Entrevista de Stefan Petzner à rádio pública ORF
Áustria: sucessor de Haider confessa que mantinha com ele “relação que ia para além da amizade”
23.10.2008 – 10h51 Susana Almeida Ribeiro
O sucessor do líder populista Joerg Haider, Stefan Petzner, está a causar alguma agitação na Áustria ao afirmar que mantinha uma relação “que ia para além da amizade” com o falecido líder do BZOe, que morreu no dia 11 de Outubro num desastre de automóvel. Numa entrevista radiofónica, o novo líder, de 27 anos, deu a entender, desta maneira, que manteria com Haider uma relação amorosa.
Stefan Petzner, que foi ontem empossado como o novo líder da Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe), depois da morte de Joerg Haider, confirmou à rádio austríaca ORF que mantinha com o falecido líder uma relação que ia “muito para além da amizade” e que ambos estavam ligados “por algo muito especial”, confirmando os rumores há muito ventilados de que os dois homens poderiam ser amantes.
As tentativas do partido de travar a difusão da entrevista acabaram por falhar, com a rádio pública a negar qualquer tentativa de silenciar as revelações do jovem Petzner, indica o “The Guardian”.
Uma jornalista austríaca, Ingrid Brodnig, indicou ao PÚBLICO que os meios de comunicação nacionais fizeram uma espécie de pacto para a não difusão desta notícia, uma vez que Haider já não está vivo e a notícia afecta a sua esfera íntima.
Porém, enquanto era vivo, o falecido líder chegou a votar contra a moção parlamentar para baixar a idade de consentimento sexual para os homossexuais, apresentando-se como um homem de família quase abstémio, indica o “The Guardian”.
Porém, depois do acidente de automóvel que o vitimou, foi revelado que não só o líder populista – que foi durante muitos anos a face da extrema-direita austríaca – conduzia em excesso de velocidade, como tinha níveis de álcool no sangue quatro vezes superiores ao permitido. Ficou igualmente a saber-se então que Haider tinha passado as suas últimas horas de vida num bar “gay” em Klagenfurt, capital do estado do qual era governador.
O novo líder do BZOe confessou ter sentido uma “atracção magnética” pelo líder populista, mais velho que ele 31 anos, admitindo ainda ter sempre receado que a relação entre os dois não sobrevivesse à diferença de idades.
Petzner indicou ainda que Claudia, mulher de Haider há 32 anos e mãe das suas duas filhas, estava a par da relação entre os dois e não se opunha a ela.
Público
Ou seja. Aquele gajo que se presumia encarnar o próprio Adolf Hitler, em pessoa, não passava, afinal, de um vulgaríssimo picolho. Rabeta. Bichona. Paneleiro. Maricas. Roto.
Não tenhamos medo das palavras, como tanto apregoam ser de bom-tom os paladinos da extrema-direita mais ou menos troglodita. Maluca. Bicha doida. Panasca. O homem, sabe-se agora, o tal machão que prometia abalar os alicerces das amaricadas democracias europeias, não passava, pelos vistos, de simplérrimo apreciador das características manobras mecânicas à retaguarda conhecidas como “pegar de empurrão”.
Isto, esta simples mariquice soprada num trombone mediático, por assim dizer e salvo seja, pelo putativo (também salvo seja) lugar-tenente do nacional-socialismo europeu, revela – pelo exemplo espectacular – um porradal de factos políticos e humanos, para não dizer lixados.
Quanta desta gente musculada e violenta não apreciará, nem de propósito, o músculo e a violência não como objecto de culto ideológico mas apenas como objecto de culto. Quantos deles, especialistas em espancar as pessoas que não acham o que eles acham, não apreciarão em particular, e com um estranho sentido “sado-gourmet”, o som de ossos a quebrar, a vista do sangue a escorrer, a vertigem do poder sobre quem não pode ou não se sabe defender – judeus, essa é velha; velhos, essa ainda é mais velha; adversários políticos, velhíssima.
Isto, esta revelação espantosa de um simples medíocre, o segundo na escala hierárquica do horror totalitarista, homossexual por “orientação” e nazi por convicção (ou vice-versa), indicia a imensa podridão em que todos estamos mergulhados e à qual não podemos escapar; a ignomínia em tudo o seu desgraçado esplendor; a perversão total da realidade que um simples acidente de viação demonstra em toda a sua crueldade e que um tipo efeminado confessa em toda a sua efeminada estupidez.
Jörg Haider morreu… e com ele as últimas ilusões de quem ainda julgava ser possível construir algo de “novo” e “limpo” neste mundo velho, muito velho, e sujo, muito, muito sujo.
No fundo, o que morreu foi um símbolo: já nada é aquilo que parece. No fundo, no fundo, já nada é. Apenas parece.