E agora, para algo muito sério: “Cá estemos*”


https://www.youtube.com/watch?v=jwcVr1MWxx8

Fado do Estudante

Que negra sina, ver-me assim
Que sorte vil e degradante
Ai que saudade eu sinto em mim
Do meu viver de estudante

Nesse fugaz tempo de amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador
Das raparigas

De capa ao ar, cabeça ao léu
Só para amar vivia eu
Sem me ralar
E tudo mais eram cantigas

Nenhuma delas me prendeu
Deixá-las eu era canja
Até ao dia em que apareceu
Essa traidora da franja

Sempre a tenir, sem um tostão
Batina a abrir, por um rasgão
Botas a rir
Um bengalão e ar descarado

A vadiar com outros mais
E a dançar nos arraiais
P’ra namorar, beber, folgar
Cantar o fado

Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa de anatomia

Invoco em mim
Recordações que não têm fim
Dessas lições frente ao jardim
No velho campo de Santana

Aulas que eu dava
E se estudasse ainda estava
Nessa classe a que eu faltava
Sete dias por semana

O fado é toda a minha fé
Embala, encanta e enebria
Pois chega a ser bonito até
Na rádio telefonia

Quanto é tocado com calor
Bem ao cuidado e a rigor
É belo o fado
Ninguém há quem lhe resista

É a canção mais popular
Tem emoção faz-nos vibrar
E eis a razão
De eu ser Doutor e ser Fadista

* Extraordinária expressão celebrizada por Vasco Santana.

Copy/paste da letra: sintonizate.net

Fast food, slow mood


http://youtube.com/watch?v=dPnI2WYwxwU


Natercia Pintor Voice of McDonalds Portugal 2008
“And I’m Telling You”
(Lyrics by TOM EYEN/Music by HENRY KRIEGER)
From the Musical “Dreamgirls” (info)
Vídeo de hdbacer (YouTube)
Blog de Natércia Pintor: http://natercianafinal.blogspot.com/

«Q5. How many employees entered the contest? [Quantos funcionários participaram no concurso?]
A5. More than 3,600 McDonald’s crew and managers from 53 countries.» [Mais de 3.600 colaboradores da McDonald’s, de 53 países.]
Página oficial do concurso “McDonald’s Singing Contest for restaurant crew and managers”.

Comentário: Portugal é um país muuuuuito distraído.

Aula de Francês: hã, duh, trruá

http://videos.sapo.pt/HPviyoZMs6irGQTDrGu0

_ Pois, o Ruben Daniel atropelou três professores de Matemática com o jipe da GNR roubado, que estava a conduzir sem carta, porque é uma criança marginalizada pela sociedade. É preciso proteger estes jovens e ajudá-los, encaminhá-los, de forma a que encontrem o seu lugar no contexto sociocultural.
(Psicólogo infantil, interpretado por Pedro Ribeiro)

_ Depois os putos tornam-se violentos, claro que se tornam violentos. Ninguém tem mão nos putos. E depois vêm aqueles psicólogos infantis para a televisão; com aqueles oculinhos e com aquele cabelinho e com aquela golazinha alta à totó, e só dizem coisas, dizem MERDA, e a gente não consegue perceber o que eles dizem, porque eles só dizem MERDA.
(Pedro Ribeiro, sobre os psicólogos infantis)

Entre as brumas da memória

(…) «O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: “Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela”.

Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados.» (…)
António Barreto
13.04.08, artigo com o título “Angola é nossa!”, jornal Público

«António Barreto publicou, no Público (domingo), uma carta de 1974, enviada pelo almirante Rosa Coutinho, alto-comissário em Angola, a Agostinho Neto, presidente do MPLA. O almirante diz que, depois de “reunião secreta (…) com os camaradas do PCP”, se decidiu “dar execução imediata à segunda fase do plano”. Rosa Coutinho incita Neto a dar “instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem os brancos, matando, pilhando e incendiando (…). Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos (…)”. Pois é, o documento é falso. Basta lê-lo. Não gosto de Rosa Coutinho, não gosto dos comunistas e da política deles em Angola. Mas aquele documento pertence à mesma família de os comunistas comerem crianças ao pequeno-almoço. “Sede cruéis com as crianças [brancas]”, escreveu o governador (em papel timbrado do seu gabinete), depois de programar a matança com as cúpulas do PCP… A carta apareceu num jornal sul- -africano em 1975. Eu li-a e sei porque é falsa: porque sim.»
Ferreira Fernandes
15.04.08, artigo com o título “António Barreto e a carta falsa”, jornal Diário de Notícias

«UMA carta do almirante Rosa Coutinho, quando era presidente da Junta Governativa de Angola, está a provocar polémica em Angola. A carta, em papel timbrado do gabinete do Governo-Geral e com a assinatura de Rosa Coutinho, era dirigida a Agostinho Neto e nela se pode ler: «Após a última reunião secreta com os camaradas do PCP resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à 2ª fase do plano. (…) Dê por isso instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando a fim de provocar a sua debandada de Angola».
Holden Roberto, presidente da FNLA, que cedeu uma cópia da carta ao EXPRESSO, garantiu a sua autenticidade, acrescentando: «Um homem que escreveu uma carta destas é um criminoso». Rosa Coutinho, reconheçe a veracidade da assinatura.
Entretanto, a polémica prossegue em Angola, com o MPLA a dizer que a carta «nunca existiu e foi forjada pelos serviços secretos portugueses ou pela própria FNLA, que a divulgou» e Holden Roberto, da FNLA, a agitar o documento.»
Cabinda.net, 21.02.98

click para ampliar

Transcrição

S.R.
REPÚBLICA PORTUGUESA
ESTADO DE ANGOLA
REPARTIÇÃO DE GABINETE DO GOVERNO-GERAL
LUANDA, aos 22 de Dezembro de 1974

O Século de
Joanesburgo
25/11/75
Janeiro 1978 (manuscrito)

……………Camarada Agostinho Neto

……………A FNLA e a UNITA insistem na minha substituição por um
reaccionário que lhes apare o jogo, o que a concretizar-se seria o desmorona-
mento do que arquitectamos no sentido de entregar o poder ùnicamente ao MPLA.
Apoiam-se aqueles movimentos fantoches em brancos que pretendem perpetuar o
execrando colonialismo e imperialismo português – o tal da Fé e do Império,
o que é o mesmo que dizer do Bafio da Sacristia e da Exploração do Papa e dos
Plutocratas.
……………Pretedem essas forças imperialistas contrariar os nossos
acordos secretos de Praga, que o camarada Cunhal assinou em nome do PCP, afim
de que sob a égide do glorioso PC da URSS possamos estender o comunismo de
Tânger ao Cabo e de Lisboa a Washington.
……………A implantação do MPLA em Angola é vital para apearmos o
canalha MOBUTU, lacaio do imperialismo e nos apoderarmos da plataforma do
Zaire.
……………Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas
do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do
plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o
colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos
militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando,
pilhando e incendiando, afim de provocar a sua debandada de Angola. Sede
cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os
mais corajosos. Tão arreigados estão à Terra esses cães exploradores brancos
que só o terror os fará fugir. O FNLA e a UNITA deixarão assim de contar
com o apoio dos brancos, de seus capitais e de sua experiência militar.
Desenraizem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda
a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou
pelo menos se dificulte a reconstrução daquela.

Saudações revolucionárias
A Vitória é certa

(assinatura ilegível)

António Alva Rosa Coutinho
Vice-Almirante

Imagem de Telémaco A. Pissarro, alojada em http://pissarro.home.sapo.pt/carta.jpg


Adenda, em 21.04.08 – 12:05 h

BARRETO E A CARTA FALSA (II)

Há dois domingos, António Barreto publicou, no Público, uma carta de 1974, que disse ser de Rosa Coutinho a Agostinho Neto. Na carta, Rosa Coutinho, depois de “reunião secreta com os camaradas do PCP”, ordenava ao presidente do MPLA aterrorizar “os brancos [portugueses], matando, pilhando e incendiando.” E exortava: “Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos.” Apresento os portugueses de que falo: Barreto é uma voz respeitada; Rosa Coutinho era o alto-comissário em Angola; e o PCP está no Parlamento. Não falo de gente menor e, no entanto, a extraordinária carta não teve eco. Com duas excepções: uma crónica minha, no DN (eu dizia que ela era falsa), e um debate na blogosfera. O que deveria ter acontecido: um sobressalto nacional para tirar a coisa a limpo. Diz-se que o governador português e um partido português exortaram um grupo estrangeiro a aterrorizar portugueses – e nada! Ou eu tenho razão, e a carta é falsa, ou este silêncio é doentio.
Ferreira Fernandes, DN de hoje

Mero palpite: uma carta “secreta” que refere expressamente uma “reunião secreta”, “acordos secretos” e “instruções secretas”…

Outro palpite: Rosa Coutinho não é propriamente conhecido por redigir assim tão mal, com tantos erros de Português.

O teste da fotocópia costuma eliminar quaisquer dúvidas. Compare-se este com outros documentos assinados pela mesma pessoa; se a assinatura neste for exactamente igual à de qualquer outro, o documento é falso. Curiosamente (e aparentemente), o dito “documento” é o único – disponível na Internet – de que existem imagens. Mas, que diabo, alguém há-de ter acesso a documentos genuínos, para comparar a assinatura!

Este assunto está em discussão, entre outros sítios, nos blogs Blasfémias e 5 Dias.

Existe uma imagem da publicação da carta no jornal Século de Joanesburgo, no endereço http://www.macua.org/documentos169.html.

O aborto ortográfico: pontas soltas e roubos de catedral

Uma das consequências do A.O. (Acordo Ortográfico) que ainda não vi referida em lado algum é este objeto.

Googlar passará, caso o dito aborto se torne obrigatório, a devolver à cabeça apenas resultados em “brasileiro” – isto é, de sites e de blogs brasileiros -, relegando para o fim da lista todos aqueles conteúdos que não respeitarem a “norma” brasileira. “Objeto” é apenas um exemplo e não vale a pena avançar agora com trocadilhos foleiros a respeito disto; fiquemo-nos pela evidência de que o truque é, só por si, perfeitamente abjecto… conforme se comprova: sendo os brasileiros 180 milhões, enquanto que o resto dos falantes de Português não chega aos 40 milhões, é perfeitamente natural que aqueles tenham muito mais páginas (escritas e na “web”) do que os demais. Ora, esta norma imperialista irá implicar, por conseguinte, a imediata despromoção dos sites e dos blogs que mantiverem a matriz ortográfica do Português europeu – em função dos algoritmos dos motores de busca – para os confins da lista dos resultados da pesquisa.

Note-se: não apenas os sites brasileiros surgirão inevitavelmente nos primeiros lugares, em todas as googlizações que incluam um único termo grafado “à brasileira”, como a enorme quantidade desses resultados (em termos de “keyword weight” e em termos absolutos) empurrará os outros para o fim de uma interminável lista de páginas. de… resultados Todas as buscas por critério empresarial, (“extração+minério“, por exemplo), retirará assim, de forma automática e por algoritmo fixo, qualquer hipótese (de sobre si mesmas recair a escolha de quem procura) a todas as indústrias de exploração mineira de Portugal e dos PALOP. E quem diz indústria mineira, diz indústria aeronáutica (jato e jacto) ou a indústria eléctrica (basta a própria designação para comparar), apenas para citar alguns exemplos ilustrativos e significativos.

Como é evidente, o impacto deste desastre estender-se-á a todas as áreas de actividade; para além das diversas indústrias, propriamente ditas, todos sabemos que o mesmo sucederá, de forma ainda mais aguda, com o sector dos serviços, e nomeadamente em tudo aquilo que se relacione com a própria Língua: os tradutores independentes nacionais e as empresas de tradução não brasileiras têm apenas um futuro imediato, e esse futuro é a falência. Nenhum tradutor português poderá jamais competir no mercado internacional com preços 50% inferiores (ou mais); se a ortografia passar a ser uma só, nenhum cliente estrangeiro sequer hesitará entre o “fornecedor” de traduções brasileiro e o tradutor português, angolano ou mesmo moçambicano; o custo de vida em cada um dos países é completamente diferente, mas isso não interessa evidentemente para nada, do ponto de vista do cliente.

O acordo ortográfico representa de facto uma revolução por via administrativa. A primeira da História, por sinal. Parafraseando Churchill, e salvaguardando do mesmo passo as devidas distâncias, nunca tantos foram tão roubados por tão poucos.

No caso de restar ainda alguma dúvida nos espíritos mais distraídos, frívolos ou porventura simplesmente estúpidos, bastar-lhes-á talvez (ao menos tentar) questionar os seus botões sobre o seguinte: o que têm a ganhar com isto os defensores do NÃO ao acordo? E os outros, os tipos do SIM, o que ganharão eles se o acordo for avante?

Uma resposta implica a outra, não é? E a coisa assim fica mais simples, não fica?

Pois é, pois fica. Eu cá não sei ao certo o quê ou quanto abichará cada um deles, mas sei perfeitamente quanto esta gigantesca vigarice me custa.

A Língua Portuguesa não é um objecto que se possa trocar, comprar ou vender. Os portugueses que a usam como ferramenta de trabalho, ao menos esses, não estão em saldo. Nem apreciam particularmente que alguns salteadores e traficantes lhes tentem roubar a enxada, essa alfaia singular com que revolvem o chão da pátria que lhes deu o ser e lhes dá o pão. E que também serve, como qualquer sachola honrada, para dar com ela na cabeça dos meliantes.

Prós & Contras: o acordo pornográfico

Desde a passada 2ª Feira, têm vindo aqui parar centenas de visitantes, porque pesquisam na Google os termos “prós e contras acordo ortográfico e – surprendentemente ou não – o que lhes aparece em primeiro lugar é um “post” do Apdeites sobre o assunto, (mas) que não contém propriamente as gravações daquele programa.

Que não seja por isso. Aí está o Prós&Contras do passado dia 14, sobre o famigerado Acordo Ortográfico. Como é evidente, o Apdeites é completamente alheio ao facto (técnico) de o site da RTP menosprezar os motores de busca, não cuidando de prover as suas páginas com as “keywords” adequadas e, por outro lado, tornando a mais simples busca de conteúdos no seu site como algo apenas ao alcance de especialistas.

Por isso, já que existe interesse público nos conteúdos produzidos por um serviço também público, e sucedendo que o dito público encontra mais facilmente aquilo que procura no Apdeites do que o site da RTP, então publica-se aqui o que ali foi produzido, como forma de não defraudar quem procura conteúdos daquela empresa pública e apenas ou muito mais facilmente os encontra neste site privado.

Evidentemente, e apesar do que fica explicado, caso exista alguma objecção dos produtores quanto a direitos de autor, estas gravações (em “hard-link”) serão retiradas de imediato.

Palavras e expressões-chave: Português, Vasco Graça Moura, Maria Alzira Seixo, Carlos Reis, Lídia Jorge, Brasil, Portugal, ortografia, escrita, PALOP, CPLP, Timor, Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Galiza, crioulo, papiamento, pidgin, editoras, manuais, norma.

DRENar a violência escolar

Condenada por la agresividad de su hijo
La Audiencia de Sevilla encuentra culpable a una madre por su “laxitud y tolerancia” a la actitud violenta de su vástago
EFE – Sevilla – 22/03/2008

La Audiencia de Sevilla ha condenado a una mujer a pagar 14.000 euros de multa por una agresión de su hijo en el Instituto de Secundaria en el que estudia. El tribunal considera que la “laxitud y tolerancia” de la mujer a la hora de educar al menor han motivado el comportamiento violento del adolescente.

La multa pagará el tratamiento para recomponer los dientes de otro menor, compañero de Instituto Castilla de Castilleja de la Cuesta, Sevilla. En el juicio, la mujer intentó desviar la responsabilidad hacia el centro educativo por no hacer “labores suficientes de vigilancia” de los alumnos, pero la sentencia estima que los adolescentes no necesitan una vigilancia tan rígida, sino que “la brutalidad e intensidad” de la agresión evidencian “una falta de inculcación o asimilación de educación y moderación de costumbrse en el agresor para la convivencia en valores”.

La Audiencia confirma así el primer fallo judicial que hablaba de una “incorrecta educación”, que los jueces equiparan a aquellas situaciones en las que los progenitores “permiten o no se preocupan de controlar que sus hijos no lleven al centro escolar objetos que puedan resultar en sí mismos peligrosos”.

El País

Isto é em Espanha. Por cá, neste baldio à beira mar esquecido, a mesma coisa faz-se de forma muito mais original e, por assim dizer, criativa: atira-se ao mensageiro. Descubra as diferenças

2008-04-11 21:06:25 DREN insurge-se contra uso público de vídeo de telemóveis
A Direcção Regional de Educação do Norte considera que as imagens exibidas por alguma imprensa são ilegais e violadoras da privacidade, pelo que fez uma queixa ao Ministério Público e à Entidade Reguladora da Comunicação Social.

RTP (ver vídeo da notícia)

Estas coisas custam-me a entender, confesso.

Os telemóveis, que tanto abespinham a DREN (ou, digamos, alguém que de momento fala pela DREN), tornaram-se uma ferramenta pedagógica indispensável; um único destes aparelhos faz mais, dentro de uma sala de aula, do que um gorila, três capangas ou, vá lá, não exageremos, uma unidade completa da Polícia de Choque. É este, de facto, o admirável mundo novo de que falava o velho Huxley, já antecipando de certa forma o futuro que outro velho, George Orwell, profetizou com amargura e pessimismo em “1984”. Afinal, pelo que vemos, o que nos tocou não foi nem a vidinha super-organizada e catita do primeiro, nem a sociedade programada debaixo do terror obsidiante do Grande Irmão, do segundo. Não, nem uma coisa nem outra, muito pelo contrário, aquilo que temos é um engraçado misto de ambos os modelos: Orwell acertou na parte do Grande Irmão, mas falhou na programação; já o outro foi capaz de adivinhar com precisão o catitismo a que hoje em dia chegamos, mas espalhou-se ao comprido na mesma coisa, a maldita organização.

Portanto, como temos de viver com aquilo que temos, por mais que isso custe aos franco-pensadores do regime, o que sobra é uma coisa aborrecida a que se convencionou chamar “realidade”: a bandalheira total completamente vigiada ou, como dizem alguns mais realistas, o caos virtualmente controlado. Em suma, e há que aproveitar enquanto se pode, o que temos é uma sociedade que deixará para a posteridade todas as imagens e os registos mais completos das suas próprias decadência e anarquia.

É esta maravilha, é este prodígio de simbiose entre a evolução técnica e a mais completa estupidez, que pretendem liquidar à cabeça meia dúzia de pretensas sumidades, em especial as duas ou três ligadas ao chamado “fenómeno educativo” e mais especificamente a tal senhora da mencionada repartição pública. Onde já se viu, não é?

Do Portugal Arguido – VIII


https://www.youtube.com/watch?v=v8-XGZ1ogho

Torres Vedras, Lisboa, 10 Abr (Lusa) – O empregado Pedro Jorge, de 30 anos, da fábrica Cerâmica Torreense, de Torres Vedras, acusa a entidade patronal de o pretender despedir por ter afirmado num programa de televisão que não é aumentado desde 2003. (DN)

Aquilo que aqui está em causa não é a filiação partidária da pessoa em causa (PCP), se é ou não activista político (dirigente sindical da CGTP) ou se disse o que disse infundadamente (não sabemos).

Também não está em causa o direito de qualquer Empresa exigir dos seus funcionários o cumprimento integral de todos os deveres contratualmente previstos, nomeadamente o dever de lealdade do empregado para com a Empresa empregadora.

O que está aqui em causa, isso sim, é o facto de ter sido movido um processo disciplinar a um cidadão português pelo facto de este não ter ocultado a sua identidade. Tivesse ele dito rigorosamente as mesmas coisas com um capuz na cabeça, por exemplo, e já nada se passaria.

Este é, por conseguinte, mais um exemplo paradigmático do anacronismo e da tacanhez que vai tolhendo a máquina da justiça, em Portugal, a todos os níveis. Se não é verdade aquilo que o seu funcionário disse, então a Empresa em causa deveria ter publicado um desmentido e provado a atoarda, accionando então – e só então – os meios legais ao seu alcance; onde está esse desmentido***? Porque se recusam os responsáveis da Cerâmica Torreense a falar sobre o assunto à comunicação social?

É absolutamente indiferente, neste como em qualquer outro caso do género, que o objecto de acção disciplinar seja militante comunista, dirigente sindical, casado, electricista e, se calhar, adepto do Benfica, apreciador de caracoletas assadas, praticante de aeromodelismo ou mesmo blogger renitente. O que não é indiferente, aquilo que muda toda e qualquer perspectiva sobre estes cada vez mais rotineiros processos repressivos, é a evidente perversão das finalidades e da própria mecânica da justiça, em sentidos lato ou restrito: trata-se de perseguir por todos e quaisquer meios a personalidade do indivíduo e não os actos individuais nocivos à comunidade; trata-se de punir essencialmente quem diz o que se faz e não quem faz o que se diz; trata-se de utilizar a máquina da justiça como trituradora e cilindro compressor da opinião.

Trata-se, em suma, de mais um descarado convite ao anonimato, à voz distorcida e à face esborratada, à denúncia soez e cobarde ou, o mesmo é dizer, de empurrar a opinião individual para um estatuto legal de absoluta clandestinidade.

*** Caso exista, o que desconheço, ou venha a existir um desmentido sustentado, e nomeadamente se se comprovar que houve prejuízos envolvidos, teremos de reconhecer os direitos de resposta e de retorno da Empresa em causa – o que não invalida de forma alguma os pressupostos políticos deste incidente.

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Legendagem Português/Brasileiro

[citação]«Ao fim e ao cabo, se nos abstrairmos de considerações subjectivas ou especulativas, o polvo é um simples predador, um caçador inveterado que selecciona sempre vítimas mais pequenas do que ele próprio, das quais se apodera com um abraço apertado, mesmo muito apertado, liquidando-as em seguida, inexoravelmente, com o seu espigão duro, esse bico tão rijo como um aparo.»[fim de citação]

Transcrevo este parágrafo de um texto que aqui publiquei, no dia 1 de Março do ano passado, apenas para ilustrar o que vulgarmente se designa como “perplexidade”. Pois, é verdade, estou perplexo. Bué da perplexo, posso afiançar. Mas será possível que alguém interprete aquilo que ali está como sendo uma “breve análise da anatomia do polvo”? Ó valha-me Deus! Anatomia? Análise? Vá lá, breve está bem, essa safou-se, mas…

Mas como é possível que alguém não tenha entendido a que “polvo” se refere o texto? Caramba, a coisa está assim tão mal escrita que possa originar confusões deste calibre?

Não sei se já disse que estou perplexo. Disse? Bem, pronto, então é melhor deixar-me de engonhanços e explicar porquê. Não sei se deva. Caramba, é que me custa! Bom… eu… enfim…

Ok. Isto é engolir em seco e tragar a pastilha. Lá vai: alguém no Brasil referenciou aquele texto, aquela coisinha mal amanhada, aquela alegoria (!), macacos me mordam, como fonte, como matéria pedagógica! E pespegam-me, os malandros, com o link no meio de outras “referências”, tudo materiais a consultar pelos alunos, sob a pomposa designação de “Aspectos sobre a Ecologia, Biologia, Gestão, Qualidades Nutricionais, Toxicidade e Potencial para Aquacultura do POLVO.”

A coisa insere-se, pelos vistos, num trabalho escolar sobre camuflagem animal, «destinada a alunos da 6ª série do Ensino Fundamental» e está assinado por quatro «Acadêmicos do 3º período do curso de Ciências Biológicas da PUC-MG».

Deus nos acuda. E agora? Como desfazer este tremendo, irritante, comprometedor equívoco? Como explicar o que é, para que serve e como funciona uma simples alegoria? Como definir “metáfora”, ainda para mais quando essa figura de estilo se apresenta em doses maciças e, pelos vistos, em quantidades altamente tóxicas?

Como se costuma dizer, uma destas só a mim! “Fonte” para o estudo da camuflagem, aquilo? Eu, eu mesmo, conhecido na minha rua e arredores por ser portador de uma coriácea modéstia, vir para aqui, assim nas calmas, e pôr-me a discorrer cientificamente sobre cefalópodes?

Nunca! Era lá capaz de semelhante desfaçatez! Bem, pelo menos na parte do “cientificamente”.

Pobres crianças. Ainda tão pequenas e já o polvo as agarrou com toda a força.

Algo está podre na República da Islândia

«O escândalo do momento aqui na Islândia tem a ver com os dois principais supermercados de preços acessíveis, Bónus e Krónan. A acusação da imprensa é que esses dois estariam fixando preços entre si. Parece que Bónus, que garante ao seus consumidores que eles sempre tem os menores preços, na verdade mantém todos os seus preço exatamente 1 Krona mais baratos que o seu competidor.

Ambos os supermercados também foram acusados de alterar os preços quando fiscais de pesquisa de preços do governo aparecem nos supermecados. Os dois supermercados tem displays digitais para cada produto mostrando o preço, e o valor que pode ser alterado direto de um controle central. O que um jornal descobriu é que os supermercados conhecem quem são os fiscais do governo, e quando os vêem chegando, todos os preços são abaixados com o pressionar de um tecla. Assim que os fiscais saem do prédio, todos os preços sobem de novo. Dessa forma, os supermercados controlam o que as pesquisas de preço dizem à respeito de quais são os supermercados mais baratos.

Ainda, parece que os preços variam várias vezes ao dia, com muitas vezes os clientes pagando mais no caixa do que o preço que viram na prateleira, que já mudou desde que o produto foi colocado no carrinho. Durante a noite e durante os fins de semana, quando os supermercados ficam cheios, os preços sobem de 10 à 15%.

As acusações dessas práticas de formação de cartel de preços foram feitas por empregados dos próprios supermercados, mas ainda não é claro se haverá uma investigação oficial do governo, porque os empregados não querem se identificar. Num mercado de trabalho tão pequeno como o da Islândia, se você estraga sua reputação com uma grande empresa, pode ser que você descubra que nenhuma outra empresa quer te contratar. Um pequeno número de empresas na Islândia controla o setor de varejo no país.

Agora toda vez que vou no supermercado, fico torcendo pros pesquisadores de preços estarem visitando na mesma hora, pros preços baixarem! hehehe

Ainda falando-se de preços em supermercados, pesquisas recentes mostram que os preços aqui na Islândia são em média 63% mais altos do que nos países vizinhos como na Dinamarca e Inglaterra. O custo de vida por aqui é mesmo de se assustar.»

Transcrição de “post” de 17.12.07 do blog Vida Na Islândia (BR)

Se isto se passa na Islândia, um país classificado em 1º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (UNDP), imagine-se o que acontece naquele outro que está em 29º.

Em Portugal, a coisa até é um bocadinho mais imaginativa. Os preços não apenas são alterados electronicamente como, quando não existe tão evoluído sistema, é comutado semi-automaticamente um recurso mais artesanal, o chamado “engano”: desde preços aleatoriamente trocados “por engano” a produtos “em promoção” que afinal estavam fora de prazo “por engano”, aqui há de tudo, a imaginação portuguesa não tem de facto limites. Experimente-se anotar os preços de meia dúzia de produtos essenciais (ou não), em qualquer supermercado do país, nos dias 3, 15 e 26 de um mês ao acaso; já agora, ainda mais simples, faça-se a experiência num prazo mais curto, comparando esses mesmos preços à 3ª Feira e ao Sábado.

Os Islandeses pensam que são mais do que os outros, mais espertinhos e assim? Isso é que era bom! Connosco, portugueses, ninguém brinca! Nós demos novos mundos ao mundo, no passado, e damos agora novos preços às coisas, quase todos os dias, para já não falar nos nomes que damos aos bois – e que mudam consoante os bois, os donos dos bois e o facto de os bois fumarem ou não.

Assim com’assim, é Portugal, ninguém leva a mal.

Imagem (escudo de armas da Islândia) alojado em Wikipedia. Está ali um boi, mas isso é mera coincidência.