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“Compra da cidadania portuguesa lá na terrinha”

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Portugal 7th safest country in the world

The 17th edition of the Global Peace Index (GPI) ranks Portugal as the 7th safest country in the world, in a ranking led for the 16th time by Iceland.

“The Portugal News”, 28.11.23

Portugal moves up one position compared to the 2022 index and appears with a score of 1,333, behind Iceland (1,124 points), Denmark (1,31 points), Ireland (1,312 points), New Zealand (1,313 points), Austria (1,316 points) and Singapore (1,332 points), but ahead of countries like Japan (1,336 points), Switzerland (1,339 points), Canada (1.35 points) and Finland (1,399 points).

Globally, although 126 countries improved their peace index between 2009 and 2020, the 2023 Global Peace Index (GPI) reveals that the average level of global peace has deteriorated for the ninth consecutive year, with 84 countries recording an improvement and 79 a deterioration. Positive Peace measured by the Positive Peace Index (PPI) represents attitudes, institutions and structures that create and sustain peaceful societies. This demonstrates that the deterioration has been greater than the improvements, as the rise in post-COVID civil unrest and political instability remains high while regional and global conflicts accelerate.

[tradução] Portugal é o 7º país mais seguro do mundo
A 17ª edição do Global Peace Index (GPI) classifica Portugal como o 7º país mais seguro do mundo, num ranking liderado pela 16ª vez pela Islândia.
Portugal sobe uma posição em relação ao índice de 2022 e surge com uma pontuação de 1.333, atrás da Islândia (1.124 pontos), Dinamarca (1.31 pontos), Irlanda (1.312 pontos), Nova Zelândia (1.313 pontos), Áustria (1.316 pontos) e Singapura (1.332 pontos), mas à frente de países como o Japão (1.336 pontos), Suíça (1.339 pontos), Canadá (1.35 pontos) e Finlândia (1.399 pontos).
A nível global, embora 126 países tenham melhorado o seu índice de paz entre 2009 e 2020, o Índice Global de Paz (IGP) de 2023 revela que o nível médio de paz global se deteriorou pelo nono ano consecutivo, com 84 países a registar melhorias e 79 deterioração. A paz positiva medida pelo Índice de Paz Positiva (IPP) representa atitudes, instituições e estruturas que criam e sustentam sociedades pacíficas. A deterioração foi maior do que as melhorias, uma vez que o aumento da agitação civil e da instabilidade política pós-COVID continua a ser elevado, ao mesmo tempo que os conflitos regionais e mundiais aceleram. [tradução]

[Transcrição integral. “Links” e destaques meus.]

Polícia de Portugal investiga infiltração de facções criminosas em consulado no Rio

Existem centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para o país usando o suposto esquema

“O Globo” (Brasil) – blog “Portugal Giro”, 27.11.23

Por Gian Amato

A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal investiga a possível infiltração de criminosos de duas facções criminosas no consulado português no Rio, informou o “Diário de Notícias”.

A suspeita é que os grupos possam ter organizado uma operação para fazer a regularização ilícita de obtenção de vistos para criminosos entrarem em Portugal.

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ detectou casos de pessoas mortas que obtiveram cidadania portuguesa. Também investiga crimes de corrupção, abuso de poder e peculato.

Foram indiciados dezenas de funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas dos trabalhadores. A maioria dos suspeitos é brasileira. Os funcionários, segundo a reportagem, temem represálias.

Na primeira fase, a PJ estava convicta que os funcionários agiam como intermediários entre o consulado e as facções. Depois, a investigação concluiu que integravam as facções.

Há centenas de processos administrativos sob suspeita de fraude. Cerca de 30 pessoas teriam viajado para Portugal usando o suposto esquema.

Brasileiros comandavam laboratório de cocaína em Portugal

A origem da investigação apontou para dezenas de manipulações para agendamento dos serviços consulares, como vistos e pedidos de cidadania. Há indícios de certificação irregular de documentos.

Os investigados cobrariam cerca de € 300 (R$ 1,6 mil) para passar certas pessoas na frente da fila do agendamento, onde existem milhares à espera de uma data para iniciar processos.

A equipe de investigação portuguesa foi ao Rio no início de novembro e recebeu apoio da Polícia Federal. Ao tentar fazer buscas em bairros da cidade, os portugueses souberam que não poderiam ir a certos lugares, dominados pelas facções.

E, em solo brasileiro, os investigadores portugueses foram informados que as facções estavam a infiltrar membros em Portugal.

Um relatório do Serviço de Informações de Segurança (SIS) revela que há pelo menos mil integrantes de uma facção criminosa de São Paulo em Portugal.

[Transcrição integral, incluindo “links” (a azul). Acrescentei “links” (a verde). Destaques meus.]

Brasil Urgente
13,939 views 14 Nov 2023
PCC cresce cada vez mais em Portugal e Polícia Federal brasileira investiga a compra
de cidadania portuguesa por parte de integrantes da facção.

Notas dos notários

A conexão, mais uma relação de causa e efeito, é obscenamente evidente: no passado dia 23 de Outubro, um jornal brasileiro de grande circulação — chutando a “notícia” para um dos seus blogs e assim descartando qualquer comprometimento editorial político — dá conta do “entendimento” entre a Ordem dos Notários portuguesa e a sua congénere brasileira. E eleva a fasquia da negociata, metendo a diplomacia ao barulho: «O embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, encontrou o presidente da Ordem dos Notários, Jorge Silva, em congresso que discutiu reconhecimento de documentos digitais em ambos os países». 6 dias depois (seis dias!), o jornal tuga “Economia Online” (“ECO”, nem de propósito) “noticia” que “passaporte e questões com imigrantes passam a ser tratadas nos Registos e Notariados“.

Nada disto é episódico, casual ou — muito menos — inocente. Evidentemente. Porventura alguma vez este tipo de questões, e para mais quando envolvem relações diplomáticas multilaterais, terá em alguma parte do planeta Terra sido resolvido em apenas seis dias?

Mas… julgarão mesmo aqueles senhores que andamos todos por aqui a dormir na forma?

Nem um mês se passou, de cabo a rabo. Em apenas uma semana um embaixador e um bastonário resolveram de uma penada o problemazinho. Mas… enfim… não vale a pena repetir a pergunta. Eles não apenas estão convencidíssimos de que andamos mesmo todos a dormir na forma como, de facto, o que por aí mais se continua a ver é gentinha — uns rasgando as vestes canónicas, outros atirando-se barbaramente aos barbarismos, outros ainda fazendo trabalho de revisão grátis — insurgindo-se contra a “ortografia” do #AO90, mesmo sabendo-se, como hoje qualquer “distraído” já deverá ter percebido, que o #AO90 não tem absolutamente nada a ver com ortografia.

Não é essa a lógica instrumental do #AO90.

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.
[postA lógica instrumental do #AO90″]

Passaporte e questões com imigrantes passam a ser tratadas nos Registos e Notariados

Estas competências transitam do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para o IRN, no âmbito do processo de reestruturação do sistema português de controlo de fronteiras, em vigor desde domingo.

Filipa Ambrósio de Sousa

“ECO”, 29 Outubro 2023

O Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) vai passar ser competente para a emissão de passaportes e ainda com matérias relativas a cidadãos estrangeiros. Estas competências transitam do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para o IRN, no âmbito do processo de reestruturação do sistema português de controlo de fronteiras, que se concretiza a partir deste domingo, 29 de Outubro.

Segundo comunicado do Ministério da Justiça (MJ), o IRN passa a ser, a partir deste Domingo, a entidade responsável pela concessão e emissão do Passaporte Electrónico Português, nomeadamente o passaporte comum, o especial, o temporário e o passaporte para cidadão estrangeiro, garantindo o normal funcionamento das operações deste documento de identificação.

Renovação de Autorização de Residência

Os balcões dos Registos vão também disponibilizar atendimento – nesta primeira fase exclusivamente por agendamento prévio – para pedidos de Renovação de Autorização de Residência (RAR) temporária e permanente. Os casos de renovação para vítimas de tráfico de pessoas e para efeitos de investimento são assegurados pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

O agendamento online de RAR vai estar disponível, a partir de segunda-feira, através do portal de marcações SIGA em siga.marcacaodeatendimento.pt e da aplicação móvel sigaApp.

O atendimento de RAR passa a dispor de mais postos de atendimento, sendo possível aceder a este serviço, por marcação, em 34 balcões do registo e nas Lojas de Cidadão de todo o país.

Será distribuída ainda informação em vários idiomas, na rede de atendimento e nos canais digitais do IRN e da AIMA, relativa ao agendamento online e aos locais, onde os cidadãos estrangeiros podem pedir a sua Renovação de Autorização de Residência.

IRN integra 75 trabalhadores do SEF

No âmbito do processo de reestruturação do sistema português de controlo de fronteiras, transitam para o IRN 75 trabalhadores da carreira geral do SEF, que ficarão alocados ao atendimento ao público e ao Centro Decisor do Passaporte.

O IRN vai integrar estes trabalhadores nos seus serviços de Registo, garantindo a manutenção das suas funções, e a colocação num posto de trabalho do mesmo distrito onde anteriormente as exerciam.

Estes trabalhadores vão, assim, assegurar o atendimento presencial de cidadãos estrangeiros nos serviços de Registo e Lojas de Cidadão de todo o país, bem como o Centro Decisor do Passaporte, já integrado no Departamento de Identificação Civil.

[Transcrição integral, incluindo “links”. Destaques meus.]

Afinal não foi só um raspanete…

Agora e desta vez como antes e desde sempre, diligentes funcionários do mistério dos Negócios Estrangeiros, entretêm-se na sua ociosa militância com o intuito único de promover os interesses geo-estratégicos, políticos e económicos brasileiros — ainda que para tal haja que fazer tabula rasa de quaisquer Tratados ou Acordos a que Portugal esteja vinculado enquanto Estado-membro da União Europeia. Sob a longa cauda da CPLP — uma efabulação totalmente inventada por alguns portugueses a soldo do Brasil — trabalha-se com entusiasmo nas Necessidades para resolver as necessidades do Brasil. De facto, caso vingasse a tese — por absurda hipótese académica — da livre circulação na CPLP (ou seja, de brasileiros em Portugal e daqui para toda a UE), então teríamos de sobrepor dois regimes de “livre circulação” que mutuamente se excluem: os negócios do Brasil (com a cidadania portuguesa automática?) e o Acordo de Schengen.
[22.12.2019 – “O alçapão das Necessidades”]

Na dita “comunidade” brasileira um país serve como capacho de entrada na Europa e de trampolim para África. A dita “mobilidade” só existe num sentido. A dita “reciprocidade” vale apenas no papel. Todos os custos para um e todos os benefícios para o outro, eis aquilo em que consistem os sucessivos “acordos” entre Portugal e o Brasil.
[post “Três mil e cem por dia”]

A real de Portugal: UE põe mais de 100 mil brasileiros em risco

“Correio Braziliense (Brasil), 02/10/2023Vicente Nunes

A União Europeia abriu processo contra Portugal e colocou mais de 100 mil brasileiros que vivem no país luso em risco. A UE está questionando a validade das autorizações de residência concedidas pelo governo português a cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Também questiona os vistos temporários para a procura de emprego em terras lusitanas.

As autorizações de residência para cidadãos da CPLP passaram a valer em 13 de março deste ano. Foi uma forma que o governo português encontrou para resolver pendências no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que será extinto no fim de outubro. Havia quase 300 mil pedidos de permanência em Portugal encalhados. Desde que o benefício foi implantado, mais de 100 mil brasileiros conseguiram regularizar a situação em território luso, um enorme alívio.

Na avaliação da União Europeia, o mecanismo infringe o acordo que resultou no bloco e na criação do Espaço Schengen, de livre circulação para os europeus. A UE, por sinal, já havia alertado que as autorizações de residência concedidas por Portugal aos cidadãos da CPLP não garantiam trânsito livre na região, assim como não reconhecia os vistos para a procura de trabalho com validade por até 180 dias. O governo português, porém, ignorou os alertas. Agora, terá que buscar uma saída que não prejudique todos aqueles que se beneficiaram de tais instrumentos. Portugal terá dois meses para responder aos questionamentos.

Advogado especializado em imigração, Bruno Gutman alerta para a insegurança jurídica que foi criada pelo processo aberto pela União Europeia. As autorizações de residência deram segurança aos brasileiros e demais cidadãos da CPLP, já que puderam buscar empregos formais, abrir contas em bancos, contribuir com a Segurança Social e alugar imóveis, o que era impossível quando estavam indocumentados.

A medida, oriunda de um acordo de mobilidade entre Portugal e a CPLP, foi vista com bons olhos pelos empresários portugueses, que precisam de mão de obra para atividades básicas. São os brasileiros, principalmente, que têm ocupado as vagas abertas em restaurante, hotéis, construção civil e tecnologia da informação.

[Transcrição integral, com a cacografia inerente. Inseri “links” (a verde). Destaques meus.]

MAI. Acordo de mobilidade na CPLP “não colide” com o regime europeu

A Comissão Europeia, como o DN noticiou, considerou que Portugal não cumpre as obrigações europeias que “estabelecem um modelo uniforme de título de residência para os nacionais de países terceiros” e que falha no Acordo de Schengen sobre livre circulação.

DN/Lusa, 02 Outubro 2023

O ministro da Administração Interna (MAI) defendeu esta segunda-feira que o acordo de mobilidade dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “não colide” com o regime de vistos europeu.

A Comissão Europeia iniciou um “procedimento de infracção” contra Portugal por causa das novas autorizações de residência para cidadãos da Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP), lançadas em Março, segundo noticiou o Diário de Notícias.

Naturalmente que as autoridades nacionais já informaram a Comissão [Europeia] e agora manter-se-á um diálogo para mostrar o ponto de vista de Portugal. Do nosso ponto de vista, [o acordo de mobilidade entre países lusófonos] não colide com as normas europeias“, defendeu José Luís Carneiro em Matosinhos, no distrito do Porto, à margem da apresentação dos resultados da operação Verão Seguro.

Segundo o ministro, o Objectivo de melhorar as condições de mobilidade entre os Estados que compõem a CPLP “é tão antigo” como a própria CPLP, constituída em 17 de Julho de 1996.

“Nós temos uma posição que é conhecida desde há muito e a Comissão Europeia também tem sido informada desde o início desta reflexão”, disse.

Quanto ao procedimento de infracção aberto contra Portugal pela União Europeia, o MAI referiu que “o assunto está a ser acompanhado pelo Ministérios dos Negócios Estrangeiros e pela Secretária de Estado dos Assuntos Europeus”.

A Comissão Europeia considerou que Portugal não cumpre as obrigações europeias que “estabelecem um modelo uniforme de título de residência para os nacionais de países terceiros” e que falha no Acordo de Schengen sobre livre circulação.

“O Acordo de Mobilidade da CPLP prevê uma autorização de residência que não está em conformidade com o modelo uniforme estabelecido no Regulamento (CE) n.º 1030/2002. Para além disso, tanto as autorizações de residência como os vistos de longa duração emitidos para fins de procura de emprego a nacionais dos Estados da CPLP não permitem aos seus titulares viajar no espaço Schengen”, refere uma informação da Comissão a que a agência Lusa teve acesso.

Portugal já foi notificado do procedimento de infracção e tem agora dois meses para responder à carta e corrigir as lacunas identificadas pela Comissão.

Desde Março, Portugal tem em funcionamento um novo portal disponibilizado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que possibilita aos imigrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com processos pendentes até 31 de Dezembro de 2022 obter autorização de residência de forma automática.

Desde então, mais de 154.000 imigrantes lusófonos pediram através do ‘portal CPLP’ uma autorização de residência, tendo já sido emitido o documento a mais de 140.000, segundo o SEF.
(mais…)

A língua do Brasil é a brasileira

Language is a structured system of communication that consists of grammar and vocabulary. It is the primary means by which humans convey meaning, both in spoken and written forms, and may also be conveyed through sign languages. The vast majority of human languages have developed writing systems that allow for the recording and preservation of the sounds or signs of language. Human language is characterized by its cultural and historical diversity, with significant variations observed between cultures and across time.[1] Human languages possess the properties of productivity and displacement, which enable the creation of an infinite number of sentences, and the ability to refer to objects, events, and ideas that are not immediately present in the discourse. The use of human language relies on social convention and is acquired through learning. [Wikipedia]

 

Diz a autora do “post”: «That was exactly what happened to the Portuguese.»Pois foi exactamente o que aconteceu com os portugueses.»)

Bem, não exactamente. Não existe “língua americana”, mas existe — de facto, se bem que (ainda) não oficialmente — língua brasileira. A Língua inglesa é a nacional, adoptada federalmente e instituída nos 50 estados da República Federativa dos Estados Unidos da América do Norte (USA). Salvas as devidas e naturais diferenças de sotaque e mesmo de algum vocabulário específico entre os estados mais a Norte em relação aos do Sul e daqueles mais próximos da costa atlântica, a Leste, face aos da costa do Pacífico, a Oeste, a Gramática da Língua falada e escrita nos USA é a do Inglês canónico — aliás, comum a todas as ex-colónias da Coroa britânica

Isto não sucede, de todo, com a língua brasileira; por motivos políticos e consoante as respectivas incidências históricas (processo de independência, influências linguístico-culturais externas e internas, fluxos migratórios, convulsões geoestratégicas, organização social etc.), a Língua da antiga potência colonial sofreu um processo de erosão, primeiro, de re-construção (não confundir com reconstrução), a seguir, e de pura e simples destruição, por fim, da matriz linguística original. Hoje em dia, a língua brasileira é simultaneamente tão parecida e tão diferente do Português como o são o Galego, o Crioulo de Cabo Verde (por exemplo) ou até o Papiamento, o Patuá ou qualquer dos outros crioulos de base portuguesa espalhados pelo mundo.

Não existem, por conseguinte, a não ser nos discursos de brasileiristas e na conversa fiada de “linguistas” e “especialistas” a soldo (e em saldo), outras “variantes” do Português — Língua oficial — além das de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe; ou seja, nos PALOP. Os casos de Timor-Leste, de Macau e mesmo da antiga “Índia portuguesa” não entram na categoria de “variantes”, dadas as suas exiguidade e particularidade.

O factor comum, logo, unificador, logo, identitário, é o mesmo que regula os vastíssimos e imensamente diversificados espaços da Commonwealth e, também mas não de igual forma, da Francophonie: a Gramática é comum, o vernáculo é estável (se não o fosse, não seria vernáculo), a ortografia — suportando apenas variações pontuais e de pormenor — a mesma. Nada disto sucede com a língua brasileira, o que, pela própria noção conceptual, exclui liminarmente e por definição sequer a possibilidade de aquilo ser uma “variante” da Língua Portuguesa.

Por mais cambalhotas “linguísticas”, por mais malabarismos neo-imperialistas e por mais vigarices que marionetas a soldo (“linguistas”, “académicos”) tentem impingir a papalvos, a verdade é que já nem Jorge Amado ou Chico Buarque, nem Machado de Assis ou José Mauro de Vasconcelos, nem Olavo Bilac ou Jô Soares conseguirão reverter ou ao menos parar o processo — aliás tão natural como a própria marcha da História — de… rompimento linguístico: será mera questão de tempo até que a Língua Brasileira seja oficialmente reconhecida como “língua de trabalho” da ONU e finalmente assumida pelos poderes políticos instituídos no Brasil e em Portugal como sendo aquilo que na realidade o Português e o Brasileiro já são: línguas diferentes. Uma, filha do Latim, europeia e adoptada por alguns países africanos; a outra, trineta (ou pentaneta) da tal filha do Latim, esgarçada pelos próprios brasileiros com a ajuda de italianos, libaneses, japoneses e até dos brasileiros que já lá estavam antes de existir o país Brasil e sequer a ideia de “país” — índios de inúmeras tribos.

How do you explain the inexplicable?

Cátia Cassiano

“In The Eyes Of A Translator”, 28 August 2023

How do you explain the inexplicable? As an entrepreneur, I have a duty of care to my clients. I must provide them with great service, transparency, and all the relevant information they need to make their own decisions. This would be a straightforward task if you work in the legal industry or if you sell a product. You both speak the same language and you both know the desired outcome. What about language service providers? For us, it may be a little more complicated because we are dealing with different languages and cultures and one side might not have any knowledge or contact with the language or culture. So, what do you do?

Making a connection

As linguists, our duty is to make a connection between those two languages and cultures. In other words, that document our client gave us to be translated needs to be converted into something the readers of the other language perceive as native and written for them. This is why we need translators after all!

The broken link

What if there is a broken link in the process? You must solve it and restore that link as soon as you possibly can. This usually happens when there are variants in the languages you are working with. We need to explain to our clients why being aware of these variants is essential to the success of their projects. Because if they don’t have any contact with the language they might not understand that a text in the wrong variant may damage their reputation in that country and that might be a problem for them.

Cultural assassination

This all seems doable. You can explain the diversity of the cultures that speak that language and why the variants might be so different from the main language from which they originated. But, what if the government of that country is the one trying to erase that culture and language, how can you explain it? How do you explain to your clients that the government of the country they are doing business with is trying to assassinate the culture and language of that country? Impossible isn’t it?

This is what is currently happening in Portugal, and that is the situation I and all my colleagues who work with the Portuguese Language have to face. The elected Government signed an agreement without public consultation, forcing the Portuguese to write according to the Brazilian variant of the language. No linguist was consulted, the constituents were not consulted, and no one was consulted. The result was something abhorrent and confusing.

They claimed they wanted to unify the language but all they did was create more division. People don’t know how to write, there are errors everywhere and it is an absolute disgrace. Citizens have been fighting for this for a long time, but the same corrupt politicians who signed this absurd are the ones ignoring the people who put them there!

So how can you explain to your clients why it is essential to respect the language and culture of the country they are doing business with if the government of that country is the first one to do the opposite? I try, I even try to explain what is happening here, but it is so absurd that even that is difficult. Let me try … just think about it … what would you say if you read or someone told you that Rishi Sunak signed an agreement with all other English-speaking countries so the United Kingdom and all other countries start speaking the American variant of English? What would you say about this? What would Kind Carles say about this? That was exactly what happened to the Portuguese. Absurd isn’t it?

[Transcrição integral, com ligeiras alterações apenas no aspecto gráfico.
Acrescentei “links”.]

[tradução]

Como explicar o inexplicável?

Cátia Cassiano
“In The Eyes Of A Translator”, 28 August 2023

Como é que se explica o inexplicável? Como empresária, tenho o dever de cuidar dos interesses dos meus clientes. Tenho de lhes prestar um bom serviço, com transparência e providenciando toda a informação relevante de que necessitam para tomarem as suas próprias decisões. Esta é uma tarefa simples para quem trabalha no sector jurídico ou se vendermos um produto; ambos falam a mesma língua e ambos sabem qual o resultado pretendido. E os prestadores de serviços linguísticos? Para nós pode ser um pouco mais complicado, porque estamos a lidar com línguas e culturas diferentes e uma das partes pode não ter qualquer conhecimento ou contacto com a língua ou cultura da outra. Então, o que é que se faz?

Estabelecer uma ligação

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Os portugueses de Portugal estão em risco?

É “professor catedrático convidado” na “Nova Business School of Business and Economics de Lisboa”[sic], a julgar pelo que se pode ler (em brasileirês, claro) no respectivo CV. Presume-se, dado o facto de o seu nome não estar em Inglês nem em brasileiro, que tenha passaporte português. Pois ninguém diria…

Isto é um brasileiro, só pode ser, de tal forma vinca a sua espécie de patriotismo ferrenho — ou verdadeiro nacionalismo — com tão vigorosas palavrinhas de eterna gratidão à sua pátria, o Brasil.

Devo confessar que nunca tinha lido coisa alguma esgalhada por este fulano — nem faço tensões de voltar a passar por tão excruciante provação — e também que nunca dele tinha sequer ouvido falar, nada, nadinha, nem a mais leve referência; o que aliás é estranho, deve ter sido distracção minha, isto ele há-de estar com certeza referido em inúmeras bibliografias de teses académicas (ah, pois, espera, é que eu cá não leio muito disso, são manias) ou ao menos numa série de artigos de jornal ou em blogs e assim ou, enfim, coisa que o valha. Parece que, além do Expresso, decerto igualmente como convidado, escreve num jornal lá da terra dele — em brasileiro legítimo — sobre temas tão variados como o futebol, o ambiente, a política em geral, os abusos sexuais em particular e outras “praias” verborreicas tão sortidas quanto, lá estou eu a presumir outra vez, maldito vício, divertidas.

Sobre o textículo do indivíduo, desta vez não sobre a bola, os votos, a cachaça ou o Cárnávau, pouco ou nada há a dizer. Não, pelo menos, como comentário — singelo ou por grosso. A saraivada de bacoradas sobre aquilo que em absoluto desconhece — a Língua Portuguesa, principalmente, mas também alguns rudimentos de História de Portugal e ainda, no essencial, os conceitos de decência, urbanidade e seriedade — resulta numa leitura extremamente penosa.

A sua peganhenta bajulação ao Brasil talvez consiga impressionar uma ou outra matrafona das escolas de samba em Portugal, caso alguma das ditas porventura saiba ler.

A sua agressiva obsessão por torcer a realidade até que os factos pareçam encaixar na narrativa laudatória — e claramente neo-imperialista — poderá talvez vir a ser “mérito” suficiente para que o brasileirista mais proeminente da “terrinha” lhe pendure uma medalhinha na lapela, à semelhança do que já sucedeu com a mulher do Lula, igualmente por méritos “culturais” (ou lá o que foi aquilo).

Por fim, a sua insuportável arrogância, que inúmeros tiques típicos dos pseudo-letrados denunciam, inviabilizam qualquer tipo de argumentação minimamente civilizada.

Fica evidentemente ao critério de cada qual, se isto ler, escolher qual a designação, quais os adjectivos qualificativos mais adequados para descrever, resumir, retratar (não confundir com retractar) ou pura e simplesmente escavacar o paleio deste “convidado”. Um módico de pudor e outro tanto de vergonha alheia impedem-me de escarrapachar aqui, por extenso, o que penso do dito e dos seus ditos. Mas palpita-me que os meus botões já devem estar fartos de ouvir palavrões.

O português de Portugal está em risco?

“Expresso”, 20 JULHO 2023

Rodrigo Tavares

Professor catedrático convidado na Nova SBE

A versão da língua falada em Portugal é cada vez mais portuguesa e menos global.

O primeiro compromisso do vice-presidente do Brasil na recente visita a Portugal foi um pequeno-almoço com CEOs de grandes empresas. Quando, na sua intervenção, um dos empresários com nome X fez alusão a uma outra pessoa que, coincidentemente, também se chamava X, o vice-presidente Geraldo Alckmin soltou espontaneamente “seu xará”. A maioria dos portugueses na sala não entendeu a interpolação do brasileiro.

A palavra xará é oriunda do tupi-guarani e significa “aquele que tem o meu nome”. É recorrentemente usada no Brasil. Depois da inhaca e da arapuca dos últimos quatro anos que deixou a democracia brasileira capenga e a economia na pindaíba, ouvir um novo cacique político de Pindamonhangaba a falar sem nhenhenhém nem deixar a peteca cair, cutucando aqueles empresários para investirem no Brasil, enquanto se comia um mingau naquelas cumbucas de porcelana, foi um alento.

São milhares as palavras de origem indígena usadas diariamente no Brasil e desconhecidas em Portugal. Os povos originários brasileiros falam cerca de 300 línguas diferentes. O mesmo acontece com milhares de palavras de origem africana, alemã, espanhola, japonesa e italiana levadas por imigrantes e escravizados.Poxa, já estou briaco com o chope” diz-me um amigo num português brasileiro que assimilou vocábulos castelhanos, italianos e alemães. Foi com ele que aprendi a palavra brasileira banzo, originária do quicongo africano, como substituto de melancolia ou saudades.

Desde a chegada das caravelas em 1500, os portugueses sempre foram estatisticamente minoritários. Entre 1880 e 1930 chegaram a São Paulo quase 4 milhões de imigrantes, a maioria italianos, japoneses e sírio-libaneses. Vivem mais descendentes de italianos em São Paulo do que em Roma. Mais descendentes de libaneses do que em Beirute. É também no estado de São Paulo que reside a maior comunidade de japoneses fora do Japão. No Sudeste e no Norte brasileiros, a língua portuguesa só se sobrepôs à Língua Geral Paulista (a língua dos mamelucos) ou à a Língua Geral Amazónica no fim do séc. XVIII. No início do século XX ainda havia falantes de Língua Geral em São Paulo.

Os idiomas dos 5 milhões de escravizados sudaneses, guineanos-sudaneses muçulmanos e bantus levados para o Brasil também foram parcialmente absorvidos pelo português brasileiro. Não houve necessidade de criarem crioulos africanos no Brasil, como aconteceu no Haiti (kreyòl), Jamaica (patwa jamaicano) ou nas Seychelles (kreolseselwa). Esta riqueza foi estudada por diversos linguistas e historiadores como Rosa Virgínia Mattos e Silva, Yeda Pessoa de Castro ou Marco Lucchesi.

O português brasileiro também conservou sonoridades, construções gramaticais ou vocabulários usados pelos portugueses nos séculos XVI-XIX, mas, entretanto, extintos em Portugal, como botar, safo ou açougue. Ou o uso de próclise (pronome antes do verbo), um dos elementos mais reconhecíveis do português brasileiro. N’Os Lusíadas são dezenas de exemplos, como “Te contei tudo quanto me pediste” (Canto V) ou “Agora tu, Calíope, me ensina” (Canto III).

O português brasileiro não é apenas um armazém de matérias-primas estrangeiras. Também é produtor. Os brasileiros constantemente criam e recriam léxicos, fonologias, sintaxes e morfologias que expressam a vitalidade das diversas sociedades que vivem naquele território. Uma muvuca comunicacional. Adoram perífrases, antonomásias e gerundismos. Por influência africana, por vezes economizam nos plurais (um pastel, dois pastel), não economizam nas vogais (“te-le-fo-ne” em vez de “tlfone”), usam a dupla negação (“não quero não”) ou variam na aplicação das regras de concordância nominal e verbal (“eu vi tu na rua ontem”). Algumas palavras também estão a ficar mais curtas (“independentemente” passa a “independente”, “para” passa a “pra”).

Sobre a obra-prima brasileira “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, que reflecte a plasticidade do português brasileiro, Pedro Mexia escreveu no Expresso: “Dito como se fosse escrito, escrito como se fosse dito, num português meticuloso de arcaísmos, coloquialismos, regionalismos, neologismos, frases cortadas à faca, viradas do avesso, surpreendentes, fulgurantes.” A complexa tradução para o inglês, feita pela australiana AlisonEntrekin, está em execução há pelo menos 6 anos.

“Que criança serelepe”, reage a minha esposa brasileira a uma rapariga irrequieta na rua. A palavra, comum no Brasil, deriva de um esquilo saltitante nativo da Amazónia. Às vezes ela também usa sapeca, com sentido semelhante, oriunda do tupi-guarani. Em 14 anos de casamento, quase todas as semanas aprendo palavras novas documentadas em dicionários brasileiros e ausentes dos portugueses. “O seu vocabulário em língua portuguesa é limitado”, diz-me ela exalando um certo orgulho maroto. Os brasileiros são bambambãs em questões de língua. O Brasil representa hoje um dos mais interessantes laboratórios linguísticos no espaço da lusofonia.
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