Anatomia do polvo

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O polvo é um molusco cefalópode, significando isto que tem apenas cabeça e membros, e é desprovido de qualquer estrutura óssea, coluna vertebral, articulações ou caixa craniana.

Os cefalópodes em geral, como é o caso não apenas do polvo mas também da lula e do choco, caracterizam-se pelo facto de possuírem capacidades miméticas e cromáticas únicas no reino animal; são seres vivos capazes de alterar facilmente a sua pigmentação, adaptando-se com estranhas e quase instantâneas camuflagens ao meio que os circunda em cada momento; no entanto, ao contrário – por exemplo – dos camaleões, que também são mestres na arte da camuflagem, os cefalópodes (e em especial o polvo) caracterizam-se por aquilo que alguns estudiosos chegaram já a reputar como possuindo algo parecido com inteligência, uma característica geralmente atribuída em exclusivo à espécie humana. Esta capacidade de alteração cerebralmente induzida da pigmentação permite ao polvo não apenas esconder-se, em caso de perigo, como atacar sem ser visto ou sequer vislumbrado pelas suas presas, antes de desferir o golpe fatal – para o qual utiliza uma espécie de bico, a única estrutura rígida que possui.

Infelizmente para ele, o polvo não é capaz de expelir muita tinta quando atacado, como manobra de diversão e evasão, ao contrário dos seus primos chocos, que pintam verdadeiramente a manta na arte da fuga, mas ainda assim garante a si mesmo bastante protecção pelo facto de ser extremamente rápido a fugir e de conseguir, ainda por cima, escapulir-se num ápice para dentro de buracos absolutamente impossíveis, de tão microscópicos. Se bem que não tenha um grande tinteiro de seu, este bicho de oito patas com tentáculos é capaz das maiores manobras de diversão como, por exemplo, a mais espectacular, o facto de poder emitir a sua própria luz; é, de resto, à semelhança do seu primo choco, um dos poucos seres vivos que, não vivendo nas profundezas de breu, são capazes de brilhar no escuro. Um dos mistérios que a Ciência ainda não conseguiu desvendar, este, de como pode uma simples massa encefálica rodeada de músculos por todos os lados parecer irradiar luminosidade. Ilusão de óptica, dizem alguns estudiosos da matéria.

Ao fim e ao cabo, se nos abstrairmos de considerações subjectivas ou especulativas, o polvo é um simples predador, um caçador inveterado que selecciona sempre vítimas mais pequenas do que ele próprio, das quais se apodera com um abraço apertado, mesmo muito apertado, liquidando-as em seguida, inexoravelmente, com o seu espigão duro, esse bico tão rijo como um aparo.

Imagem (vagamente alegórica) de The Octopus Project U.S.C., University of Southern California