Depois da morte de Vasco da Graça Moura, que foi o mais acérrimo opositor ao Acordo Ortográfico, vão-se desenterrando os meandros da génese do chamado “Acordo ortográfico luso-brasileiro”.
O jornalista Nuno Pacheco fez-nos chegar, através de um texto publicado no jornal Público do dia 11 de Maio de 2014, a história vergonhosa deste Acordo. A gente lê e quase não acredita, a gente lê e pasma. Como foi possível que uma pessoa que nem é professor de português, nem linguista, nem filólogo, nem lexicólogo, um tal António Carlos Atayde, jornalista, por sede de protagonismo mediático, consegue fazer com que o presidente da Academia Brasileira de Letras que antes era contra o acordo, passasse a ser seu defensor? E consegue obter o apoio de Evanildo Bechara académico, um gramático respeitado que, sendo sempre contra o Acordo, depois mudou e passou a dar-lhe cobertura.
Não admira, pois que o Brasil tenha suspendido o Acordo até 2016, altura em que tenciona revê-lo ou, talvez, suprimi-lo.
E nós por cá assistimos ao desmoronar da pureza da nossa língua e vamos na cantiga dos brasileiros. As editoras e os média seguem religiosamente os termos do Acordo, ao contrário dos Brasileiros, à custa de termos destruído a ligação umbilical que unia o português à sua língua-mãe, o latim.
Artur Gonçalves, Sintra
[Transcrição integral de texto, da autoria de Artur Gonçalves, publicado na secção “Cartas à directora” do jornal Público de 19.05.14. “Links” inseridos por nós.]
[Imagem, da autoria de Nuno Ferreira, publicada no Facebook em 19.05.14.]