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Aborto ortográfico

Mafalda Gonçalves Moutinho

Óptimo. Não isto não é um mero acto de rebeldia, é na realidade um desabafo pela tristeza que sinto com a implementação do acordo ortográfico. Confesso que tenho tido a esperança ao longo destes anos que o bom senso impere e se recue neste tema, sobretudo com a queda do anterior governo socialista.

Não consigo conceber esta mutilação à Língua Portuguesa, não consigo imaginar as histórias que pinto para o papel no meu mundo individual nesta nova língua. Sim porque o Português do AO não é o Português de Portugal e muito menos é o Português do nosso amado Brasil ou de outro país de língua portuguesa.

Não sendo uma entendida na matéria, e tendo procurado a opinião de diversos professores de literatura e língua portuguesa, a opinião geral é uma única: somos contra o acordo ortográfico.

Viajando para a população, o mesmo se verifica. Os cidadãos recusam a mudança. Se assim é, porque nos mutam a língua?

Por interesses económicos? Ou por outro qualquer interesse ausente de compreensão a olho nu?

Que cada país falante de língua portuguesa altere o idioma em virtude da sua cultura, tudo bem. Agora que se tente uniformizar algo único, imaterial, não!

Se pensarmos a língua como um monumento, facilmente percebemos que se alterarmos este mesmo monumento, o produto final, é apenas um reflexo, um rascunho daquilo que fora outrora.

A língua é tudo o que temos de nosso. É parte da nossa história e do nosso império imaterial.

Por favor, não a mutilem.

[Transcrição integral de artigo, da autoria de Mafalda Gonçalves Moutinho, publicado no “ptjornal” em 19.05.15.]

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