesava 1,5 mil toneladas, um quarto menos que o galeão brasileiro.”

‘Proeza da engenharia colonial brasileira’

Laurentino Gomes: “Essa proeza da engenharia colonial brasileira estava destinada a ser uma espécie de Titanic do século 17, na comparação do historiador Luiz Felipe de Alencastro. Apesar de suas gigantescas proporções, teria um fim trágico ao naufragar no oceano Índico algum tempo depois de passar por Lisboa, inaugurando a sina que seu congênere britânico do século 20 repetiria cerca de 250 anos mais tarde.

[imagem]
O Rio de Janeiro de Debret.

Mas sua existência era testemunho das ambições da elite escravagista brasileirano auge do ciclo do açúcar e às vésperas da descoberta do ouro em Minas Gerais. Estaleiros semelhantes aos da baía de Guanabara, responsável pela construção do Padre Eterno, funcionavam em vários pontos da costa brasileira.”

Salvador Correia de Sá e Benevides, o mandante da construção

Laurentino conseguiu identificar o mandante da construção. Para o autor de Escravidão, foi Salvador de Sá, também governador do Rio de Janeiro entre 1637 e 1661. “Um dos homens mais eminentes da história da escravidão no Brasil. Nascido no Rio de Janeiro em 1602, de mãe espanhola, filha do governador de Cadiz, Salvador de Sá pertencia à mais fina flor da aristocracia fluminense que emergia ao final dos dois primeiros séculos da colonização.”

[imagem]
O Rio era uma beleza. Arcos, Leandro Joaquim (1738–1798).

Descendente de Mem de Sá

“Era descendente dos fundadores da cidade, Mem de Sá e Estácio de Sá. Seu pai, Martim de Sá, tinha sido governador da capitania do Rio de Janeiro por duas vezes.” Laurentino diz que Salvador de Sá foi um dos maiores traficantes de escravos de então.

[imagem]

(mais…)