Apdeites “inop”, www.cedilha.com inacessível. Porquê?

No dia 18 ou 19 deste mês de Janeiro, recebi uma chamada do proprietário da Empresa Webritmo, onde o domínio www.cedilha.com esteve alojado desde o ano 2004; essa chamada, como aconteceu ao longo de três anos, destinava-se a saber se eu pretenderia renovar o alojamento e a licença do domínio.

Respondi que não, não era para renovar, dada a fraquíssima qualidade dos serviços prestados por aquela Empresa, e que iria transferir o meu domínio para outro “host”.

No dia 20, paguei o alojamento e a licença do domínio à Empresa WebHS.pt, o novo “host” do cedilha.com, transferindo nesse mesmo dia para o novo servidor todos os conteúdos do domínio.

No dia seguinte, 21, solicitei ao “host” anterior que alterasse os “name servers” do mesmo domínio para os endereços que me foram indicados pelo novo “host”.

Um dia depois, a 22, recebi a confirmação da Webritmo de que a propagação do novo endereço físico estava em curso.

No dia 23, caducava (sem que eu soubesse disso, porque nunca me foi comunicado) a licença de utilização do nome de domínio.

A partir do dia 24, tudo parecia normal, à excepção de alguns visitantes do Apdeites me alertarem para o facto de não terem acesso aos conteúdos; além disso, a frequência e a quantidade de visitantes começou a diminuir gradualmente.

A 27, recebi um e-mail da WebHS com as seguintes informações:

Temos a informar que a transferência do domínio cedilha.com falhou devido ao facto de não ter sido aceite pelo administrador actual. Assim, e uma vez que entretanto foi ultrapassada a data de renovação do mesmo – 23 de janeiro de 2007, será necessário que seja renovado com a mesma empresa onde foi registado.

Mais informamos que 60 dias após essa renovação poderemos transferir o seu endereço para a WebHS.

Por fim, no dia 28, o domínio www.cedilha.com “desapareceu” de vez, e com ele não apenas o Apdeites como todos os outros sub-domínios, conteúdos, ficheiros e arquivos; tudo.

Porquê?

Como é possível que alguém tenha o poder de liquidar três anos de trabalho, apenas porque lhe apetece ou seja por que razão for?

Que diabo de país é este, que Empresa, que empresário pode ser tão canalha quanto isto?

(Este post foi transcrito do blog alternativo do Apdeites, em 01.02.07)

Ganhar uns trocos na Web? Não se metam nisso!

Há coisa de dois meses, foi aqui publicado um texto sobre o ReviewMe – resenhas ou apreciações pagas à peça – que explicava todo o sistema, aparentemente simples e inovador; nesse artigo, ficou em suspenso o respectivo pagamento, por parte daquela Empresa virtual, e haveria apenas que esperar até que o chequezinho chegasse; quando isto aconteceu, sem falta, uns dias depois, foi acrescentada uma nota de rodapé ao mesmo post, dizendo que sim senhor, cá tinham chegado os trinta dólares da ordem.

Erro. Enorme. Quer dizer, o cheque chegou, de facto, perfeitamente em regra, a valer USD $30. Pois, vale de facto mas… nos Estados Unidos da América do Norte!

Em Portugal, um cheque recebido dos USA não pode ser cambiado directamente, em qualquer banco; tem de ser depositado na conta do “beneficiário” identificado nesse cheque. Acontece que a “comissão” que os bancos portugueses cobram pelo depósito de cada cheque provindo dos Estados Unidos é uma verdadeira enormidade: 20 € mais Imposto de Selo mais taxa de “Não Sei Quê”; ou seja, para depositar os trinta dólares recebidos da ReviewMe, seria creditada na minha conta a fabulosa quantia de 8 dólares e qualquer coisa; um valor a rondar os 7 euros. Ainda aqui tenho o chequezinho, para recordação, verdadeiro souvenir desta experiência surrealista que é viver em Portugal.

Com um outro cheque, recebido da Alemanha (em Euros, portanto), sucedeu algo ainda mais cómico, se não fosse deprimente. Tratava-se de uma comissão devida pela venda on-line de determinado software, e veio sob a forma de Travelex (“worldwide money”); ou seja, 24.75 € em forma de travellers check que, mais uma vez, levei ao Banco para depositar. Surpresa: a comissão (mais alcavalas) excedia o valor do depósito; logo, teria de pagar cerca de um euro para depositar o papel, e seria creditado em ZERO Euros! Mais um chequezinho para a colecção. Se alguém for coleccionador de cheques, é favor avisar, ou se tiver algum para troca, talvez seja esta a maneira de iniciar uma originalíssima colecção, parecida com as de cromos, produzida e realizada por verdadeiros cromos, mas que não é de cromos.

Isto não é brincadeira, nem partida de 1 de Abril, que ainda vem longe. Quem estiver à espera de receber pagamentos pelos anúncios que tem no site ou no blog, por exemplo da AdSense(*), bem pode tirar o cavalinho da chuva, como se costuma dizer. A não ser que vá viajar para a América em breve, ou que tenha lá família ou amigos, essas quantias serão imediatamente devoradas pelos custos do depósito em qualquer Banco português. Atenção, repita-se: as comissões são cobradas por cheque, independentemente do seu valor; ou seja, só valerá a pena a deslocação à agência se o valor do cheque for superior a, digamos, 50 ou mesmo 100 dólares (ou Euros); e. mesmo assim, é garantido que uma boa fatia fica ali mesmo, abarbatada pelo Banco.

P.S.: já agora, uma dúvida inocente: será que as empresas virtuais não sabem disto? Não saberão elas que grande parte dos cheques nunca será descontada? Ou seja, que bem podem endossar milhares ou mesmo milhões de dólares, distribuídos por cheques de valor microscópico, tendo a certeza prévia de que essas quantias nunca lhes serão sacadas? Não será isto um excelente esquema, exclusivamente assente na ingenuidade e na credulidade dos internautas?

(*) Claro que, no caso da AdSense, se os valores forem elevados e/ou se os pagamentos forem efectuados por transferência bancária (em qualquer caso), esta questão não se põe. Este artigo refere-se a pagamentos de pequenas quantias através de cheque.

MSP: advogado on-line



Alertados por uma “local” do Diário de Notícias de ontem, decidimos investigar se os factos correspondiam em rigor ao noticiado, por um lado, e o que haveria a objectar aos serviços prestados no site em questão, por outro. Realmente, e citando de memória, certo causídico alegava, naquele artigo de imprensa, que a prestação de serviços jurídicos através da Internet seria o mesmo que “alguém consultar um médico por telefone”. Ou coisa que o valha. E que uma “consulta” on-line pela módica quantia de 20 euros era qualquer coisa como “um absurdo”, ou coisa que o valha novamente.

Fomos ver. Realmente, a MSP é uma firma de advogados inscritos na respectiva Ordem que, através de um site perfeitamente legal, presta aconselhamento jurídico a quem dele necessitar – abrangendo a maioria ou as mais comuns das áreas do Direito – e se dispuser a pagar os tais 20 €, nada mais, nada menos, por consulta virtual.

Presume-se, pois, que a corporação dos advogados, se é que tal coisa existe na prática, se sente incomodada pelo facto de o aconselhamento jurídico (a putativa actividade profissional central de qualquer advogado) poder ser prestado de forma rápida, prática e financeiramente acessível para o cidadão comum, seja algo de menosprezável ou de alguma forma negativo. Sinceramente, se nos é permitida a opinião, e mesmo sem experiência própria ou conhecimento de causa efectivo, a ideia daquele grupo de advogados parece meritória a todos os títulos.

Se o preço das consultas virtuais parece “escandalosamente” baixo, talvez seja porque os honorários dos advogados, no sistema presencial, são escandalosamente altos. Se este sistema virtual pode, de alguma forma, transformar o direito à justiça num bem comum, para todos, e não num bem de luxo, só para alguns, então estamos todos de parabéns: os promotores da iniciativa, porque finalmente rompem com o sistema de “todos iguais perante a lei”, desde que tenham dinheiro para pagar essa “igualdade”, e o cidadão comum de mais fracas posses, que passa assim a poder usufruir de um módico de aconselhamento legal sem que para isso seja obrigado a ganhar o totoloto ou a que lhe morra de repente uma qualquer tia podre de rica.

Percebe-se, contudo, a preocupação da classe em que as novas tecnologias possam, quem sabe, um dia já não muito distante, vir a dar-lhes cabo daquele negócio que ainda há não muito tempo era o direito… ao Direito.

WebHS: portuguese web hosting



O Apdeites está agora em nova casa. E esta é, sim, uma casa portuguesa, com certeza.

As vantagens imediatas desta mudança são enormes, patentes, tão óbvias que, como muito acertadamente diz a nossa juventude, “até chateia”.

Para nós, porque pagamos metade do que pagávamos antes pelo alojamento do domínio www.cedilha.com, e temos mais 50 Mb disponíveis, além dos 200 Mb do plano base. Além disso, dispomos agora de assistência técnica verdadeiramente 365/24/7 (ou seja, sempre), atendimento telefónico personalizado e competente, e ainda uma página de controlo e comunicações, no website do host, ferramenta de gestão do site que viabiliza qualquer espécie de assistência ou de alternativa de comunicação. Outra vantagem significativa, se não decisiva, é que não temos agora qualquer limite de tráfego (bandwidth), quando antes estávamos limitados a 5 Gb mensais.

Para os nossos visitantes, porque os acessos a qualquer das nossas páginas passam a contar como tráfego nacional e não internacional, como sucedia no host anterior. Depois, porque a velocidade de acesso é bastante superior e, finalmente, porque os “tempos mortos” (suspensões do serviço) são, pelo que se pode aferir dos dados disponíveis, muito inferiores àquilo que antes sucedia… ou praticamente nulos, presumivelmente.

Esta “publicidade” ao nosso novo serviço de alojamento, português e profissional, é inteiramente voluntária e resulta de um facto apenas: o tremendo alívio que representa sabermos que estamos agora em boas mãos. Sem qualquer favor. Pelo contrário, com os nossos mais sinceros agradecimentos por todo o apoio prestado pela equipa WebHS.

Agradecimentos extensíveis ao colega Bitaites, que nos indicou e recomendou este novo “poiso”.

Ano novo… coiso

O Apdeites, seguindo o avisado e não deliberado conselho do colega Bitaites, está em mudanças. Não se trata de mudanças cosméticas, mas de mudanças mesmo, com armas e bagagens, para outro local e para outro “host” (webhs.pt).

Se, nos próximos dias, ocorrerem algumas perturbações no serviço, é natural, estas coisas são assim mesmo. Esperamos ter tudo a funcionar “nos trinques” o mais depressa que for possível, digamos, por exemplo, dentro de uma semanita… no máximo. Talvez se arranje a coisa até à próxima 2ª Feira, a ver vamos.

Entretanto, algumas “fichas” já começaram a ser “desligadas” no alojamento antigo.

Qualquer assunto, é usar o e-mail. Se houver alguma chatice imprevista, está disponível o nosso blog alternativo, que é para isso mesmo que serve.

Update em 23.01.07, 17:00 h
Tudo ok. Quer dizer, faltarão talvez umas correcções, nada de importante, e tudo estará perfeitamente funcional.

Agradecimentos a Miguel Costa, da WebHS, pela preciosa, competente, eficientíssima ajuda no processo de transferência do domínio.

O massacre dos inocentes

Este “clip” não é recomendável para pessoas mais impressionáveis, em geral, ou para admiradores de tudo aquilo que diz respeito ao Japão (ou de golfinhos), em particular. Como, de resto, é o meu caso. Desgraçadamente.

Fontes
Glumbert
YouTube

Plágio Público: ecos mais recentes

A posição do jornal e do provedor dos leitores é um sinal claro da importância de uma correcta citação das fontes; quer a nível jornalístico quer a nível académico. O plágio é uma irregularidade que os jovens estudantes de jornalismo devem negar e combater.
Blog Comunicar
Comentários: exacto.

Chama-se Clara Barata e parece que é jornalista. Além disso, é a grande protagonista do caso mais vergonhoso da imprensa portuguesa dos últimos tempos, logo a seguir ao da Clara Pinto Correia. (…)
Blog Boblog
Comentários: exacto.

Por recomendação do Abrupto, dei de caras com este episódio de plágio ocorrido na redacção do Público. A história acabou por ter um desenvolvimento azedo, revelando a polémica acesa que a situação gerou entre Rui Araújo, actual Provedor dos Leitores do diário, e a jornalista (com responsabilidades editoriais) Clara Barata.
Nela se revela o país avesso à crítica que bem conhecemos. De admirar a atitude do Provedor, bem como a publicação online da história pelo jornal, ao revelar algo que tradicionalmente fica “entre portas”.
Recomendo vivamente que percam alguns minutos de leitura com a troca de mensagens: pelo seu carácter exemplar, vale certamente mais do que todo o conteúdo curricular de algumas das licenciaturas de Jornalismo que povoam este país.
Blog Teoria da Suspiração
Comentários: exacto.

Rogério Santos tem uma crítica ao provedor do Público que é tanto mais corajosa quanto vai contra a corrente actual denominada de “quero os escalpes desses bandidos”. (…)
Ou seja: Rui Araújo não resistiu à tentação de dar um raspanete moral através de um ditame popular automático, paternalizando a jornalista – outra atitude muito perigosa caso faça “jurisprudência”, como calculo que algumas almas já antecipam.
Apesar de achar controversas algumas das decisões de Rui Araújo, aplaudi a sua coragem, que considerei uma mais valia que a função de provedor vinha merecendo. Da mesma forma, apesar de achar positivas algumas das suas decisões, pateio a sua atitude de juiz, que considero inadequada à função de provedor do leitor.(…)
Blog pauloquerido.net
Comentários: não há nenhuma corrente actual; sou só eu mesmo quem quer o escalpe desses bandidos; isto não vai fazer jurisprudência coisa nenhuma, a não ser, talvez, e isso deve ser do seu agrado, juris-imprudência; a única alma que antecipava tal coisa era, pelos vistos, eu próprio; pateie vc. à vontade aquilo que lhe der na real gana. Já agora, só por curiosidade: a propósito do título do seu post, qual é a coisa, qual é ela, que vc. acha mais “errada”, é a verdade ou é a moral?

Nunca entrei em nenhuma redação e não tenho interesse especial em entrar. Mesmo assim, arrogo-me do direito de criticar uma jornalista que me apresenta um texto da wikipedia sem fonte. Porquê? Porque sou consumidor. Paguei para ler o Público. Nunca cozinhei num restaurante, mas protesto se o me vendem gato por lebre.
Além disso, tenho, e temos todos, interesse em que existam jornais de qualidade em Portugal e não cópias simples da Wikipedia e da Wired. Um jornal não é uma simples coisa entre o jornalista e o leitor, mas uma instituição cujos actos afectam a todos. Todos devemos manter os olhos nos jornais de referência como o fazemos em relação a outras fontes de autoridade.
O argumento de quem não sabe, cala, desculpe, caro PPM, mas é de um corporativismo inaceitável. Os bloggers que protestaram, protestam com a autoridade que lhes for dada pela opinião pública e pela direcção do Público (a que cabe sempre qualquer decisão de punir a plagiadora).
Blog Rabbit’s blog
Comentários: exacto.

O Provedor do Público mostra que começa a existir, pela primeira vez na história recente da comunicação social portuguesa, um ambiente favorável à verificação da qualidade do trabalho jornalístico. Esse controlo deve vir dos pares e dos leitores, do debate público e do trabalho científico e não de qualquer regulação imposta pelo Estado. É o debate público a solução. Felizmente os tempos mudaram e hoje começam, ainda que de modo ténue, a ver-se os resultados e acima de tudo as vantagens. No caso português dois factores foram fundamentais: o trabalho de alguns Provedores dos Leitores e os blogues. O Provedor dos Leitores do Público não caiu nem na complacência corporativa nem no receio de ser mal visto pelos jornalistas da casa.
Blog Abrupto
Comentários: exacto.

O tema do plágio suscitado no jornal Público não deve morrer na edição de ontem daquele diário. Já devia ter sido suscitado há mais tempo, mas, já que foi dado o primeiro passo, sugiro que se faça o resto do caminho. Acho de menor relevância o “caso” que levou o provedor do jornal, Rui Araújo, a dar ênfase ao problema, grave, do plágio.(…)
Blog Observatório da Imprensa
Comentários: exacto. Isto é, mais ou menos.

Há algum tempo que o provedor dos leitores do jornal Público, Rui Araújo, se vem afirmando como uma verdadeira referência do bom jornalismo, reconhecido, aliás, por um vasto sector de opinião. A sua imparcialidade na análise, a forma como não hesita em afrontar o próprio jornal em nome de princípios éticos, a independência das suas opiniões que não vacilam perante nenhuma pressão, são exemplos que podem seguir-se nas crónicas que nos deixa todos os domingos.
Na passada semana deu provimento a uma carta de um leitor que chamava a atenção para o eventual plágio da jornalista Clara Barata, editora de Ciência do jornal. É uma acusação grave que, além do mais, não parecia oferecer qualquer dúvida. Estava em causa um artigo publicado em Setembro passado, cujo texto era feito, quase em absoluto, de cópias não assinaladas da revista New Scientist, a que se juntava uma caixa que transcreve um texto da Wikipedia, igualmente sem nenhuma referência. Deve acrescentar-se que esta última transcrição foi feita de forma tão grosseira, que uma parte do texto ficou por traduzir e foi publicado em inglês.
Blog Um Prego no Sapato
Comentários: exacto. Sem desprimor para os outros, vale a pena ler o resto desta entrada. Suculenta q.b. Sem sangue, porém.

Nota: comentários da responsabilidade do Apdeites (João Pedro Graça).

Plagiarism in Portugal: Much Ado About Nothing

Sobre a alegação de plágio suscitada pelo Provedor dos Leitores do jornal Público, assunto do qual aqui demos conta anteriormente, acaba de “sair” a respectiva deliberação da Direcção Editorial daquele diário.

Em jeito de súmula, respiguemos uma das conclusões da referida deliberação, quiçá a que mais interessa, porque seria das consequências e não dos considerandos que poderia resultar alguma espécie de jurisprudência:
[citação]
5.2.3. A Direcção considera que, no caso vertente, a exposição pública do caso e esta censura que entendeu também tornar pública, constituem instância suficiente de consciencialização do erro, de sanção e uma forte motivação para a sua correcção – que são os seus objectivos fundamentais, em prol dos leitores.
[fim de citação]

O episódio que assim se encerra envolveu alguns aspectos inovadores, em especial porque, sendo o nosso um país que se diz de “brandos costumes”, não estamos muito habituados a ver alguém ralar-se com semelhantes minudências; nós cá é mais desenrasque-se quem puder e depois logo se vê. Regra geral, os portugueses são adestrados, desde tenra idade, desde os bancos da escola, nas artes do copianço; daí até aos anfiteatros da universidade, é um ver-se-te-avias de cábulas em tudo quanto é sítio, desde as mangas da camisa até aos entrefolhos mais recônditos, e ele são também, à falta de melhor, espreitadelas para o parceiro do lado, a catar espertamente respostas cheias de catitismo, e que de momento não ocorrem. E assim se segue alegremente pela vida fora, reciclando por sistema e muito conscienciosamente toda e qualquer produção alheia que possa convir. A nação copista protege ferozmente os seus cidadãos, e estes defendem-se uns aos outros com unhas e dentes, excretando e perseguindo com chacota sortida aqueles estranhíssimos seres que, raros e vagamente alienígenas, porventura se atrevam a não “alinhar” na bandalheira geral ou, pior ainda para eles, a contestar o sistema instituído.

Por isso, com estas coisas, a gente estranha: onde já se viu um funcionário a fazer o seu dever? Um jornalista a espremer as meninges, para quê, se já tudo foi dito e já tudo está escrito? Um provedor a prover alguma coisa? Como? Mas quem é que ele se julga?

De facto, há perplexidades, idiossincrasias que nos definem como povo. Muito barulho para nada, afinal. E como sempre, de resto. É assim que nós somos e que venha de lá o mais pintado abalar ou bulir com a nossa bela, tranquila, santa pax lusitana. Aliás, que venha o primeiro que se atreva a bulir, tout court. Mas o que é isso? Porquê? Para quê? Isto temos de ser uns para os outros, tu “picas” hoje o meu cartão e eu amanhã “pico” o teu, e toma lá esta matéria que é gira, assina e entrega, pronto, não se fala mais nisso, ninguém vai dar por nada, e também, se algum espertalhão se atrever a levantar cabelo, ninguém liga nenhuma, é para o lado que se dorme melhor. Viver não custa, o que custa é saber viver. Etc.

Etc. No pasa nada.

Anexo
Bem sei que não é lá muito curial uma pessoa citar-se a si mesma, mas enfim; como sustentação e talvez para ilustração do que anteriormente se diz, segue transcrição de um comentário que deixei no página do Provedor do Público… antes da “deliberação”.

Presumo que a exposição pública, com provas suficientes, de uma falha deontológica grave no exercício de determinada profissão, e nomeadamente quando quem cometeu essa falha reconhece o erro, fosse “punição” bastante e proporcionalmente adequada. No entanto, o que se verifica neste caso não é o reconhecimento do erro e a manifestação de algum arrependimento, por parte da jornalista em causa, mas antes uma espécie de “contra-ataque” de cariz revanchista, sem qualquer sombra de humildade ou sequer recato; para já não falarmos em educação, lisura e trato urbano.
Não vislumbro, nos textos do Procurador, qualquer insulto pessoal ou mesmo qualquer palavra mais desagradável dirigida seja a quem for; outro tanto não se pode dizer das respostas da jornalista, que se limita a contrapor insultos a factos, à mistura com desculpas esfarrapadas.
A iniciativa do jornal Público, criando a figura de um Provedor dos leitores que actua, e em especial a acção efectiva e não apenas nominal deste, parecem-me ser a todos os títulos factos notáveis, de realçar, de aplaudir, e convidando ao incentivo entusiástico por parte dos envolvidos, leitores e autores.