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Línguas e Alfabetos: 5. Impérios e imperialismos

Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa.

Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha. [“Livro do Desassossego”]

The farthest known roots trace back to Proto-Sinaitic, 3800 years ago.It was mainly consonantal and was primarily based on the Egyptian hieroglyphics. From then on, small changes accumulated to give us what the alphabet looks like today. This interesting evolution was beautifully summarized in a poster that was drawn by Matt Baker and spotted by Colossal. Here is what it looks like:

[tradução] As raízes mais distantes conhecidas remontam ao Proto-Sinaítico, há 3.800 anos. Era principalmente consonantal e baseado nos hieróglifos egípcios. A partir daí, pequenas mudanças foram ocorrendo e acabaram por resultar na forma como nos aparece o alfabeto hoje. Esta interessante evolução foi muito bem resumida numa figura desenhada por Matt Baker e localizado pela Colossal; eis o resultado: [/tradução]

[Credit: Matt Baker/Useful Charts]

The Alphabet started to gain the shapeit has today in Archaic Greek, circa 750 BCE. Then, by 1 BCE, the Romans standardized the scrolls into uniform sheets which resulted in the creation of the Latin alphabet. This means that our alphabet was largely done 2000 ago. Writing was simple and too rudimentary back then, it would reach its true potential after two more whole millennia. This would give rise to pieces of writing that would forever change the course of humanity, such as Constitutions, The Origin of Species, A Brief History of Time, etc. We can only imagine what lies ahead. So, using a handful of symbols that we wittingly created, we opened unlimited horizons in front of us..

[tradução] O alfabeto começou a ganhar a forma que tem hoje no grego arcaico, por volta de 750 a.C. Então, por volta de 1 a.C., os romanos padronizaram os pergaminhos em folhas uniformes, o que resultou na criação do alfabeto latino. Isto significa que o nosso alfabeto foi praticamente feito há 2.000 anos. A escrita era simples e muito rudimentar naquela época; atingiria o seu verdadeiro potencial depois de mais dois milénios inteiros. Isso daria origem a textos que mudariam para sempre o rumo da humanidade, como Constituições, ‘A Origem das Espécies’, ‘Uma Breve História do Tempo’ etc. Só podemos imaginar o que está por vir. Assim, usando um punhado de símbolos que criamos conscientemente, abrimos horizontes ilimitados à nossa frente. [/tradução]

[“TheLanguageNerds” – TheEvolutionofTheAlphabet: From 1750 BC to Today.]

https://qph.cf2.quoracdn.net/main-qimg-d521ae60afdd375290d0de772d31ccdb-c

Caracteres Latim/cirílico e respectivos símbolos fonéticos

Se nos ativermos exclusivamente ao tronco indo-europeu, o das famílias de línguas do “velho mundo” — excluindo, portanto, outros sistemas de escrita (ideográfica, pictográfica), como o Mandarim, o Japonês ou o Árabe, por exemplo –, então encontramos a base daquilo que as antigas potências coloniais europeias, com Portugal à cabeça, espalharam por todo o planeta e, em especial, pelo chamado “novo mundo”.

A Conferência de Berlim (1884/85) serviu basicamente para as potências coloniais da época repartirem entre si um Continente inteiro: África. Participaram nesta espécie de reunião de negócios representantes dos países europeus que, de Norte a Sul daquele Continente, ali tinham contingentes de colonos e estruturas de administração: Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, França, Grã-Bretanha, Holanda, Bélgica e Áustria-Hungria; juntaram-se a estes, além dos já então inevitáveis USA, também delegações da Dinamarca, Noruega, Império Otomano, Rússia e Suécia.

As fronteiras de cada uma das colónias não estavam ainda definidas e, portanto, dali resultou que a África foi retalhada segundo os interesses e em função do poderio de cada uma das nações europeias envolvidas; não foram tidas em conta nem as etnias nem as respectivas línguas, do que resultou — o que ainda hoje se mantém — que as fronteiras traçadas a régua e esquadro de determinada colónia atravessavam as fronteiras culturais e históricas das nações que existiam antes do início das diversas vagas de colonização. É por isto mesmo que, se simplesmente olharmos para o mapa político actual, verificamos que existem imensos troços de fronteira em linha recta — Angola e Moçambique, por exemplo, são exemplos flagrantes disso mesmo. Ou seja, eliminando as fronteiras (virtuais) naturais, marcadamente étnicas, línguísticas, históricas e culturais, passaram a existir outras, completamente diferentes… e indiferentes aos povos que separavam ou espartilhavam em fronteiras (reais) físicas, porque políticas e dependendo de interesses económicos estranhos à realidade africana. (mais…)

“Portanto… enfim… é… é fazer as contas”*

«A OGMA completa esta sexta-feira 100 anos, sendo a sexta empresa do sector aeronáutico mundial a cumprir um século. A fundação, as guerras, a Força Aérea e a privatização de 2005 foram marcos na história da empresa.» [Maria João Babo, “Jornal de Negócios”, 29 de Junho de 2018]

«We are an aeronautical company with a long and prestigious tradition. OGMA was created in 1918, however the year of 2005 represented a new era in its history, when the Portuguese Government privatized 65% of the company’s capital
«It was the beginning of a very significant effort to make OGMA more competitive worldwide, expanding to new markets.»
«In 2012, Embraer’s entry in OGMA’s capital meant the creation of a new journey with the OGMA-Embraer partnership joint in one goal: to bring the best of Portuguese industry and engineering to the aeronautical market. Currently, the Portuguese government holds 35% of the company’s capital, with the remaining 65% held by Embraer.» [OGMA (.pt) – “Company Profile”]

«A presença da Embraer no Fórum é um dos destaques do Brasil. O projeto do avião KC-390 da Embraer, que acabou incorporado à Força Aérea Portuguesa, contou com a contribuição do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), o que representou um novo paradigma entre os dois países no campo da cooperação empresarial
«Os investimentos realizados pela Embraer em Portugal, na OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e em duas fábricas no Parque Industrial de Évora, alcançam US$ 500 milhões, tendo gerado por volta de 2.500 empregos diretos e sete mil empregos indiretos, além da cooperação tecnológica em uma área estratégica. Um contrato entre a Embraer e o governo português prevê a entrega de cinco aeronaves KC-390 à Força Aérea Portuguesa. Uma por ano, a partir de 2023, pelo montante de 872 milhões de euros.»
[“O Dia” (Brasil), 23/04/2023 – post ‘Follow the money’]

OE2024 prevê gastar 2.850,1 milhões de euros em Defesa

Global Media Group
tsf.pt, 10 Outubro, 2023
por agência BrasiLusa


O Governo aponta para um aumento de 13,7% do orçamento para a Defesa Nacional.

A proposta de Orçamento de Estado para 2024 prevê uma despesa total consolidada de 2.850,1 milhões de euros para a Defesa Nacional, com destaque para um aumento de 23,8% na Lei de Programação Militar (LPM).

De acordo com o relatório da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), entregue hoje na Assembleia da República, o executivo estima gastar 2.850,1 milhões de euros na Defesa Nacional, o que, comparado com a despesa total consolidada que o executivo previa na proposta de Orçamento para 2023 (2.584,9 milhões), representa um aumento de 265,2 milhões, mais 10,26%.

No entanto, no relatório apresentado hoje pelo Governo, a estimativa de gastos na Defesa até ao final deste ano é um pouco mais baixa do que a inicialmente prevista na proposta para 2023: 2.506,7 milhões.

Tendo em conta estes valores, o Governo aponta para um aumento de 13,7% do orçamento para a Defesa Nacional.

Segundo o mesmo relatório, o executivo maioritário socialista prevê gastar no próximo ano 533,1 milhões de euros na Lei de Programação Militar (LPM), o que representa um aumento de 102,5 milhões de euros face à proposta apresentada em 2023, e equivale a um reforço de 23,8%.

Sobre a Lei de Programação Militar — que foi aprovada no parlamento em Julho e prevê um montante global de 5.570 milhões de euros até 2034 — o Governo detalha que no próximo ano, “dos projectos estruturantes para as missões de soberania e de interesse público destaca-se a aquisição de meios navais e aeronaves e a ampliação das responsabilidades e meios de ciberdefesa”.

No que toca à Lei de Infra-estruturas Militares (LIM), o Governo prevê gastar no próximo ano 22 milhões de euros (valor idêntico à proposta de 2023), e para as Forças Nacionais Destacadas (FND) o executivo estima uma despesa de 75 milhões, mais dois milhões do que na proposta do ano passado.

Os encargos com saúde mantêm-se orçamentados em 21 milhões de euros e os custos com pensões e reformas serão de 86,9 milhões, mais 5,4 milhões de euros do que na proposta de 2023.

O executivo prevê gastar 1.165,8 milhões de euros em despesas com pessoal.

Hoje, nos Açores, a ministra da Defesa anunciou um aumento da componente fixa do suplemento de condição militar em 70 euros, passando de 30 para 100 euros.

O Governo estima uma receita total consolidada de 2.864,2 milhões, o que face à despesa total prevista resulta num saldo orçamental de 14,1 milhões no próximo ano. Para este ano, o Governo estima um saldo orçamental de 104,9 milhões.

No que toca às receitas de vendas de bens e serviços, o Governo salienta “a Força Aérea, com 46,5 milhões de euros de previsão, em parte, relacionada com a expectativa de recuperação de valores a receber” e a Arsenal do Alfeite, S.A., “com uma previsão de 31,7 milhões de euros, essencialmente resultante dos serviços de reparação naval prestados à Marinha Portuguesa”.

O executivo destaca as intervenções previstas na Lei de Programação Militar, “designadamente, contratos de sustentação das aeronaves KC-390 e os montantes afectos a locação das aeronaves militares C-295″.

O investimento ascende a 703,2 milhões de euros, dos quais 449,5 milhões de euros se enquadram no âmbito da LPM, em que se destaca a despesa relativa ao programa de aquisição das aeronaves militares de transporte estratégico KC-390 e a construção de dois navios de patrulha oceânica”, detalha o relatório.

No que toca a investimento financiado pelo PRR, o Governo refere a aplicação de cerca de 68 milhões de euros no âmbito da nova Plataforma Naval, bem como 40,9 milhões de euros para assegurar o financiamento da aquisição de meios aéreos pelo Estado para o DECIR.

Naquele que é o terceiro orçamento do Estado após o início do conflito na Ucrânia, em Fevereiro de 2022, o Governo refere que “Portugal irá assegurar os compromissos assumidos com os seus Aliados e parceiros, nomeadamente, através da projecção de Forças Nacionais Destacadas para o flanco leste da NATO, e no apoio aos esforços de resistência da Ucrânia, dentro das capacidades existentes”.

A proposta de Orçamento do Estado para 2024 foi hoje entregue no parlamento e será debatida e votada na generalidade nos dias 30 e 31 de Outubro.

A votação final global está agendada para 29 de Novembro.

[Transcrição integral. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Inseri imagem do site do governo-geral do 28.º Estado.]

Portugal recebe seu primeiro jato Embraer KC-390, acompanhe o voo

aeroin.net, 18.10.23

«Divulgação – Embraer»

O primeiro país estrangeiro a receber o maior avião fabricado no hemisfério sul, o Embraer KC-390, é Portugal e o voo de entrega está acontecendo nesta semana. A aeronave já havia ido antes a Portugal, mas para demonstrações e análises, agora, no entanto, ocorre a entrega oficial.

Fabricado no Brasil pela Embraer, o KC-390 já é operado hoje pela Força Aérea Brasileira (FAB), que participou ativamente no design do projeto, que visa substituir o LockheedC-130 Hércules no Brasil e no exterior.

Portugal é um dos parceiros de fabricação do modelo, que tem partes feitas em Évora e também é o primeiro cliente da OTAN para a aeronave militar brasileira. (mais…)

Adeus, Goa

Velha Goa, antiga capital da Índia Portuguesa

Quanto aos negócios, pois tende paciência, senhores lusofonistas, isso já está tudo tomado: o Brasil agradece, está claro, se bem que pela calada e em absoluta surdina, e até parece que nos estão fazendo um grande favor quando passam a ocupar, à conta do AO90 e sob o disfarce da CPLP, as nossas posições económicas (e políticas e culturais) um pouco por todo o mundo, nos países e territórios a que outrora aportaram nossos maiores; “do Minho a Timor”, sim, passando por Macau (China) e em breve por Goa (Índia), o novo império dos negócios brasileiros segue pujante e das migalhas sobrantes vão debicando os vendidos tugas, esses galináceos com muito cócórócó na garganta e imenso cocó na cabeça.
[O tubarão fantasma, 23.06,21]

Finalmente, o Brasil declara oficialmente quais são as suas reais intenções quanto à Comunidade dos Países de Língua Oficial Brasileira (CPLB) e assim destapa o verdadeiro significado dos chavões propagandísticos que desde 1996 utiliza para camuflar a “expansão” da sua influência política e, sobretudo, dos seus interesses económicos.

A expressão-chave, agora utilizada pela primeiríssima vez, é “Sul Global”. Certamente, esta estreia mundial — no âmbito da CPLB e, por conseguinte, da “língua universau” — terá surgido por simples lapsus linguae de algum jornalista mais inexperiente nos meandros da alta finança mundial e na avassaladora corrupção que esse milieu envolve.

“Sul Global” é, afinal, uma forma simplista de designar algo extremamente complexo. Tentando reduzir o conceito à sua essência mais elementar e facilmente compreensível, “Sul Global” foi uma fórmula inventada recentemente para rebaptizar aquilo que anteriormente se designava como “Terceiro Mundo” ou “países em vias de desenvolvimento”; mais popular e claramente falando, era o conjunto de inúmeras “repúblicas das bananas” a reboque e/ou sob o domínio da Rússia, da China e da Índia.

Trata-se, portanto do bloco económico oposto ao das grandes potências capitalistas do chamado “Grupo dos Sete” (G7): Estados Unidos da América, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido.

Por contraponto à designação dos países mais ricos, apesar de o G7 carregar um nome que parece tão inócuo como o da colecção homónima de Enid Blyton mas não ter absolutamente piada alguma, o dito “Sul Global” apresenta-se assim para esconder as mesmíssimas pretensões hegemónicas, mas desta vez com outros protagonistas: em vez dos “exploradores” americanos, ingleses, alemães e franceses, o mundo passará a gozar de “amplas liberdades”, imensa “fartura” e não muito mudos “amanhãs que cantam” sob o altruísta jugo da República de Xi Jinping, da República de Putin, da espécie de califado de Narendra Modi e agora, por fim, da “abençoada por Deus” (em pessoa) República Federativa de Lula da Silva.

A este poker de ases juntam-se alguns jokers (África do Sul, Indonésia, México) e uma ou outra dama (Filipinas, Nigéria), tudo escoltado, como sempre sucede no jogo político, por imensos duques e senas tristes. E pronto, é só baralhar e tornar a dar — ou seja, a tirar. Trata-se, portanto, este “Sul Global”, de uma versão revista e aumentada de uma coisa conhecida por BRICS (“tijolos”, no original em Inglês): Brazil, Russia, India, China, South Africa.

No caso particular do B dos tijolos, os negócios vão de vento em pompa, como se vê, não apenas para a “turma” do doutorado pela Universidade de Coimbra, esse primor de sabedoria e cultura (viu?); e também não vão tendo razões de queixa os brasileiristas, lacaios e homens-de-mão que na tugalândia — sempre a expensas da manada contribuinte da “terrinha” — vão desbravando terreno para que nada falte aos “irmãos” deles e, sobretudo, ao seu paizinho “espirituau”.

0 28.º Estado serve como quintal e porta dos fundos de excedentários para a Europa. Timor, S. Tomé e Cabo Verde são três excelentes porta-aviões para a gloriosa Marinha brasileira. Os diamantes de Angola e o gás natural de Moçambique, em especial se ou quando aqueles dois países aderirem à nova versão dos BRICS (mas que grande golpada, realmente, o “metalúrgico” sabe-a toda), até mais ver ficarão em standby. Macau é um enclave que dá imenso jeito como alçapão para verdadeiros negócios da China.

Só faltava mesmo isto: Goa.

Goa sedia o Festival Internacional da Lusofonia

“TV BRICS”, 30.08.23

Após o 53º Festival Internacional de Cinema da Índia (FICI), Goa está pronta para sediar outro evento. Em dezembro, o estado sediará o Festival Internacional da Lusofonia (Comunidades dos Países de Língua Portuguesa, CPLP).

A lusofonia, em sentido amplo, se refere à população de língua portuguesa do planeta: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e Timor Leste. A lusofonia se desenvolveu nos marcos dos quinhentos anos de Império Português.

O festival será aberto com pompas em 3 de dezembro de 2023 por PramodSawant, Ministro-Chefe de Goa, no Durbar Hall da Casa do Governo (RajBhavan). A Ministra de Estado das Relações Exteriores e Ministra de Estado da Cultura, MeenakshiLekhi, será a convidada de honra do festival. O festival foi organizado pelo Ministério das Relações Exteriores, em associação com o Conselho Indiano de Relações Culturais (CIRC) e o governo do Estado de Goa.

Goa possui laços históricos com o mundo de língua portuguesa, fomentados pela presença de instituições culturais portuguesas, como a Fundação Oriente e o Instituto Camões, que promovem a língua e a cultura portuguesas na Índia. O que permite fortalecer os laços econômicos, culturais e interpessoais entre os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O festival contará com apresentações de grupos culturais visitantes dos países membros da CPLP (70 artistas) em diversos locais em Goa, seminários sobre música dos países de língua portuguesa para artistas e voluntários, vários workshops, exposições de fotocópias de documentos históricos, da arquitetura única, do artesanato e do mobiliário de Goa.

Além disso, o LusophoneFoodandSpirits Festival apresentará os laços culinários entre a Índia e o mundo de língua portuguesa. Mesas-redondas sobre “O ingresso da Índia no Sul Global – Em busca de um caminho de aproximação com a CPLP” e “Os laços históricos e culturais da Índia com os lusófonos: retrospecto e perspectivas” não só enfocarão os laços históricos e já existentes da Índia com o mundo lusófono, mas também discutirão formas de maior cooperação.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, também conhecida como Comunidade Lusófona, é um fórum multilateral criado em 17 de julho de 1996, na primeira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Lisboa. Os membros-fundadores foram Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, com a adesão posterior de Timor Leste e Guiné Equatorial. Os países lusófonos abrigam cerca de 300 milhões de pessoas em quatro continentes diferentes (África, América Latina, Ásia e Europa). A Índia entrou para a CPLP como observador associado em julho de 2021.

Como parte da cooperação entre a Índia a CPLP, o Ministério das Relações Exteriores celebrou o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em Nova Délhi, em 5 de maio de 2022, logo após a adesão à comunidade, segundo informa ANI, o parceiro da rede TV BRICS.

Fotografia: istockphoto.com

[Transcrição integral mantendo o brasileiro do original. Acrescentei “links”. Imagem de topo de: “The Business Post“.]

‘Follow the money’

Fechou-se o círculo. Agora, sim, qualquer pessoa pode parar de fingir que ainda não tinha percebido.

À concepção inicial do plano de anexação (1986), através da imposição da língua brasileira (#AO90) a Portugal e aos PALOP, seguiu-se a criação da CPLP (1996), uma invenção integralmente brasileira; conferindo uma aparência de legalidade à ponte aérea que mais tarde teve início, foi assinado um papel baptizado como “Estatuto de Igualdade“; e para garantir que tudo funcionaria sem qualquer engulho, isto é, sem oposição, foi garantida a aprovação sistemática de todos os “acordos” e acções subsequentes (2002); depois de assegurada a aprovação parlamentar (2008) da imposição, da invenção e da aparência de legalidade, ficou por fim lavrada uma coisa a que os acordistas, brasileiristas e vendidos (passe a redundância) chamaram “Acordo de Mobilidade” (2021) — de apenas um sentido — que veio facilitar ainda mais não apenas a dita ponte aérea, como também a operação de export/import em massa de advogados, médicos, dentistas e outros contingentes de pessoal (mais ou menos) especializado, incluindo até os “Bispos” e “Pastores” das inúmeras seitas brasileiras.

Só faltava o “retoque” final, um “fórum empresarial” para “negociar” quantias equivalentes a várias TAP por ano, o que aliás era mais do que previsível. Como reiterada e persistentemente este Apartado tem referido, sempre buscando muito para além das aparências e de forma sistematicamente documentada, a finalidade subjacente às movimentações brasileiristas jamais poderia ser outra que não a de que estamos perante um caso paradigmático de… pura ganância. Ou seja, o disfarce da “língua universau“, a capa da “lusofonia“, a sanha da lusofobia, tudo isso por junto serve apenas para que uns quantos brasileiros obscenamente ricos fiquem ainda mais obscenos e que alguns traidores tugas possam torrar em “putas e vinho verde”, como disse — e bem — Jeroen Dijsselbloem, aquilo que dos brasileiros escorrer como esmola.

Uns e outros pretenderão certamente ser os mais ricos do cemitério (bem, no caso dos tugas, só se forem os mais ricos do talhão), mas aquilo que a ambos os futuros defuntos se deseja é que desfrutem do tempo que lhes resta até que, mais tarde ou mais cedo, se engasguem com a fartura.

Lula participa do Fórum Empresarial Portugal-Brasil nesta segunda

Por O Dia, 23/04/2023
economia.ig.com.br, 23.04.23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta segunda-feira, 24, do Fórum Empresarial Portugal-Brasil: Parcerias para a Inovação. O evento tem início a partir das 10h (horário local) em Matosinhos, na região do Porto, em Portugal. Lula será recebido pelo primeiro-ministro português, António Costa. Também estarão presentes a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto.

As atividades vão reunir cerca de 200 de empresários, metade deles de cada um dos países, que estarão reunidos em seminário empresarial, rodadas de networking e visitas técnicas.

No sábado, 22, após reunir-se com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, em Lisboa, o presidente Lula deu o tom da importância que uma maior aproximação entre empresários brasileiros e portugueses tem para o fortalecimento das relações comerciais das duas nações.

“Temos um potencial extraordinário para dobrar o fluxo de comércio exterior entre nossos países. Podemos ser mais ousados. Permitir que nossos empresários e ministros conversem mais. Discutam mais em busca de perspectivas de futuro no financiamento de nossas indústrias e produtos. O papel de um governante é abrir as portas, mas quem sabe fazer negócio e tem competência para isso são os empresários”, afirmou Lula.

Realizado no Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), o Fórum terá a participação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), coorganizadora do evento. Na abertura, o presidente da Apex, Jorge Viana, deixará uma mensagem aos participantes, que representam setores ligados à inovação em áreas como transição energética, saúde, mobilidade, além de startups. Haverá a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a Apex e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

O seminário, composto por quatro painéis ligados a esses campos, abordará as possibilidades de atração de investimentos bilaterais e debaterá os potenciais a serem explorados pelos dois países. Após o seminário, os cerca de 200 empresários integrarão rodadas de networking em uma programação que ainda terá visitas técnicas a centros de desenvolvimento tecnológico e a uma empresa do país anfitrião ligada à área de mobilidade para cidades inteligentes.

A presença da Embraer no Fórum é um dos destaques do Brasil. O projeto do avião KC-390 da Embraer, que acabou incorporado à Força Aérea Portuguesa, contou com a contribuição do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), o que representou um novo paradigma entre os dois países no campo da cooperação empresarial.

Os investimentos realizados pela Embraer em Portugal, na OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e em duas fábricas no Parque Industrial de Évora, alcançam US$ 500 milhões, tendo gerado por volta de 2.500 empregos diretos e sete mil empregos indiretos, além da cooperação tecnológica em uma área estratégica. Um contrato entre a Embraer e o governo português prevê a entrega de cinco aeronaves KC-390 à Força Aérea Portuguesa. Uma por ano, a partir de 2023, pelo montante de 872 milhões de euros.

Neste Fórum, representantes da Embraer apresentarão algumas de suas inovações urbanas, como o projeto do veículo voador, além do compromisso da empresa com a descarbonização e a transição energética e a promoção de temas como a mobilidade urbana e regional.

Já na área da saúde, o Fórum terá a participação da Fiocruz, que teve a cooperação estreitada com instituições portuguesas durante a pandemia e assinou novos acordos de cooperação neste sábado, durante a Cimeira Brasil – Portugal, que resultou num total de 13 instrumentos de cooperação. Já o Banco do Brasil, que também integra o evento, destacará investimentos em novas fontes de energia, com destaque para energia eólica e o hidrogênio verde, dois campos com enorme potencial brasileiro.

[Transcrição integra, sem correcção automática (jornal brasileiro).
Destaques a “bold” e a vermelho meus. Inseri “línks” internos (a verde)
com as respectivas notas/citações.]

“Do que temos mesmo pena é de não falarmos com o vosso sotaque.»
«O Brasil pode sempre contar com Portugal como verdadeiro ponta-de-lança para trabalharmos para a conclusão tão rápida quanto possível do acordo entre a União Europeia e o Mercosul. E tenho registado a grande determinação do presidente Lula da Silva em tão rapidamente quanto possível podermos chegar a este acordo.» António Costa

Governo quer fechar acordo UE-Mercosul neste semestre, diz secretário

Secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Elias Rosa está na comitiva presidencial de Lula

Por Brasil Econômico, 23/04/2023

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Elias Rosa, disse neste domingo (23) que o governo federal espera chegar a um acordo comercial com a União Europeia (UE) até o fim do semestre.

“O acordo já evoluiu bastante e a expectativa é que fecha este ano. Nosso desejo (do Brasil) é fechar neste semestre”, disse Rosa, que integra a comitiva que participa da 13ª Cúpula Luso-Brasileira.

O bloco europeu exige contrapartidas na área ambiental do governo brasileiro, mas o secretário está confiante no desfecho nos próximos meses.

“Estas exigências nas questões ambientais, dá para superar, porque são fruto do desconhecimento do que já realizamos (neste governo) em termos de legislação ambiental (…) Estas questões ambientais, eu não posso dizer que são barreiras para impedir o acordo, mas muitas vezes são barreiras alfandegárias e aduaneiras. Na proteção agrícola, muito embora seja compreensível, todos querem proteger o seu, mas isso não se justifica quando vemos os dados”, disse Rosa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu neste sábado (22), durante viagem oficial a Portugal, a validação do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

Em declaração ao lado do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, durante a 13ª Cimeira Luso-Brasileira, o chefe do Executivo ressaltou que faltam “pequenos ajustes”, mas assegurou que o tratado será concluído.

“No que depender de mim, a gente vai fazer o acordo União Europeia e Mercosul. Faltam pequenos ajustes que temos condição de fazer”, disse Lula, pedindo também a conclusão de uma “discussão mais séria” para um pacto entre UE e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

“Se depender de mim, a gente vai rearticular a unidade da América do Sul, porque a gente quer provar que juntos nós somos um grande bloco econômico e juntos temos muito mais chances de negociar em igualdade de condições com a União Europeia”, destacou Lula.

[Transcrição integra, sem correcção automática (jornal brasileiro).
Destaques a “bold” e a vermelho meus. Inseri “línks” internos (a verde)
com as respectivas notas/citações.]

Follow the money” is a catchphrase popularized by the 1976 docudrama film All the President’s Men, which suggests political corruption can be brought to light by examining money transfers between parties.” [Wikipedia]

Quinta dos ingleses, Zeitgeist

Uma das ruínas da Quinta dos Ingleses, em Carcavelos

Sem poder pagar aluguel, brasileiras moram em barracas em Portugal

Ganham salário mínimo, mas vivem em área de ricaços. Poupam para sair de uma situação que tem sido comum em Lisboa, cidade mais cara da Europa para alugar um imóvel

Por Gian Amato
O Globo” (Brasil) – “Portugal Giro”, 20/09/2023

“Comprei logo uma de dois quartos, porque eu gosto de conforto”. É assim que Márcia Araújo, de Nova Iguaçu, começa a falar com o Portugal Giro sobre a barraca onde vive acampada em Carcavelos, região praiana de Lisboa.

Ela e a amiga Andréia Machado trabalham fazendo limpeza de apartamentos e entregando marmitas. Conseguem ganhar pouco mais de um salário mínimo € 760 (R$ 3,9 mil).

Há dois meses, no auge da inflação, desistiram de procurar um imóvel digno e individual, que pudessem pagar, e vivem de graça acampadas na Quinta dos Ingleses, endereço nobre e alvo de disputa.

São vizinhas de ricaços, que deixam os filhos para estudar ali ao lado, na Julian’sSchool, apontada como a escola privada mais cara de Portugal.

O terreno da Quinta dos Ingleses, pulmão verde da região, tem um projeto de urbanização aprovado há anos e que prevê a construção de 850 apartamentos e lojas.

Há 20 anos que a população local protesta. O empreendimento travou diante da possibilidade de destruição de 52 hectares de área verde em frente à orla.

Os campistas da quinta são elas, um casal formado por brasileira e português e, segundo as duas, outros 30 brasileiros. A maioria sem dinheiro para viver na cidade com aluguel mais caro da Europa. O dono do terreno, garantem, não incomoda.

— Além da gente, tem brasileiro acampado ou vivendo em trailer. Conheço brasileiro que vive aqui há 11 meses, outros há dois anos — contou Machado, em Portugal desde março e que afirma ter visto CPLP.

As barracas das duas são apenas a parte visível de uma saga. Chegaram como turistas e conseguiram trabalho. Difícil era viver aglomerada e pagar caro por uma cama.

— Dividia um quarto com quatro pessoas por € 230 (R$ 1,1 mil), mas quiseram aumentar para € 280 (R$ 1,4 mil). Para mim, não é vantagem pagar isso. E sem privacidade, com câmeras no corredor. Além de banheiro e cozinha comunitários — disse Álvaro.

Ela conta que chegou a viver por 11 dias em um quarto com seis pessoas, inclusive homens. Abandonou a ideia de tentar alugar um imóvel maior e individual, onde possa receber amigos. Mas só por enquanto, enquanto junta dinheiro morando de graça.

— Vou tentar juntar dinheiro porque quero alugar uma quitinete. E também não desisti de estudar gastronomia, mas não sabia que as faculdades eram tão caras — contou Álvaro, que diz ter feito manifestação de interesse via contrato de trabalho para residir em Portugal.

Machado vive em Portugal há um ano, mas passou a acampar no segundo semestre deste ano. Foi ela que convidou Álvaro e convenceu a amiga que dava para juntar dinheiro.

— Eu pagava € 400 (R$ 2 mil) por um quarto em Cascais. Mais da metade do salário mínimo. Vi uma quitinete por € 600 (R$ 3,1 mil). Mas o dono queria dois meses antecipados e caução. Dava € 1,8 mil (R$ 9,3 mil) no total e à vista. Impossível pagar (…) Fora da nossa realidade — disse Machado.

Agora, Machado quer trocar a barraca por um trailer. Diz ela que consegue comprar um por menos dinheiro do que gastaria em um imóvel:

— E será meu para sempre, ao contrário do imóvel alugado.

Machado saiu de São Paulo para trabalhar como marceneira, sua profissão há 25 anos. Mas afirma ter sido enganada por um empresário, que nem pagou o mês de trabalho:

— Aqui em Portugal, mulher na marcenaria não existe, porque os homens fecham a porta mesmo. Ele disse que teria quarto para eu ficar. Mas depois de um tempo, tive que ir para uma pousada por cinco dias ao custo de € 600 (R$ 3,1 mil).

Ambas afirmam que recebem ajuda dos clientes portugueses. Por exemplo: lavam roupa e tomam banho nas casas deles. Quando não dá, o banheiro público da praia é a saída.

[Transcrição integral, mantendo a cacografia brasileira do original brasileiro. Destaques e “links” (a verde) meus.]

Ocupas na Quinta dos Ingleses

Alberto Magalhães
“Diana FM”, 22.09.23

Situada entre a praia de Carcavelos e a linha férrea Cascais-Lisboa, a Quinta dos Ingleses faz parte das minhas recordações de juventude. Além das instalações da Marconi, enormes edifícios junto à praia, a quinta albergava um enorme pinhal e o colégio St. Julien, que emprestava o seu campo de futebol para os jogos de pais e filhos, do meu bairro na Parede, jogos que terminavam em grandes almoçaradas num dos restaurantes da praia. Chegou o 25 de Abril e, em pleno PREC (processo revolucionário em curso), os edifícios da Marconi foram ocupados por famílias carenciadas, que mudavam assim das suas barracas para instalações que, embora degradadas, lhes davam melhor abrigo e conforto.

Quase 50 anos depois, muita coisa mudou. A Universidade Nova instalou a ocidente, junto à marginal, a sua Escola de Negócios e Economia, mas em inglês claro, e parece haver planos para, substituindo o pinhal centenário onde tantas vezes passeei, construir uma mega-urbanização, que reduzirá de 52 para oito hectares o espaço verde junto à praia de Carcavelos. Mudança radical e que custa a aceitar. Mas pior, por ser sinal aziago do que se passa no país, cinco décadas depois da revolucionária ocupação, a Quinta dos Ingleses volta a acolher gente sem tecto, agora acampados em tendas e roulottes.

Ontem, o pacote “Mais Habitação” foi aprovado pela maioria socialista no Parlamento e o ministro das Finanças anunciou umas medidas que, aliviando as contas de quem tem empréstimos imobiliários a pagar, serão, segundo o Presidente da República, paliativas; e, aparentemente, o programa “Mais Habitação” poderá trazer, como efeito perverso, ainda menos habitação.

[Transcrição integral. Destaques meus. Acrescentei logótipo de St. Julian´s School.]

Fala Portugal

«A crise na habitação está atirar cada vez mais pessoas para as ruas. O Parque dos Ingleses, em Carcavelos, tem recebido novos moradores todos os dias, que se instalam com tendas ou caravanas.»

[Imagem de topo de: “Dinheiro vivo“]