Casa Pia: documentário TVI 23.11.08


ver documentário original em TVI
(apenas para utilizadores de Real Player)

Documentário sobre o processo Casa Pia, da autoria da jornalista Ana Leal, emitido pela TVI em 23 de Novembro de 2008.

Neste excelente trabalho de investigação sobre o caso judicial mais mediático (e prolongado) da História de Portugal, podemos ouvir, entre outros, os depoimentos de Dias André (inspector da PJ), Álvaro Carvalho (psiquiatra) e Catalina Pestana (ex-Provedora).

Por motivos técnicos, o documentário foi repartido em 7 partes; para visionar toda a sequência nesta “playlist”, basta um “click” em “play” no primeiro “clip”, arrancando os seguintes automaticamente.

A publicação desta versão para plataforma YouTube justifica-se dado o evidente interesse público da matéria e atendendo ao facto de a TVI online disponibilizar apenas uma versão tecnicamente não acessível à totalidade dos interessados.

No entanto, caso venham a surgir objecções, por parte dos respectivos detentores dos direitos de autor, e se tal for solicitado, esta versão convertida, composta e publicada pelo Apdeites será retirada.

A indecência tem limites

Antigos funcionários timorenses reclamam aposentação ao Estado português

Quase 1500 antigos funcionários da Administração Pública portuguesa em Timor reclamam a aposentação ao Estado português, há mais de oito anos.

Em 2000 foi estabelecido um prazo limite para que as pensões fossem requeridas e, quem não o fez, viu negado o direito à pensão social, conforme relata o jornalista Luís Claro. Na maioria, os timorenses que estão nesta situação eram professores que interromperam funções com a invasão da Indonésia.

Manuel Caldas, presidente da Associação para os Timorenses (APARATI), garante que foram entregues mais de 1000 processos à Caixa Geral de Aposentações. A APARATI já pediu reuniões com todos os grupos parlamentares, com o objectivo de alterar a lei para que o assunto possa ser resolvido de uma vez por todas.

O embaixador de Timor em Lisboa, Manuel Soares Abrantes, já reuniu com os deputados socialistas na Assembleia da República. O porta-voz do PS, Vitalino Canas, que esteve no encontro, fez um requerimento em que questiona o Governo sobre se está a analisar a situação e qual é a solução. Em declarações ao Rádio Clube, o deputado socialista disse que é importante saber se há alguma solução para estes timorenses.

[notícia recebida por e-mail, via Yahoo Group “Ajudar Timor”]

Isto significará, calculando por alto, que cerca de 80.000 ex-funcionários públicos da Administração indonésia reclamem a sua (pensão de) aposentação junto do respectivo Governo.

E que cerca de 5.000 outros façam outro tanto em relação à Administração das Nações Unidas.

Muito provavelmente, uns quantos outros milhares irão “exigir” o mesmo ou o equivalente à administração australiana, já que – além de a Austrália ser um país com dinheiro, para seu dela azar – também os “cangurus” estiveram por diversas vezes em território timorense e, portanto, há que pagar as respectivas taxas de estadia.
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O estilo manoelino

Estamos a poucos dias do 100.º aniversário de Manoel de Oliveira, dito realizador de cinema.

Por respeito ao ancião, aproveitando o hiato natalício e antes que o inelutável período de nojo sobrevenha, para já não falar do inevitável transe de enjoo que as comemorações do centenário acarretarão, parece-me elegante antecipar uma opinião de todo (e porque de todo) contrastante.

De facto, e devo dizê-lo depressa, detesto Manoel de Oliveira. Não o venerável cidadão, evidentemente, mas o cineasta, o realizador de cinema ou lá o que diabo se chama àquela profissão que apenas ele próprio tem.

Não que isso possa interessar ao mais pintado dos cinéfilos, mas o facto de nunca ter lido ou ouvido uma única palavra negativa sobre “o mais velho realizador em actividade no mundo” confere-me quiçá a autoridade (e a responsabilidade) de achar, ainda que sozinho, mesmo que em estreia mundial, ser aquela espécie de “cinema” a maior merda, o mais insuportável entulho em forma de película que alguma vez chegou às salas de espectáculos.
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É a cultura Maya, estúpido!

Al Gore em plena acção, salvando o planetaJá todos ouvimos contar inúmeras anedotas a respeito da “ignorância” ou da “estupidez” do futuro ex-Presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush. Todas ou quase todas falsas, inventadas, mas isso não interessa nada.

Também são conhecidas algumas outras piadinhas sobre as deficiências intelectuais, digamos assim, da ex-futura Vice-Presidente Sarah Palin, da mesma forma todas ou quase todas inteiramente falsas.

Curiosamente, sobre os políticos mais conhecidos do Partido Democrata americano é que não há nada disso, nem piadas nem anedotas. O que é pena, até porque as que se conhecem são rigorosamente verdade – e talvez seja por isso mesmo que perdem a graça.

Um dos fenómenos de popularidade nesta subespécie de anedotário em meios restritos, apenas para verdadeiros apreciadores do género piada subtil, é o eterno futuro-ex Vice-Presidente Al Gore.

A última anedota deste militante das causas vencidas foi escrita anteontem pelo seus próprios, rendados, elegantérrimos, muitíssimo guccianos punhos.

Looking Back to Look Forward
November 19, 2008 : 3:04 PMA
new study suggests the Mayan civilization might have collapsed due to environmental disasters:

“‘These models suggest that as ecosystems were destroyed by mismanagement or were transformed by global climatic shifts, the depletion of agricultural and wild foods eventually contributed to the failure of the Maya sociopolitical system,’ writes environmental archaeologist Kitty Emery of the Florida Museum of Natural History in the current Human Ecology journal.”
As we move towards solving the climate crisis, we need to remember the consequences to civilizations that refused to take environmental concerns seriously.

If you haven’t read already read it, take a look at Jared Diamond’s book, Collapse.

Blog de Al Gore

É claro que não apenas uma história sobre um estúpido perde a piada quando é verdade como, pior ainda, fica mesmo sem qualquer espécie de gracinha quando é o próprio estúpido a contá-la. A coisa só se torna hilariante quando toda a gente conta as coisas estúpidas que diz ou faz o estúpido, não quando é o próprio a assiná-las.

Este é um caso flagrante de risus interruptus. Al Gore declara, com todas as letras, tintim-por-tintim, que afinal não cá nada disso do aquecimento global, é tudo uma treta, porque afinal até a civilização Maya desapareceu “derivado às” alterações climáticas.

Parece que, no fim de contas, a culpa até não foi dos espanhóis, dos espanholitos, e também seguramente não terá sido dos caracóis, dos caracolitos. Segundo o Papa do aquecimento global, os Mayas lixaram-se, algures por volta da Idade Média, precisamente à conta do mesmíssimo aquecimento global de que hoje em dia tanto se fala, com ele mesmo à cabeça da “causa” e do paleio de chacha. O que significa, por conseguinte, estarem os fundamentos da teoria por ele mesmo patrocinada radicalmente errados: é que, durante os dezassete séculos que durou a civilização Maya, não havia nem fábricas, nem automóveis, nem frigoríficos, nem aerossóis nem, de resto, absolutamente porra nenhuma que pudesse produzir CO2 em quantidades industriais (até porque também não havia indústria) ou quaisquer outros gases que pudessem contribuir para o “efeito de estufa”.

Redigida pelo próprio, a coisa tem ainda mais sabor. Saboreemos, portanto: “os ecossistemas foram (…) transformados por alterações climáticas periódicas (…)”.

Lindo. Nosso Rui Moura não diria melhor. Não gozemos, porém, excessivamente com o gajo, com o presidenciável americano. Aquilo foi um simples deslize, um aborrecido lapsus linguae que, a bem dizer, se lhe escapou do teclado. Seria mau que de repente toda a gente desatasse a rir à conta desta tão inesperada quanto surpreendente manifestação de simplicidade mental, por assim dizer.

Não é lá por termos agora uma prova tangível de que o homem é simplesmente estúpido que nos devemos achar no direito de rir à gargalhada, desbragadamente. Haja tino. Haja calma.

Haja caridade, ao menos. Coitado do moço.

Conhecimento do assunto via The Big Feed.

Certidão de nascimento de Barack Obama

1. Embora isso não esteja absolutamente claro, existem juristas americanos que juram não ser possível alguém não nascido americano (“not natural-born citizen“) chegar a Presidente dos EUA.
2. Esta polémica alastrou como fogo, entre outras razões porque não existem alguns documentos fundamentais para que B.O. possa ser eleito ou sequer candidatar-se à Casa Branca.
3. Tentando responder à polémica, o “staff” de B.O. colocou online uma suposta certidão de nascimento do dito.
4. Existem certidões dessas online, uma delas em branco (é só preencher as variáveis).
5. Qualquer um pode pegar nesse modelo e criar a sua própria certidão, “comprovando”, por exemplo e em conformidade, que nasceu em Honolulu, Hawaii. 
 
Uma das formas de “criar” uma “certidão” destas, o que qualquer um pode fazer, é imprimir o formulário não preenchido, completar os campos em branco com uma máquina de escrever convencional, e depois digitalizar e publicar. Em alternativa, pode-se inserir as variáveis com o próprio programa de desenho utilizado para editar o impresso. O tipo de caracteres pode não ser rigorosamente o mesmo mas, com mais algum trabalho (e esborratando a imagem, como fizeram no site www.barackobama.com), pode-se “provar” a cidadania americana.
 
Em resumo, é isto: hoje em dia pode-se “provar” tudo e mais alguma coisa. O problema é só de aspas.


certidão publicada em www.barackobama.com, click para ampliar (em nova janela)
Este é o “original” publicado em www.barackobama.com.

o impresso em branco, click para ampliar (em nova janela)Este é o impresso em branco (com alguns campos preenchidos).

Este é um exemplo de “certidão” que qualquer um pode fazer.


keywords: birth certificate, usa, american, obama, blank, edit, fake, phony, honolulu, hawaii, citizenship

O campeão da luta contra a pobreza

ANTI-poverty campaigner Sir Bob Geldof charged $100,000 to come to Melbourne and give a speech about world suffering.

Geldof, 54, spoke about the tragedy of Third World poverty and the failure of governments to combat the crisis, at a Crown casino function on Thursday night.

But the Herald Sun can reveal the outspoken human rights activist charged about $100,000 for his trouble — a speaker’s fee that included the cost of luxury hotel rooms and first-class airfares. Fellow activist the Rev Tim Costello, World Vision’s CEO, spoke for free. An event insider said the Geldof payments included the costs of a minder.

“It was an inspiring speech. But when you think he got paid $100,000 to talk about poverty, it seems like a bit of a contradiction,” the insider said.

“That’s $100,000 that could have made a difference to poverty right there. Everyone in the audience would have walked away in awe. If only they knew the full story.”

heraldsun.com.au

O activista anti-pobreza Sir Bob Geldof cobrou $100.000 para proferir um discurso em Melbourne sobre o mundo que sofre.

Geldof, de 54 anos, falou acerca da tragédia que representa a pobreza no Terceiro Mundo e o falhanço dos governos no combate à crise, num evento promovido pelo Crown Casino na passada Quinta-Feira à noite.

Porém, o Herald Sun pode revelar que este activista, conhecido por não ter “papas na língua”, cobrou cerca de 100.000 dólares australianos (51.174.45 Euros, 10.235 contos) pela maçada – encargos de orador esses que incluem os custos de alojamento em hotel de luxo e de tarifas aéreas de primeira classe. O seu companheiro activista Reverendo Tim Costello, CEO da World Vision, não cobrou nada por discursar.

Uma pessoa ligada à organização do evento disse que os pagamentos a Geldof incluiram os custos de um segurança pessoal. “Foi um discurso arrebatador. Mas quando se pensa que lhe foram pagos 100.000 dólares para falar sobre a pobreza, parece que temos aqui uma ligeira contradição”, acrescentou.

“São 100.000 dólares que poderiam ter feito alguma diferença quanto à pobreza, logo ali. Toda a gente na audiência ter-se-ia posto a andar, em sinal de respeito. Ai se eles soubessem da história toda!”

[tradução de Apdeites]

Por exclusão de partes…

… e sem deixar dúvidas, um simples lapsus linguae lança luz sobre a questão.

”99% dos docentes contra avaliação”

A manifestação organizada pelos movimentos independentes de professores, de sábado passado, que juntou cerca de dez mil professores, mostra que, “juntando aos 120 mil que se manifestaram no dia 8, 98 ou 99% dos professores estão contra este modelo de avaliação”, disse ao DN Carlos Chagas, secretário-geral do Sindep.

Para Mário Nogueira, da Fenprof, o protesto dos independentes é a prova de que “ao contrário do que afirmava o Ministério da Educação, a opinião dos sindicatos não é diferente da dos professores“.

Mas “isso também já tinha ficado provado na manifestação de 8 deste mês”.

Diário de Notícias de hoje, página 7 (não disponível online).

Portanto, e isso é atestado pela voz autorizada do próprio “dirigente máximo” dos sindicatos professorais, se “a opinião dos sindicatos não é diferente da dos professores”, concluimos que os sindicatos são uma coisa e os professores são outra – por sinal, bem diferente. Apenas circunstancialmente, como será este o caso, as opiniões de uns e de outros podem coincidir.

Claro e transparente. Os sindicatos seguem uma estratégia política e têm interesses (sindicais, obviamente) a defender; os professores não têm nada a ver nem com aquela nem com estes.

Esta declaração pública, parecendo talvez insignificante, simboliza – além de constituir extraordinária “gaffe” – um atestado de emancipação da causa dos professores e da sua luta política: os sindicatos não os representam, limitando-se a parasitar essa causa e a manipular essa luta.

Já cá se sabia, mas é sempre bom que alguém habilitado para tal se dê ao trabalho de verbalizar a coisa.

Reviver o passado em Cabeça-de-Noiva

Uma das características fundamentais do chamado “informático”, é a sua atávica aversão ao Português.

Para ler uma coisa escrita por um “informático” (“Geek”, em versão revista e aumentada) é necessário possuir, além de uma paciência absolutamente à prova de bala, um não desprezível manancial de ferramentas linguísticas; além disto, que já não seria pouco, para que se entenda alguma coisinha do linguajar característico do “informático”, é conveniente dispor também de profundos conhecimentos de Inglês, e ter ainda algumas noções, ainda que básicas, de áreas do conhecimento tão distintas (no sentido de distintas) como a antropologia, a psicologia e, absolutamente fundamental, a “jogologia”, isto é, os jogos de computador.

Para quem sabe ler e escrever minimamente, tentar entender o palavreado do “informático” afigura-se como tarefa intelectualmente hercúlea, algo que serve para pôr à prova a mais resistente das pessoas ditas “normais”; aliás, não seria talvez má ideia incluir uma cadeira de “informática” em todos os cursos superiores de Letras; não para que os futuros licenciados nas diferentes áreas de Humanidades pudessem aprender alguma coisa sobre computadores, mas para que estudassem e interpretassem manuais de software e de hardware, para que decifrassem alguns livros deste interessante ramo e, quem sabe, para que pudessem aprender a perceber alguma coisinha daquilo que pretende dizer um “informático” sempre que se mete a escrever sobre as agruras da vida, o estado do tempo, a telenovela das 9 ou as hipóteses de o Benfica ganhar o campeonato, em suma, para quando lhes dá para “postar” umas coisas sem ser lá da área deles.
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