O meu nome é María Montes Engenios e sou de nacionalidade espanhola por ter nascido em Salamanca, mas considero-me filha adoptiva do país vizinho, Portugal.
A ligação com Portugal ultrapassa o simples factor geográfico, uma vez que resido a tão só 28 km. da fronteira, supera a relação profissional que tenho com a língua de Camões, pois lecciono PLE em Espanha a alunos entre o 7º e o 12º ano de escolaridade desde 2003, para se fortalecer com um sentimento pátrio muito intenso similar àquele que sinto pelo meu próprio país.
Há muitos anos que estudo português e preocupo-me insistentemente em mostrar aos meus alunos o que é a língua do povo, a língua que os nossos vizinhos falam nas ruas, nas lojas, no trabalho… para chegados a este ponto não saber bem ao certo se aquilo que estou a ensinar é o correcto ou não.
O novo AO de 1990 mexe com a língua e mexe com a própria identidade cultural das pessoas, com a ligação térrea de um povo e com o enfraquecimento de esse sentimento, uma vez que o Acordo veio transformar a língua em detrimento dos interesses económicos.
Lamento verdadeiramente que muitas pessoas das que estão numa situação de impasse não se lembrem de onde vêm e não saibam nem sequer para onde é que isto vai encaminhado.
É com tudo isto que deixo amplamente justificado o meu apoio moral (dado que não posso de outra forma) à ILC contra o Acordo Ortográfico de 1990.
María Montes Engenios, professora e investigadora, não subscreveu a ILC contra o AO90 – apenas por não ter nacionalidade portuguesa – mas apoia-a incondicionalmente.
Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da ILC pela revogação do “acordo ortográfico”.
Nota: esta publicação foi autorizada pela pessoa visada, que nos enviou, expressamente para o efeito a foto e o texto com nota biográfica.