Excertos gravados de conversa em forma de tertúlia, conduzida por Carlos Fiolhais, em 22 de Outubro p.p. Gravação integral publicada pela FFMS a 29 de Outubro de 2014. Uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Intervenções de Maria do Carmo Vieira, Helena Buescu e Carlos Fiolhais.
Citações
Helena Buescu: “Há certas coisas que não podem deixar de ser ditas, não é? Quando nós, relativamente ao acordo ortográfico, temos dezasseis pareceres de instituições que, supostamente, estavam habilitadas para fazer um parecer, desses dezasseis pareceres todos são negativos com a excepção de um, e esse um é assinado pelo autor do próprio acordo ortográfico, eu acho que… I rest my case! ”
Helena Buescu: “Na Faculdade de Letras de Lisboa ninguém aplica o acordo [ortográfico]. Ora, nós, apesar de tudo, temos alguma capacidade de reflexão sobre a língua. Creio eu. Mas, justamente, na Faculdade de Letras muita gente sabe. Portanto, não é por pura… por tradicionalismo… ou passadismo… ou seja o que for… que nós não aplicamos o acordo. E, de facto, não há ninguém que aplique o acordo.”
Maria do Carmo Vieira: “Assim como isto acontece nos programas, eu também acho obsceno, e aqui posso muito ir contra a Helena Buescu, mas eu, se estivesse no Ministério [da Educação] e tivesse de fazer um programa, eu recusar-me-ia a fazer um programa que eu escrevesse com este acordo ortográfico, que é uma aleivosia e que não é feita por cientistas, é feita por broncos, por pessoas que dizem que se tiram as consoantes mudas porque «os lusitanos são teimosos»; e isto está escrito e o mal das pessoas é não conhecerem a Nota Explicativa do acordo ortográfico, onde isto está, porque os próprios deputados da Assembleia [da República], quando votaram, não tinham lido isto, não tinham lido isto! Eu vi! E ouvi, porque estive com eles e perguntei-lhes, eu disse «então os senhores foram votar uma coisa destas mas conheceram-na, leram o texto? «Ah, tu leste? Tu leste?» Ninguém tinha conhecido isto.”