NAO2cmaiorNo dia 10 de Abril de 2010 a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o AO90 “saiu para as ruas”, ou seja, foi iniciada a campanha de recolha de assinaturas para levar ao Parlamento esta iniciativa cívica. Cumpre-se hoje, por conseguinte, o 5.º aniversário da ILC-AO.

Foram cinco anos de luta intensa, de resistência coerente, de afirmação responsável e sempre firme, sem desvios ou contaminações de qualquer espécie e também sem qualquer tipo de apoios, institucionais ou outros, contando apenas com a determinação de um punhado de corajosos voluntários.

É hoje também, até pelo simbolismo desta data marcante, o momento certo para que a nossa luta se transfigure e evolua, passando a um novo e ainda mais abrangente patamar de intervenção política.

Das inúmeras mensagens que desde o início vamos recebendo dos nossos subscritores, apoiantes e voluntários, houve uma, mais recente, que de imediato chamou a nossa atenção:

«Bom dia. Gostava de colocar à vossa consideração a hipótese de ser iniciada a recolha de assinaturas para a legalização de um partido para concorrer às próximas eleições, com o ponto único no programa de defesa da língua portuguesa.
Mesmo que não chegasse às urnas, o facto de se iniciar a recolha de assinaturas pode constituir um facto político que obrigue os partidos existentes a definirem-se.»

Como sabemos, foi na Assembleia da República que se deu a aprovação, por esmagadora maioria, da RAR 35/2008, isto é, do instrumento  que determinou a entrada em vigor do “acordo ortográfico”.  Aquela aprovação só foi possível porque os partidos políticos “do arco da governação” atendem apenas aos seus próprios interesses político-partidários, numa lógica autocrática de “alternância de poder”; não  atendem, por conseguinte e pela sua própria natureza de pilares do statu quo partidário, a tudo aquilo que escape a essa mesma lógica de alternância de poder e de manutenção do establishment, como é o flagrante caso do AO90 em geral e da RAR 35/2008 em particular.

Mesmo considerando a honrosa excepção dos poucos deputados que “ousaram” votar contra a dita Resolução e mesmo que se reconheça que muitos deles não sabiam sequer, ao certo, aquilo que estavam a aprovar, o facto é que os nossos representantes não nos representaram, aqueles que nós elegemos votaram contra a vontade da maioria daqueles que os elegeram. Ou seja, no que diz respeito ao “acordo ortográfico” e, em especial, à sua entrada em vigor, os partidos políticos existentes… não existem.

Pois então, se esses partidos não nos representam quanto a esta Causa que é de todos; se os mecanismos político-partidários estabelecidos não respondem a uma aspiração legítima da maioria da população; se os partidos da situação estão acomodados ao seu estatuto de imutabilidade e amarrados aos seus compromissos estratégicos; visto que ignoram (ou fingem ignorar) o cAOs que se vai instalando; já que se mostram (ou fingem mostrar-se) indiferentes a todos os protestos – estudos e pareceres, sondagens de opinião e inquéritos, cartas abertas e petições – por parte da mesmíssima “sociedade civil” que supostamente representam; pois bem, assim sendo, é nosso dever assumirmos nós mesmos a responsabilidade que esses partidos não assumem: nada mais simples, então fundemos nós outros o nosso próprio partido político!

Logótipo, já temos: é aquele que lançámos em 2009, ainda antes da criação da ILC-AO, e é aquele que não apenas identifica de forma imediata a nossa Causa como é o símbolo com o qual se identifica a generalidade dos anti-acordistas.

Designação, já temos: tratando-se não de um partido político convencional mas de um movimento da sociedade civil que se transfigura em partido com um objectivo programático único, então seremos o “Movimento nAO”  uma designação que é em si mesma todo um programa.

Lema (e objectivo programático), já temos: o mais óbvio, transparente, abrangente e transversal, “em defesa da Língua Portuguesa, pela revogação da entrada em vigor do acordo ortográfico”.

E já temos também, evidentemente, nomes possíveis para encabeçar o Movimento nAO, pessoas com historial e provas dadas nesta luta: basta escolher os mais veteranos activistas de entre os  listados na “galeria” de apoiantes da ILC-AO.

Como diz o nosso voluntário naquela mensagem, este partido,  “mesmo que não chegasse às urnas, o facto de se iniciar a recolha de assinaturas pode constituir um facto político que obrigue os partidos existentes a definirem-se.”

Aqui está a oportunidade ideal, portanto, para que finalmente se realize (e materialize) a desde sempre tão falada “união de esforços”. Que os diversos grupos anti-AO que por aí existem se unam em torno de um objectivo comum (e único), eis em suma o que fervorosamente se deseja. Será necessário começar pela recolha de assinaturas exigidas para este efeito específico (7.500) e isto implicará um tremendo esforço em termos de mobilização e de organização, como é evidente, mas não é de todo impossível. Impossível é desistir.

O nosso partido é, hoje como sempre, apenas e só, a defesa da Língua Portuguesa enquanto património cultural e legado histórico inalienável.

Assim haja, a partir de agora, a vontade de muitos e a determinação de outros tantos para levar essa mesma defesa até ao fim, ou seja, de volta ao próprio local onde a nossa Língua foi brutalmente agredida: o Parlamento,  a chamada “casa da democracia”.

Assim haja a coragem de tomar partido.

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