É preciso ter muito descaramento para se anunciar cheia de felicidade um novo jornal com o mesmo grupo que está a despedir entre 150 a 200 trabalhadores, a maior parte jornalistas, em 12 OCS. "O chefe anunciou". https://t.co/5e4ihvFr4A
— Ricardo Cabral Fernandes (@CabralFernande5) December 13, 2023
“Não tenho prazer em que se perca até 200 trabalhadores na Global Media, mas se não fizermos isso este grupo morre”
Carla Borges Ferreira, Hugo Amaral, 13 Dezembro 2023
eco.sapo.ptAté ao final de Janeiro a Global Media terá menos 150 a 200 trabalhadores. Terá também um novo título, o É Brasil. José Paulo Fafe, CEO do grupo, explica ao +M/ECO os planos para o grupo.
A saída de 150 a 200 pessoas do Global Media Group é, para José Paulo Fafe, CEO do grupo, uma inevitabilidade. “Não tenho qualquer prazer em criar condições para que este grupo perca 150 a 200 trabalhadores, não queria fazer isso. Mas sei que é essencial, se não fizermos isso este grupo morre”, garante em entrevista ao +M. Durante este mês, os trabalhadores podem dar início, por sua iniciativa, ao processo de rescisão. A partir dessa altura, contas feitas, o passo seguinte pode ser o despedimento colectivo. “Findo este processo vamos fazer uma análise e vamos ver se temos que optar pelo despedimento colectivo ou não”, diz, reconhecendo que o termo “rescisão amigável”, no caso, é pouco mais do que força de expressão.
Entretanto, já para o primeiro trimestre de 2024 será lançado um novo título, o É Brasil. Dirigido pelo jornalista brasileiro Paulo Markun, conta com uma redacção de sete jornalistas, aos quais se junta uma rede de correspondentes. O objectivo é chegar à comunidade de brasileiros que moram em Portugal e também em outras geografias.
Como imagina o Global Media Group (GMG) daqui a um ano?
Imagino um grupo na senda a que nos propusemos a partir do momento em que viemos para cá, a crescer no mercado da língua portuguesa. Um grupo em termos de recursos e meios mais racionalizado. Obviamente mais activo e fundamentalmente mais rentável. Mas o nosso objectivo claro é crescer no mercado da língua portuguesa. Esse é o nosso projecto.
O que é crescer no mercado de língua portuguesa?
Brasil, Angola, comunidades portuguesas no exterior. Temos um veículo extraordinário para isso, o Açoriano Oriental, nomeadamente para os Estados Unidos e Canadá. No Brasil, nas comunidades brasileiras também. E em África, nomeadamente em Angola. E isso faz-se através de títulos e meios que temos. E quando muito do É Brasil, que vamos lançar.
Um título de raiz?
Um título de raiz, para começar cá, dirigido à comunidade brasileira no exterior. Tanto em Portugal, como no Reino Unido ou Alemanha.
É também em papel ou só digital?
Vai ser em digital. Mas não descuramos que ao princípio tenha uma versão em papel, aqui em Portugal. De maneira a ajudar a consolidar a marca, nos primeiros tempos. Não está decidido, mas não descuramos essa hipótese.
O lançamento vai ser quando?
No primeiro trimestre.
Já tem equipa?
Já. O director é Paulo Markun, conceituadíssimo jornalista brasileiro. A equipa é uma mistura de experiência com juventude, totalmente brasileira. Neste momento são sete pessoas, baseadas cá, com uma redacção em São Paulo e delegados em Brasília e Rio. E uma rede de correspondentes pela Europa e mundo fora, também de brasileiros. É uma redacção 100% brasileira.
Quantas pessoas, no total?
No total são sete pessoas, mais colaboradores. Temos correspondentes na Alemanha, no Reino Unido, na Rússia também. Há muitos jornalistas brasileiro que saíram do Brasil para fazer mestrados, doutoramentos e especializações. Então, muito graças ao Paulo Markun, que é um jornalista com muito conhecimento do meio, conseguimos criar uma rede de correspondentes do É Brasil e que vão ser também, de alguma maneira, correspondentes dos outros meios do grupo, um pouco por todo o mundo. O Paulo Markun trabalhou na Globo, na Veja, foi presidente da TV Cultura, conhece muita gente.
O título dirige-se aos brasileiros que estão em Portugal…
E que estão espalhados pelo mundo.
Como é que chegaram à ideia de lançar este título?
Foi a pouco e pouco. Tudo começou ao contrário, começou com a ideia de fazer o DN Brasil, que é um pouco ocupar aquele espaço que o El País deixou numa certa faixa do mercado brasileiro. Não é um projecto que tenhamos posto numa gaveta mas, a pouco e pouco, fomos percebendo que era capaz de ser mais urgente fazer um projecto para os milhões de brasileiros que estão cá fora.
Em Portugal, apesar de no consulado estarem registados 300 mil, há mais de 1 milhão de brasileiros e muitos luso-brasileiros. Para dar um exemplo, há cerca de 40 mil pessoas que estão em Portugal como cidadãos italianos que são brasileiros. Há também uma comunidade fortíssima no Reino Unido, forte na Alemanha, é imensa a comunidade brasileira fora do país.
Quando começámos a fazer um produto para os brasileiros em Portugal, começámos a pensar que se é feito em português, em português do Brasil, por brasileiros, se tem o nome que tem, porque é que tem que ficar só em Portugal? Porque é que este produto não pode ir para o Reino Unido, para a Alemanha, etc, etc? (mais…)