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Notícias de Macau

Universidades de Macau e Hong Kong assinam memorando de cooperação

2024-01-10

A Universidade Politécnica de Macau e a Universidade HangSeng de Hong Kong assinaram, hoje, um memorando de cooperação para promover a cooperação na área do ensino superior.

As duas universidades vão passar a cooperar nas áreas de projectos académicos, inovação da investigação científica e formação de quadros qualificados.

As duas instituições de ensino superior iniciarão a comunicação, o intercâmbio e a cooperação de docentes e investigadores e de estudantes, bem como o desenvolvimento de projectos académicos, de investigação científica, de formação, incluindo formação de talentos, e a organização de conferências académicas.

Felizbina Gomes diz que Medalha de Mérito é reconhecimento importante da língua portuguesa

2024-01-11

A Directora do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes considera que a Medalha de Mérito Educativo atribuída pelo Governo é um reconhecimento importante da presença da língua Portuguesa em Macau. Felizbina Gomes sublinhou ainda o aumento do número de alunos de origem chinesa, que representam já cerca de 70% do total de inscritos.

Tradutor da Universidade Politécnica é o mais fiável entre as línguas portuguesa e chinesa

2024-01-11

A base de dados de textos da Universidade Politécnica utilizada para a Inteligência Artificial é a maior base de dados bilingue do mundo. De acordo com os responsáveis do Centro de Investigação dos Serviços de Educação Aplicados em Tradução Automática e Inteligência Artificial, foram arquivados dezenas de milhões de textos em português e chinês.

Alguns dos posts anteriormente aqui publicados sobre a Língua Portuguesa em Macau

«Luso-descendentes asiáticos criticam CPLP»
O bloco terá representantes da Malásia (Malaca), Índia (Goa, Damão e Diu), Sri Lanka, Singapura, China (Macau), Tailândia (Banguecoque), Austrália (Perth), Indonésia (Jacarta, Ambon e Flores), Timor-Leste e Myanmar. [“Hoje Macau”]
Macau, o honorável enclave
Português | Governo avança com fundo de financiamento este ano [“Hoje Macau”]
“Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo
Os mais de 3600 documentos que compõem as Chapas Sínicas e que falam das relações entre Portugal e Macau são agora parte do património documental da humanidade. A decisão foi ontem aprovada pela UNESCO, meses depois da candidatura [“Hoje Macau”]
Macau não adopta o AO90?! Malaca Casteleiro amua…
Acordo Ortográfico, um “não-assunto” mas que já se vai ensinando [LUSA/”Notícias Ao Minuto”]
AO90, o verdadeiro negócio da China
Macau pode ajudar empresas da China a expandirem-se nos países de língua portuguesa [Macauhub]
Portugal e (C)PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa
Renminbi | Portugal e PLP “vão ajudar” à internacionalização da moeda chinesa [“Hoje Macau”]
Mais negócios da China
Secretária-geral pede maior cooperação com sector privado [Fórum Macau]
“A Língua Portuguesa nas suas múltiplas vertentes”
Lusitanistas reunidos pela primeira vez a Oriente para afirmar o papel da língua portuguesa [“Ponto Final” (Macau)]
“Das várias variantes da língua portuguesa”
Curso de Verão de língua portuguesa termina com avaliação “francamente positiva” [“Ponto Final” (Macau)]
Patuá Sâm Assi
Patuá, a língua que Macau deixou ‘morrer’ a troco de “dinheiro fácil [“Jornal Económico”]
Macau é “activo indispensável” na promoção do português
Macau é “activo indispensável” na promoção do português [“Ponto Final” (Macau)]
Português correcto em Macau

Um Acordo, Dois Sistemas [TDM Canal Macau]

Negócios da China
Primeira faculdade de português na China quer aprofundar conhecimento sobre os países lusófonos [Universidade do Porto]
Macau põe a língua de fora
Português | Criticada falta de meios e traduções tardias [“Hoje Macau”, 2 Mar 2023]
Macau, outra “plataforma” do Brasil?
Uma delegação da Universidade Politécnica de Macau visitou diversas instituições do ensino superior do Brasil para promover a “Zona de Cooperação Aprofundada” e a “Zona da Grande Baía” aprofundando a cooperação em inovação e empreendedorismo [Universidade Politécnica de Macau (UPM)]

Um país, um sistema

Como é possível que ninguém se aperceba da relação de causa e efeito ou sequer suspeite das manobras políticas e das movimentações económicas em curso, à conta e sob a cobertura da “língua universáu”? Nem um comentador profissional, e há tanto disso nos canais televisivos “de informação”, na imprensa escrita, nas plataformas virtuais, nas redes anti-sociais, a nenhum deles ocorre a mais ínfima suspeita sobre os verdadeiros negócios da China que se vão traficando? Nem um só jornalista, de entre as centenas de “especialistas” em Tudo&MaisAlgumaCoisa que autopsiam até ao osso e à náusea a mais insignificante “notícia” ou “tragédia” ou “problemática”, a nenhum deles assiste a cena de perder o medo e ao menos fazer umas perguntinhas inocentes?

Muito raramente, decerto por ingenuidade (será?), a alguém surgido da mais completa obscuridade lembra pespegar algures dados e resultados que ilustram perfeitamente — e denunciam espectacularmente — o que é de facto o AO90, para que serve a CPLP e, em suma, quanto vale a tal “língua universáu”.

Um desses lapsus calami foi publicado no passado dia 3, com a cacografia brasileira, no insuspeito diário “Público”.

E indica resultados globais e tudo! Ena, mas que luxo. Ora então vejamos, assim por alto.

  • As trocas comerciais entre “os PLP” e a China atingiram o montante final de US$167,565 (cento e sessenta e sete mil milhões de dólares americanos).
  • As trocas comerciais entre o Brasil e a China montaram no mesmo período a US$138,005 (cento e trinta e oito mil milhões de dólares americanos).
  • Portanto, as trocas comerciais do Brasil representaram 82,4% do total das trocas comerciais entre “os PLP” e a China.
  • Esses 82,4% representam, grosso modo, a (des)proporção entre o Brasil e os restantes países da CPLB, tanto a nível de população (210 milhões para 45 milhões) como de extensão territorial.

http://pgl.gal/xxii-coloquio-da-lusofonia-decorrera-em-setembro-em-seia/Aparentemente, por conseguinte, não terá sido à conta da instauração pacífica do II Império que o Brasil ganhou balúrdios com os chineses à custa dos seus amigalhaços tugas. “Aparentemente”. Como era antes? Quando, porquê e em que circunstâncias terá o “gigante” saltado a Grande Muralha?

Convém espiolhar os outros resultados do artigo e ainda mais consultar relatórios, procurar notícias, cruzar dados, relacionar datas com marcas de timing político.

«Os PLP» é uma espécie de sigla de uso pessoal do autor do artigo agora reproduzido. Refere-se ele, evidentemente, à CPLP, o que significa, na prática, o Brasil, ou seja, a CPLB. Assim como a ingenuidade dos crentes na “lusofonia“, ainda que vagamente divertida, permite enquadrar a questão sem tergiversações, também a credulidade (ou será já a arrogância?) de alguns entusiastas na “causa” brasileirófila facilita enormemente a compreensão daquilo que está em causa e em que consiste, ao certo, o processo de extermínio linguístico iniciado em 1986.

E daí concluir o óbvio. Não é astronomia, física quântica ou engenharia aero-espacial.

A China e os países de língua portuguesa

 

 

 

A China tem-se revelado um parceiro comercial da maior importância para os oito Países de Língua Portuguesa (PLP). Todos têm uma característica comum com a China, o facto de terem o oceano a uni-los e, nos últimos anos, todos têm vindo a celebrar acordos económicos significativos com este país. Os PLP decidiram explorar esses acordos a seu favor, através das respectivas participações na iniciativa chinesa – Uma Faixa e uma Rota (a Nova Rota Marítima da Seda).

Os PLP usufruem de vantagens concorrenciais, beneficiando de um melhor acesso a financiamento, crédito e facilidades económicas da China, pelo facto de terem estreitas relações com a cidade chinesa de Macau (de origem portuguesa). Desde o regresso de Macau à administração chinesa (criação da Região Administrativa Especial de Macau – RAEM em Dezembro de 1999) que o governo central da China tem vindo a promover o desenvolvimento de Macau, nomeadamente, com a criação, em 2003, do Fórum para a Cooperação Económica e o Comércio entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido por Fórum Macau.

A importância do Fórum Macau foi expressamente destacada pelo presidente chinês XiJinping e pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, nas duas reuniões que se realizaram com o Governo da RAEM, em Pequim, no passado dia 21 de Dezembro. Para além da integração de Macau no projecto da Grande Baía de Cantão (iniciativa que agrega 11 cidades, onde se incluem Macau e Hong Kong), o Governo central reforçou o apoio a Macau com o projecto da “Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau”, em Hengqin (Ilha da Montanha), iniciativa que pretende promover a diversificação e sustentabilidade das actividades económicas de Macau, nomeadamente para “contribuir para o novo avanço da integração de Macau no desenvolvimento” da China. Tendo XiJinping referido que “A pátria é sempre o forte apoio para a manutenção da estabilidade e da prosperidade de Macau a longo prazo. Deste modo, o Governo central vai continuar a cumprir firme e escrupulosamente o princípio de ‘um país, dois sistemas’ e apoiar plenamente a diversificação adequada da economia” de Macau.

As trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa foram de US$167,565 mil milhões, entre Janeiro e Outubro de 2021, um aumento homólogo de 40,92%. As importações Chinesas dos Países de Língua Portuguesa foram de US$115,431 mil milhões, um aumento homólogo de 35,12%, sendo as exportações da China para os Países de Língua Portuguesa de US$52,134 mil milhões, correspondendo a 55,69% de aumento homólogo. Podemos constatar que a balança comercial é, globalmente, muito favorável aos PLP, com um superavit de 63,297 mil milhões.

Os valores das trocas comerciais da China com os PLP colocam o Brasil em primeiro lugar, seguido de Angola, Portugal, Moçambique e com valores bem inferiores os restantes países: Timor-Leste, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Desde 2009 que o Brasil tem feito da China o seu principal parceiro comercial, quer ao nível das exportações, quer das importações, substituindo cerca de um século de primazia dos EUA. A imensidão continental do Brasil justifica que ocupe, isolado, o primeiro lugar nas trocas comerciais dos PLP com a China. Só as trocas do Brasil, entre Janeiro e Outubro de 2021, totalizam US$138,005 mil milhões, sendo a balança comercial favorável ao Brasil em US$51,774 mil milhões. Algumas previsões internacionais, nomeadamente do FMI, assinalam as potencialidades económicas do Brasil que, ao recuperar da grave crise pandémica, poderá ascender da actual situação de 12.ª maior economia do mundo, em termos de PIB, em 2020, para a 7.ª e mesmo, a médio prazo, para a 4.ª economia do mundo. Não é assim de estranhar que o Brasil tenha sido escolhido para integrar a plataforma de relacionamento internacional com a China – os BRICS, que partilha com a Índia, a Rússia e a África do Sul.
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‘E depois do adeus’


1. Não conheço Guilherme d’Oliveira Martins. Apenas o vi pessoalmente, umas três ou quatro vezes, entre 2010 e 2012, se bem me lembro, sempre em palestras nas quais Vasco Graça Moura foi o orador.

2. O próprio G.O.M. jamais proferiu, tanto nas ditas palestras como em quaisquer outros eventos, que me recorde, o mais ínfimo comentário — público ou particular, nos “media” tradicionais ou em qualquer outro suporte — sobre a Ortografia em concreto, a Língua Portuguesa em geral e o “acordo ortográfico” em particular.


O AO90 é, de facto, para o Brasil, o verdadeiro, o maior, o mais apetecível e lucrativo negócio da China: a troco de absolutamente coisa nenhuma recebe “de presente” todas as ex-colónias portuguesas. Sem lacinhos a rematar e a abrilhantar os presentinhos, mas com os cumprimentos da gerência, isto é, de Belém e São Bento. A dita gerência (ou Governo) da República portuguesa outorga assim, e portanto, de mão-beijada, ao Brasil, toda a primazia em quaisquer negócios de “cooperação” com as administrações indígenas dos territórios que entre os séculos XVI e XX Portugal colonizou em África e na Ásia.

Está em curso a transferência daquelas que foram as nossas posições de privilégio, já não enquanto potência colonial mas apenas em função do nosso papel histórico nos países que na actualidade resultaram do extinto Império português. Posições de privilégio essas que nos foram concedidas pelos actuais governantes dos referidos novos países, dado o nosso inegável e (aparentemente já não) perene legado histórico. Todas as  grotescas oferendas que a oligarquia ora dominante em Portugal decidiu entregar ao Brasil foram, rápida e nada subtilmente, atiradas para o colo político dessa outra ex-colónia portuguesa, aquela única que sobrou do domínio espanhol na América do Sul (nos termos de um Tratado, note-se).

Ao que parece, segundo a inamovível “lógica” dos actuais governantes lisboetas, existe um total “desprendimento” pelas coisas terráqueas, são uns mãos-largas, ou seja, há que entregar ao Itamaraty, com a cobertura dos “negócios estrangeiros” cá da “terrinha”, quaisquer negócios chorudos ou possibilidades de saque das riquezas naturais de 7 países e 2 territórios (Goa deve estar para breve), entregando aos brasileiros a incumbência “diplomática” de fazer o que lhes apetecer com o molho de chaves da CPLP e quintais adjacentes. Tudo isto, bem entendido, feito pela calada e automaticamente “justificado” pelo “gigantismo” do Brasil, dado o “fato” de eles serem 210 milhões em 240 milhões de “falantes” de uma língua que recentemente re-baptizaram como “pórrtugueiss universáu”, ou seja, a língua brasileira.

O referido gigantismo, conforme aliás a patologia inerente, toma a acromegalia do “país-continente” por legitimamente referendada, implicando a sua suposta “supremacia”, e aceita por democraticamente eleito o “direito natural” do “gigante brasileiro” a apossar-se, por exemplo e por arrastamento, das escolas (ex-)portuguesas de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo-Verde, São Tomé, Timor-Leste e agora, por fim, Macau. E quem diz “língua universáu” e escolas, diz “ensino” e quem diz “ensino” diz liceus, diz universidades, diz diplomas, diz alunos com formação superior, diz altos quadros, diz empreendedores, diz decisores, diz políticos. Todos eles a falar brasileiro fluentemente e a escrever “ao abrigo” do AO90, isto é, segundo uma espécie de transcrição fonética do linguajar brasileiro. Versão “culta”, pois claro, seja lá isso o que for em tão cerrada selva de falares.

Adeus, Macau.

A magia da palavra…

Guilherme d’Oliveira Martins

– www.dn.pt

Fernão de Oliveira, autor da primeira Gramática da Linguagem Portuguesa (1536), alertou: “Não desconfiemos da nossa língua, porque os homens fazem a língua e não a língua os homens”; e João de Barros, quatro anos depois, afirmou que o português “não perde a força para declarar, mover, deleitar e exortar a parte a que se inclina, seja em qualquer género de escritura”. É a língua o nosso mais importante valor civilizacional. Deve, por isso, ser por todos protegida. E como fazê-lo? Falando-a e escrevendo-a bem. Compreendemos, por isso, Fernando Pessoa, num texto muito referido mas pouco compreendido: “Odeio com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon…”

Muito se tem dito sobre o tema. Contudo, do que falamos é de um ato de cidadania, mais do que de questão de gramáticos, como está no Livro do Desassossego. O fundamental é que saibamos comunicar, que nos façamos entender corretamente, tal como nos ensinaram os melhores cultores do nosso idioma. E tantas vezes esquecemos as nossas próprias condições históricas, bem diferentes do caso da língua inglesa, que não necessitou de regulamento ortográfico, porque, como país da Reforma, o rei Jaime I ordenou que fosse feita a tradução da Bíblia em língua vulgar, obra magna que ficaria concluída em 1611. Hoje, continua a ser essa a matriz do falar e do escrever em inglês, como uma das mais belas obras literárias do idioma, criada para ser lida em voz alta nos templos e compreendida em silêncio por cada um dos seus leitores.

A história portuguesa nesse domínio é, como sabemos, assaz diferente. Desde 1911 que o tema se discute, numa longa sucessão de encontros e desencontros.

A República propôs-se simplificar, com substituição, por exemplo, dos dígrafos de origem grega (th, ph) por grafemas simples (t, f) ou com a eliminação do y.

E Pascoaes não se resignou: “Na palavra lagryma, (…) a forma do y é lacrymal; estabelece (…) a harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua expressão psychologica; substituindo-lhe o y pelo i é offender as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mysterio… Escrevel-a com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superficie banal.” Em 1931, foi assinado um primeiro acordo luso-brasileiro, que não foi aplicado. Em 1945, houve novo tratado, mas o Brasil continuou a aplicar o seu vocabulário de 1943. Em 1973, o governo português aboliu os acentos grave e circunflexo em certos casos; e em 1990 houve o Acordo Ortográfico…

Independentemente de controvérsias, temos de tomar consciência de que se trata de um património cultural partilhado, língua de várias culturas e cultura de várias línguas, que terá mais de 500 milhões de falantes no final do século. Temos de cuidar bem desse valor, para que o português seja bem falado e escrito (com os verbos intervir e haver bem conjugados, com o plural de acordo sem ó aberto), sem o massacre dos pronomes; sem erros escusados de uma novilíngua orwelliana – como resiliência em vez de resistência; implementação em vez de execução ou até implemento; evidência em vez de prova; empoderamento em vez de capacitação. Ler ou ouvir grandes escritores é o melhor caminho – disse-o Filinto Elísio: “Aprendei, estudai; / e os bons autores sabereis ter em crédito e valia. / Eles a língua em seu primor criaram / eles no-la poliram.”

Guilherme d’Oliveira Martins – Administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian

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Guilherme d’Oliveira Martins, ex-ministro da Educação: “Negociar a Declaração Conjunta obrigou a coragem”

– Hoje Macau –  hojemacau.com.mo

 

Guilherme d’Oliveira Martins dá amanhã, às 18h30, uma palestra online sobre a relação entre arte e educação na Fundação Rui Cunha. Em entrevista, o administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian e antigo ministro da Educação, que acompanhou a criação da Escola Portuguesa de Macau, revela-se orgulhoso do trabalho feito e lembra as negociações com a China para a Declaração Conjunta como o principal momento da presidência de Mário Soares

Arte e educação. São complementares e fundamentais?

A arte é fundamental, uma vez que se trata da primeira etapa da aprendizagem de qualquer ser humano. Os estudos de psicologia educativa demonstram que o primeiro passo que damos tem a ver com a aprendizagem dos sentidos e das artes. Hoje sabemos que ainda dentro da barriga da mãe uma criança já responde a estímulos musicais, e por isso quando temos educação de infância deparamo-nos imediatamente com o primeiro passo em relação às artes, música e pintura. Quando um dia perguntaram a Sophia de Mello Breyner o que era indispensável numa escola, ela disse: “Poesia, música e ginástica”. O jornalista ficou muito surpreendido, e disse: “Mas, senhora dona Sophia, e a matemática?”. Sophia respondeu: “Acha que é possível distinguir uma redondilha de um alexandrino, ouvir uma pauta de música, sem relacionar a matemática?”. O jornalista ficou esclarecido. Sophia estava a falar da aprendizagem das suas referências mais antigas, a escola grega, que tem todos estes elementos. As artes estão sempre no princípio. E daí a importância que o ensino artístico tem quando falamos daquilo que é uma experiência indispensável, a do diálogo, inovação, da criação e da capacidade de nos conhecermos melhor.

Fala destas questões para um território onde existe a Escola Portuguesa de Macau (EPM), um projecto educativo diferente…

Que eu conheço muito bem. Tivemos a oportunidade de desenvolver um projecto que superou as expectativas iniciais. Sinto um especial orgulho em virtude da qualidade do projecto educativo e dos resultados alcançados. Houve, no início, muitas dúvidas naturais, estávamos próximos do handover e não sabíamos sequer o que iria ser o futuro desenvolvimento da EPM. Daí ter superado as expectativas como um projecto pedagógico de grande qualidade e que vai ao encontro daquilo que são as exigências da contemporaneidade.
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No doubt about it

O que tem a ver com o AO90 um texto sobre a Língua Inglesa escrito por um russo em Inglês?

Bom, tem tudo a ver. Qualquer semelhança entre este argumentário sólido e as tretas acordistas é mera coincidência, bem entendido, seguindo o autor uma linha de raciocínio coerente (e inteligível) que radicalmente difere do discurso errático, polvilhado com “inverdades” escabrosas, que é típico do paleio de Malaca, Bechara, Reis, Canavilhas e outros portadores de mitomania.

E se quanto a semelhanças estamos conversados, já no que diz respeito a diferenças temos apenas esta: não existe a mais leve referência a ortografia. Nem explícita nem implicitamente. Nem claramente expressa nem vagamente aflorada.

O que faz todo o sentido, evidentemente. Tratando-se de anglofonia, falando-se de países anglófonos, analisando-se a (real, efectiva) difusão e expansão da Língua Inglesa, a “questão ortográfica” jamais ocorreria sequer a qualquer anglófono: a ortografia do Inglês permanece intocada há séculos. Aliás, por alguma razão é essa e não outra, hoje em dia e desde há séculos, a única língua-franca universal.

Afinal, vendo bem, este texto tem tudo a ver porque não tem nada a ver.

 

The English Language No Longer Belongs to Britain and America»

Brits and Americans No Longer Own English

By Leonid Bershidsky
“Bloomberg”, 02.03.19

 

The Brexit circus and the unpopularity of President Donald Trump are causing apprehension about the future of the Anglosphere, the cultural, intellectual and political influence of the core English-speaking nations: Britain and the U.S.

As a non-native English speaker who works in the Anglosphere, though, I’m not worried about that; Americans and Brits are merely facing increasing competition from within their accustomed domain rather than from without.

The English language, which has just 379 million native speakers, is spoken at a useful level by some 1.7 billion people, according to the British Council. That has long ensured that U.S. and U.K. voices are heard louder than any others.

There is no indication that the language’s popularity is declining despite the recent damage to the two countries’ soft power. Last year, the British Council forecast that the number of potential learners in Europe will decline by 8.8 percent, or some 15.3 million, between 2015 and 2025. Brexit has nothing to do with this: the expansion of English teaching at schools is expected to cut demand for the organization’s courses. Overall, the market for English in education is predicted to grow by 17 percent a year to reach $22 billion in 2024. That, in large part, is thanks to insatiable demand in Asia.

I learned it in the Soviet Union. I have to admit I did it because of British and U.S. soft power: I wanted to understand rock song lyrics, watch Hollywood movies in the original, and read books that weren’t available in translation. But that wasn’t the reason high-quality instruction was available to me in Moscow in the 1980s: English was the adversary’s mother tongue. Russian President Vladimir Putin is no fan of the U.S. or the U.K., but he has learned their language well enough to speak to other foreign leaders without a translator.

It’s impossible to avoid: 54 percent of all websites are in it. The next most widespread language is Russian, with 6 percent. The most popular translation requests on Google all involve English. The global academic community speaks it, and not just because U.S. and U.K. universities are important: If they all closed tomorrow, scholars would still need a common tongue, and they aren’t going to vote to adopt another one.

Nor will the global political community. The European Union is a case in point: After Brexit, English could lose the status as one of the bloc’s working languages because no remaining members use it officially. Yet the legal departments of all the EU governing bodies have agreed that it can retain its status on the rather thin argument that it’s used in Irish and Maltese law. It’s also the lingua franca for all the Eastern European officials who have never learned French or German. Even after Brexit, it will share with German the status of the most widely spoken language in the EU – that is, as long as one takes into account non-native speakers.

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Português correcto em Macau

CAPÍTULO I

Disposição geral

Artigo 1.º

(Línguas oficiais)

1. As línguas chinesa e portuguesa são as línguas oficiais de Macau.

2. As línguas oficiais têm igual dignidade e são ambas meio de expressão válido de quaisquer actos jurídicos.

3. O disposto nos números anteriores não prejudica a liberdade de escolha, por cada indivíduo, da sua própria língua e o direito de a utilizar na sua esfera pessoal e familiar, bem como de a aprender e ensinar.

4. A Administração deve promover o ensino das línguas oficiais, bem como a sua correcta utilização.

[http://bo.io.gov.mo/bo/i/99/50/declei101.asp]

 

Um Acordo, Dois Sistemas

TDM Canal Macau

«O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é uma realidade no território, apesar de não ter sido oficialmente aprovado. É utilizado há vários anos no ensino, mas não entra nos sectores da administração ou do governo.»