É preciso recordar: o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 foi firmado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em Dezembro de 1990. Em 1991 foi ratificado pela Assembleia da República, já com rectificações, tão científico tinha sido…
A decisão política teve como base um projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. A comunicação social portuguesa “entrou em parafuso” e a facilidade passou a ser “rainha”.
Na RAEM, só as instituições dependentes do Governo de Portugal aderiram ao Acordo. O Governo de Macau não se dispôs a isso, apesar da Língua Portuguesa ser também língua oficial da Administração.
Sendo uma decisão política para a qual não foi tido nem achado, o Governo da RAEM achou que havia questões mais prioritárias para resolver e a maior parte dos portugueses aqui residentes (incluindo todos os jornais) achou que fez bem.
Depois, as dúvidas aumentaram no Brasil, em Portugal, Angola, Cabo Verde, etc, sucedendo-se os políticos, os linguistas, os pensadores, os escritores e outros trabalhadores da palavra, que contestavam o acordo ou simplesmente se recusavam a utilizá-lo.
Em vários pontos da lusofonia cresceu a contestação e foi-se pedindo o fim do acordo. Na sua última crónica no “Público”, Pacheco Pereira põe a nu que a continuidade do acordo só existe pela inércia.
Pelo menos, desta vez, Macau pode orgulhar-se de não ter caído no equívoco.
[Transcrição integral de artigo publicado em 20.01.14, da autoria de José Rocha Dinis, director do jornal “Tribuna de Macau“. “Links” adicionados por nós. ]