A indecência tem limites

Antigos funcionários timorenses reclamam aposentação ao Estado português

Quase 1500 antigos funcionários da Administração Pública portuguesa em Timor reclamam a aposentação ao Estado português, há mais de oito anos.

Em 2000 foi estabelecido um prazo limite para que as pensões fossem requeridas e, quem não o fez, viu negado o direito à pensão social, conforme relata o jornalista Luís Claro. Na maioria, os timorenses que estão nesta situação eram professores que interromperam funções com a invasão da Indonésia.

Manuel Caldas, presidente da Associação para os Timorenses (APARATI), garante que foram entregues mais de 1000 processos à Caixa Geral de Aposentações. A APARATI já pediu reuniões com todos os grupos parlamentares, com o objectivo de alterar a lei para que o assunto possa ser resolvido de uma vez por todas.

O embaixador de Timor em Lisboa, Manuel Soares Abrantes, já reuniu com os deputados socialistas na Assembleia da República. O porta-voz do PS, Vitalino Canas, que esteve no encontro, fez um requerimento em que questiona o Governo sobre se está a analisar a situação e qual é a solução. Em declarações ao Rádio Clube, o deputado socialista disse que é importante saber se há alguma solução para estes timorenses.

[notícia recebida por e-mail, via Yahoo Group “Ajudar Timor”]

Isto significará, calculando por alto, que cerca de 80.000 ex-funcionários públicos da Administração indonésia reclamem a sua (pensão de) aposentação junto do respectivo Governo.

E que cerca de 5.000 outros façam outro tanto em relação à Administração das Nações Unidas.

Muito provavelmente, uns quantos outros milhares irão “exigir” o mesmo ou o equivalente à administração australiana, já que – além de a Austrália ser um país com dinheiro, para seu dela azar – também os “cangurus” estiveram por diversas vezes em território timorense e, portanto, há que pagar as respectivas taxas de estadia.

Ou seja, pelo menos 10% da população timorense considera ser seu direito natural “reclamar” uma pensãozinha seja de que organismo (nacional ou estrangeiro) ou seja de que país for. Presumindo que o agregado familiar médio, em Timor-Leste, é constituído por cinco pessoas, temos então que cerca de 500.000 habitantes daquele território – cuja população total rondará um milhão – esperam de alguma forma ter a sua sobrevivência assegurada à custa do “malai”, o estrangeiro. Ou seja, 50% da população de um país espera poder viver o resto dos seus dias, com toda a simplicidade e remanso, sem produzir absolutamente nada e sem mexer uma única palha.

Se nestes números incluíssemos os timorenses que serviram nas forças armadas e nas diversas autoridades policiais indonésias, os números seriam com certeza astronómicos. Se considerássemos ainda outro tanto em relação à tropa e às polícias portuguesas, da era colonial, muito provavelmente restariam apenas umas centenas de timorenses que não teriam direito a “reclamar”, de alguma forma, a sua subvençãozinha vitalícia.

Recolhidas desde há muito as toalhinhas brancas das janelas, enroladas as bandeirinhas da “solidariedade”, retirados em confortáveis retiros portugueses os prelados da “causa timorense”, enterradas de vez todas as ilusões sobre a putativa e teoricamente intrínseca “bondade” de todo um povo, nada mais resta senão a cruel, insana, decepcionante, mesquinha realidade.

Mas, pergunto eu, conhecendo menos-mal aquela tradicionalmente inviável meia ilha: o Governo timorense não se enxerga? Será possível que não tenham mesmo, enquanto representantes do povo da “mais jovem nação do mundo”, ao menos um pingo de vergonha?

Uma nota pessoal sobre este “post”.
Devo reconhecer que existe neste arrazoado de simples opiniões pessoais uma motivação estritamente… pessoal. E isso foi espoletado por uma frase da “notícia”: «os timorenses que estão nesta situação eram professores que interromperam funções com a invasão da Indonésia.»
Nunca me hei-de esquecer, nem que viva cem anos, da única vez em que alguém pôs em causa a minha competência e os meus métodos de ensino: um “professor” timorense, apoiado pelo “staff” local, questionou – à moda timorense – o facto de eu não seguir os métodos “pedagógicos” timorenses, ou seja, em resumo, (eu não) dar aulas em coro e (eu não) bater nos alunos com bastões de bambu. O facto de eu não deixar os alunos copiar tudo uns pelos outros também foi veementemente criticado, mas de facto o que mais encanitava aqueles “docentes”, além da referida ausência de pancada nos discentes, era eu recusar-me a falar em Tétum ou em Bahasa nas minhas aulas de Português. Aliás, nisso não estava eu sozinho, já que não apenas os “klegas” timorenses como os meus próprios alunos se recusavam, pela inversa, a dizer fosse o que fosse na Língua de Camões.
Repito: nem que viva cem anos, ó “kleguinhas” de Maubara!