O espaço lusófobo

É o assunto do momento. A actriz Maitê Proença gravou em Portugal um vídeo que foi transmitido para todo o Brasil pelo canal GNT, algures em 2007; esta gravação do programa “Saia Curta” foi recentemente descoberta por alguém que resolveu, e muito bem, colocar – no passado dia 20 de Setembro – uma cópia no YouTube. Há apenas alguns dias, alguém a desencantou de novo e desde então, a bem dizer, não se fala de outra coisa em Portugal e arredores.

Não adianta sequer tentar reproduzir o que diz Maitê ou descrever o que ela mostra na “curiosa” peça que achou por bem partilhar com a comunidade lusófoba brasileira; de facto, só vendo e ouvindo se pode acreditar.


Caso o vídeo YouTube esteja indisponível, existe uma cópia nos vídeos Sapo, no endereço
http://videos.sapo.pt/vL9FfkOP4czl3zyh48Fp

 

Esta coisa já teve repercussões em todos os meios de comunicação social convencionais e, evidente e principalmente, também no Twitter, no Facebook, nos blogs e em todas as outras redes, sistemas e plataformas virtuais.

A questão, como alguns diletantes pretendem fazer crer, não se resume a um fait divers inconsequente. O facto de alguns portugueses se sentirem cultural, nacional e mesmo pessoalmente insultados é uma reacção tão natural como a de qualquer poltrão não ter reacção de espécie alguma – à excepção da sua (deles, poltrões) costumeira ironia tresandando a mania da superioridade.

A questão, neste episódio, radica na atávica lusofobia que uma parte dos brasileiros sistematicamente faz questão de alardear, por um lado, e no desprezo ancestral que essa mesma parte sente e demonstra pela sua própria História, pela sua Cultura ou, dito de outra forma, radica na idolatria pacóvia que certos brasileiros e brasileiras devotam à mais pura, singela, esmagadora ignorância.

Aquela “senhora”, acompanhada em estúdio por outras igualmente merecedoras de aspas na designação, não se limitou a trocar umas piadolas em privado sobre essa coisa “de somenos” que é Portugal. Não. Aquele chorrilho de insultos, aquela parafernália asquerosa de xenofobia, de boçalidade, de pura estupidez e da mais despudorada lusofobia, tudo isso foi servido, por sinal em péssimo Português e com um nível de instrução do mais rasteirinho que existe, a todo o Povo brasileiro, a cento e noventa milhões de pessoas que falam Português. Aquela “senhora” e as outras que tal não estavam propriamente numa roda de amigalhaços a soltar umas larachas avinhadas sobre Portugal e os Portugueses. Seja lá como for que se passem esses mistérios em terras de Vera-Cruz, aquelas “senhoras” alcançaram – quiçá em virtude da sua imbatível ignorância – o estatuto de figuras públicas e, vá-se lá entender o paradoxo, até mesmo de referências culturais para as “massas”. Têm, qualquer delas, por conseguinte, responsabilidades que não lhes caberiam em circunstâncias informais, em ambiente privado e restrito.

Assim, arrogando-se o direito de enxovalhar publicamente não apenas a sua própria História mas também a de um Povo independente e a de um país soberano, bem, nesse caso outra coisa não poderiam esperar as ditas “senhoras” mai-las suas risadinhas imbecis: haverá certamente por aí gente que não é filha de boa gente e que, por conseguinte, como se costuma dizer, não se sente, mas serão por certo uma risível minoria – para a maioria dos portugueses esta afronta não pode passar em claro.

A “senhora” Proença que se retracte, de forma igualmente pública e com igual projecção mediática, desmentindo tintin-por-tintin as calúnias e as mentiras exibidas na “reportagem” em causa. A GNT (Rede Globo) que peça formalmente desculpas ao nosso país e ao nosso Povo por ter permitido a emissão de semelhante nojo.

Quanto às autoridades portuguesas, no que diz respeito a este episódio, que é, além do mais, um evidente caso de Polícia, esperemos actuem devidamente e como manda a Lei: existem matérias de prova suficientes para procedimento judicial por conduta imprópria em território nacional. Talvez mesmo não fosse exagerado, como muito bem sugere Luísa Castel-Branco, declarar oficialmente Maitê Proença como persona non grata em Portugal.

Quanto a nós, aqueles que se sentem e que reagem, bom, de nós já a “actriz” brasileira não poderá esperar mais nada. A não ser, é claro, doravante, o mais profundo desprezo.

Por mim, e para findar, deixo-lhe a ela, no entanto, uma “palavrinha” final, já que a distância e as boas maneiras me impedem de lhe cuspir em plenas trombas: ó Maitê, rapariga, vai-te catar, pá!

Liberdade de expressão, mas pouca

Constituição da República Portuguesa

Artigo 37.º
Liberdade de expressão e informação

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

Artigo 21.º
Direito de resistência

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

Artigo 42.º
Liberdade de criação cultural

1. É livre a criação intelectual, artística e científica.

2. Esta liberdade compreende o direito à invenção, produção e divulgação da obra científica, literária ou artística, incluindo a protecção legal dos direitos de autor.

O Documentário Censurado

O Livro Censurado

O conteúdo deste “post”, à excepção do título, é uma reprodução exacta do publicado pela autora, Joana Morais, no passado dia 9. Evidentemente, esta reprodução foi autorizada expressamente pela referida autora.

Caravela

Quando eu fui peixe
Sonhava sem limites a existência

Quando eu fui pássaro
Sonhava em liberdade o infinito

Quando eu fui sapo
Defendia, gingando, o meu espaço

Quando eu fui borboleta
Saltitava, entontecida, de flor em flor

Hoje, os anos vão perdendo os rios
que não vivi

os beijos que ficaram por trocar

os sonhos que não soube celebrar

os versos que rasguei e que perdi.

Alda Queirós, 7 de Agosto de 2009

Parabéns, Mãe, pelo seu 82.º aniversário.

Conteúdos à prova de parasitas

Alguns dos nossos visitantes e amigos mais antigos instalaram uma pequena aplicação que permite a tradução automática dos seus blogs, em 29 Línguas (de momento). Essa aplicação funciona também, como é evidente, aqui no Apdeites: é a caixa com bandeirinhas minúsculas que está na barra da direita, em cima.

Nada de especial, já que se trata de código com endereços directos para o serviço Google Translate. No entanto, a execução desta rotina e a sua disponibilização a apenas alguns blogs tem por objectivo demonstrar que se pode produzir qualquer conteúdo, código de programação, simples texto ou seja o que for, sem correr o risco de que o nosso trabalho seja copiado ou utilizado abusivamente.

Também isto é extremamente simples, enquanto inovação e enquanto técnica de protecção de conteúdos, mas não deixa de ser também – se calhar por causa dessa mesma simplicidade – algo inédito: até mais ver, é praticamente impossível seja quem for utilizar a rotina sem autorização.

Assim, depois de um longo período de teste e antes de que o método se torne rotineiro por mero palpite de algum “geek” mais afoito, será talvez esta a oportunidade ideal para divulgar (partilhar, é o termo, isto é que é “partilhar”), passo a passo, como se consegue proteger qualquer conteúdo do mais espertinho dos abusadores.

Em suma, é o seguinte.

1. Guardar o conteúdo a proteger num ficheiro com (por exemplo) extensão “php3” (ou outra que não esteja em uso).
2. Criar um ficheiro javascript, para distribuir pelos endereços autorizados, que executará remotamente os ficheiros “php3”.
3. No painel de controlo do nosso domínio (em “Apache Handlers”, ou equivalente), indicar que os ficheiros “php3” devem ser interpretados como PHP.
4. No painel de controlo do nosso domínio (em “Hotlink Protection”, ou equivalente), inscrever os endereços autorizados (“URLs to allow access”) e acrescentar (em “Block direct access for these extensions”) as extensões “js” e “php3”.

E pronto. Qualquer pessoa pode editar, copiar e colar o código javascript no seu blog ou site, mas isso não adiantará nada, porque…

a) O endereço não está autorizado a executar remotamente rotinas javascript instaladas no nosso domínio; mas, se tiver sido copiado e colado localmente também não porque…
b) O ficheiro php3 respectivo não abre directamente no “browser” (dá erro “403 (Not Authorized)”), não podendo por isso ser copiado.

Uma vantagem acessória desta técnica é a actualização automática; por exemplo, neste caso, se acrescentarmos um novo par Língua/bandeira, tanto a imagem como a rotina de tradução vão “correr” automaticamente, sem necessidade de qualquer modificação no ficheiro javascript, nos endereços autorizados; estes, por sua vez, podem ser acrescentados um a um ou… removidos selectivamente, se quisermos.

É fácil, é barato (aliás, é totalmente grátis) e pode não dar milhões a ganhar aos parasitas do costume.

Divirtam-se.

Apdeites em Tribunal (2)

Realiza-se na próxima 6ª Feira, dia 22 de Maio, com início marcado para as 10 horas da manhã, no Tribunal Judicial de Montemor-O-Velho, a 2.ª sessão do julgamento em que sou acusado pelos crimes de difamação e de ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva, sendo arguido como autor material de dois crimes de gravações e fotografias ilícitas.

A cronologia dos acontecimentos que deram origem a este processo-crime, bem como outros conteúdos atinentes ao assunto, e em especial a conversa telefónica em causa, todos esses materiais foram aqui reunidos e publicados em página própria, a 17 de Fevereiro de 2007.

Serve este “post” como convite aos visitantes e amigos do Apdeites para que estejam presentes na referida audiência, que é pública.

Um abraço sentido a todos aqueles que até agora me apoiaram solidária e corajosamente.

Nota: este “post” é uma repetição adaptada do anterior sobre o mesmo assunto.