Quando abracei a causa anti acordo, subscrevendo a ILC, divulgando-a e recolhendo outras subscrições – não estava à espera do que me estava reservado. Sendo uma causa nacional e tendo eu a noção exacta de que a vastíssima maioria da população era (é) contra, pensei que não seria difícil recolher os milhares de assinaturas exigidos por lei para que a mesma seja aceite, discutida e votada.
Apesar de igualmente saber que este povo é avesso a mexer-se e que espera sempre que outros tomem a dianteira e resolvam os assuntos que são de todos, tinha a ingénua esperança de que esta causa, que atinge inescrupulosamente a nossa cultura e identidade como nação adulterando de forma irremediável a nossa Língua, sem que haja um ganho palpável e inquestionável, tinha peso mais do que suficiente para rapidamente se chegar a bom porto.
Enganei-me. Entre a crise, a ausência de perspectivas e baixos níveis de auto-estima deste povo, esta questão pareceu perder interesse por parte de quem a deveria defender acima de qualquer outra coisa.
Entretanto, os “acordistas” não dormiram na forma, ah não, muito pelo contrário, e não foi difícil percebê-lo. Sob a capa de “gente da cultura”, fizeram os possíveis e impossíveis para apresentar a situação como irrevogável, irremediavelmente aplicada e apta, enquanto e de caminho se apressavam para desacreditar a ILC, tentando desbaratar e dividir uma causa que é nacional – aliás, por isso mesmo – com um singular propósito: desgastar no tempo, preferencialmente até destruir pela raiz, a ILC, a única arma capaz de parar a atrocidade denominada de “acordo ortográfico”. Única porque constitucionalmente consagrada pelo que jurídica e obrigatoriamente exequível. E “eles” também o sabem!
Pois bem, falharam! Porque continuamos a não aceitar o abastardamento do português de Portugal, porque se comprovou no dia 28 de Fevereiro que a Assembleia da República não representa a vontade dos seus cidadãos, porque não é reconhecido qualquer valor linguístico ao acordo, porque não existe qualquer possibilidade de uniformização entre o que é diferente e porque, à excepção dos que conseguem proventos à conta deste absurdo ortográfico, consideramos que Portugal nada ganha com ele, a ILC, o seu mentor, o seu núcleo duro e os vários voluntários como eu, continuamos na luta com a mesma convicção e força. Mas muito mais resolutos.
Juntem-se a nós, ainda estamos a tempo.
Graça Maciel Costa