«De repente, parece que a contestação ao Acordo Ortográfico (AO) deixou o aparente silêncio onde se movia para ressurgir, com estrondo, na opinião pública. Artigos em jornais e revistas, actos públicos, iniciativas coordenadas ou isoladas insinuam-se como se de uma campanha se tratasse. Há uma explicação para isso: a profusão de textos escritos (e muitos deles mal escritos) seguindo, ou pretendendo seguir, o AO (alguns com disparates de monta, como escrevendo “fato” em lugar de facto, quando este é um dos muitíssimos casos onde se fixou dupla grafia, “fato” para o Brasil e “facto” para Portugal — já que os africanos têm sido marginalizados em tal “partilha”) faz com que as reacções aumentem. É como o óleo de rícino: ninguém diz mal dele até começar a tomá-lo. O Acordo Ortográfico, cuja aplicação forçada e nada consensual vai revelando cada vez mais as suas muitas fragilidades e incongruências, apela a que, de uma vez por todas, se olhe para o amontoado de erros que ele contém e se decida o seu destino, a bem da língua portuguesa, onde quer que ela se fale e escreva. E é em nome do futuro e não do passado que falamos, ao renovar tal apelo

[Transcrição integral do editorial do jornal “Público” de hoje, 15.02.12.]

Nota: os conteúdos publicados na imprensa ou divulgados mediaticamente que de alguma forma digam respeito ao “acordo ortográfico” são, por regra e por inerência, transcritos no site da ILC já que a ela dizem respeito e são por definição de interesse público.

[Recorte de Nuno Lima Bastos e transcrição do texto copiada do blog Linguagista.]

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