VGM e o desmancho ortográfico

Vasco Graça Moura prossegue a sua muito meritória cruzada contra o chamado “Acordo Ortográfico”. Desta vez promove, via Correio da Manhã, nada mais, nada menos do que um “Apelo ao protesto cívico“.

Ora, cá para mim, esta coisa do “protesto cívico” é bué da pífia. Ainda por cima, este académico letrado que, por acaso, até sabe escrever, avança com uma espécie de ameaça: “admitiu a hipótese de organizar um abaixo-assinado contra a aplicação em Portugal do Acordo Ortográfico”. Fónix, Senhor Doutor! A sério? Ai, Jesus, que medo devem estar a sentir os palermóides de fato, os iniciados na escrita ligeirinha e porreta!

Então, mas vamos cá a ver: nenhuma das três petições que já existem lhe agrada, seu doutor? Hem, chefinho, careta, cafonão, bundão? Estará você dando uma de mete nojo? Fazendo gênero, hem? Mas que mal tem aquilo, qualquer das três, hã?

Ah, pois, estão todas muito mal escritas, lá isso é verdade, os caras pelam-se por nosso português de cá, mas lá a redação é que boa noite, nada feito, aquela merda parece escrito no Brasil, é mesmo.

De maneira que será realmente, talvez, boa ideia: em vez de mais uma petição a favor da suspensão dessa porcaria do Aborto Ortográfico, saia então uma coisa bem escrita, algo que os arrase a todos, que os ponha de gatas, a esses veado da lingüistica. Não mais uma petição, não apenas uma petição, mas “a” petição, em regra e com firma reconhecida, a petição “de” Vasco Graça Moura. Legal.

Anda lá, meu véio! Faz isso aí. Não que sirva de alguma coisa, mas eu assino por baixo. Essa.

Nota: este texto é um exercício de adaptação (esta porcaria da “adaptação” agora é com “p” ou sem “p”?) ao dito Aborto Ortográfico, mesclado aqui e ali com o linguajar típico da nossa juventude e também pontuado com algum jargão típico, o cânone das tascas. Fica assim porventura, em apenas algumas linhas, coberto todo o espectro das normas possíveis. Esforço muito mal conseguido, há que que dizê-lo, mas ainda assim reconheça-se, ao menos tente-se valorizar, houve aqui esforço para escrever mal como o… raio, digamos assim. Caramba. Mais um parágrafo e, das duas uma, ou desatava a suar que nem uma besta ou tinha de ir ali adiante falar com o Gregório.