Já todos ouvimos contar inúmeras anedotas a respeito da “ignorância” ou da “estupidez” do futuro ex-Presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush. Todas ou quase todas falsas, inventadas, mas isso não interessa nada.
Também são conhecidas algumas outras piadinhas sobre as deficiências intelectuais, digamos assim, da ex-futura Vice-Presidente Sarah Palin, da mesma forma todas ou quase todas inteiramente falsas.
Curiosamente, sobre os políticos mais conhecidos do Partido Democrata americano é que não há nada disso, nem piadas nem anedotas. O que é pena, até porque as que se conhecem são rigorosamente verdade – e talvez seja por isso mesmo que perdem a graça.
Um dos fenómenos de popularidade nesta subespécie de anedotário em meios restritos, apenas para verdadeiros apreciadores do género piada subtil, é o eterno futuro-ex Vice-Presidente Al Gore.
A última anedota deste militante das causas vencidas foi escrita anteontem pelo seus próprios, rendados, elegantérrimos, muitíssimo guccianos punhos.
Looking Back to Look Forward
November 19, 2008 : 3:04 PMA
new study suggests the Mayan civilization might have collapsed due to environmental disasters:
“‘These models suggest that as ecosystems were destroyed by mismanagement or were transformed by global climatic shifts, the depletion of agricultural and wild foods eventually contributed to the failure of the Maya sociopolitical system,’ writes environmental archaeologist Kitty Emery of the Florida Museum of Natural History in the current Human Ecology journal.”
As we move towards solving the climate crisis, we need to remember the consequences to civilizations that refused to take environmental concerns seriously.
If you haven’t read already read it, take a look at Jared Diamond’s book, Collapse.
Blog de Al Gore
É claro que não apenas uma história sobre um estúpido perde a piada quando é verdade como, pior ainda, fica mesmo sem qualquer espécie de gracinha quando é o próprio estúpido a contá-la. A coisa só se torna hilariante quando toda a gente conta as coisas estúpidas que diz ou faz o estúpido, não quando é o próprio a assiná-las.
Este é um caso flagrante de risus interruptus. Al Gore declara, com todas as letras, tintim-por-tintim, que afinal não cá nada disso do aquecimento global, é tudo uma treta, porque afinal até a civilização Maya desapareceu “derivado às” alterações climáticas.
Parece que, no fim de contas, a culpa até não foi dos espanhóis, dos espanholitos, e também seguramente não terá sido dos caracóis, dos caracolitos. Segundo o Papa do aquecimento global, os Mayas lixaram-se, algures por volta da Idade Média, precisamente à conta do mesmíssimo aquecimento global de que hoje em dia tanto se fala, com ele mesmo à cabeça da “causa” e do paleio de chacha. O que significa, por conseguinte, estarem os fundamentos da teoria por ele mesmo patrocinada radicalmente errados: é que, durante os dezassete séculos que durou a civilização Maya, não havia nem fábricas, nem automóveis, nem frigoríficos, nem aerossóis nem, de resto, absolutamente porra nenhuma que pudesse produzir CO2 em quantidades industriais (até porque também não havia indústria) ou quaisquer outros gases que pudessem contribuir para o “efeito de estufa”.
Redigida pelo próprio, a coisa tem ainda mais sabor. Saboreemos, portanto: “os ecossistemas foram (…) transformados por alterações climáticas periódicas (…)”.
Lindo. Nosso Rui Moura não diria melhor. Não gozemos, porém, excessivamente com o gajo, com o presidenciável americano. Aquilo foi um simples deslize, um aborrecido lapsus linguae que, a bem dizer, se lhe escapou do teclado. Seria mau que de repente toda a gente desatasse a rir à conta desta tão inesperada quanto surpreendente manifestação de simplicidade mental, por assim dizer.
Não é lá por termos agora uma prova tangível de que o homem é simplesmente estúpido que nos devemos achar no direito de rir à gargalhada, desbragadamente. Haja tino. Haja calma.
Haja caridade, ao menos. Coitado do moço.
Conhecimento do assunto via The Big Feed.