Toque a rebate

O sino da igreja tocava a rebate e toda a gente acorria. Velhos tempos. Quando alguém da aldeia morria, se a aldeia estava em perigo, se algum aldeão se encontrava em dificuldades: toque a rebate. Bons, velhos, honrados tempos.

Onde isso já vai. Agora, é cada um por si. Acabou-se o toque a rebate. A aldeia é a mesma, os aldeãos são iguais, simples seres humanos. Mas os sinos não dobram agora como soía. Os sinos não dobram agora nunca. Rachou-se o bronze. Partiu-se o badalo. A corda, na qual se dependurava o primeiro voluntário que acorresse, essa corda desapareceu.

Tempos velhos. Tempos de velhos jovens, tíbios, mesquinhos; já nada ressoa em peito algum. Gente pequena. Gente por quem os sinos não dobrarão também jamais.

Uma tristeza que se replica uma e outra vez, abafada, amortalhada com o pano imenso da cobardia.

E Deus mudo, mas sempre à escuta. A Sua vingança não será terrível. Nem agora nem nunca. Deus tem muito mais o que fazer, por certo, do que ralar-se com vis defuntos.

26.02.07

Do emagrecimento na zona da barriga

Ora, não sendo a gravidez uma doença, a sua interrupção não constitui um tratamento médico, nem está sujeita a receita médica, é antes uma terapêutica, entendida esta como arte, ciência de cuidar de doenças e doentes“.
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, 28.10.08 (citado pelo blog Médico Explica Medicina a Intelectuais)

Ou seja, afinal a publicidade às clínicas onde se fazem abortos é perfeitamente legal. Logo, nestas clínicas não há qualquer necessidade de que os abortos sejam realizados por médicos, já que essa ligeira operação de alívio de carga a mais “é antes uma terapêutica”, em tudo semelhante a uma lipoaspiração ou, a bem dizer, sujeitar-se alguém mais anafado a uma cura de emagrecimento através de sauna à pressão, ou assim.

Já agora, visto que uma “clínica” de abortos não carece de médicos para os realizar, então também não há necessidade de que seja uma verdadeira clínica; pode, de acordo com o douto acórdão, tratar-se de um qualquer estabelecimento dedicado às coisas da terapêutica, por exemplo uma sauna ou quem sabe um simples ginásio de musculação, mas nesse caso mais virado para o emagrecimento em geral e o alijamento de peso em particular.

No fundo, no fundo, como sabemos, uma gravidez indesejada não passa de gordura em excesso. Aquilo o que sucede é que nasce ali uma excrescência, uma espécie de verruga um bocadinho mais complexa do que as que aparecem na cara ou nas pernas, mas pronto, o que há é que tirar dali aquele pedaço excedentário e quiçá inestético, aliviando a grávida involuntária das maçadas que tal pasta informe e infecta ocupa no seu ventre.
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Contendores dos contentores

A minha é a número 7047. Salvo seja…

E deixei lá uma notinha, que espero ninguém leve a mal, do seguinte teor.

Parece-me que deveria ser alterada, no texto da petição, a expressão “atentado estético”. Ter-se-á tratado certamente de um lapso. Como está, parece-me um oximoro e, por consequência, desnecessário, além de prejudicial para a compreensão (e credibilidade) da petição. Talvez “atentado à estética”, digo eu, à laia de sugestão.

Pois. Se calhar, estou enganado; mas, não sei bem porquê, acho que atafulhar o cais de Alcântara com milhares de contentores será tudo menos um “atentado estético”. É um atentado, certamente, mas não tem nada de estético. Precisamente, é por não ser nada estético ver ali aquela merda toda que se trata de um atentado.

À estética, certo?



Já agora, aproveitando o balanço, porque não peticionar a retirada (total e incondicional) do terminal de contentores? O que fazem aqueles caixotes gigantescos num dos locais mais belos do mundo? Com que direito alguém corta uma cidade ao meio, separando-a do rio que a fez nascer? Como podem os lisboetas admitir que os emparedem contra um muro de metal?

Imagem do blog Fotografia e Xadrês.

Surf e necessidades educativas especiais

necessidades educativas especiais é dar pranchas de surf à miudagem O que diz ali, como critério de busca, é a seguinte lapidar frase: “surf e necesidades educativas especiais”.

Juro mesmo. É o que lá está. Não há aqui subterfúgios, hoje em dia tão na moda, de retoques em ficheiros “Jota Pegue”, ou coisa que o valha.

Torna-se assim oficial, por conseguinte: existe de facto um plano educativo em execução, sob a égide e os bons ofícios do Ministério da Educação, que vai já cobrindo todas as pontas soltas deixadas pelos Governos anteriores. No caso vertente, este alguém que assim procura solução para o ingente problema das “necessidades educativas especiais” e a sua intrínseca relação com a prática do “surf” encontrou a resposta aqui mesmo, no Apdeites.

Maravilhoso. Exactamente. Aos alunos assim mais burrinhos, como se dizia antigamente, ou mais com “necessidades educativas especiais”, como se diz actualmente, não tem nada que saber, é dar-lhes uma tábua para cavalgar as ondas do mar e pronto, está feito, problema resolvido, a sabedoria fluirá liquidamente ao sabor das ondas, penetrar-lhes-á naturalmente por todos os orifícios naturais, orelhas incluídas. Quaisquer 30 ou 40 ondas em cima da prancha serão mais do que suficientes, presume-se, para a qualquer aluno ser alternativamente concedida a equivalência ao Ensino Secundário completo. Digo eu, e se me não equivoco no meio de tanta farturinha pedagógica e de tão generosa largueza de mãos ministerial.

Finalmente fez-se-me luz na caixinha dos martelos. Custou, mas foi. Irra. Hurra. Agora entendo o que significa, na prática, toda aquela trapalhada a que se convencionou chamar “Novas Oportunidades”: é “surf”, é o bendito “surf”. A miudagem continua a não saber absolutamente nada de porra nenhuma, mas dê-se-lhes uma prancha de “surf” para as mãos, disponibilizem-se-lhes umas praias com ondulação à maneira, e aí está a solução milagrosa para a obstinada ignorância, aquilo é um fartote de doutores em cavalgação marítima, especialistas em tubos e em “splashes”, ou lá como se designam essas merdas tecnicamente.

Sinceramente e por extenso o declaro: estou maravilhado. Por acaso não haverá nenhuma pós-graduação em asa delta? Ou em matraquilhos, que também me interessa. É que, mesmo sem nada de especial a reportar quanto às minhas próprias necessidades educativas, parece-me injusto que me seja coarctada a possibilidade de demonstrar todas as minhas capacidades na ciência do voo em papagaio gigante e as minhas especiais aptidões na arte da matraquilhagem.

Ficam as sugestões, a quem de direito.

Iu iu iu Tubi

  • Mais um Manuel ressabiado solta merda em sesu comentários vejam só ”Pra não falar que 10€ por dia na mão de um brasileiro é uma utopia”
    10€ = R$4,50 ,com quatro Reais e Cinquenta centavos ,você não paga nem a passagem de Ônibus ,acho que Utopia e vocês dizerem que são Ricos quando na Verda são um bndo de Miséraveis, com um Pib Pior do que o da Bulgária !
  • “Mais um Manuel ressabiado”…andamos com um vocabulário novo, ó branco????
  • “com um Pib Pior do que o da Bulgária !”…que filme é esse???
  • Ó branco, já reparaste que cada vez que colocas aqui um comentário envergonhas o teu povo, com tanta ignorancia/burrice!!…ó pá, e nem é para te ofender que digo isto!!!
  • mas tu é que cheiras mal……. e têm doençaa tipicas de paises em desenvolvimento…..porcos imundos
  • Já reparou e babou no membro do burro hein?Calma rapaz,cuidado ,aquilo não é prá enfiar em qualquer buraco ,não siga teus instintos baixos ,porquinho.O resto é lenda!!!!Lepra?onde em Portugal<só pode,Escola o QI dos portugueses e de 58 ,o macaco sente no rabo e fala dos outros.
  • No dia em que o Brasil se livrar desta macacada toda, será o dia, em que finalmente terá alguma possibilidade(embora remota) de se livrar do estatuto de país do 3º mundo!!!
    Eu tenho ainda uma réstia de esperança naquele país…da maneira como está novamente a ser colonizado(só não vÊ, quem não quer), acho que desta vez, juntamente com outras Nações, podemos tirar aquele país da lama!!!
    Demos quase 200 anos de independencia aquele povo…mas, pelos vistos não foi suficiente!!!
  • kara vc bebeu?Que droga tu tomou hoje???Nós estamos colonizando o mundo ,e a macacada esta cagando nota de 100 dólares e vcs ,vão ter que puxar nosso saco prá karai,como já fazem nossos vizinhos ,breve Europa ,quiça o mundo ,vaí aprendendo porquinho ,vaí lamber o chão dos macacos ,mestiços ,mas voce também é um moreninho ,mirradinho ,tuguinha do cu dá Europa.Bem eu sou branca como a neve,ha,ha,ha…
  • somos porcos?
    Não somos nós que temos metade da população sem esgotos nem o país com mais percentagem de lepra do mundo, essa doença dos imundos.
  • os portugueses são porcos !NOJENTUSSSSSSS
    ahahahaha
  • …e o branco é nazi…reparem nos “sss”…mas, ó rapaz, tens aí “sss” a mais!!!looool
    …e o pormenor do nojento…com “u”…delicioso!!!
    Parabéns branco…tu estás lá…lá longe…e ainda bem!!!
  • portugal deberia pedir dinhero a españa para que no se vaya a la ruina
  • Parem de me imitar povo pobre de espírito ,eu não posso postar nada ,que já vem uma imitação,quem usa esta frase e muitas outras sou eu!SE EU PUDESSE JOGAVA UMA BOMBA EM PORTUGAL! BOOOOOOOMMMMMMMM!A UNICA COISA QUE DEIXARIA DESTA M…. EM PÉ ERA COIMBRA!PORQUE TAMBÉM NÃO POSSO SAIR DESTRUINDO TUDO!
  • pelo menos temos previsão para sermos uma potencia verdadeira, já no caso de vcs, o futuro é totalmente incerto !!! provavelmente em 2050 nem existirá mais portugal, ou será uma provincia espanhola ou será um território brasileiro !!!
  • Devias é ter pena de ti, um invejoso que passa a vida em videos português a descarregar o complexo.
    Antes de vires dizer merda dos outros, lembra-te que és dum país com 50 milhões de favelados, metade da população sem esgotos, 19 milhões não têm água potável, onde metade das familias vivem com menos dum salário mínimo brasileiro, onde são assassinadas em média 40 mil pessoas por ano, etc.
    Mete a inveja no cu seu imigrante falhado, pobreza aqui é luxo nesse tu país.
  • Cala-te seu corno ,estes tais ”poesias” cairiam melhor neste teu paíseco ,que fica proximo a África ,Invejoso ,Primeiro você deveria olhar para o seu País ,O The Guardian,fez uma reportagem na qual diz :”Portugal o País do Desemprego”vai procurar emprego Cimento ,que você ganha mais !vai te preocupar com o seus Paisíco de Bosta que passa por uma Crise em que Só falta se matar por um emprego na Mc Donald’s
  • Um País que perdeu a identidade
    Sepultou o idioma português
    Aprendeu a falar pornô e inglês
    Aderindo à global vulgaridade
    Um país que não tem capacidade
    De saber o que pensa e o que diz
    Que não pode esconder a cicatriz
    De um povo de bem que vive mal
    Pode ser o país do carnaval
    Mas não é, com certeza, o meu País

Ainda sobre a imensamente teórica “pobreza” em Portugal. Isto é apenas uma amostra. Um simples vídeo – gravado do Prós&Contras de 22 de Outubro do ano passado – ainda hoje regista dezenas de visitas diárias, nomeadamente por parte de brasileiros que, muito ufanos do imenso sucesso económico do seu país, onde (como toda a gente sabe) não existe nem pobreza, nem miséria, nem índices de criminalidade que batem todos os records a nível mundial, consideram ter alguma coisa a ensinar ao miserável “tugazinho”.

Quiçá aproveitando o balanço de hipotética supremacia que hipoteticamente lhes confere a alta traição de altos governantes e de altos intelectuais portugueses, o Brasil vai assim, desde já, passando recibo da autoridade que o Acordo Ortográfico moralmente lhes concede.

Enfim, documentos. A consultar com pinças, luvas, óculos integrais e máscara de protecção.

Pobrete, mas alegrete

Ciclicamente, a toque de caixa dos interesses políticos do Partido do Governo, surgem na comunicação social umas “estatísticas” sobre “a pobreza em Portugal”. Não sobre a pobreza de espírito, evidentemente, porque dessa desgraçadamente não existem nem grandes nem pequenos “estudos”, se bem que possamos empiricamente suspeitar de que tal atinge a esmagadora maioria da população, mas apenas, sistematicamente, sobre um conceito comunistóide que se designa por isso mesmo, “pobreza”.

Segundo estas extraordinárias estatísticas, pressupõe-se que, numa família média (casal e 2 filhos), como o rendimento é indicado per capita, entrarão por mês em casa cerca de 1.440 €. Ou seja, 288 contos dos antigos. Bem. Isto é “pobreza”?

Este conceito economicista (e politicamente correcto) de “pobreza” não tem absolutamente nada a ver com… pobreza. Em rigor, pobre é o indigente, aquele que – geralmente sem quaisquer meios de subsistência – não se insere em nenhuma estrutura social de forma estável e ou sustentável. Por definição, pobre é aquele que vive na rua, em habitação clandestina ou altamente degradada, é aquele que não tem família ou apoio de espécie alguma. Pobre, em suma, é quem não tem nem casa nem bens, quem não pode pagar a sua subsistência com um mínimo de qualidade e dignidade. Em Portugal, deverão existir cerca de 100.000 mil pobres: os sem-abrigo, os pedintes (e, destes, nem todos), os que de alguma forma foram marginalizados ou se marginalizaram por sua própria iniciativa. E isto no máximo, porque a realidade é capaz de ser bem diferente, para menos.

Mas fixemo-nos, portanto, nos 100.000 pobres; são 5% dos que assinala este suspeitíssimo “estudo”. É muito, realmente, é um número trágico, sim, mas nada que se pareça com esse absurdo dos 2 milhões de “pobres”. Portugal não tem essa catástrofe social dos 25% de “pobres”, mas 1% de pessoas realmente pobres.
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E assim se fazem as cousas

blog O Jumento é notícia no jornal Público

O Jumento chegou à Interpol

A Polícia Judiciária pediu ao gabinete nacional da Interpol que tentasse saber junto da sua congénere nos Estados Unidos da América (EUA) quem é, ou quem são, os autores do Jumento, um blogue que se dedica essencialmente a relatar alegados acontecimentos ocorridos no interior da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI).

A intervenção da Judiciária no processo decorre de uma queixa do anterior director-geral dos Impostos, Paulo Moita Macedo. O inquérito procurava detectar os autores de alegadas fugas de informação da DGCI e dele consta uma exposição enviada a Paulo Macedo em Outubro de 2005 pelo director distrital de Finanças de Lisboa. Nessa informação, o director distrital de Finanças queixava-se que os textos publicados no Jumento eram difamatórios e passíveis de denegrir a imagem dos funcionários da administração fiscal.

Em Novembro de 2005, a Polícia Judiciária pediu ao director do gabinete nacional da Interpol que efectuasse diligências junto da sua congénere nos Estados Unidos, já que o referido blogue era administrado por uma empresa com sede em Portland. O pedido enviado para Washington tinha por objectivo determinar quem era o autor do blogue ou apurar os registos de identidade que permitissem identificar o seu autor.

A resposta das autoridades norte-americanas chegou em Março de 2006, mas não foi positiva, uma vez que a legislação norte-americana protege as informações respeitantes a registos de transmissões electrónicas, ou seja, seria necessário um pedido formal dirigido aos EUA nos termos do tratado de assistência mútua.

Perante estes factos e depois de ter visionado o blogue durante algum tempo, o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa concluiu que nada foi encontrado que consubstanciasse violação do dever do segredo dos funcionários e, como tal, arquivou a queixa.

Jornal Público de 27.10.08

Branca de Neve

já perdeu?

No próximo dia 4, o mundo ficará a saber quem será o próximo Imperador Terráqueo: John McCain ou Barack Obama.

Todas as sondagens apontam para uma vitória do candidato “Democrata”, pelo que, ao menos aparentemente, nem vale a pena estar a gente a ralar-se com isso. Se os eleitores fossem os súbditos do Império de fora dos Estados Unidos da América do Norte, ou seja, se os americanos não pudessem votar no seu próprio Presidente e a votação fosse um exclusivo dos europeus, por exemplo, a coisa já estaria mais do que saldada: era Obama e pronto, não se falava mais nisso.

Mas poderá não ser bem assim, afinal. A questão reside essencialmente no eleitorado feminino. Ganhará o candidato que as mulheres americanas considerem, com o seu infalível instinto de sobrevivência, aquele que mais garantias lhes dá nesse aspecto.

Ora, como um candidato é jovem e o outro é velho, na perspectiva feminina também já se sabe, sem grande esforço premonitório, qual deles ganhará. Um é elegante no falar e no vestir, o outro arvora um aspecto estranhíssimo e assimétrico. Para agravar o panorama, e esse será porventura o facto político mais relevante destas presidenciais americanas, McCain demonstra uma bizarra tendência para amiúde deitar a língua de fora, sem mais aquelas, o que não deixará certamente de ter enormes custos na contagem final. As mulheres não papam esse tipo de merdas num gajo qualquer, quanto mais no futuro Presidente do seu país.
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Alka Petzner

Entrevista de Stefan Petzner à rádio pública ORF

Áustria: sucessor de Haider confessa que mantinha com ele “relação que ia para além da amizade”

23.10.2008 – 10h51 Susana Almeida Ribeiro
O sucessor do líder populista Joerg Haider, Stefan Petzner, está a causar alguma agitação na Áustria ao afirmar que mantinha uma relação “que ia para além da amizade” com o falecido líder do BZOe, que morreu no dia 11 de Outubro num desastre de automóvel. Numa entrevista radiofónica, o novo líder, de 27 anos, deu a entender, desta maneira, que manteria com Haider uma relação amorosa.

Stefan Petzner, que foi ontem empossado como o novo líder da Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe), depois da morte de Joerg Haider, confirmou à rádio austríaca ORF que mantinha com o falecido líder uma relação que ia “muito para além da amizade” e que ambos estavam ligados “por algo muito especial”, confirmando os rumores há muito ventilados de que os dois homens poderiam ser amantes.

As tentativas do partido de travar a difusão da entrevista acabaram por falhar, com a rádio pública a negar qualquer tentativa de silenciar as revelações do jovem Petzner, indica o “The Guardian”.

Uma jornalista austríaca, Ingrid Brodnig, indicou ao PÚBLICO que os meios de comunicação nacionais fizeram uma espécie de pacto para a não difusão desta notícia, uma vez que Haider já não está vivo e a notícia afecta a sua esfera íntima.

Porém, enquanto era vivo, o falecido líder chegou a votar contra a moção parlamentar para baixar a idade de consentimento sexual para os homossexuais, apresentando-se como um homem de família quase abstémio, indica o “The Guardian”.

Porém, depois do acidente de automóvel que o vitimou, foi revelado que não só o líder populista – que foi durante muitos anos a face da extrema-direita austríaca – conduzia em excesso de velocidade, como tinha níveis de álcool no sangue quatro vezes superiores ao permitido. Ficou igualmente a saber-se então que Haider tinha passado as suas últimas horas de vida num bar “gay” em Klagenfurt, capital do estado do qual era governador.

O novo líder do BZOe confessou ter sentido uma “atracção magnética” pelo líder populista, mais velho que ele 31 anos, admitindo ainda ter sempre receado que a relação entre os dois não sobrevivesse à diferença de idades.

Petzner indicou ainda que Claudia, mulher de Haider há 32 anos e mãe das suas duas filhas, estava a par da relação entre os dois e não se opunha a ela.

Público

Ou seja. Aquele gajo que se presumia encarnar o próprio Adolf Hitler, em pessoa, não passava, afinal, de um vulgaríssimo picolho. Rabeta. Bichona. Paneleiro. Maricas. Roto.

Não tenhamos medo das palavras, como tanto apregoam ser de bom-tom os paladinos da extrema-direita mais ou menos troglodita. Maluca. Bicha doida. Panasca. O homem, sabe-se agora, o tal machão que prometia abalar os alicerces das amaricadas democracias europeias, não passava, pelos vistos, de simplérrimo apreciador das características manobras mecânicas à retaguarda conhecidas como “pegar de empurrão”.

Isto, esta simples mariquice soprada num trombone mediático, por assim dizer e salvo seja, pelo putativo (também salvo seja) lugar-tenente do nacional-socialismo europeu, revela – pelo exemplo espectacular – um porradal de factos políticos e humanos, para não dizer lixados.

Quanta desta gente musculada e violenta não apreciará, nem de propósito, o músculo e a violência não como objecto de culto ideológico mas apenas como objecto de culto. Quantos deles, especialistas em espancar as pessoas que não acham o que eles acham, não apreciarão em particular, e com um estranho sentido “sado-gourmet”, o som de ossos a quebrar, a vista do sangue a escorrer, a vertigem do poder sobre quem não pode ou não se sabe defender – judeus, essa é velha; velhos, essa ainda é mais velha; adversários políticos, velhíssima.

Isto, esta revelação espantosa de um simples medíocre, o segundo na escala hierárquica do horror totalitarista, homossexual por “orientação” e nazi por convicção (ou vice-versa), indicia a imensa podridão em que todos estamos mergulhados e à qual não podemos escapar; a ignomínia em tudo o seu desgraçado esplendor; a perversão total da realidade que um simples acidente de viação demonstra em toda a sua crueldade e que um tipo efeminado confessa em toda a sua efeminada estupidez.

Jörg Haider morreu… e com ele as últimas ilusões de quem ainda julgava ser possível construir algo de “novo” e “limpo” neste mundo velho, muito velho, e sujo, muito, muito sujo.

No fundo, o que morreu foi um símbolo: já nada é aquilo que parece. No fundo, no fundo, já nada é. Apenas parece.

Morte sem sofrimento (2)

Ramón Sampedro (January 5, 1943 – January 12, 1998) was a ship fisherman from Galicia, Spain, who was paralyzed in a diving accident at the age of 25 and fought for his right to an assisted suicide for the next 29 years.

His argument hinged on the fact that he was sure of his decision to die. However, owing to his paralysis, he was physically unable to commit suicide without help. He argued that suicide was a right that he was being denied, and he sought legal advice concerning his right to receive assistance to end his life, first in the courts of Spain, where his case attracted country-wide attention. Eventually, his fight became known worldwide.

Wikipedia

Chantal Sébire (January 28, 1955 – March 19, 2008) was a retired 53-year-old French teacher who suffered from esthesioneuroblastoma, a rare and incurable form of cancer, and fought for the right to die through euthanasia.

Sébire lived in Plombières-lès-Dijon, near Dijon, France, and was the mother of three children. In 2000, she was diagnosed with esthesioneuroblastoma, a rare form of cancer of which only 200 cases have been reported in the past 20 years. Sébire refused any treatment at the time of her diagnosis, not wishing to take the risk of the surgery or medications.[1] With time, the cancer burrowed through her sinuses, nasal cavities, and eye socket, leaving her face severely disfigured.[2] She had also lost her sense of sight, taste, and smell[3] and suffered with severe pain that she refused to relieve with morphine due to its side effects, stating, “drugs are chemicals, chemicals are poison, and I won’t make matters worse by poisoning myself.”

Sébire first gained recognition in February 2008 when she made a public appeal to the French president, Nicolas Sarkozy, to allow her to die through euthanasia, stating that “One would not allow an animal to go through what I have endured.”.[3] On March 17, 2008, she lost her case in a French court, with the magistrate noting that while French law does allow for the removal of life-support equipment for terminally ill patients, it does not allow a doctor to take action to end a patient’s life. After the decision, Sébire said “I now know how to get my hands on what I need, and if I don’t get it in France, I will get it elsewhere”.[4]

On March 19, 2008, she was found dead in her home.[5] An autopsy conducted on March 21, 2008 concluded that she did not die of natural causes.[6] Subsequent blood tests revealed a toxic concentration of the drug Pentobarbital, a barbiturate that is not available in French pharmacies but is used elsewhere in the world for the purpose of physician assisted suicide.[7]

Sébire’s death revived the debate over euthanasia in France and elsewhere around the world.[8]

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Por alguma (nada estranha) razão, não existe versão em Língua Portuguesa de qualquer destas duas entradas.

Mas existe da que define o termo “eutanásia”.

Eutanásia (do grego ευθανασία – ευ “bom”, θάνατος “morte”) é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.

A eutanásia representa actualmente uma complicada questão de bioética e biodireito, pois enquanto o estado tem como princípio a protecção da vida dos seus cidadãos, existem aqueles que, devido ao seu estado precário de saúde, desejam dar um fim ao seu sofrimento antecipando a morte.

Independentemente da forma de Eutanásia praticada, seja ela legalizada ou não (tanto em Portugal como no Brasil esta prática é considerada como ilegal), é considerada como um assunto controverso, existindo sempre prós e contras – teorias eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da sociedade, tendo sempre em conta o valor de uma vida humana. Sendo eutanásia um conceito muito vasto, distinguem-se aqui os vários tipos e valores intrinsecamente associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a própria morte e a dignidade humana.

Wikipedia

Isto (o facto de haver versão portuguesa da definição de eutanásia mas não de dois dos casos mais conhecidos e mediáticos de eutanásia) pode significar uma de duas coisas: ou os wikipedistas lusófonos estão mais preocupados com a teoria do que com a realidade – uma característica portuguesa, sem dúvida – ou os mesmos wikipedistas têm mais o que fazer do que “perder tempo” com factos, essa tremenda chatice, e com pessoas, essa abstracção por vezes inconveniente.

Inclino-me mais, por questões de feitio e quiçá de deformação profissional, para a segunda hipótese.


(isto é uma representação, não imagens reais)