logotipojornaliO totalitarismo ortográfico

Por Luís Menezes Leitão
publicado em 31 Mar 2015 – 08:00

O maior crime contra o nosso património foi o pseudo-acordo ortográfico que afinal nada unifica e só serve para tornar o português de Portugal uma espécie de escrita de laboratório, com grafias absurdas, e que o distanciam completamente das outras línguas europeias, e até da escrita dos outros países lusófonos. Felizmente a sociedade civil tem dado a adequada resposta a este disparate, já que grande parte dos livros que se publicam e os jornais de referência continuam a usar a ortografia tradicional. Infelizmente isso já não sucede com o Estado, que a todo o custo quer impor uma ortografia que a sociedade claramente rejeita. É assim que o Diário da República se tornou um jornal de leitura cada vez mais penosa, tantos são os disparates ortográficos que linha sim linha não aparecem nos diplomas legais.

O governo, no entanto, não desiste de impor este absurdo contra tudo e contra todos e, depois de querer penalizar os professores que escrevem com a ortografia tradicional, agora quer obrigar os alunos a escrever com a nova ortografia, sem o que os seus exames serão avaliados negativamente. O procedimento é típico de um Estado totalitário. Efectivamente, neste tipo de estados as lavagens ao cérebro começam sempre pelas crianças, as mais incapazes de se defender. Mas assim como os povos souberam libertar-se dos totalitarismos, estamos seguros que também o povo português dará a adequada resposta a esta imposição totalitária de uma ortografia absurda.

Luís Menezes Leitão
Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

[Transcrição integral de artigo, da autoria de Luís Menezes Leitão, publicado no jornal “i” (‘online’) em 31.03.15. “Links” e destaques adicionado por nós.]

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