Plágio é plágio

“Where plagiarism is found, the author’s previous publications must be examined. The evidence shows that an act of misconduct is usually part of a pattern of behaviour rather than an isolated incident”.

Richard Smith
Estudo de Maria Elvira Callapez, com o título “Citação ou Plágio”, publicado em 05/11/06, no site Ciência Hoje

Neste interessantíssimo estudo, da autoria de Maria Elvira Callapez, podemos identificar, de forma sucinta e objectiva, não apenas as origens históricas do étimo e do conceito, como um tipo de abordagem científica da questão de certa forma surpreendente. Talvez esta surpresa advenha do facto de ser este um tema geralmente tratado com pinças de pretensa ironia, por assim dizer, e surgir nesta dissertação revestido de uma credibilidade e uma seriedade que apenas a investigação cientificamente orientada pode facultar. Ou seja, ao menos por uma vez, vemos o plágio tratado como aquilo que é, um crime, explicando-se as suas origens e, por via disso, as suas motivações, deixando-se ainda algumas pistas e modelos de reflexão quanto às soluções mais adequadas para resolver – ou, ao menos, limitar – a sua prática e as suas consequências.

Transpostas do meio académico para o mundo dos blogs, as ideias centrais, e a própria terminologia aplicada pela autora, adequam-se perfeitamente; digamos mesmo que encaixam “como uma luva”, umas e outra, mesmo se (ou especialmente se) considerarmos a velocidade vertiginosa a que os conteúdos se propagam na blogosfera; de facto, em que outro meio que não o dos bloggers se partilha mais, se difunde mais e mais se retalha, altera e adultera esses mesmos conteúdos?

A vida efémera de cada post, que rapidamente passa a ficheiro histórico e, praticamente, deixa de fazer qualquer sentido, implica uma busca permanente pela novidade, pela originalidade e, por consequência, por uma certa primazia. A própria efemeridade do blog individual, o vórtice alucinante em que todos estão mergulhados, surgindo milhares de novos e desaparecendo muitos deles todos os dias, implica uma espécie de matriz genética antropófaga ou, indo um pouco mais longe, de puro instinto canibalesco: apenas os mais fortes sobrevivem, segundo a mais básica das leis universais, a da chamada “selecção natural”, e as hipóteses de sobrevivência dependem em grande medida dos recursos disponíveis e das armas que cada qual possui. Ora, uma destas armas, se não a mais importante, pelo menos a mais utilizada, é a apropriação (agressiva, determinada, petulante, feroz) da produção alheia – seja ela qual for – em proveito próprio. Plágio, portanto, é o nome dessa assassina, cobarde, por vezes letal arma.

Já chegámos a um estado de coisas em que vale tudo, nesta guerra entre quem faz e quem simplesmente se apropria do labor alheio. Os canibais possuem o seu exército privado de fazedores de opinião, cuja função primordial é sabotar as acções dos defensores dos direitos de autor, da inviolabilidade da autoria, usando mesmo fogo de morteiro sobre estes, com balas de pretensa ironia e com zagalotes de achincalho. E com isso chegam a conseguir, por vezes, convencer algumas pessoas de que copiar não é bem copiar, usurpar não é exactamente usurpar, roubar nem sempre é roubar.

Estes ataques surgem por definição de todos os lados, mesmo dos mais insuspeitos, e os seus executores aparecem sempre travestidos de grandes defensores e paladinos de uma coisa a que chamam “liberdade”, ou seja, uma bela palavra que na boca de tais parasitas significa apenas libertinagem, desfaçatez ou, em Português mais corrente, bandalheira total.

Sinceramente, não me parece que tenham grande piada, tão desconchavadas e absurdas argumentações em nome da “liberdade” para pilhar. Bem. Pensando melhor: até têm bastante piada, sim. São muito engraçadinhos, sim. Uns tristes, porém.

WordPress 2.1.1.? É melhor ler isto…

2 de Março de 2007

WordPress 2.1.1: PERIGO; actualizar para versão 2.1.2

Escrito por Matt. Arquivado em Releases.

Em resumo: se instalou a versão 2.1.1. do WordPress nos últimos 3 a 4 dias, os seus ficheiros podem agora conter uma falha de segurança que foi introduzida por um pirata informático (“cracker”); por isso, deve ser feita de imediato uma actualização de todos os ficheiros para a versão 2.1.2.

Explicando em pormenor: durante esta manhã, recebemos uma mensagem – no nosso endereço de e-mail dedicado às questões de segurança – dando conta de código estranho e altamente vulnerável no WordPress. O assunto foi investigado, e concluiu-se que o “pacote” da versão 2.1.1. para download terá sofrido alterações no seu código original. Fechámos imediatamente o site, para detectar o que se terá passado.

Concluímos que um “cracker” conseguiu acesso, a nível de utilizador, a um dos servidores de wordpress.org, e que usou esse acesso para modificar o “pacote” de download”. Isolámos esse servidor para posteriores investigações especializadas mas, de momento, parece que a única coisa atingida pelo ataque foi o download da versão 2.1.1. Foram modificados dois ficheiros do WP, inserindo neles código que iria permitir a execução remota de PHP.

Esta é uma daquelas coisas que não se desejam nem ao pior inimigo, mas aconteceu, e agora estamos a tratar do problema o melhor que podemos e sabemos. Embora nem todos os downloads da versão 2.1.1. tenham sido afectados, esta versão foi qualificada como perigosa, e por isso elaborámos uma nova versão 2.1.2., que inclui actualizações menores e ficheiros integralmente verificados. Estamos também a tomar uma série de medidas no sentido de assegurar que algo de semelhante não torne a acontecer, sendo a primeira dessas medidas uma verificação externa e sistemática do “pacote” para download; assim detectaremos de imediato qualquer coisa que possa, por algum motivo, correr mal.

Por fim, redefinimos as passwords de alguns utilizadores com SVN e outros tipos de acesso, pelo que é possível que tenha de modificar a sua password nos fóruns antes de a a eles tentar aceder novamente.

O que pode fazer para ajudar
Se o seu blog tem instalada a versão 2.1.1, é favor actualizá-la imediatamente, gravando por cima de todos os ficheiros da versão antiga, em especial aqueles que estão no directório “wp-includes”. Verifique blogs dos seus amigos e, se algum deles estiver a “correr” 2.1.1., envie-lhe uma mensagem de alerta, se puder, e dê-lhe uma ajuda com a actualização da versão.

Se por acaso for um “web host” ou administrador de rede (local ou não), bloqueie o acesso aos ficheiros “theme.php” e “feed.php”, e ainda a quaisquer fracções de código que contenham “ix=” ou “iz=”. Se tiver o seu blog (ou site WP) alojado em qualquer “host”, pode ser necessário enviar uma mensagem ao respectivo administrador, informando-o desta nova versão e das informações contidas neste documento.

Agradecimentos a Ryan, Barry, Donncha, Mark, Michael, e Dougal, por terem feito uma “directa” para identificar e isolar este problema, e agradecimentos também a Ivan Fratric, por ter sido o primeiro a denunciar a situação.

Perguntas e respostas
Dada a raridade deste tipo de ocorrências, disponibilizámos um endereço de e-mail apenas para o efeito (21securityfaq@wordpress.org), para que nos possa enviar as suas questões; iremos actualizando este texto com novas informações que possam surgir.

Isto afecta a versão 2.0?

Apenas foi alterado o download da versão 2.1.1, pelo que, se fez download da versão 2.0, não há-de haver qualquer problema.

E se actualizei a versão via SVN?

Nada no repositório SVN foi tocado; portanto, se actualiza e gere o seu blog através de SVN, não existe qualquer hipótese de ter feito download da versão alterada.

(Tradução de Apdeites)


March 2, 2007

WordPress 2.1.1 dangerous, Upgrade to 2.1.2

By Matt. Filed under Releases.

Long story short: If you downloaded WordPress 2.1.1 within the past 3-4 days, your files may include a security exploit that was added by a cracker, and you should upgrade all of your files to 2.1.2 immediately.

Longer explanation: This morning we received a note to our security mailing address about unusual and highly exploitable code in WordPress. The issue was investigated, and it appeared that the 2.1.1 download had been modified from its original code. We took the website down immediately to investigate what happened.

It was determined that a cracker had gained user-level access to one of the servers that powers wordpress.org, and had used that access to modify the download file. We have locked down that server for further forensics, but at this time it appears that the 2.1.1 download was the only thing touched by the attack. They modified two files in WP to include code that would allow for remote PHP execution.

This is the kind of thing you pray never happens, but it did and now we’re dealing with it as best we can. Although not all downloads of 2.1.1 were affected, we’re declaring the entire version dangerous and have released a new version 2.1.2 that includes minor updates and entirely verified files. We are also taking lots of measures to ensure something like this can’t happen again, not the least of which is minutely external verification of the download package so we’ll know immediately if something goes wrong for any reason.

Finally, we reset passwords for a number of users with SVN and other access, so you may need to reset your password on the forums before you can login again.

What You Can Do to Help
If your blog is running 2.1.1, please upgrade immediately and do a full overwrite of your old files, especially those in wp-includes. Check out your friends blogs and if any of them are running 2.1.1 drop them a note and, if you can, pitch in and help them with the upgrade.

If you are a web host or network administrator, block access to “theme.php” and “feed.php”, and any query string with “ix=” or “iz=” in it. If you’re a customer at a web host, you may want to send them a note to let them know about this release and the above information.

Thanks to Ryan, Barry, Donncha, Mark, Michael, and Dougal for working through the night to figure out and address this problem, and thanks to Ivan Fratric for reporting it in the first place.

Questions and Answers
Because of the highly unusual nature of this event and release, we’ve set up an email address 21securityfaq@wordpress.org that you can email questions to, and we’ll be updating this entry with more information throughout the day.

Is version 2.0 affected?

No downloads were altered except 2.1.1, so if you’ve downloaded any version of 2.0 you should be fine.

What if we update from SVN?

Nothing in the Subversion repository was touched, so if you upgrade and maintain your blog via SVN there is no chance you downloaded the corrupted release file.

(Versão original em http://wordpress.org/development/2007/03/upgrade-212/#more-199)

Dizer bem: um absurdo português

Netcabo

Já por diversas vezes o Apdeites se referiu à Netcabo, e quase sempre pelas piores razões. As queixas dos clientes daquele serviço de “Internet access providing” acumularam-se, ao longo de anos, em tudo quanto é suporte informativo, desde a imprensa escrita até aos fóruns mais especializados, passando pelos blogs, a título individual ou colectivo; praticamente nenhum cliente da Netcabo se pode gabar de nunca ter tido problemas com aquela Empresa, fosse enquanto utilizador fosse enquanto cliente; para falar em Português corrente, a Netcabo tinha a fama (e o proveito) de ser o mais incompetente, prepotente e irritante serviço do género, em Portugal. Os clientes eram tratados como lixo, para não dizer pior, e o funcionamento do serviço tinha uma particularidade extremamente curiosa, que era o facto de pura e simplesmente… não funcionar.

Todos os verbos do parágrafo anterior estão no pretérito, e não é por acaso. Nisso consiste, de resto, o teor extremamente maçador deste “post”: trata-se de uma boa notícia e, portanto, de algo que não interessa a ninguém. O caso é que a Netcabo mudou, já não há que duvidar. As coisas melhoraram enormemente. Como se costuma dizer, não tem nada a ver.

Algo se passou naquela Empresa. Deve ter mudado a Gerência, ou coisa semelhante. Aquilo nem parece o mesmo. A assistência telefónica já não castiga os clientes, como era norma da casa, pondo-os de gatas a mudar fichas ou obrigando-os a responder infindavelmente sempre às mesmas perguntas. Os técnicos aparecem quase de repente, para resolver qualquer espécie de problema, não quando lhes apetece ou se calhar, veremos, um dia destes, mas antes – incrivelmente – num prazo de algumas horas; chegam com todas as ferramentas e mais algumas, se calhar mais depressa – sem qualquer exagero – do que uma corporação de bombeiros, tratam do serviço, põem tudo a funcionar “nos trinques” e depois, ainda por cima, alguém telefona a confirmar se já está tudo bem. É espantoso. Fora de brincadeiras.

Como testemunho pessoal, posso dizer que tive duas avarias nos últimos cinco ou seis meses (quando antes os problemas na rede surgiam mês sim, mês sim), e ambas foram resolvidas em menos de três horas. Estes são os factos.

A questão agora é, sim, porque nós, portugueses, não entendemos lá muito bem que alguma coisa corra bem, que algo funcione sobre esferas, o que se terá passado na Netcabo para que as coisas tenham mudado assim tão radicalmente.

Pois bem, não deve ser muito difícil tirar isso a limpo. Há-de haver estatísticas sobre o assunto. No momento em que escrevia este artigo, tocou o telefone e era… da TVCabo; perguntavam (educadamente) se havia aqui sinal. Sim, tudo bem; pois, dizem eles, é que no prédio ao lado (“há cerca de meia hora”) alguém se queixou de que não havia cabo, nem net nem televisão, já seguiu uma brigada para o local mas gostaríamos de confirmar. Enfim, vê-se logo, aquela gente está a trabalhar bem.

Mas a ilação imediata, mesmo sem números, mesmo sem gráficos nem estatísticas, apenas pode ser a seguinte: a Netcabo mudou, para melhor, para muitíssimo melhor, porque houve algumas pessoas, alguns consumidores, seus clientes, que se deram ao trabalho de protestar, de reivindicar, de fazer valer os seus direitos e de – ao menos tentar – obrigar um prestador de serviços a tornar-se mais eficiente. Pelos vistos, resultou.

A Netcabo não mudou porque alguém simplesmente acordou bem disposto um dia destes; mudou, porque foi forçada a fazer alguma coisa; mudou, porque ainda há meia-dúzia de cidadãos que se não conformam com a má qualidade daquilo que lhes fornecem, seja bem ou serviço. Para alguma coisa serviram, afinal, milhares de queixas e de reclamações.

Em suma: parabéns à Netcabo por ter mudado e congratulemo-nos, nós outros, os clientes, por termos forçado essa mudança.

Esperemos que não seja esta apenas uma vez sem exemplo. Que seja somente a primeira de muitas. E que não nos façam arrepender de… dizer bem daquilo que estava mal e agora está bem.


Nota de rodapé: mas as queixas continuam… portanto, deve ser impressão minha. Ou não?

Anatomia do polvo

blogoctopus

O polvo é um molusco cefalópode, significando isto que tem apenas cabeça e membros, e é desprovido de qualquer estrutura óssea, coluna vertebral, articulações ou caixa craniana.

Os cefalópodes em geral, como é o caso não apenas do polvo mas também da lula e do choco, caracterizam-se pelo facto de possuírem capacidades miméticas e cromáticas únicas no reino animal; são seres vivos capazes de alterar facilmente a sua pigmentação, adaptando-se com estranhas e quase instantâneas camuflagens ao meio que os circunda em cada momento; no entanto, ao contrário – por exemplo – dos camaleões, que também são mestres na arte da camuflagem, os cefalópodes (e em especial o polvo) caracterizam-se por aquilo que alguns estudiosos chegaram já a reputar como possuindo algo parecido com inteligência, uma característica geralmente atribuída em exclusivo à espécie humana. Esta capacidade de alteração cerebralmente induzida da pigmentação permite ao polvo não apenas esconder-se, em caso de perigo, como atacar sem ser visto ou sequer vislumbrado pelas suas presas, antes de desferir o golpe fatal – para o qual utiliza uma espécie de bico, a única estrutura rígida que possui.

Infelizmente para ele, o polvo não é capaz de expelir muita tinta quando atacado, como manobra de diversão e evasão, ao contrário dos seus primos chocos, que pintam verdadeiramente a manta na arte da fuga, mas ainda assim garante a si mesmo bastante protecção pelo facto de ser extremamente rápido a fugir e de conseguir, ainda por cima, escapulir-se num ápice para dentro de buracos absolutamente impossíveis, de tão microscópicos. Se bem que não tenha um grande tinteiro de seu, este bicho de oito patas com tentáculos é capaz das maiores manobras de diversão como, por exemplo, a mais espectacular, o facto de poder emitir a sua própria luz; é, de resto, à semelhança do seu primo choco, um dos poucos seres vivos que, não vivendo nas profundezas de breu, são capazes de brilhar no escuro. Um dos mistérios que a Ciência ainda não conseguiu desvendar, este, de como pode uma simples massa encefálica rodeada de músculos por todos os lados parecer irradiar luminosidade. Ilusão de óptica, dizem alguns estudiosos da matéria.

Ao fim e ao cabo, se nos abstrairmos de considerações subjectivas ou especulativas, o polvo é um simples predador, um caçador inveterado que selecciona sempre vítimas mais pequenas do que ele próprio, das quais se apodera com um abraço apertado, mesmo muito apertado, liquidando-as em seguida, inexoravelmente, com o seu espigão duro, esse bico tão rijo como um aparo.

Imagem (vagamente alegórica) de The Octopus Project U.S.C., University of Southern California

Os dez mandamentos virtuais

1 – Não plagiarás
2 – Não invejarás o sucesso do próximo
3 – Não te acobardarás perante a adversidade
4 – Não pactuarás com os inimigos da liberdade
5 – Não negarás ajuda a quem te ajudou
6 – Não bajularás o teu semelhante
7 – Não serás delator
8 – Não trairás a tua consciência
9 – Não invocarás a tua honra em vão
10 – Não imporás a tua moral aos demais