Etiqueta: Público

Artigos do e referências ao jornal “Público”. Indicações de interesse público. Referências e expressões contendo o termo “público”.

Bastonadas ou bastam nadas?

Já havia antecedentes. Isto não é “só” um conflito entre os advogados portugueses e os brasileiros. Muito menos se trata, como é evidente, apesar de haver alguma relação com a mudança do bastonário português, de simples “turras” entre os bastonários da Ordem dos de cá e a Ordem dos de lá.

Por mais que os brasileiros se escudem em manobras de vitimização e alardeiem a sua prepotência — que presumem ser de inspiração divina e de direito natural, dado “eles serem mais de 220 milhões e nós sermos só 10 milhões” –, mais tarde ou mais cedo os portugueses em geral e as suas estruturas profissionais em particular chegarão à mesma conclusão, aliás a única possível: não existe igualdade alguma entre duas partes quando uma delas é 22 vezes maior do que a outra. Ora, como decorre da premissa básica e é condição inerente essa gigantesca desproporção, se a igualdade está per se arredada da equação, então muito mais excluída está sequer a noção de “reciprocidade“.

Os diversos “acordos” entre Portugal e Brasil que se sucederam em catadupa ao pretexto comum a todos eles, o #AO90 da “língua universau” brasileira, tiveram por única finalidade aportar benefícios acrescidos aos brasileiros; e, por consequência, até pela sua própria natureza (bajulação, subjugação, vassalagem aos neo-bwana), zero benefícios para a parte portuguesa.

E ainda estamos para ver, seguramente não há-de faltar muito, que outras Ordens de profissionais altamente qualificados (por exemplo, a Ordem dos Médicos ou a Ordem dos Arquitectos) finalmente acordem para a realidade: os acordos parcelares — com ainda mais benesses garantidas à parte brasileira nos convénios “generalistas” (Estatuto de Igualdade e Acordo de Mobilidade) — acabam não apenas por ser inúteis como até se tornam prejudiciais para as respectivas classes profissionais portuguesas.

Bastonário dos Advogados brasileiro ataca Ordem portuguesa: “Mentalidade colonial já foi derrotada”

Ordem dos Advogados do Brasil diz ter sido apanhada de surpresa com rescisão unilateral de acordo de reciprocidade. E irá tomar “todas as medidas para defender os direitos” destes profissionais.

Ana Henriques

“Público”, 5 de Julho de 2023

O bastonário dos Advogados brasileiro, Beto Simonetti, acusa o seu homólogo português de “mentalidade colonial”, na sequência do fim do acordo de reciprocidade que permitia aos advogados daquele país trabalharem em território nacional e vice-versa, em condições mais favoráveis do que o habitual.

Em comunicado emitido nesta terça-feira ao final do dia, o bastonário diz-se surpreendido pela decisão da Ordem dos Advogados de Portugal de romper unilateralmente o convénio que vigorava desde 2009, numa altura em que as duas partes negociavam há meses o seu aperfeiçoamento, “uma vez que a realidade demográfica, social, legislativa e jurídica dos dois países evoluiu” na última década e meia.

“Durante toda a negociação, a Ordem dos Advogados do Brasil opôs-se a qualquer mudança que validasse textos imbuídos de discriminação e preconceito contra advogadas e advogados brasileiros”, assinala Beto Simonetti. Afinal, acrescenta, “a mentalidade colonial já foi derrotada e só encontra lugar nos livros de História, não mais no dia-a-dia das duas nações”.

Recordando que a cooperação entre os dois países tem resultado em inúmeros benefícios para ambas as partes, o mesmo responsável diz que tomará “todas as medidas cabíveis para defender os direitos dos profissionais brasileiros aptos a advogar em Portugal ou que façam jus a qualquer benefício decorrente do convénio”.

Ainda assim, Beto Simonetti afiança que procurará retomar o diálogo sobre a questão, respeitando a autonomia da Ordem dos Advogados portuguesa e tendo em conta que ela “enfrenta dificuldades decorrentes de pressões governamentais.”

Dos cerca de 34 mil profissionais inscritos em Portugal, 5122 são brasileiros, segundo dados da Ordem dos Advogados. Já a justiça brasileira conta com quase 2000 advogados de nacionalidade portuguesa.

O regime de reciprocidade permite a inscrição de advogados brasileiros com dispensa da realização de estágio e da obrigatoriedade de realizar prova de agregação. Os profissionais devem ainda apresentar mais de uma dezena de documentos necessários para a inscrição e pagar uma taxa de 300 euros.

Representantes das duas organizações discutiam o assunto desde Fevereiro, com os portugueses a justificarem revisão do acordo com a necessidade de “cada país garantir a qualidade e elevada capacidade técnica dos profissionais que exercem a advocacia”. Esta quarta-feira a Ordem sediada em Lisboa revelou ter vindo a receber “inúmeras queixas” contra a actuação de advogados brasileiros, incluindo de outros países da União Europeia onde passaram a exercer ao abrigo do acordo com Portugal, por falta de conhecimento das regras do sistema romano-germânico.

A legislação brasileira é completamente diferente, tem uma natureza quase norte-americana“, observa a bastonária portuguesa, Fernanda Almeida Pinheiro. Que considera inqualificáveis as acusações de colonialismo e xenofobia lançadas pelo seu homólogo. Mais: garante que Beto Simonetti esteve mesmo para assinar, no final do mês passado, uma nova versão do documento que previa que deste lado e do lado de lá do Atlântico estes profissionais passassem a ter de se submeter a três exames, de processo civil, processo penal e deontologia. Caso chumbassem, teriam de fazer um estágio de ano e meio com um advogado. “O bastonário tinha concordado com tudo isto”, assegura. “Ligou-nos à meia-noite do dia da assinatura do acordo a dizer que não poderia vir porque estava num congresso. Nunca nos informou de que não concordava com o seu conteúdo”.

Quando ainda era bastonário, o antecessor de Fernanda Pinheiro, Menezes Leitão, mostrou-se favorável ao convénio, com algumas ressalvas: “Tem sido benéfico para ambos os países, tendo surgido apenas algumas dificuldades devido à falta de formação dos profissionais sobre as regras específicas de cada um dos ordenamentos” jurídicos. O principal desafio, observava, estava na necessidade de formação à chegada, “porque depois os brasileiros integram-se sem dificuldade”.

Reconhecia, no entanto, limitações quando à capacidade de acolhimento, que não visavam especificamente advogados oriundos do Brasil: “Portugal tem o triplo da média de advogados da União Europeia, pelo que quem pretende exercer advocacia em Portugal tem de ter consciência dessa situação e das dificuldades que a mesma acarreta.”
(mais…)

“Arranha-nos a mente”

«De qualquer modo, mesmo em relação ao Brasil, não se trata de uma simples questão de ortografia, é o léxico e a sintaxe, que são muito diferentes. Um livro de Portugal, para os brasileiros, que inovam muito em termos linguísticos, soa sempre a arcaico. É muito difícil exportar para lá. E quando um livro em português do Brasil aparece em Portugal, escrito por um autor mais idiossincrático, parece mais estranho do que ler em francês ou inglês. Arranha-nos a mente. O Acordo Ortográfico não facilitou o intercâmbio cultural e não teve qualquer papel positivo nas exportações.» [Francisco Vale, director da editora Relógio d’Água, 8 de Fevereiro de 2018]

A expressão “português do Brasil”, infinitamente repetida, martelada, a ver se cola.

  • «o português do Brasil é diferente do que se fala e escreve em Portugal» [Nuno Pacheco, “Público”, 14.06.23]
    A língua brasileira não é nem tem nada a ver com “português do Brasil”. Esta é uma expressão obsoleta em que apenas alguns persistem, provavelmente à falta de melhor “argumento” para continuarem a fingir que as duas línguas são uma só — a língua univérsáu brasileira. [post “Uirapuru, saci, cocada”]

Não existe “português do Brasil”. Existe a Língua Portuguesa e existe a língua brasileira. Por mais patacoadas que alguns tugas vendidos aos interesses geopolíticos e económicos brasileiros tentem impingir às pessoas normais, o Português é a língua nacional de Portugal e a oficial dos PALOP, enquanto que o brasileiro é a língua nacional da República Federativa do Brasil.

À boleia do inexistente “português do Brasil”, este artigo da CNN-Portugau incide sobre uma nova rapsódia, a turbo-tradução (ou tradução a granel) via estupidez artificial, retomando as já velhas historinhas sobre o “mercado editorial brasileiro” — outra inexistência –, a admiração bacoca pelo “gigante” brasileiro (“ah, e tal, eles são 230 milhões e nós somos só 10 milhões“) e a habitual, geral, nacional tergiversação: nunca, ou muito, muito, muito raramente alguém se atreve a ligar os pontos ou a, ainda que apenas pela rama, relacionar causas e efeitos — nomeadamente entre o #AO90 e as suas desastrosas consequências nos planos educacional, editorial, patrimonial, identitário, histórico e cultural.

Tarefa essa que fica a cargo daquilo que jamais poderá ser substituído: a inteligência natural (passe a redundância).

Fundador da Relógio d’Água acusa BookCover de fazer traduções com Google Translate e ChatGPT. Editora diz que “é mentira”

Francisco Vale diz que esmagadora maioria das traduções da BookCover Editora são assinadas por Lúcia Nogueira, “a tradutora mais eficiente do planeta”, sugerindo que há recurso a ferramentas de tradução automática ou a uma equipa de tradutores que não são identificados. Responsável da BookCover garante que acusações são infundadas, tradutora também

A polémica começa com uma longa publicação no Facebook, assinada por Francisco Vale, editor e fundador da editora Relógio d’Água. O título é auto-explicativo e não deixa dúvidas sobre o tema e as acusações que se seguem: “Traduções por Inteligência Artificial (IA) Chegam a Portugal sem Se Fazer Anunciar”.

Francisco Vale alega que circulam em Portugal “nas livrarias, em feiras do livro ou na companhia de alguns jornais, centenas de milhares de exemplares de clássicos ingleses, franceses, alemães, italianos ou russos traduzidos com recurso a programas de inteligência artificial (IA), do Google Translate ao ChatGPT, passando pelo DeepL”. Mas vai mais longe e identifica mesmo a editora que é a visada nas suas críticas: “Tudo indica que um dos principais agentes desta situação seja a BookCover Editora, que tem publicadas centenas de clássicos de diversas línguas, o mais das vezes com preços de cerca de 5 euros. À primeira vista trata-se de uma oferenda aos leitores — clássicos a preços acessíveis. Mas na verdade a BookCover é uma esfinge com alguns mistérios”.

Segundo Francisco Vale, todos os livros da BookCover, excepto a série ConanDoyle, são traduzidos por Lúcia Nogueira, “a tradutora mais eficiente do planeta” porque, só em 2023, “aparece na ficha técnica como tradutora de dezenas de obras, entre elas ‘Guerra e Paz’, com as suas mais de mil páginas, e outros romances volumosos. Nos últimos dois anos e meio terá traduzido cerca de 80 clássicos, muitos deles extensos, como ‘Os Miseráveis’, ‘E Tudo o Vento Levou’ ou ‘Vinte Mil Léguas Submarinas'”. O fundador da Relógio d’Água aponta: “Qualquer editor sabe que mesmo tradutores a tempo inteiro e com larga experiência são incapazes de traduzir mais de 10 a 15 páginas por dia, o que a incansável Lúcia Nogueira parece fazer antes do pequeno-almoço, seja a partir do inglês, do alemão, do italiano, do cirílico russo e em breve talvez do mandarim ou grego antigo. As fichas técnicas da BookCover não indicam o título original nem a língua de que se traduz, nem o nome de revisores”.

O editor assinala ainda outro problema: Francisco Vale diz que existem nos textos traduzidos “numerosas gralhas, erros ortográficos e gramaticais, confusão de Acordos, termos brasileiros e outras incongruências”, pelo que defende que Lúcia Nogueira fará apenas uma correcção dos erros mais graves de uma tradução automática. “É muitíssimo mais provável que se trate de uma tradutora experimentada em tecnologias de tradução automática, que começaram no Google Translate, evoluindo para a tradução neuronal do DeepL e, mais recentemente, o ChatGPT“, aponta.

“Outra hipótese, menos provável por exigir que se escrevam os textos ao computador, é a de que dirija uma equipa de tradutores/revisores que usam o inglês, o que deveria ser referido e individualizado”, lamenta ainda o fundador da Relógio d’Água, no texto partilhado nas redes sociais.

A resposta da BookCover

A CNN Portugal contactou a BookCover Editora e chegou à fala com Francisco Melo, proprietário e editor, que quis fazer um único comentário breve ao texto de Francisco Vale sobre recurso a Inteligência Artificial: “É mentira”, respondeu ao telefone, sem querer alongar-se no tema ou detalhar processos de tradução, revisão e edição da editora que fundou no Porto.

Segundo um texto publicado no site, a BookCover Editora nasceu em 2017 e iniciou actividade com a publicação da obra “… da Descolonização” do general Pedro de Pezarat Correia. “Este livro, entretanto faz parte do Plano Nacional de Leitura, anunciava o programa editorial que se tem vindo a concretizar”, lê-se ainda. “Editora fundada no Porto, com distribuição própria, tem como objectivo principal a divulgação de autores portugueses, essencialmente investigadores de história de Portugal, património material e imaterial. Tem também nas suas edições duas colecções de grande fôlego, os Essenciais da Literatura Portuguesa e Estrangeira. Hoje, com mais de 150 títulos publicados, a BookCover Editora mantém o seu objectivo de editar obras de referência e apostar em novos autores portugueses e estrangeiros”, resume o texto que apresenta a editora portuense.
(mais…)

Uirapuru, saci, cocada

Homem culto é aquele que, de tudo a que assiste aumenta, não os seus conhecimentos, mas o seu estado de alma. O erudito lê e fica sabendo; quanto mais lê, mais fica sabendo. O homem culto, em geral, quanto mais lê de menos fica certo. A segurança e a confiança são atributos finais da erudição — como o cepticismo e a hesitação apanágio extremo da cultura. Uma erudição de lombada, como dizem os parvos, serve de mais a um culto, que uma leitura de miolo a um erudito. Um título pode fazer colher mais de toda a obra — dado que a alma nasça ceifeira — do que a leitura de toda ela. Nós não temos homens cultos; temos eruditos apenas. Ou, antes, os homens cultos que temos são homens de génio, o que é de mais para um povo tão pequeno. [“Arquivo Pessoa“]

Maluquices das traduções de português… para português

Por Nuno Pacheco

‘« (…) E quando se quer traduzir português para português, o que acontece? Um bom (mau) exemplo foi ali dado pela leitura de passagens de um clássico da literatura brasileira para crianças, O Menino Maluquinho, de Ziraldo, editado pela Melhoramentos em 1980, comparando-o com a adaptação para a edição portuguesa da Dinapress, de Abril de 1995. (…)»’

Por uma vez sem exemplo, não foi utilizada a correcção automática antes de tirar esta “foto”. Daí aparecerem brasileiradas como “junho” e “redator”.

Não é novidade para ninguém que o português do Brasil é diferente do que se fala e escreve em Portugal. Ora, sendo antiga a convivência entre ambos, é também antigo o mau hábito de tentar adaptá-los, na escrita, quando há livros a cruzarem o Atlântico. Vem isto a propósito de uma colecção de contos infantis brasileiros de que já aqui se falou, publicada pela Tinta da China em colaboração com o Público (e em parceria com o Instituto Guimarães Rosa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e com a Fundação Calouste Gulbenkian), e que teve no passado domingo sessão de lançamento na Feira do Livro de Lisboa. Prestes a chegar ao quinto volume, que sairá esta sexta-feira (Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato), há-de ter mais cinco a partir de Setembro (como foi ali anunciado) e tem a particularidade de respeitar as edições originais, sem adaptações no texto. O que, se devia ser norma no que toca a obras literárias escritas em português (seja de que país for), é quase uma raridade. Que empobrece, em lugar de enriquecer, o conhecimento das variantes que se têm desenvolvido na língua portuguesa.

E quando se quer traduzir português para português, o que acontece? Um bom (mau) exemplo foi ali dado pela leitura de passagens de um clássico da literatura brasileira para crianças, O Menino Maluquinho, de Ziraldo, editado pela Melhoramentos em 1980, comparando-o com a adaptação para a edição portuguesa da Dinapress, de Abril de 1995. A leitura de tais passagens foi feita pelo diplomata brasileiro Gustavo de Sá (que trazia as duas edições) e pela directora e fundadora da Tinta da China Bárbara Bulhosa. Vale a pena recordar algumas, a começar pelo título, que passou de O Menino Maluquinho para As Maluquices do Menino Maluquinho (primeiro citamos a versão original e depois a adaptação portuguesa). BR: «Era uma vez um menino maluquinho»; PT: «Era uma vez um menino maluquinho, travesso até mais não». BR: «Pra uns, era um uirapuru – pra outros era um saci»; PT: «Para uns, era um rouxinol – para outros, um espantalho». BR: «Na turma em que ele andava, ele era o menorzinho, o mais espertinho, o mais bonitinho, o mais alegrinho, o mais maluquinho»; PT: «No grupo em que ele andava, era o minorca, o mais espertinho, o mais bonitinho, o mais porreirinho, o mais maluquinho».

BR: «Se ele perdia um caderno no colégio (e ele perdia um caderno todo dia) era fácil encontrar seu dono»; PT: «Na escola, se aparecia um caderno sem dono, era mais que certo que o dono era ele». BR: «Depois entrava o menino com seu pé de vento e a casa ventava, os quartos cantavam e tudo se enchia de som e alegria. E a cozinheira dizia: “Chegou o maluquinho”»; PT: «Depois lá vinha ele qual ventania e por toda a casa era uma corrente de ar de vida e alegria. E a cozinheira dizia: “Este menino parece maluquinho e põe-nos malucos!”» BR: «Ele deitava e rolava, pintava e bordava e se empanturrava de bolo e cocada. E ria com a boca cheia e dormia cansado no colo da vovó suspirando de alegria. E a vovó dizia: “Este meu neto é tão maluquinho!”»; PT: «Ele corria e rebolava, saltava e cabriolava e também se empanturrava de bolo e de laranjada. E ria com a boca cheia e dormia cansado no colo da avó suspirando de alegria. E a avó dizia: “Este meu neto é maluquinho de todo!”». BR: «E a torcida ria e gostava de ver a alegria daquele goleiro. E todos diziam: “Que goleiro maluquinho!”» PT: «E a claque ria e gostava de ver a alegria daquele guarda-redes. E todos diziam: “O guarda-redes é maluco de todo!”»

A adaptação foi feita, não por qualquer principiante, mas por um autor consagrado da literatura para crianças em Portugal, António Torrado (1939-2021). Esfumando-se a musicalidade do original. Faz isto qualquer sentido? Como soaria Drummond de Andrade aportuguesado? E Fernando Pessoa abrasileirado? Há termos que desconhecemos? Pois bem: conheçamo-los. Bastava ir ao dicionário de José Pedro Machado para saber que cocada é um doce de coco; que uirapuru é um «passarinho cujo canto magnífico, reboante na floresta, lhe dá prestígio e lenda, dizendo-se que todos os alados quando o ouvem se calam e vão, atraídos, escutá-lo»; e que saci não é espantalho mas sim uma «entidade fantástica, negrinho de uma só perna, que, segundo a crença popular, persegue os viandantes ou lhes arma ciladas no caminho; usa barrete vermelho e frequenta à noite os brejos; também lhe chamam saci-cererê, saci-pererê ou matim-pererê.» Pererê, por sinal o nome desta colecção. Não é já altura de nos lermos como escrevemos, sem “traduções” que só servem para aumentar a ignorância em relação às variantes do português para lá do nosso?

Artigo do jornalista português Nuno Pacheco, transcrito do Público do dia 14 de Junho de 2023. Escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/autores/nuno-pacheco/27/pagina/1 [consultado em 16-06-2023]

[Transcrição integral da transcrição integral publicada no “site” hiper-acordista “Ciberdúvidas”.
Imagem da estátua de Pessoa de: “Genuine Portugal Tours“.]

  1. «E quando se quer traduzir português para português, o que acontece?»
    A pergunta é tão absurda quanto a resposta é impossível, dado tratar-se de mero expediente de retórica, uma espécie de contradictio in adiecto (ou contradição nos termos) utilizando para o efeito dois significantes iguais com significados diferentes: respectivamente (ou vice-versa): Português, um, e a língua brasileira, o outro.
  2. «o português do Brasil é diferente do que se fala e escreve em Portugal»
    A língua brasileira não é nem tem nada a ver com “português do Brasil”. Esta é uma expressão obsoleta em que apenas alguns persistem, provavelmente à falta de melhor “argumento” para continuarem a fingir que as duas línguas são uma só — a língua univérsáu brasileira.
  3. «o mau hábito de tentar adaptá-los, na escrita, quando há livros a cruzarem o Atlântico»
    Reduzir a questão aos “livros a cruzar[em] o Atlântico” parece circunscrever a dimensão da clivagem entre o Português e o brasileiro — essa sim, irreversível –, mas não passa disso mesmo: parece. Não só os livros mas tudo aquilo que atravessa o Atlântico é traduzido de Português para brasileiro. Traduzido, legendado ou até “dublado“.
  4. «a particularidade de respeitar as edições originais, sem adaptações no texto»
    A tradução de Português para brasileiro (de brasileiro português não há, decerto por falta de tradutores habilitados) não é “adaptação”, é tradução.
  5. «o conhecimento das variantes que se têm desenvolvido na língua portuguesa»
    O conceito de “variante”, em linguística, restringe-se a fonética (desvios ou variações em relação a ortoépia) e a léxico; não engloba, de forma alguma, nem a norma ortográfica nem, ainda menos, a sintaxe. Variantes da Língua Portuguesa são as de cada um dos PALOP. O brasileiro é uma língua originária do Português (e do Inglês, do Espanhol, do Italiano, das línguas indígenas locais), não é uma “variante” de coisa alguma.
  6. «Como soaria Drummond de Andrade aportuguesado? E Fernando Pessoa abrasileirado?»
    Soaria a… ridículo. Mas de um ridículo sem piada de espécie alguma. Aliás, é precisamente a esse tipo de pesadelo que estamos cada vez mais sujeitos, todos nós. “Abrasileirar” Fernando Pessoa — ou qualquer outro autor português — é uma impossibilidade técnica. Seria uma imbecilidade equivalente a “aportuguesar” em vez de traduzir, por exemplo, Balzac, Steinbeck, Kurosawa, Solzhenitsyn ou Cervantes.

[Nota 1: a cópia da cópia dos hiper-acordistas não permite transcrição dos “links” constantes das suas publicações; apenas é possível copiar e colar texto, sem hiperligações ou formatações. Evidentemente, quanto às formatações ainda vamos indo mas, quanto às hiper-ligações hiper-acordistas do “site” hiper-acordista, era só que mais faltava estar a copiá-los um por um. Quem quiser que vá lá.]

[Nota 2: o original publicado pelo jornal está, como aliás todos os conteúdos do “Público”, inacessível a não-assinantes.]

[Nota 3: o título deste post é um simples lembrete. São três palavrinhas da tradução para brasileiro citada no texto transcrito. Para não se me varrer da memória acrescentar aquilo ao Dicionário de Brasileiro-Português.]

«Época de apoucamento da língua» [MCV, “Público”, 08.06.23]

Lembrar Luís de Camões, “numa época de apoucamento da língua”

Regozijo-me com o facto de o Ministro da Educação ter evidenciado o caos que os alunos, e também os professores, sentem no ensino do Português. Preocupá-lo-á, tal situação?

Maria do Carmo Vieira

“Público”, 8 de Junho de 2023

 

Lá vem a “Velho do Restelo”, dirão alguns leitores. Por sinal velha e também do Restelo, desde longa data, para além de fiel leitora do poeta, criador da venerável figura.

A proximidade do 10 de Junho trouxe-me Luís de Camões, não podendo deixar de manifestar o orgulho que sempre tive pelo facto de o dia da nossa identidade estar intimamente ligado não a um herói guerreiro, mas a um poeta que esforçadamente salvou o seu Canto de um “naufrágio triste e miserando” (Canto X). Tendo escrito “Numa mão sempre a espada e noutra a pena” (Canto VII), é a sua obra literária que sobressai pelo pendor poético e atitude crítica, pelo “engenho” e “honesto estudo” (sublinhe-se este honesto estudo tão em desuso hoje em dia) e pela nobre opção de escolher quem canta. Não surpreende, pois, que, honrando o valor humanista do “espírito crítico”, acentue que não cantará ‘Nenhum ambicioso, que quisesse/ Subir a grandes cargos,’ […] ‘/Só por poder com torpes exercícios/ Usar mais largamente de seus vícios;// Nenhum que use de seu poder bastante/Pera servir a seu desejo feio,//’ nem ‘Quem, com hábito honesto e grave, veio,/ Por contentar o Rei, no ofício novo,/ A despir e roubar o pobre povo!//’ […] ‘E não acha que é justo e bom respeito/ Que se pague o suor da servil gente;/’ ou ainda ‘quem taxe com mão rapace e escassa,/ Os trabalhos alheios que não passa.//’ (Canto VII).

Referir Luís de Camões implica forçosamente falar da Língua Portuguesa, com o mal-estar que ressalta de ser ostensivamente tão mal-amada por “gente surda e endurecida” que se pavoneia pelo Poder e outros lugares. Confirma-o o privilégio dado ao texto utilitário em detrimento do literário, de que é exemplo o estudo do poeta, lírico e épico. O Ministro da Educação devia saber que um aluno que saiba ler e interpretar textos literários não terá qualquer problema em ler e em interpretar textos pragmáticos. O contrário é que será impossível.

Não surpreende também que Luís de Camões fosse depreciativamente usado como argumento estapafúrdio por quem negociou e ajudou a implementar o Acordo Ortográfico (AO) à revelia de todos os pareceres solicitados, e nunca é demais referir este gesto impostor que teima em repetir-se. Apregoou-se: “A língua evolui. Já não se escreve ou fala como no tempo de Camões”. Tal desorientação só pode suscitar uma gargalhada. No mesmo sentido, parafraseio o que afirmou um político de referência, ao defender o AO e confundindo ortografia com léxico: dantes também não existia “bué” no vocabulário português e agora é comummente usado! Só faltou inventar que “bué” fora resultado de um decreto, o que efectivamente aconteceu com o AO.

Num folheto turístico francês, actual, sobre o “Arco do Triunfo” e “O Soldado Desconhecido”, traduzido, como se indica, em “Português” (a bandeira confirma-o), leio que Napoleão, na noite da batalha de Austerlitz, disse aos seus soldados: […] ‘Soldados, estou satisfeito com vocês’ […] ‘Eu vou levar vocês de volta à França; lá, vocês receberão as minhas mais sinceras solicitudes’ […]”. Surgem depois as guerras ‘napoleônicas’ e ainda a ‘cerimônia’ da chegada do Soldado ou o ‘planejamento’ final da praça. Alunos do 4.º ano, perante o exemplo, souberam dizer-me como deveria ficar: “satisfeito convosco”, “vou levar-vos”, “lá, receberão”, substituindo também os acentos circunflexos.

Aceito que o Brasil defenda a designação de “língua brasileira”. Que assim seja, mas libertem-nos do sufoco que é aceitar como “português” a tradução transcrita. Também à conta do AO, e pesquisando no Google, onde anteriormente aparecia a opção “português de Portugal”, temos agora a opção “pesquisar páginas em português” e daí o aparecimento de inúmeros resultados de busca terminados em com.br, antes dos sites portugueses, o que não é de admirar pelo facto de os brasileiros serem perto de 200 milhões, número que, numa óptica colonialista, serviu de argumento, descarado e absurdo, para a implementação do AO.

No livro de “Estudo do Meio” (4.º ano), a propósito de Actividades Económicas, a minha neta leu: “setor primário”, fechando a vogal inicial para logo de seguida dizer, gozando: “Setor? Então é um professor?”. Aproveitei para pôr o “c” que faltava, e que abre o som da vogal, explicando-lhe que é o correcto. Na verdade, o AO definiu a dupla grafia: setor para o Brasil, sector para Portugal, mas muitos, na habitual bajulação ou indiferença, teimam no “setor” e afins. Mas não confessou também o Primeiro-Ministro, perante o presidente Lula da Silva, e, implicando-nos, que “Temos pena de não falarmos com o vosso sotaque.” (sic)?

A demonstrar ainda quanto este AO veio confundir e equivocar, prejudicando o ensino do Português, eis como reagiu uma aluna do 1.º ciclo, perante uma actividade intitulada “Para para ler”: instintivamente colocou um acento agudo no verbo parar, pensando que a professora se enganara, vindo depois a saber que a professora o fizera porque era obrigada a cumprir o AO. Como esta professora, milhares de colegas.

Sabendo que o professor João Costa, na preparação da sua demagógica intervenção, na AR, se entreteve a contar o número de vezes que Joana Mortágua dissera “professores”, referindo apenas 1 vez “alunos”, regozijo-me com o facto de ter evidenciado o caos que os alunos, e também os professores, sentem no ensino do Português. Preocupá-lo-á a situação, senhor Ministro?

Lamentavelmente, nem Luís de Camões nem a Língua Portuguesa são privilegiados por quem de direito; no entanto, estão presentes em muitos discursos oficiais que se caracterizam pelo vazio e pela hipocrisia, com destaque para o 10 de Junho. E a terminar, um extracto de um texto de Vasco Graça Moura que em boa hora me foi enviado por uma colega e amiga, de Lagos: “(…) o que parece preocupante é o facto de cada vez menos haver em Portugal qualquer espécie de interesse por Camões e por aquilo que ele representa. O nome do autor de Os Lusíadas tende a ser apenas a marca distintiva de um feriado, ambíguo luxo nos tempos que correm, e pouco mais. As questões da identidade começam por estar relacionadas com a língua materna e esta deve a Camões a sua dimensão moderna. Mas estão à vista as consequências que, para a identidade, decorrem do actual estado de coisas: a língua materna está cada vez mais deteriorada (…). Nem sabemos pronunciá-la, nem sabemos escrevê-la ou falá-la com um mínimo de correcção. E nem vale a pena falar da situação catastrófica que virá a ser gerada pelo Acordo Ortográfico se este algum dia se aplicar (…). Vivemos numa época de apoucamento da língua, de empobrecimento do vocabulário, de aviltamento de todas as regras de gramática. (…) Vêmo-la subordinar-se servilmente ao facilitismo e à tecnologia, quando devia contribuir para uma estabilização dos seus paradigmas próprios, procurando equilíbrios permanentes com as tendências que são sinal dos tempos. (…) A língua de Camões está irreconhecível. Se ele voltasse ao mundo, decerto pensaria em rasgar a sua obra. Deixámos de ser dignos dela.” (In DN de 09.06.2010 – “A língua de Camões?”)

[Transcrição integral. Imagens de citações de Camões de: “Citador.pt“. Imagem de topo de “Rádio Renascença”; autoria: Mário Cruz/Lusa]]

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

 

Timor “expetável”

[Campanha de distribuição de manuais escolares pelas escolas das montanhas. Zona Oeste, ano lectivo 2000-2001. “Sítio de Timor” (1999-2004): Álbum Bravenet.]

Neste tipo de artigos, a manusear necessariamente com pinças mentais, convém munir-se a gente de ao menos algum conhecimento de causa.

A começar pelo facto de deixar claro que pretender encaixar uma terra como Timor-Leste nos padrões “civilizacionais” europeus ou ocidentais é — encurtando razões — profundamente estúpido. E pretensioso, aliás, já que denota um indisfarçável lastro tardo-colonialista. Timor-Leste não tem absolutamente nada a ver, em aspecto algum, com o que no Ocidente em geral se utiliza para etiquetar nações, povos, modos de vida e culturas… ocidentais. Timor-Leste é Timor-Leste, não um enxerto europeu ou americano (ou australiano ou chinês). Os timorenses têm a sua própria Cultura, completamente distinta de qualquer outra, e daí, portanto, a sua Língua nacional ser também algo único: num território pouco maior do que o do Algarve coexistem “15 línguas nacionais” (mais variantes), duas línguas oficiais e ainda o Bahasa*** como língua-franca.

Em Timor-Leste, de acordo com a Constituição do país, o Tétum, que sofreu influências da Língua Portuguesa (uma Língua de elite em Timor), é a Língua Nacional, mas também Língua Oficial, que partilha com o Português. A estas, juntam-se mais as seguintes quinze Línguas Nacionais faladas pelo povo timorense: Ataurense, Baiqueno, Becais, Búnaque, Cauaimina, Fataluco, Galóli, Habo, Idalaca, Lovaia, Macalero, Macassai, Mambai, Quémaque e Tocodede. [blog “O Lugar da Língua Portuguesa“]

As considerações contidas neste artigalho do “Público”, totalmente desligadas da realidade, não passam por conseguinte de (mais) um folheto, inconsequente e frívolo, das perspectivas mais comuns de qualquer burocrata especializado em pedagogia de gabinete.
É certo que poderia ser muito pior, mesmo propagandístico e descarado, como tantos outros que vamos lendo por aí. Pelo menos deste autor e pelo menos aparentemente, o arrazoado — que poderia valer para o ensino em Chelas, por exemplo, mas não para o que existe em Timor — não tresanda, como de costume, a pura e dura propaganda brasileirista.

blog “Perspectivas” https://espectivas.wordpress.com/

Nada de ilusões, porém. Escrever com a cacografia brasileira sobre o ensino da Língua Portuguesa em Timor-Leste poderia muito bem ser (será?) uma forma subtil (“sútchiu”, em brasileiro) de passar a “mensagem”, preparando o terreno para que o Itamaraty venha a tomar posse administrativa de mais um porta-aviões, este encalhado no Sudeste asiático.

Ao fim e ao cabo, vejamos, para os acordistas a coisa já nem é só “expetável”.

Que futuro para a língua portuguesa em Timor-Leste?

www.publico.pt, 04.04.23

Timor-Leste não só é um dos mais jovens países ao nível político — independência proclamada em 1975 e confirmada em 2002, depois dos 24 anos de ocupação da Indonésia, do referendo de 1999 que sufragou, por uma maioria muito expressiva, a autonomia e dos anos de transição administrativa das Nações Unidas —, como também o é na pirâmide demográfica dos países lusófonos, com uma percentagem significativa (34,45%) de população jovem, segundo dados de 2023.

Se este país fosse invocado pela obra ímpar de Ruy Cinatti, o eterno e sensível Senhor da Chuva, falaria de uma realidade bem diferente, sobretudo de montanhas, pessoas, tradições, casas e paisagens deslumbrantes. Porém, focar-me-ei na língua portuguesa.

Em linha com a Constituição da República Democrática de Timor-Leste quanto à identificação das línguas oficiais, a Lei de Bases da Educação, de 2008, determina que “as línguas de ensino do sistema educativo timorense são o tétum e o português”.

Por sua vez, os normativos sobre o currículo nacional dos ensinos básico e secundário instituem a progressão linguística destas duas línguas de ensino, com mais tempo lectivo para o Tétum do 1.º ao 7.º ano, passando esse estatuto para o Português no 8.º ano e seguintes.

Sendo um território marcado por uma grande diversidade linguística (23 línguas maternas, variantes do Tétum, língua inglesa e língua indonésia), a abordagem da aprendizagem escolar constitui um dos principais problemas educativos de Timor-Leste, pois a progressividade das duas línguas não se verifica nas escolas, mantendo-se dominante o Tétum, na variante do Tétum Praça, ao mesmo tempo que impera a língua indonésia no quotidiano das famílias, nos programas de televisão mais vistos e no comércio local.

Apesar de existirem alterações significativas em curso, poder-se-á afirmar com toda a convicção que é diminuta a percentagem da população timorense que fala as duas línguas oficiais. O facto de o Português ser uma língua não materna traz dificuldades acrescidas, não sendo tão eficiente o seu uso na comunicação entre os timorenses, nem nas escolas, onde a tendência para a captação da oralidade se sobrepõe ao domínio da leitura e da escrita.

Verifica-se, também, uma certa desvalorização do Português pelas organizações internacionais, incluindo as organizações não-governamentais, cuja preferência na redacção de relatórios e na produção de materiais educativos vai para o Inglês e para o Tétum, como se o Português não fosse uma língua oficial em Timor-Leste.

Mesmo assim, a língua portuguesa é falada no território, principalmente pelos mais velhos que tiveram a sua instrução escolar anterior a 1975 ou pelos mais novos que estiveram ou estão na Escola Portuguesa de Díli ou nas Escolas CAFE (Centro de Aprendizagem e Formação Escolar).

Estas escolas são a actual frente mais visível da cooperação de Portugal com Timor-Leste, tendo sido criadas com o objectivo de replicar a Escola Portuguesa de Díli em cada um dos 14 municípios (o de Ataúro é o mais recente, estando previsto para breve o seu funcionamento) e, por isso, foram denominadas, de 2012 a 2014, Escolas de Referência.
(mais…)