Anexo 23.05.07
Teoria do Direito de Reciclagem (TDR)
Graças às “pequenas alterações” efectuadas na música, os humoristas “não pagam direitos de autor”. O mesmo aconteceu com o genérico de programas como o Chuva de Estrelas ou o Não Se Esqueça da Escova de Dentes, na SIC, que “adaptaram músicas dos Abba”, afirma Zé Diogo, acrescentando que se lembra destes dois exemplos pois é fã da banda.
Respingos do artigo Genérico dos ‘gatos’ é uma cópia dos anos 50, de Maria João Espadinha (“com” Tiago Guilherme)
“Nós não percebemos nada de música, pelo que andámos pela Internet à procura de uma ideia”..” (“Zé” Diogo Quintela)
Pois sim, a ideia é uma boa ideia. Na Internet, como se sabe, há muito disso, tudo prontinho e completamente à borliú. O próprio artigo do DN, este como muitos outros, também foi uma ideia que “surgiu” na Internet (olha, nos blogs, nem de propósito), mesmo a calhar.
“É impossível não ser assumido, se fosse para copiar fazíamos a coisa minimamente diferente“. (“Zé” Diogo Quintela)
Bem, ó Sr. “Zé” Diogo Quintela, isso é que é lata, hem? “Coisa minimamente diferente”, hem? Copiador que se preze tem de ser “assumido”, hem? Não está nada mal lembrado, não senhor. Essa teoria irá com toda a certeza fazer jurisprudência na matéria, daqui em diante.
“A blogosfera é apenas um indicador.” (“Zé” Diogo Quintela)
Um indicador? Mas um indicador mesmo, assim como quem diz uma coisa que indica? Ou antes indicador, assim a modos que algo onde se vai buscar uma ou outra dica? Enfim, em resumo, o que diabo virá a ser um “indicador”? E é bom ou é mau, isso do “indicador”?
Por amor da santa, senhores. Custava alguma coisa ter referido o original, desde o início? Não teria sido muito mais inteligente ter desfeito o “mistério” logo à partida? A RTP não tem dinheiro para pagar direitos de autor, mas já tem dinheiro, ou mais ainda, para pagar “arranjos” musicais que se destinam a não ter de pagar os mesmos direitos de autor? Em que designação jurídica se poderá enquadrar esse tipo de engenharia moral?
Conhecimento do assunto através de post no blog 31 da Armada, de hoje.
Referências anteriores em outros blogs: Chuinga.L (08.04.07), Por Estes Dias (10.05.07), Beijoquinha (15.05.07).
Imagem da partitura de Claude François: E-Bay
Nota 1: por não ter sido encontrada qualquer pista sobre a ficha técnica do programa Diz Que É Uma Espécie de Magazine, este post é arquivado na categoria “diversos”. Por precaução, não vá o diabo tecê-las, fica também na categoria “plágio”, com ponto de interrogação apenso. Já que a cópia foi publicamente “assumida”, a categoria adequada (e única) é mesmo “plágio”.
Nota 2: convenhamos que o vídeo de Claude François é absolutamente hilariante.
Calma, rapazes!
Vocês conhecem “The three blind mice”?
Então, vão aqui:
http://www.niehs.nih.gov/kids/lyrics/blindmic.htm
Reconhecem a música? Será que o Claude François também plagiou?
É claro que não! Diz lá:
Written By: Unknown
Copyright Unknown
Logo, não há direitos de autor!
Trata-se realmente, na origem, de uma “espécie de” ladainha infantil, criada(?) em 1609 (!) por um senhor chamado Thomas Ravencroft… se acreditarmos daquilo que se diz na Wikipedia e em outros sítios.
Não sendo nem musicólogo,nem historiador, nem jurista, parece-me que não é a origem primordial da obra aquilo que está em questão; segundo disse o próprio “Zé” Diogo Quintela, a “inspiração” do genérico veio da canção celebrizada por Claude François, e incluiu – essa “inspiração” – a própria coreografia do videoclip, o guarda-roupa e até os penteados. É, portanto, uma versão de algo que já existia; este “algo” não foi nunca, que se saiba, até ontem, sequer referido.
É essa a questão e não outra qualquer, na minha modesta opinião. Não sei se Claude François menciona a ladainha original na partitura que publicou, mas presumo que sim; seria deselegante (e idiota) não o fazer; e, ainda por cima, sabendo que não haveria lugar a quaisquer royalties…