Habacuc: diz que disse

Hello everyone. My name is Guillermo Habacuc Vargas. I am 50 years old and an artist. Recently, I have been critisized for my work titled “Eres lo que lees”, which features a dog named Nativity. The purpose of the work was not to cause any type of infliction on the poor, innocent creature, but rather to illustrate a point. In my home city of San Jose, Costa Rica, tens of thousands of stray dogs starve and die of illness each year in the streets and no one pays them a second thought.

Now, if you publicly display one of these starving creatures, such as the case with Nativity, it creates a backlash that brings out a big of hypocrisy in all of us. Nativity was a very sick creature and would have died in the streets anyway.

The dog died the next day in the exhibition, according to the editor of La Nacion’s cultural section editor, Marta Leonor González, in Nicaragua.

The exhibition also included the frase “Eres lo que lees” (you are what you read) written with dog food, as well as a Sandinist Himn playing backwards on a loop. Habacuc said his work was a homage to Natividad Canda, a Nicaraguan who died after being attacked by two rottweiler dogs in a workshop in Cartago.

“What’s important for me is the hypocrisy of people: an animal like that becomes the center of attention only when I put him in a white cube where people go to see art, but no one cared when it was as stray dog roaming the streets starving. The same happened to Natividad Canda, people were concerned only after the dogs had killed him.”

“No one came to free the dog, or give him food or water or called the police. No one in the exhibition did anything.”

Este texto foi transcrito de um “post” publicado há apenas algumas horas no site Arte Puente in English.

Já antes alguns bloggers portugueses tinham dado pela marosca, já se sabia que isto era mais um mito (da blogosfera em geral e do coitadismo militante em particular), mas não deixa de ser curioso o facto de ainda haver por aí tanta gente arrepelando os cabelos e rezando pela pele do senhor Guillermo Habacuc Vargas.

Se for preciso traduzir, traduz-se. Se for preciso fazer um desenho, bem, isso é que vai ser mais difícil, dada a minha proverbial falta de jeito.

Este post foi produzido integralmente com materiais reciclados e durante a sua produção não foram maltratados, torturados ou sequer chateados animais nenhuns. A não ser o próprio animal que deu às teclas, o qual teve de gramar no processo mais uma sessão de marteladas de um estupor de um vizinho qualquer. Além disso, e para sossegar todos aqueles que extrema e sinceramente se preocupam com a minha saúde, juro pela alminha de quem já lá está que apenas fumei três míseros cigarros enquanto copiei e colei a transcrição, mandei estas boquitas foleiras e por fim carreguei no botão “publish”. Mais declaro que, hoje pela manhã, não me esqueci de beber o meu suminho de pêssego, sem corantes nem conservantes, tendo tido o cuidado de acondicionar a embalagem para reciclar e de guardar a tampinha para os devidos efeitos.

Quem disse que existe vida inteligente no Brasil?

O aborto ortográfico continua a dar que falar… e escrever. Curiosamente, nada ou quase nada se sabe (pelo menos, em Lisboa, Porto, Coimbra e arredores) a respeito da opinião dos brasileiros sobre a coisa; não a dos emigrantes brasileiros em Portugal, não a da classe política brasileira, não a dos industriais daquele país interessados em exportar os seus produtos, não a dos imperialistas brasileiros por grosso, mas apenas a opinião do chamado “homem da rua” daquele imenso país, por atacado. Ora, afinal parece que não apenas isso existe no Brasil, como se torna sumamente interessante – para nós, portugueses – conferir o que diz esse tal “homem da rua” a respeito do assunto: estará interessado no Acordo Ortográfico, o público brasileiro, o povo brasileiro? Como se encara esta “genial” invenção, mas do lado de lá do Atlântico? O que dizem e escrevem os não académicos brasileiros sobre a chamada “uniformização ortográfica” do Português?

Interessantíssimo exercício, esta pesquisa, por assim dizer um aliciante safari linguístico. Claro que, para que conservemos um módico de sanidade mental, será necessário armarmo-nos previamente de extrema paciência e comiseração, tendo o cuidado de com prudência envergar uma couraça de desprezo que nos proteja dos enxovalhos a granel, dos insultos gratuitos e boçais, das diatribes e imbecilidades que nos esperam em tão meritória quanto, de certa forma, corajosa expedição.

Uma busca selectiva a páginas do Brasil devolve um número surpreendente de resultados. Assim por amostra e (como que) por mero acaso, tropeçamos num blog com o título de “Língua Brasileira” e com um lema não menos sugestivo que reza o seguinte: “Chega de chamar de “portuguesa” a nossa língua brasileira. Independência lingüística já!”

Começamos bem. O autor deste blog publicou, ainda anteontem, (mais) um “post” exclusivamente dedicado àquela que é, pelos vistos, a sua obsessão primordial: o achincalho do Português, Língua, e do português, povo. O título do post referido é só por si ilustrativo, mas valerá talvez a pena transcrever na íntegra o que ali se diz.

Quem disse que não existe vida inteligente em Portugal?

Trecho do artigo “Muito Barulho Para Nada” publicado pelo historiador português Vasco Pulido Valente no jornal português “Publico” em 21/03/2008, traduzido por mim para o brasileiro:

“…O dr. Vasco Graça Moura* e outras pessoas sensatas fizeram o erro de atacar o acordo ortográfico luso-brasileiro minuciosamente. A essência dessa monstruosidade acabou por se perder numa discussão técnica por que ninguém se interessa e que ninguém consegue seguir. A essência da questão é, no entanto, clara. A ortografia portuguesa e a ortografia brasileira são diferentes, porque a língua portuguesa e a língua brasileira são diferentes: a fonética, a sintaxe, a semântica. O brasileiro evoluiu e continua a evoluir de uma maneira e o português de outra. Este processo não vai evidentemente parar e vai reduzir a um triste exercício de futilidade qualquer acordo que os sábios daqui e de lá (e talvez depois de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné) se lembrem de congeminar…”

*Vasco Graça Moura é um escritor e político português que também é contrário à essa imbecilidade de des”acordo” ortográfico entre o Brasil e Portugal.

Refira-se, a talhe de foice, que o Português do Brasil que o autor do blog “língua brasileira” utiliza é do melhor que tenho lido. E posso asseverar que tenho passado, ao longo dos anos, tormentos merecedores, quiçá, de uma condecoração por alto mérito cultural e por variadíssimas demonstrações de coragem, como Português, quando debaixo de fogo brasileiro, cercado de asneiras por todos os lados ou a ter de aguentar (sozinho e para além do cumprimento do dever) a horrível escrita que o “inimigo” faz questão de usar, por pura ignorância e com alguma carga de malvadez.

Assim sendo, se este autor é do melhor, nesse pormenor da escrita, imagine-se o que será o pior ou, digamos, o assim-assim. Mas talvez seja, de facto, este muito razoável domínio da Língua Portuguesa que vai conferindo ao dito autor o topete para proferir os mais gigantescos dislates. A sua militância pela “causa” daquilo a que chama “língua brasileira” levou-o a subscrever ou, quem sabe, a fundar ele próprio, dois fóruns de discussão sobre a dita “causa”: um deles tem por título Eu falo BRASILEIRO e o outro, talvez por mera coincidência, obedece à máxima… Eu Falo BRASILEIRO. Dado o seu interesse antropológico, espreitemos os textos de “motivação” que ilustram um e outro.

Nosso objetivo não é causar polêmica ou discussões teóricas intermináveis, mas sim CONSCIENTIZAR a todos – brasileiros e estrangeiros, de que na prática, nós falamos mesmo é o BRASILEIRO (e não a língua de Portugal), além de promover a confraternização e troca de experiências entre pessoas que já têm conhecimento desta realidade.
Atitudes e REFORMAS urgentes se fazem cada vez mais necessárias. Cursos e publicações em países como Bélgica, França e itália, por exemplo, já sinalizam para a mudança (foto). O processo é lento, porém contínuo e IRREVERSÍVEL. Enquanto isso, estamos perdendo tempo, espaço e dinheiro. Afinal, quantas línguas atualmente possuem uma legião de + de 180 milhões de falantes? Por favor, pensem nisso e não se omitam mais!

Para você que não concorda que fala PORTUGUÊS, que concorda que nossa pátria chamada BRASIL, já tem esse patrimônio tão grande, seu próprio idioma, o BRASILEIRO!

—–

Eu proibi o post anônimo, pois quando a opinião realmente é válida, não se deve ter vergonha de dizer. (Corrigir a grafia e gramática das pessoas é permitido, e ser corrigido não é vergonha alguma).

Esta de corrigir “a grafia e gramática” (se bem que já contenha, em apenas quatro palavras, um erro de Português) até que não é má ideia. Quanto ao resto, nem vale a pena comentar. Aquilo é todo um programa. Cretino, mas programa, ainda assim.

Por mim, nada a objectar. Vão em frente! A “causa” é perfeitamente idiota, mas pronto, pelo menos deste lado do mundo livre, as pessoas podem fazer e promover aquilo que lhes der na real gana, desde que não façam apelo à violência, ao racismo e à xenofobia.

Se bem que talvez não fosse descabido alguém alertar este anónimo brasileiro, residente na muito brasileira cidade de S. Paulo, para três factos: ser ele próprio um paradigma de racista xenófobo e que algumas pessoas poderão considerar a sua “causa” não apenas como algo de risível mas também como de extrema, refinada, sistemática, violenta estupidez.

VGM e o desmancho ortográfico

Vasco Graça Moura prossegue a sua muito meritória cruzada contra o chamado “Acordo Ortográfico”. Desta vez promove, via Correio da Manhã, nada mais, nada menos do que um “Apelo ao protesto cívico“.

Ora, cá para mim, esta coisa do “protesto cívico” é bué da pífia. Ainda por cima, este académico letrado que, por acaso, até sabe escrever, avança com uma espécie de ameaça: “admitiu a hipótese de organizar um abaixo-assinado contra a aplicação em Portugal do Acordo Ortográfico”. Fónix, Senhor Doutor! A sério? Ai, Jesus, que medo devem estar a sentir os palermóides de fato, os iniciados na escrita ligeirinha e porreta!

Então, mas vamos cá a ver: nenhuma das três petições que já existem lhe agrada, seu doutor? Hem, chefinho, careta, cafonão, bundão? Estará você dando uma de mete nojo? Fazendo gênero, hem? Mas que mal tem aquilo, qualquer das três, hã?

Ah, pois, estão todas muito mal escritas, lá isso é verdade, os caras pelam-se por nosso português de cá, mas lá a redação é que boa noite, nada feito, aquela merda parece escrito no Brasil, é mesmo.

De maneira que será realmente, talvez, boa ideia: em vez de mais uma petição a favor da suspensão dessa porcaria do Aborto Ortográfico, saia então uma coisa bem escrita, algo que os arrase a todos, que os ponha de gatas, a esses veado da lingüistica. Não mais uma petição, não apenas uma petição, mas “a” petição, em regra e com firma reconhecida, a petição “de” Vasco Graça Moura. Legal.

Anda lá, meu véio! Faz isso aí. Não que sirva de alguma coisa, mas eu assino por baixo. Essa.

Nota: este texto é um exercício de adaptação (esta porcaria da “adaptação” agora é com “p” ou sem “p”?) ao dito Aborto Ortográfico, mesclado aqui e ali com o linguajar típico da nossa juventude e também pontuado com algum jargão típico, o cânone das tascas. Fica assim porventura, em apenas algumas linhas, coberto todo o espectro das normas possíveis. Esforço muito mal conseguido, há que que dizê-lo, mas ainda assim reconheça-se, ao menos tente-se valorizar, houve aqui esforço para escrever mal como o… raio, digamos assim. Caramba. Mais um parágrafo e, das duas uma, ou desatava a suar que nem uma besta ou tinha de ir ali adiante falar com o Gregório.

Quem fala assim, é Gago.

Declarações de Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, à Rádio Renascença, em 03.04.08.

Transcrição
«O número de profissionais que saem dos cursos superiores todos os anos para o mercado de trabalho, não chegam. E são todos absorvidos pelo mercado de trabalho. É verdade que muitas vezes, e muitos jovens naturalmente sentem isso, o primeiro emprego que têm nalguns cursos, sobretudo aqueles cursos que não têm uma relação profissional directa, não é aquilo que gostariam de ter. Nós praticamente não temos, ao fim de um ano de saídas do ensino superior, praticamente não temos ninguém desempregado.»

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Dados do INE (Instituto Nacional de Estatística).
Desempregados com o Ensino Superior completo, número total registado durante o ano de 2007: 59.300.

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Dados do INE (Instituto Nacional de Estatística).
Desempregados com o Ensino Superior completo, número total registado no quarto trimestre de 2007: 65.600.

Polícia canhota?

Ponto prévio
Não sendo, muito longe disso, especialista no tema (armamento), parece-me que este episódio merece alguma espécie de divulgação, até porque existem sobre ele – surpreendentemente – muito poucas referências nos blogs e na comunicação social convencional.

Para que se compreenda melhor o assunto, vejamos o que diz um agente da PSP no respectivo fórum (em “cache”, link não permanente):
«Pois é…as Glock aí estão para uns 50 anos de serviço e parece que a barraca está a começar… Como sabem melhor que eu foi introduzida uma patilha de segurança que não vinha ” de origem” na referida arma, então parece que a patilha na verdade é um botão do tipo “esquerda direita” ou “direita esquerda” em que para retirar da posiçao de segurança o movimento implica a utilização algo dificil do dedo indicador ao contrário do que sería de esperar (polegar). Um movimento “contra-natura” no que à execução do disparo diz respeito…diz-se que as armas eram para ir para trás ou que pelo menos as proximas têm q vir com isto corrigido…
Parece que o referido movimento de colocação em posição de fogo quase q obriga a segurar a arma com as duas mãos tal a falta de jeito e força necessárias…»

E, quanto aos coldres, um outro agente acrescenta:
«Ao que parece a Glock não foi distribuída porque o génio que fez o concurso esqueceu-se de incluir no mesmo a aquisição de coldres… Aos novos Agentes que terminaram o curso estão a distribuir Walther’s novinhas em folha saídas da caixa, e não Glock’s como foi dito na Comunicação Social

Por aqui se vê que algo correu, de facto, muito mal em todo este processo. Uma das escassíssimas referências a este assunto, na blogosfera, surge no blog Crónicas e Comentários, num post de 8 de Fevereiro deste ano, em que o tema é promovido a “anedota da semana”. As reacções a esta espectacular demonstração de incompetência foram escassas, tanto nos blogs como na imprensa em geral, o que torna ainda mais estranha toda a situação. Poder-se-á dar o caso, porventura, de tudo isto afinal não passar de mero boato?

Bem, vamos então tentar ordenar ideias, a ver se chegamos a alguma conclusão.

Sinopse
Foi aberto, pelo Estado português, concurso público internacional para o fornecimento de novas pistolas de serviço para as forças de segurança nacionais (PSP e GNR), em substituição daquelas que são utilizadas desde há décadas. A arma escolhida (Glock 19) foi fornecida com patilha de segurança à direita e sem o respectivo coldre; isto significa que um agente teria, para a destravar e poder disparar, de usar a mão esquerda ou… de ser canhoto; além disso, e como é evidente, não pode transportá-la convenientemente, porque – por regra – cada arma deste género é fornecida com um coldre específico.

Cronologia

1. Concurso público internacional
II.1.3) O anúncio implica:
Um contrato público.
II.1.5) Breve descrição do contrato ou das aquisições:
Fornecimento de um conjunto de 42 000 a 50 000 pistolas de calibre 9 mm x 19 mm NATO, com patilha de segurança, do respectivo material complementar e de um conjunto de peças sobressalentes.
(Compras.gov.pt)

2. A Glock (Áustria) ganha o concurso
O semanário Expresso refere, em 15.10.07, que “estão encomendadas cerca de 50 mil pistolas da marca austríaca Glock, uma para cada polícia da PSP e GNR. Custaram quase 13 milhões de euros.”

3. Primeiro lote entregue
No dia 07.02.08, o jornal Destak online (via Agência Lusa) refere:
«As modificações às 9.750 pistolas Glock que têm as patilhas de segurança do lado direito vão ser feitas em Portugal, disse hoje à Agência Lusa fonte do Ministério da Administração Interna (MAI). (…)
Apesar de terem sido entregues dentro dos prazos (Novembro do ano passado), as 9.750 Glock estão inoperacionais, trancadas num armazém, de acordo com o jornal (CM).»

4. Demonstração
Neste vídeo da Expresso TV, um oficial demonstra o manuseamento da Glock 19. Mesmo um leigo pode ver a tal patilha de segurança do lado direito, o que implica, para um destro, revirar a arma e destravá-la com a mão esquerda (ou usar o indicador da direita, o dedo que é costume ter no gatilho…); se o dito oficial fosse canhoto, bastaria usar o polegar da mão com que empunha…

Conclusão (?)

Na qualidade de cidadão português, parece-me que este é (mais um) caso de inconcebível trapalhada governamental. E julgo também que, mais uma vez e como de costume, ninguém parece ser responsável por coisa alguma, neste desgraçado país em que as asneiras – que custam milhões ao erário público – passam sistemática e alegremente impunes.

O senhor Ministro da Administração Interna declarou, ainda a bronca estava longe de estalar, que “Estão de parabéns todos os cidadãos“. Pois bem, Excelência, digamos que não é bem assim. Este cidadão aqui, entre outros, não se sente absolutamente nada de parabéns e não vê em tudo isto razão alguma para congratulações. Pelo contrário. O ridículo também é um fenómeno político e costuma fazer-se pagar por quem dele se cobre e com ele cobre o país. Mas, pelos vistos e para sorte de alguns, o ridículo em Portugal não mata. Sequer mói.

Inquéritos: arquive-se

O novo Tratado Europeu deve ir a referendo?
Answers Votes Percent
1.
Sim 603 65%
2.
Não 176 19%
3.
Não sei 23 2%
4.
Quero lá saber 62 7%
5.
Não percebi a pergunta; importa-se de repetir? 69 7%
Total Votes: 933
Brasileiros na Selecção Nacional de futebol?
Answers Votes Percent
1.
Sim 184 21%
2.
Não 438 51%
3.
Apenas Deco 43 5%
4.
Deco+Pepe 90 10%
5.
Deco+Pepe+Liedson 83 10%
6.
Deco+Liedson 15 2%
7.
Pepe+Liedson 7 1%
Total Votes: 860

Assim com’assim, já não há nada a fazer nem quanto a uma coisa nem quanto à outra: o Tratado Europeu não foi nem vai a referendo e os jogadores brasileiros foram, vão e irão à Selecção Nacional de futebol. Portanto, arquivem-se.

Sendo evidentemente duas matérias com valor, importância, mediatismo e relevância completamente diferentes, ainda assim não deixam de ser curiosos os resultados… de ambos.

Se dependesse da vontade de uma “pequena maioria” (51%) dos visitantes do Apdeites, pelos vistos, nunca jogador algum estrangeiro poria jamais os pés na Selecção Nacional de futebol. Ao menos nessa, digo eu, porque em muitas outras modalidades é aquilo que se vê – e aquilo que se vê é já suficientemente triste para que não tenhamos ilusões: se a ideia (a fingir, evidentemente) era que Portugal ganhasse maior projecção internacional na área desportiva, os planos saíram “ligeiramente” furados; se o que se pretendia (evidentemente, a fingir) era que Portugal ganhasse títulos internacionais, por via da “nacionalização” à matroca de desportistas estrangeiros, a verdade (e a consequência) é que Portugal não ganhou absolutamente nada com isso, em modalidade colectiva alguma; se aquilo que se pretendia não era exactamente ganhar títulos mas, ao menos, promover, desenvolver e tornar mais competitivas essas modalidades, então também não deixará de ser ao menos discutível se isso se conseguiu ou não e se ao menos existirá alguma relação de causa e efeito entre uma coisa e outra; ou se, já agora, em todos os desportos colectivos, incluindo o futebol, se ao invés de progresso e desenvolvimento não terá havido simplesmente retrocesso, com milhares de jovens portugueses a verem-se preteridos nas escolhas dos diversos seleccionadores e com outros tantos milhares a sequer terem uma oportunidade para demonstrar o seu valor, fechando-se-lhes sucessivamente as portas em favor de hipotéticos “valores” estrangeiros nacionalizados à pressa.

Uma coisa é xenofobia, um termo de eleição para as habituais campanhas de intoxicação esquerdista, outra radicalmente diferente é a chamada crueza dos factos. Como uma coisa é a vacuidade politicamente correcta e outra, também radicalmente oposta, é a defesa dos reais interesses nacionais. Preferir estrangeiros, neste caso, apenas porque sim, porque é fino e porque supostamente revela grande largueza de espírito, quando se verifica na prática ser essa opção completamente errada e prejudicial, para o país e para os atletas nacionais, o que essa preferência revela, isso sim, é uma enorme, esmagadora, absoluta, gigantesca estupidez. Não admira por isso que, entre os inúmeros (brasileiros e portugueses) que “votaram” a favor ou contra, se tenha registado um quase empate técnico, com ligeira supremacia para o “Não”.

Quanto ao outro inquérito, que, repita-se, não pode nem deve ser metido no mesmo saco (de bolas de futebol), há uma cifra clarinha como água: 65%. Nesta “votação”, comparativamente com a outra, terá tido alguma (muita) influência o facto de não ter havido brasileiros a meter a sua mais do que óbvia colherada: quase dois terços dos “votantes” optaram por um Tratado Europeu sujeito a referendo nacional. Sem margem para dúvidas, portanto. O que pode significar uma de duas coisas: ou os visitantes do Apdeites são na sua maioria perigosíssimos reaccionários e direitistas ou, por mais que isso custe a engolir aos suspeitos do costume, de facto a maioria da população portuguesa preferiria ser consultada tanto sobre este Tratado em concreto como, presume-se, sobre qualquer outro instrumento de Estado que possa interferir no seu quotidiano, na sua vida, nos seus direitos e deveres, na sua cultura e nas suas tradições.

Sabendo, como bem sabemos, que todos os inquéritos e sondagens sobre este tema, realizados por instituições ou por órgãos de comunicação, invariavelmente revelaram a mesmíssima tendência pelo referendo, e de forma igualmente esmagadora, não será porventura muito difícil concluir que aos portugueses em geral não agrada lá muito que os seus mandatários, governantes e deputados, assinem sem os consultar algo que lhes diz respeito; que uns poucos eleitos detenham a autoridade suficiente para passar atestados de pura imbecilidade, de menoridade intelectual, de indigência mental a todos aqueles que os elegeram. Isto é, os portugueses – que já desconfiavam – podem agora ter a certeza absoluta de que os tais poucos eleitos consideram que o povo português apenas tem capacidade e discernimento para os escolher a eles… e para mais nada. A partir do momento em que uma maioria os elege, essa maioria que se cale e se reduza à sua insignificância porque, daí em diante, somente eles mesmos, a irrisória minoria de sufragados, terá o direito de decidir e o poder de escolher aquilo que é melhor para todos.

Ou seja, um negócio absolutamente leonino no qual – a julgar pela amostra junta – cada vez menos pessoas vão caindo.

Sejamos, porém, e até para nos abstrairmos de ambientes poluídos, absolutamente sinceros: estes micro-inquéritos valem, como é de bom-tom dizer-se, aquilo que valem. Não passam de meras amostras. São, quando muito, meros indícios.

Pois valem. Exactamente. Pois são.

Prós & Blasfémias

Tradicionalmente, o programa Prós&Contras da RTP1 repete na RTPN, cerca da 1 da manhã de 4ª Feira. Daqui a umas horas, por conseguinte, oportunidade para rever a descasca monumental de Carlos Abreu Amorim na deslumbrante psicóloga que abrilhanta o Bloco de Esquerda. E também, é claro, além dessa memorável (e um bocado puxada, coitadinha da moça, CAA quase a pôs a chorar) descasca, atenção às avisadas intervenções do vizinho Paulo Guinote – que sabe do que fala, quando fala de educar, marimbando-se(*) positiva e radicalmente para as grandiloquências cheias de coisa nenhuma da esquerda caviar (e para as da esquerda tremoço, idem, aspas).

Em alternativa, a coisa também pode ser (re)vista pela net, via site da RTP:

1ª parte
2ª parte
3ª parte

(*) Digo eu, quer-se dizer, parece-me.