Por exclusão de partes…

… e sem deixar dúvidas, um simples lapsus linguae lança luz sobre a questão.

”99% dos docentes contra avaliação”

A manifestação organizada pelos movimentos independentes de professores, de sábado passado, que juntou cerca de dez mil professores, mostra que, “juntando aos 120 mil que se manifestaram no dia 8, 98 ou 99% dos professores estão contra este modelo de avaliação”, disse ao DN Carlos Chagas, secretário-geral do Sindep.

Para Mário Nogueira, da Fenprof, o protesto dos independentes é a prova de que “ao contrário do que afirmava o Ministério da Educação, a opinião dos sindicatos não é diferente da dos professores“.

Mas “isso também já tinha ficado provado na manifestação de 8 deste mês”.

Diário de Notícias de hoje, página 7 (não disponível online).

Portanto, e isso é atestado pela voz autorizada do próprio “dirigente máximo” dos sindicatos professorais, se “a opinião dos sindicatos não é diferente da dos professores”, concluimos que os sindicatos são uma coisa e os professores são outra – por sinal, bem diferente. Apenas circunstancialmente, como será este o caso, as opiniões de uns e de outros podem coincidir.

Claro e transparente. Os sindicatos seguem uma estratégia política e têm interesses (sindicais, obviamente) a defender; os professores não têm nada a ver nem com aquela nem com estes.

Esta declaração pública, parecendo talvez insignificante, simboliza – além de constituir extraordinária “gaffe” – um atestado de emancipação da causa dos professores e da sua luta política: os sindicatos não os representam, limitando-se a parasitar essa causa e a manipular essa luta.

Já cá se sabia, mas é sempre bom que alguém habilitado para tal se dê ao trabalho de verbalizar a coisa.