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“Em troca de cerveja” [entrevista]

Da revista “Time Out – Lisboa” (em Português): «As melhores baladas e bares brasileiros em Lisboa»

Antecedentes

Estatuto de Igualdade

Acordo de Mobilidade

Dentistas? Check! Advogados? Check! Médicos? Check!

Puro Sangue Lusitano (cavalos)

“Bispos” e “Pastores” (seitas religiosas)

Estudantes (1, 2, 3, 4, 5)

Uma entrevista super-informal com Luís Paulo Lucas Pinto, músico (percussionista). Nasceu e viveu até à adolescência em Moçambique, veio para Portugal, como outros 800.000 (segundo algumas estimativas), durante o PREC e fez a sua carreira musical principalmente na área da Grande Lisboa, desde meados dos anos 80. Carreira essa que bem parece ter terminado (esperemos que não, é claro) há um par de anos — o que aliás sucedeu com muitos outros músicos, exactamente pelos mesmos motivos — porque é impossível concorrer (e sobreviver) com quem se oferece para tocar “em troca de cerveja”.

Aí ficam adiantadas algumas frases lapidares, o que não obsta de forma alguma a que se oiça a gravação na íntegra. O “entrevistado” diz outras coisas interessantes sobre o impacto da imigração em massa no seu (ex-) sector de actividade; na parte final da gravação, por exemplo, podemos ouvir falar de impostos, recibos verdes, empresariado tuga e, para desfecho, como se processa na prática aquilo a que os nossos governantes chamam “equilibrar as contas da segurança social”: é tudo “por baixo da mesa“.

«Consoante o tempo foi avançando, as vagas de brasileiros cada vez eram maiores. Então o que é que aconteceu? O mercado começou a ficar saturado. Já com os músicos que havia cá. Os brasileiros que vinham, que não tinham qualidade como músicos, como é que eles se intrometeram no mercado? Foi chegar às casas, aos bares, e, em troca de cerveja, portanto, tocarem o samba e…»

«Conclusão: minou o nosso mercado, nosso (portugueses, moçambicanos, angolanos, brasileiros que já cá estavam) e, portanto, nós conquistámos, os valores que nós praticávamos nessa altura, os “cachets” — que não são praticados hoje em dia — os valores que nós praticávamos quando esse fenómeno aconteceu derrubou de tal maneira o mercado de trabalho em relação aos músicos (…), isso combinado de tal maneira que ainda hoje os valores são baixíssimos.»

«Conheço um guitarrista de jazz “de top” que está a dar aulas em infantários.»

«Queria levantar aqui um parêntesis. Queria falar do oportunismo dos donos dos bares, dos comerciantes. Eles é que permitiram, para benefício próprio, eles é que permitiram isto; porque eles enchiam a casa na mesma! Pagavam cerveja! Qual metade? Pagavam cerveja!»

Dumping refers to the practice of exporting goods to a foreign country at lower prices than the price of the same goods in the exporting country’s domestic market. As a result, affordable or cheaper exported goods invade the market in the importing country.” [Wall Street Mojo]

Imagem de sambista (tuga?) a tiritar de frio de: Figueira da Foz mantém desfiles de Carnaval – “Campeão das Províncias” (campeaoprovincias.pt) [Em Portugal existem 25 “escolas de samba”.]

O que faz correr os acordistas?

Por mais que se explique e demonstre, parece não terem ainda ficado claros, em alguns espíritos mais coriáceos os verdadeiros motivos que estão e que sempre estiveram por detrás do #AO90. A algumas pessoas será porventura difícil entender quais as reais finalidades económicas subjacentes e que interesses políticos motivaram os corruptos, vendilhões e traidores que entregaram ao Brasil a Língua Portuguesa.

Reconheçamos, porém, que tão lamentáveis lacunas de entendimento poderão ter resultado, pelo menos em algumas das tais alminhas mais “sensíveis”, do facto de ser realmente inimaginável que semelhante assalto tenha sido planeado e perpetrado mesmo debaixo do seu nariz. Torna-se de certa forma compreensível, caso sejamos minimamente magnânimos (ou caridosos, vá), aceitar que não deve ser nada fácil, para os ditos “distraídos” — e, por maioria de razões, para os 98% de portugueses absolutamente alheados da questão –, sequer conceber a ideia de que tenha sido possível alguns dos seus compatriotas terem ido àquela ex-colónia portuguesa oferecer a Língua nacional. Mas… a troco de quê faria aquela cáfila de bandidos semelhante coisa?

Bem, como tem sido aqui reiteradamente demonstrado, com exemplos práticos, testemunhos, provas documentais e até, quando em vez, perguntando a eventuais leitores se porventura será preciso fazer um desenho — o que implica fazê-lo mesmo, logo de seguida –, o que motiva bandidos é aquilo que, por exemplo, Budd Schulberg, com esmagadora lucidez, associou como um ferrete à mais conhecida das suas personagens: o dinheiro. É isso e só isso, o que faz correr Sammy.

Claro que no caso do #AO90, outro bestseller “mundiau”, o que faz correr acordistas é igualmente o dinheiro, sim, mas com outras, diversificadas e muito imaginativas designações. Tudo depende do câmbio em cada momento: o dinheiro é a figuração por excelência de poder, prestígio e influência, portanto pode ser trocado por tachos ou cunhas — para o próprio “investidor” e para os seus amigos, confrades e familiares –, por ao menos ter a ilusão de ver o seu nome grafado num documento “histórico” (alguns dos que se dizem anti-acordistas não passam de ressabiados que não foram tidos nem achados), ou apenas para publicar um livrinho, um artigozinho de jornal que seja, para exibir-se em palestras, para dar uns palpites nas redes anti-sociais — em suma, para “aparecer”.

Todas estas nuances são extremamente bizarras para qualquer estrangeiro — pudera, uma ex-colónia impor a sua língua ao país ex-colonizador é caso único no mundo e na História universal — e dessa estranheza resultam arrazoados por vezes confusos ou mesmo atabalhoados; sejamos novamente compreensivos, desta vez também para com estes estrangeiros, coitados, que têm de levar — manifestamente, sem compreender coisa alguma, de tão absurda que é a própria terminologia acordista — com “máximas” e dichotes inacreditavelmente imbecis (“língua universau”?, “unificação”?, “norma culta”?, “teimosia lusitana“?) contidos naquela aberração “oficiau”.

15 Fascinating Facts About the Portuguese Language

1. It’s the sixth most spoken language in the world

You probably know that Portuguese is one of the most spoken languages in the world, but did you know that it’s among the top 10 most spoken languages?

With over 200 million native speakers, Portuguese is ranked sixth most spoken language in the world. It’s also the second most spoken Romance language, after Spanish.

The reach of the Portuguese language is connected to its colonial past. Portuguese conquerors and traders brought their language to America, Asia, and Africa. And the rest is, well, history.

2. It’s one of the fastest-growing European languages

The Portuguese language isn’t spoken in such widely-distributed parts of the world only because of its past. Portuguese is also becoming more and more popular, and it’s growing fast.

Many people decide to take Portuguese lessons, and there are many reasons for this. Of course, one of them is the wide reach of the language, so everything is quite connected.

Either way, according to UNESCO, Portuguese might actually become an international communication language. And that’s definitely a solid reason to start learning Portuguese.

3. It’s the official language of 9 countries

If you learn Portuguese, you will be understood in many countries. After all, many people study it as a second language. But Portuguese isn’t only widely spoken and popular – it’s also the official language in nine countries!

Many people believe that Portuguese is the official language in Brazil and Portugal. But it’s also the official language in Angola, Mozambique, Cape Verde, Guinea-Bissau, São Tomé and Príncipe, Equatorial Guinea, and East Timor.

In Brazil, Portugal, Angola, and São Tomé and Príncipe (island country in Central Africa) it’s spoken by the vast majority as a native language, and in others countries, it’s spoken by the minority as a first or second language.

4. Only 5% of Portuguese speakers actually live in Portugal

If you take into account all of the above, it’s easy to conclude that the majority of Portuguese speakers are not from Portugal. In fact, it’s estimated that only 5% of Portuguese speakers live in Portugal.

Brazil is by far the world’s largest Portuguese-speaking nation. And it’s the only Portuguese-speaking country in the Americas. But although more than 90% of people in Brazil speak Portuguese, the language is the most widespread in Portugal.

All in all, the fact that less than 10% of Portuguese speakers live in the language’s country of origin is quite fascinating.

5. European and Brazilian Portuguese is not the same

If you want to take Portuguese classes, you’ll have to decide which dialect you want to learn: European or Brazilian Portuguese. The thing is, although they’re mutually intelligible, they’re actually quite different.

So, what is the difference between Brazilian and European Portuguese? For starters, there are many differences in pronunciation, so they sound different.

Also, some words are spelled differently, and when you’re in Portugal, you’ll have to pay attention to formal and informal speech. There are some differences in the vocabulary too, and that’s perhaps the most obvious difference.

As you can see, although it’s the same language, the difference between the two is distinct, especially if you ask a native speaker.

6. New letters were added to the alphabet recently

Generally, Portuguese is based on the Latin alphabet and comprises 26 letters of which 5 are vowels and 21 are consonants. But there weren’t always 26 letters in the Portuguese alphabet – 3 of them were integrated in 2009.

The thing is, the letters K, Y, and W are only used for loanwords, so up until recently, they weren’t a part of the alphabet, at least not officially. But the new Orthographic Agreement (which standardizes spelling forms) made them a part of the alphabet.

However, they’re still only used for certain words such as foreign places, people’s names, units of measurements (like kilogram), acronyms, and symbols.

7. It’s influenced by Arabic

Another interesting thing about Portuguese is that it’s influenced by the Arabic language. If you’re good at history, you know that in the early 8th century, the Islamic Moors from North Africa and the Middle East conquered Portugal and Spain.

Therefore, until the 13th century and the Reconquista, the official language of the Iberian Peninsula was a form of Arabic. As a result, Arabic had a great influence on Portuguese, and many Arabic words have been adapted into the Portuguese language.

This linguistic mark can be seen in hundreds of Portuguese words, and can still be heard in everyday conversations.

8. It has some super long words

If you think that the German language has very long words, you should know that Portuguese has some unusually long words too.

For example, the longest non-technical word in the Portuguese language has 29 letters – it’s anticonstitucionalíssimamente. But since it means “in a very unconstitutional way/manner”, you won’t use it that often. Probably.

9. Six different endings in each verb tense

If you want to learn how to speak Portuguese, you shouldn’t be worried about learning long Portuguese words. But something that might be a real and more immediate challenge is learning six different conjugations for pronouns.

In Portuguese, each verb tense has six different endings. Unlike English, Portuguese requires you to think about who is performing the action. While in English there are only two options (for instance, run or runs), in Portuguese, there is more than one way to say ‘you’, ‘it’, and ‘they’.

You’ll also have to learn to identify Portuguese verb tenses and moods. So, learning basic Portuguese grammar and building a strong foundation is a must.

10. There are twoways to say “to be”

Another difference between English and Portuguese is that Portuguese has two different verbs for saying “to be”: ser and estar.

The verb ser is used to describe permanent states, whereas estar is used for something temporary or circumstantial (like mood or weather). So, it all depends on the context’s time frame.

11. Portuguese has influenced English

Unsurprisingly, the worldwide spread of the Portuguese language influenced many languages including English. English speakers will find many familiar words in the Portuguese vocabulary.

Some of the most popular English-Portuguese cognates are Animal (Animal), Original (Original), and Real (Real). Also, a lot of English adverbs ending in –ly can easily be converted into Portuguese; Really (Realmente), Naturally (Naturalmente), and so on.

12. It comes from Galicia, Spain

As you already know, Portuguese is one of the most widely spoken languages in the world. But do you know where it comes from?

The roots of the Portuguese language are in the autonomous community of Galicia located in northwest Spain. The Galician language (also known as Gallego) was born in the 10th century, and it’s a combination of common Latin and local dialects. And back in the 14th century, Portuguese emerged as a descendant language.

So, Portuguese and Galician are sister languages, and their native speakers can easily understand each other.

13. Portuguese passport is the fifth most powerful in the world

According to the Passport Index, Portugal has the fifth position in the ranking of the most valuable passports in the world. The Henley Passport Index (HPI) is a global ranking of countries according to travel freedom.

With the Portuguese passport, you’ll have visa-free access to 187 countries. So, it’s fair to say that Portugal has valuable citizenship. And although this fact is more related to the country than to the language, the fact that Portugal is in the same ‘passport’ group as the UK, France, and Ireland is quite amazing.

14. It’s very romantic

Besides being popular and useful, Portuguese is also quite romantic. The Portuguese language has a lot of vowel sounds, and its consonants have a percussive quality to them. Also, native speakers use a lot of intonation in their speech.

All of that makes the Portuguese language very unusual but also smooth and intriguing. In our opinion, it’s definitely one of the most beautiful and romantic languages in the world.

15. Portuguese has some unique words

Another thing that makes Portuguese very interesting (and romantic) is that Portuguese has certain words that are unique to the language.

You’ve perhaps heard of the word saudade – it’s used for the feeling of melancholy, desire, and nostalgia. And having unique words that are hard or impossible to describe in another language is quite fascinating.

Final Thoughts

We hope these interesting and fun facts about Portuguese helped you realize how amazing this language actually is. It’s beautiful and unusual, and it’s spoken all around the world.

And if all of this also inspired you to start learning Portuguese, you can check out our reviews of the best apps to learn Portuguese and the best online Portuguese classes.

Linguatics

Written By Jessica Knight

Founder of Linguatics. Passionate multilinguist.

[Transcrição integral. Acrescentei “links” (a verde).]


[tradução]

15 Factos Fascinantes sobre a Língua Portuguesa

1. É a sexta língua mais falada no mundo

Provavelmente sabe que o Português é uma das línguas mais faladas no mundo, mas sabia que está entre as 10 línguas mais faladas?

Com mais de 200 milhões de falantes nativos, o Português aparece por vezes classificado como sendo a sexta língua mais falada do mundo; e também como a segunda língua românica mais falada, a seguir ao espanhol.

A difusão da Língua Portuguesa está ligado ao seu passado colonial. Os conquistadores e comerciantes portugueses levaram a sua língua para a América, Ásia e África. E o resto é, bem, o resto é História.

2. É uma das línguas europeias que mais crescem

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‘Não serve rigorosamente para nada’ [jornal “Folha 8” (Angola)]

“CPLP não serve para rigorosamente nada”

jornalf8.net, 27.08.23

O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje a abertura das cimeiras da CPLP aos jovens, por forma a evitar que a organização se torne, naquilo que os jovens já sabem que é há muito tempo, uma “relíquia do passado” ou uma “montra de personalidades”. Ou, como dizia Vasco da Graça Moura há mais de dez anos, uma espécie de organização fantasma, “que não serve para rigorosamente nada”, a não ser “ocupar gente desocupada”.

Por Orlando Castro (*)

Intervindo na 14ª Conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu hoje São Tomé e Príncipe, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a “maioria crescente de jovens” nesta organização. Uma no cravo outra na ferradura, a grande especialidade estratégica de Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente português defendeu que a CPLP deve “não só trabalhar para a sua sustentabilidade, como dar-lhes mais e mais rápida voz activa, participação nas cimeiras, em cimeiras suas entre as nossas, na atrasada formalização do seu fórum, mas sobretudo na transformação da sua vida e do seu papel comunitário, feito de qualificação, emprego, condições sociais, intercâmbio, mais acelerada mudança geracional”.

“Os jovens têm de sentir que comunidade é sua, não e só daqueles que a lançaram ou que a governam hoje. É deles também e cada vez mais e faz a diferença nas suas vidas”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado português referiu que em 2026, quando se celebrar o 30º aniversário da CPLP, “terão de ser novas gerações, senão liderantes na comunidade, pelo menos determinantes em parte essencial da sua liderança”.

“Falo das mulheres e dos homens nascidos na viragem para este século, imediatamente antes ou imediatamente depois. Quero vê-los aqui, nestas cimeiras, senão na primeira fila, na segunda, na terceira ou na quarta, ou na assistência, nos convidados”, desafiou.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “só assim a CPLP não correrá nunca o risco de se converter numa relíquia do passado ou numa montra de personalidades de uma arena política e mediática, cada vez mais distante dos nossos povos e dos nossos jovens”.

“Não deixaremos que assim seja, não falharemos o nosso encontro com o futuro”, garantiu Marcelo Rebelo de Sousa. E como todos sabemos, se garante é… mentira.

Acabem com a CPLP a bem da Lusofonia

Em Fevereiro de 2012, a CPLP inaugurou a sua nova sede em Lisboa, um espaço maior e com mais funcionalidades, que os seus dirigentes acreditavam permitiria abrir a organização à sociedade.

Segundo Vasco Graça Moura, na altura o novo presidente do Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém, “a CPLP é uma espécie de fantasma que não serve para rigorosamente nada, que só serve para empatar e ocupar gente desocupada

sede da CPLB (Lisboa, Portugal)

O novo espaço, que ocupa o Palácio Conde Penafiel, na zona do Largo do Caldas, na baixa de Lisboa, inclui auditório, biblioteca e centro de documentação, além de salas de reuniões, gabinetes de trabalho e um salão nobre, onde serão recebidas entidades oficiais.

“Fica facilitada a nossa intenção de promover um contacto mais directo com a comunidade”, disse na altura o secretário-executivo da organização, Domingos Simões Pereira, adiantando que a ideia era atrair a comunidade académica e promover encontros com as várias comunidades lusófonas que vivem em Portugal.

“Este conjunto de movimentos deverá permitir que a CPLP seja mais conhecida e esteja mais presente no dia-a-dia dos cidadãos”, considerou, lembrando que as anteriores instalações, na Lapa, não ofereciam condições para estas iniciativas.

Ao longo dos primeiros 15 anos de existência, a CPLP, criada a 17 de Julho de 1996, pretendeu (embora sem êxito) afirmar-se como organização de concertação politico-diplomática e de cooperação, sendo frequentemente criticada por não conseguir chegar às sociedades dos oito países membros.

“Gostávamos de ter ido bastante mais rápido, mas (…) era preciso estruturar a organização, era preciso que fosse reconhecida nos espaços oficiais para que hoje possamos sentir que temos oportunidade de nos aproximarmos da comunidade”, disse.

A cerimónia inaugural da nova sede, presidida pelo Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, contou com a presença do vice-presidente de Angola, Fernando Piedade dos Santos, em representação da presidência angolana da organização.

Participaram também na sessão o primeiro-ministro português, Pedro Passo Coelho, e os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

E sendo a CPLP uma Comunidade dos Países de diversas Línguas, entre as quais a Portuguesa, não admira que enquanto Timor-Leste queria abandonar o português, outros queriam entrar, mesmo que o que pensam da nossa Pátria comum (a língua) seja igual a zero. São disso exemplos, Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia (hoje Essuatíni) e Ucrânia.
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Pedaladas do camisola amarela (e verde)

Está já muito perto do fim o périplo mundial do presidente da “língua universau” brasileira pelos quintais da CPLB. Alguém na comitiva ter-se-á porventura esquecido de encaixar Moçambique na corrida mas, ainda que em versão acelerada, Lula já quase completou a sua volta a meio mundo e, ao que parece, com pleno sucesso. Só falta o “quase”; já lá vamos.

O objectivo primordial da invenção da CPLB, sob o pretexto do #AO90 (a “tau língua universau”), sempre foi Angola — ou seja, o petróleo, o gás natural, os diamantes de Angola — e portanto faz todo o sentido, segundo a cartilha rascunhada nos anos 80, que Luanda tenha sido uma etapa decisiva. Recorde-se que anteriormente, e de enfiada, este colosso dos direitos humanos e da transparência política aterrou na “terrinha”, “por mero acaso” em pleno 25 de Abril, a seguir passou por Bruxelas, à conta do Mercosul,, ao que se seguiu Cabo Verde — uma etapa simbólica, digamos assim, espécie de prólogo para a subida ao Monte da Graça, essa montanha de primeiríssima categoria, ou seja, como já foi dito, a terra das línguas Kimbundu, Umbundu, Chokwe e Kikongo: Angola.

Tudo mais do que previsível, portanto, até o traçado desta volta a meio mundo, cada uma das etapas. Tudo previsível e, aliás, mais do que previsto, aqui mesmo, por diversas vezes, a última das quais vem a propósito reproduzir.

De enfiada, logo após a tomada de posse como soba supremo da CPLB (Portugal, Cabo Verde, São Tomé, Guiné-Bissau, Moçambique, Macau, Timor e Angola), numa vergonhosa cerimónia realizada em pleno parlamento “português”, soma-se agora a simulação de “negociações” com o eixo franco-alemão e, para fechar com chave de ouro (literalmente) a peregrinação do “metalúrgico”, seguir-se-á a “visita de Estado” a Angola, cuja resistência à pax brasiliensis e à sua colonização linguística poderá fazer subir exponencialmente os valores envolvidos para que o preço certo mais uma vez possibilite o aperto de mãos que marca o negócio fechado.

E pronto, agora é que entra o tal “quase” que faltava. Também não custava nada adivinhar, até por simples palpite. Será logo a seguir à Cimeira dos BRICS, que terminou ontem, 24 de Agosto de 2023: o “quase” é a viscosidade que escorre da imagem seguinte.

Ora aí está a sequência completa: Portugal (28.º Estado), Bruxelas (UE), Cabo Verde (porta-aviões), Angola (minas), BRICS (aliados “democratas”), São Tomé (Cimeira da CPLB). E fecha o círculo, digo, o circo.

Será bonita a festa, pá?

jornalf8.net, 24.08.23

Pelo menos 11 acordos de cooperação deverão ser rubricados no quadro da visita de Estado do Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, a Angola, segundo revelou o embaixador do Brasil em Angola, Rafael de Mello Vidal, à saída de um encontro de trabalho com a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira. Em Angola Lula vai pensar: Que se lixem os direitos humanos, a democracia e as regras de um Estado de Direito. Há valores mais altos e, na circunstância, os que sofrem até não são brasileiros…

De acordo com o diplomata, trata-se de acordos nos domínios da agricultura, saúde, educação inclusiva, transportes, criação de pequenas e médias empresas, processamento, tratamento e transferência de dados da administração pública, bem como apoio recíproco a candidaturas em instituições internacionais.

Rafael de Mello Vidal adiantou que os presidentes João Lourenço e Lula da Silva deverão lançar, durante a visita do Estadista brasileiro, o Programa de Desenvolvimento Vale do Cunene, por ocasião do fórum económico e empresarial, sublinhando que o fórum contará com a participação de 500 empresários, dos quais cerca de 170 brasileiros integrantes da comitiva presidencial brasileira.

Rafael de Mello Vidal afirmou que sobre a mesa estarão, igualmente, questões ligadas aos domínios de defesa e paz, construção de estaleiros navais, exportação de embarcações e a formação de efectivos militares angolanos para participar de missões da ONU.

O embaixador disse estar já em preparação, no seu país, a primeira força angolana de deslocamento rápido para trabalhar em missões da ONU.

Anunciou também a pretensão do Brasil construir, nos próximos tempos, um consulado geral em Angola para atender a procura de vistos para o seu país, que cresceu 760 por cento, nos últimos três anos. O quadro actual, prosseguiu, recomenda o reforço da missão por viverem actualmente em Angola perto de 27 mil brasileiros, a maior comunidade no continente africano, seguida da África do Sul, com três mil.

Considerou que a visita do Presidente Lula da Silva servirá para renovar o acordo de parceria estratégica entre os dois países, rubricado em 2010. Na ocasião, Rafael Vidal informou que será retomado o grupo de amizade parlamentar Brasil/Angola.

A cooperação entre Angola e o Brasil começou a desenhar-se a 11 de Junho de 1980, com a assinatura do Acordo de Cooperação Económica, Científica e Técnica.

No âmbito desse acordo, os dois países desenvolveram a cooperação bilateral nas áreas da saúde, cultura, administração pública, formação profissional, educação, meio ambiente, desporto, estatística e agricultura.
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Tanto mar que separa a gente, cara

Nem vale a pena gastar tempo e feitio a comentar mais este folheto propagandístico.

Na transcrição do textículo inseri algumas ligações a posts anteriores, com citações apensas. Isto deve chegar e sobrar para “comentar” aquilo que já foi por diversas vezes aqui comentado e outras tantas documentado: existem portugueses que — literalmente — trabalham para o Brasil. Correndo as despesas por conta do Estado português, evidentemente. Portanto, à custa de todos nós.

TANTO MAR | Encontros com Alexandra Pinho

SESC – São Paulo (Brasil), 01/06/2023

DIRETORA DO INSTITUTO CAMÕES, ALEXANDRA PINHO NAVEGA PELAS SEMELHANÇAS E PELO OCEANO DE DIVERSIDADE QUE FORTALECEM A CONEXÃO ENTRE BRASIL E PORTUGAL

POR MARIA JÚLIA LLEDÓ

Para além da revisão histórica que vem atualizando as relações entre o Brasil e outros países lusófonos com Portugal, pontes vêm sendo criadas por uma frutífera produção cultural. A língua portuguesa, em toda sua diversidade e plasticidade, é o oceano pelo qual navegamos. Conselheira cultural na Embaixada de Portugal no Brasil, Alexandra Pinho ocupa, desde 2018, a direção do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, em Brasília, onde atua na promoção do diálogo entre os países por meio de ações culturais.

Lula da Silva “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra — Março 2011

Um trabalho realizado em conjunto com instituições públicas e privadas não só para a valorização e difusão da língua portuguesa, mas também para a produção de conhecimento e fomento cultural. “Eu olho para o Brasil e vejo um país vastíssimo, construído com muita diversidade, com várias identidades que se cruzam e, portanto, o primeiro grande desafio é procurar entender a melhor forma de cooperação nas diferentes áreas geográficas, e como podemos estar presentes sempre em parceria”, explica a diretora do Instituto Camões.

Neste Encontros, Alexandra Pinho, que é licenciada em línguas e literaturas modernas pela Universidade de Coimbra, e mestre em estudos alemães pela Universidade Nova de Lisboa, aborda o reconhecimento das diversidades culturais que abraçam a língua portuguesa, reflete sobre as conexões entre Brasil e Portugal e mira novos caminhos à vista.

PRÊMIO CAMÕES

O galardão mais importante das literaturas em língua portuguesa é um prêmio binacional, ou seja, é dado pelo Brasil e por Portugal de forma absolutamente paritária e, em 2019, como sabemos, Chico Buarque foi o escritor, cantor, compositor escolhido, mas não foi possível chegarmos à cerimônia de entrega do diploma [quatro anos depois, em 23 de abril de 2023, Chico Buarque recebeu o prêmio em cerimônia realizada em Lisboa]. Neste último 5 de maio, ocorreu a entrega do Prêmio Camões à querida Paulina Chiziane, galardoada de 2021. Trabalhei cinco anos como diretora do Camões em Maputo [capital de Moçambique, no leste do continente africano] e tive a oportunidade de conhecer Paulina, a primeira mulher moçambicana negra a receber este prêmio. Uma mulher que é um exemplo, sobretudo para as meninas em Moçambique, ao mostrá-las a possibilidade da emancipação. É muito importante que haja esse reconhecimento público daquilo que significa termos figuras nos diferentes países de língua portuguesa que nos representam, criam pontes e estão presentes em várias gerações. São pessoas que nos ajudam a compreender melhor o lugar onde estamos e a olhar também para o outro.

PELA COOPERAÇÃO

O Instituto Camões tem três pilares de atuação. Um na área da cooperação, que tem na Agência Brasileira de Cooperação (ABC) a sua congênere mais direta – e estamos a falar de cooperação para o desenvolvimento, em especial atenção para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas também Timor Leste [único país lusófono do continente asiático], nas áreas, sobretudo, de educação, saúde e cultura. Temos uma segunda vertente de atuação na área da língua portuguesa, tanto no que diz respeito à difusão da língua em países que não falam português, quanto na formação de professores nos países de língua portuguesa em África e Timor Leste, bem como uma atuação muito especial no Brasil através da rede de Cátedras Camões. O terceiro pilar é a cultura, que é transversal aos outros dois pilares. Eu olho para o Brasil e vejo um país vastíssimo, construído com muita diversidade, com várias identidades que se cruzam e, portanto, o primeiro grande desafio é procurar entender a melhor forma de cooperação nas diferentes áreas geográficas, e como podemos estar presentes sempre em parceria, e da melhor forma, tanto em São Paulo quanto em Sergipe, em Belém e outras cidades. Assim, a atuação [do Instituto Camões] no Brasil está muito ligada à vertente da língua portuguesa enquanto língua que nos ajuda a compreender o mundo e a produzir conhecimento.

[vídeo]
Podcast realizado em abril de 2023, com mediação de Thaís Heinisch. Edição: Tiago Marinho

COMO ONDAS

Eu vejo [as aproximações culturais entre Brasil e Portugal] como as ondas do mar: às vezes chegam mais perto, e às vezes afastam-se um pouquinho, mas o mais importante é sabermos que as ondas existem constantemente, que esse mar está lá e que é para ele que importa olhar, e não necessariamente para momentos específicos. Evidentemente que temos que estar atentos ao momento, e ele é fundamental, mas aquilo que para mim é um grande ensinamento ao longo destes anos no Brasil é que, de fato, há um fluxo permanente que não pode ser mensurável. A grande questão é não pensarmos que já vimos tudo. Isso eu acho que é fundamental para mim: perceber que conheço alguma coisa, mas tem muito para continuar a conhecer. Essa continuidade de troca, esse permanente olhar, é muito relevante.

PERTO E LONGE

Quando cheguei a Praga [capital da República Tcheca], onde também trabalhei, efetivamente tive a noção do que é estar num país estrangeiro, de uma língua que é uma barreira até conseguirmos nos comunicar, de uma base cultural bastante distinta. No Brasil, não é assim. Quando visitei Minas Gerais, a imagem mais forte é a chegada a Ouro Preto, que tanto se assemelha com a paisagem do norte de Portugal. É a mesma, mas é diferente. E eu acho que é essa tensão, essa aproximação e, ao mesmo tempo, essa diferença que é tão enriquecedora para nós. Acho que também por isso os brasileiros se sentem tão acolhidos ou querem ir a Portugal. Porque, de fato, não há esse estranhamento inicial, esse choque e barreira. Essa diferença vai se tornando clara à medida que dialogamos, que vemos, que conhecemos, que procuramos entender o lugar onde estamos.

REVISÃO HISTÓRICA

Há agora uma questão muito importante, de olhar para a África, a África independente, os países independentes, os países que têm seu lugar, sua voz, seu destino nas mãos. Isso é um processo que está em curso em Portugal e que significa revisitar a nossa história. Nem sempre é um caminho de progresso, às vezes temos que parar, refletir, aprofundar e perceber o que é que estamos a fazer. Por exemplo, a importância do teatro na programação do Mirada [Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, cuja sexta edição foi realizada pelo Sesc São Paulo, em setembro passado], ao trazer grupos como o Teatro do Vestido, que refletem de uma forma sistemática sobre a questão colonial, a herança colonial. É fundamental que seja apresentado em Portugal, e várias companhias têm feito esse trabalho para trazer alguma proximidade com este assunto, e que não seja apenas colocado na esfera política, mas também possa ser sentido. A arte, a cultura, nos ajudam a pensar e a sentir.

PELA MÚSICA

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