Há um motivo pelo qual alguém pode optar por soluções técnicas obsoletas, em detrimento daquilo que toda a gente julga ser, melhor, julga, postula, determina ser o “state of the art” de algo evidentemente superior. Esse motivo não tem, ao contrário do que se possa capciosamente especular, nada de especial: pode simplesmente ser por preguiça, por desprezo ou por pura sobranceria, por enfim, qualquer coisa que a trivialidade do quotidiano não pode nem irá nunca compreender.
O que interessa, para que interessa a “superioridade” de certo sistema operativo ou de algum “browser” em relação a outro? O que tem, ao certo, o Firefox, por exemplo, ou o Opera, assim de tão superior em relação ao “vetusto” e ultrapassadíssimo Internet Explorer? “Partidos”, no que diz respeito a computadores, e sistemas, e quejandos, sempre os houve: os indefectíveis do AS400 em oposição feroz aos apologistas dos “mainframes”, IBM 360/370 e dinossauros que tais; depois, vieram os apóstolos de coisas (hoje em dia) tão estranhas como o Spectrum, os Macintosh de primeira geração ou os sistemas operativos OS/2 e IBM-Dos, em concorrência ao triunfante Ms-Dos e com os emergentes PC. Para que servem, hoje em dia, linguagens como o PL/1 – misto de COBOL e FORTRAN – ou os mais do que museológicos, variados e ligeiramente imbecis VB I, II, e III, apenas para citar alguns exemplos, e em numeração romana e tudo?
A atitude sempre foi a mesma: uns quantos garotos julgam que descobrem uma extraordinária novidade e, por consequência, julgando-se os maiores e os mais inteligentes lá do bairro deles, toca de tratar todos os outros de cretinos para baixo, dando-lhes roda de mentecaptos, com o pormenor nada despiciendo de – esses jovens – não saberem sequer, ontem como hoje, exactamente como se articula ou soletra qualquer dos termos em apreço. É natural, como acontece sempre com a juventude, este deslumbramento – idiota, por definição – que induz a arrogância, a petulância, a bravata, todas essas coisas e adjectivos que definem a juventude ela mesma. Nenhum veterano destas lides pode sentir-se minimamente atingido pelas diatribes próprias dos juniores, essa categoria, subespécie humana pela qual todos passamos, com maior ou menor dificuldade.
À velocidade estonteante a que se tornam obsoletas as práticas, os sistemas, as plataformas informáticas, atendendo à vertiginosa obsolescência de qualquer ramo do conhecimento – e quanto mais evoluído for, pior – fácil será concluir que não tardará muito até que os actuais defensores da coisa evoluída se tornem nos reaccionários mais empedernidos do amanhã mais à mão.
Portanto, sejamos condescendentes; tentemos utilizar a linguagem da juventude actual; um pouco de urbanidade e de compreensão não faz mal a ninguém, se utilizada com parcimónia. Aqui fica a mensagem, assim sendo: jovens, não chateiem.
OK?