O PÚBLICO de hoje foi deveras interessante. Além dos três textos já reproduzidos há a registar ainda a chamada “chamada de capa” e até um apontamento no Sobe e Desce. Isto, claro, além do próprio editorial.
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No meio do marasmo dos que se dizem adversários do acordo ortográfico, mas continuam a aplicá-lo no dia-a-dia porque “não há outro remédio”, a posição de Vasco Graça Moura (que sempre se opôs ao AO com fundamento) é digna de aplauso: no CCB, onde já se aplicava o AO, deu ordens para voltar atrás. Se outros tivessem a sua coerência, tudo seria bem diferente em Portugal. (Pág. 4)
Actos corajosos contra o embuste ortográfico
Aos poucos, a lassidão com que é encarada a aplicação do acordo ortográfico (AO) dá lugar a actos inequívocos que não só põem em causa os seus pretensos fundamentos como apelam à razoabilidade geral. Terça-feira, três deputados eleitos pelo círculo dos Açores, entre os quais Mota Amaral, dirigiram ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas (que no passado se opôs ao AO), uma carta onde não só defendem que “a entrada em vigor do AO foi apressada” como perguntam se o Governo, “de imediato, encara a possibilidade de suspender a aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal”.
Ontem, foi a vez de Vasco Graça Moura, agora à frente do CCB, reverter a aplicação do AO naquele centro, pelo que deixaremos de ali ter “espetáculos” e voltaremos a ter espectáculos; como saudavelmente nunca deixou de suceder, por exemplo, na Casa
da Música.Mas o texto subscrito por Mota Amaral coloca ainda mais uma pergunta essencial: “Que vantagens para Portugal decorreram até agora da aplicação do acordo, nas relações com outros países lusófonos”? A resposta, que terá de ser inequívoca, pode ajudar a pôr a nu o enorme embuste a que o texto dos deputados açorianos chama “erro de palmatória” da governação anterior. Um erro que, no entanto, ainda pode ser corrigido.