O director-geral das Artes, Samuel Rego, defendeu esta sexta-feira a «convergência entre as instituições» a propósito da suspensão da aplicação do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) no Centro Cultural de Belém (CCB), noticia a Lusa.
O jornal «Público» noticia hoje que o novo presidente do CCB, Vasco Graça Moura, decidiu, com o apoio do conselho de administração, retirar dos computadores a ferramenta informática que adapta os textos às normas do novo Acordo Ortográfico.
«Como director-geral das Artes estou obrigado, e bem, a aplicar o Acordo Ortográfico», disse o responsável em declarações à agência Lusa, acrescentando que a Direcção-Geral das Artes (DGArtes) trabalha numa perspectiva de futuro, e nesse quadro, implementa o AO.
«No entanto, como cidadão, considero que há coisas muito mais importantes em termos de execução de políticas culturais, uma vez que o contexto económico obriga a que não façamos pausas em nenhum momento, obrigando-nos a ter uma capacidade de concentração na execução sem nos dispersarmos com o acessório», comentou.
Para Samuel Rego, «o debate está sempre em aberto num país livre, no entanto a execução das políticas deve pautar-se por convergência entre as instituições».
«Obviamente que a administração do Fundação do CCB tem autoridade para fazer esta inflexão porque há um prazo estabelecido até 2015 para que as instituições públicas de direito privado, como esta, apliquem o acordo», referiu.
Na sequência da notícia da suspensão do AO pelo novo presidente do CCB, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), contactada pela Lusa, assegurou hoje que aplica o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em todos os organismos.
Hoje, no debate quinzenal do parlamento, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em resposta a uma pergunta do líder do PS, António José Seguro, afirmou que o novo acordo ortográfico está a ser cumprido em todos os actos oficiais.
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa começou a ser aplicado a 1 de Janeiro deste ano nos documentos do Estado, vigorando em todos os serviços, organismos e entidades na tutela do Governo, bem como no Diário da República, que também o aplica.
A decisão de adopção do Acordo Ortográfico (AO) foi tomada em Conselho de Ministros a 25 de Janeiro de 2011, e começou oficialmente a ser adoptado a 1 de Janeiro de 2012.
Vasco Graça Moura tem sido uma das vozes mais críticas do AO, tendo afirmado, em várias iniciativas públicas e no parlamento, quando a questão foi debatida, que o considera «absolutamente incompatível com a dignidade da língua portuguesa e da identidade de Portugal».
Foi um dos signatários, em 2009, do Movimento pela Defesa da Língua Contra o Acordo Ortográfico, e tem continuado a manifestar a sua oposição, nomeadamente como subscritor da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o AO.
[Transcrição integral de artigo publicado no site da TVI24 de 03.02.12.]
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