ILC contra o Acordo Ortográfico

(site original, 2010-2015)

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GradivaSaudamos a preciosa colaboração da Editora Gradiva, que se prontificou a disponibilizar impressos e a recolher subscrições da ILC na 82ª Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII, de 24 de Abril a 13 de Maio.

Todos temos, assim, bons motivos para ir visitar o pavilhão deste expositor.

– quem ainda não subscreveu a ILC, poderá fazê-lo;

– quem já subscreveu, poderá ir abastecer-se de bons livros.

Desejamos à Gradiva o maior sucesso e aqui lhe deixamos o nosso reconhecimento.

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Ver localização do pavilhão da Gradiva no mapa da Feira do Livro de Lisboa.

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Para um clarificador debate sobre o novo Acordo Ortográfico – (I)

 “ SOS ” pelas matrizes genéticas profundas que constituem a via clássico-erudita da lexicogénese, da terminopoiese e da lexicodidáctica!…

Por Fernando Paulo Baptista

Nota Prévia: Parabéns, antes de mais, ao corajoso Poeta e Homem da Cultura— Vasco Graça Moura — que (muito embora correndo o risco de ser acusado de desrespeito deontológico no exercício do seu novo cargo institucional…) sabe conscientemente, por experiência quotidianamente vivida (ele «escreve» e sente na carne e na alma o que é que isso significa!…), que «letra» não é o mesmo que «som», que «grafema» não é o mesmo que «fonema», que «escrita» não é o mesmo que «pronúncia», que «texto escrito» não é o mesmo que «texto oral» e que, portanto, o actual Acordo Ortográfico [AO] (repare-se bem: «ortográfico», isto é, regulador e normalizador das práticas «escritas»!…) é uma aberração e uma insanidade eidético-linguística. E é-o, por ter sido concebido e elaborado na base do princípio «fono-cêntrico» de que «se não se pronuncia, corta-se», suprimindo assim (cf. a Base IV) sequências grafémicas como «ct» e «pt», entre outras: ex. «acto > ato», «espectador > espetador», «directo > direto», «infectar > infetar», «conceptual > concetual», «afectivo > afetivo», «Egipto > Egito» (agora, sem o «p», porque, segundo os “ilustres” autores do AO, não se pronuncia!…), este último, ao lado de «egípcio» e de «egipcíaco» (ambos com «p»)… Grande coerência esta, que o acordatário «fono-centrismo» traz ao «modo escrito» de realização da nossa língua!!!… E, por isso, se pergunta: alguma vez o anterior acordo – 1945 – impediu as pessoas de «pronunciarem» com toda a liberdade e variabilidade de registos orais, fosse no Minho, nas Beiras, no Alentejo, nas Ilhas, no Brasil ou em Timor?…

Da distinção diferenciadora entre «modo oral» e «modo escrito» de realização da língua

«… o problema da ortografia é o da palavra escrita,

nada tendo essencialmente que ver com a palavra falada…»

«… a tradição cultural, quanto à palavra escrita,

é a tradição etimológica…»

«… a nossa ortografia, quando, lentamente, se foi fixando,

fixou-se numa ortografia etimológica, baseada, é claro, no latim…»

«Como a pronúncia da palavra é só da palavra falada,

e se produz por sílabas, a palavra escrita nada tem com a pronúncia dela

«A letra e não a sílaba é a «unidade» na palavra escrita

Fernando Pessoa: A Língua Portuguesa (ed. de Luísa Medeiros),

Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, págs. 29, 36, 48, 58 e 58, respectivamente)

À luz dos excertos acabados de transcrever (intencionalmente retirados de uma alumiante obra dedicada à língua portuguesa pelo mesmo e genial Autor do tão famoso exergo — «Minha pátria é a língua portuguesa.» — que tanta gente faz alarde em citar, quase sempre fora do seu rigoroso contexto discursivo, sem porventura alguma ter lido, na íntegra, as duas páginas da obra em que ele efectivamente está inserto (cf. Fernando Pessoa, através do seu heterónimo Bernardo Soares: Livro do Desassossego, Lisboa, Assírio & Alvim, 1998 [edição de Richard Zenith], § 259, pp. 254-255), torna-se cada vez mais imperioso e urgente «abrirmos os olhos», porque a «ortografia» não releva nem deveria relevar propriamente de um desígnio de inspiração «fono-centrista» e «anti-grafémica» («anti-alfabética») orientado pelos critérios da «pronúncia» e da «oralidade», na medida em que ela, «ortografia», implica, acima de tudo, as capacidades e actividades de «ler» e «escrever», a envolverem, portanto, a intervenção da «mão» e do «olhar», mas de um «olhar» arguto, inteligente e crítico, de um «olhar» que verdadeiramente seja capaz de «ver»…

Por sua vez, a «oralidade» (nome etimologicamente relacionado com o lexema latino os, oris que quer dizer «boca») não radica propriamente numa base de natureza «gráfica». Repare-se atentamente na designação «acordo ortográfico» (orto + gráfico), em que o formante adjectival “gráfico” pertence à mesma família do verbo grego γράφω [grapho], verbo que é portador da raiz indo-europeia — *gerbh- / grebh- / gṛbh- [> graph-] —, com o significado matricial de gravar, fazer incisões na pedra ou na madeira, marcar, escrever

Ora as actividades da natureza práxico-grafémica concretizam-se com a mão, sob o comando vigilante dos olhos, e não com a boca e com os ouvidos. De notar que aquela referida raiz está igualmente presente em vocábulos como gramática, grafia e grafema (= letra), bem como autógrafo, biografia, caligrafia, cartografia, etnografia, epigrafia, geografia, lexicografia, ortografia, etc., etc., sendo de lembrar, a propósito, que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, na entrada «-grafia», regista mais de 200 vocábulos pertencentes a esta mesma família lexical.

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Fernando Paulo do Carmo Baptista nasceu em Viseu, em 1940.

Depois de concluída a prestação do serviço militar, acabou por se formar (como aluno voluntário e sempre a trabalhar…) em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a classificação final de «Muito Bom com Distinção, com 18 valores».

Desenvolveu intensa actividade intelectual e académica como docente e como investigador do Instituto Piaget, no seu campus universitário de Viseu, orientando os seminários de Expressão Poética , concebendo, organizando ou co-organizando importantes colóquios, jornadas e congressos de dimensão nacional e internacional (e.g.: I Jornada de Homenagem à Língua Portuguesa ; I Jornada sobre as praxes académicas; I Congresso Bienal da CPLP para a Língua Portuguesa; IV Conferência Internacional de Filosofia e Epistemologia; II Fórum Ibérico para a TeleMedicina…) e dirigindo o Centro de Investigação em Língua Portuguesa (CILP), designadamente, a investigação direccionada para a elaboração de dicionários e manuais especializados, a serem editados pelas Edições Piaget. De entre os projectos que tem actualmente em mais avançado desenvolvimento, dois deles se destacam pela sua específica relevância e interesse linguístico, cultural e pedagógico: o primeiro, na área da lexicologia e da lexicografia: Dicionário genético-semântico da Língua Portuguesa — à descoberta da «sabedoria» das palavras; o segundo, na área da Linguística Aplicada (este, no âmbito de um «protocolo» de colaboração investigativa com a Universidade do Minho, da qual é investigador-colaborador, ligado ao Centro de Investigação em Educação — CIEd): Para a construção da aprendizagem do léxico científico na educação fundamental. Do contributo do indo-europeu e, mais especificamente, das línguas clássicas (grego e latim) para essa construção, comportando, articuladamente, três grandes andamentos investigativos: I. Formação para a cidadania; II. Educação e cultura científicas; III. Léxico especializado de matriz indo-europeia e clássica (greco-latina).

Numa brevíssima descrição de cargos e funções, é:

  • Inspector jubilado do Ministério da Educação de Portugal;
  • Investigador convidado do Centro de Investigação em Educação [CIEd] da Universidade do Minho;
  • Investigador da Associação Piaget Internacional [AsPI];
  • Consultor editorial da revista da Organização Mundial da Saúde [«WHO – Bulletin»];
  • Membro do “Editorial Board” e colaborador das seguintes revistas inter-universitárias:
    • – «The Journal of the Indiana Academy of the Social Sciences» do Estado de Indiana – USA (cf.: www.iass1.org);
    • – «The interdisciplinary journal of Portuguese diaspora studies» (IJPDS] (cf.: http://portuguese-diaspora-studies.com)
  • Membro honorário do Movimento Internacional da Tele-medicina / Tele-saúde.

Teve, até agora, os seguintes louvores e galardões:

  • Louvor do Comando da Base Aérea n.º 2 (Ota) — Força Aérea Portuguesa;
  • Louvor da Inspecção Geral da Educação — Ministério da Educação;
  • Diploma de Sócio de Honra da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina – ADT;
  • Prémio «Mérito Científico» do GICAV — Gala Anim’ Arte de 2005;
  • Medalha de Mérito da Câmara Municipal de Sernancelhe e «diploma» de Cidadão Honorário do Concelho, em 2008;
  • Medalha de Mérito Cultural da Academia de Letras e Artes de Paranapuã (Rio de Janeiro – Brasil), em 2009;
  • Medalha de Mérito Cultural da Academia Lusófona de Artes e Letras, em 2009;
  • Medalha de Mérito Cultural «Académico Austregésilo de Athayde», da Academia Brasileira de Letras , em 2009.
Independentemente dos vários estudos e ensaios de natureza filológica, linguística, pedagógica, filosófica, epistemológica e literária já publicados, destacam-se, neste contexto, as três seguintes obras:
  •  1. Concepção e co-autoria do Projecto Pedagógico-Didáctico — «Sinfonia da Palavra» (com a supervisão científica do Prof. Doutor Vítor Aguiar e Silva) —, projecto materializado no conjunto de manuais (e documentos conexos de fundamentação e de apoio) para o ensino/aprendizagem da disciplina de Português (Ensino Básico e Ensino Secundário), Porto, Edições ASA, 1990;
  • 2. Tributo à Madre Língua (com prefácios dos Profs. Doutores Vítor Aguiar e Silva, Rita Marnoto e A. Castanheira Neves), Coimbra, Pé de Página Editores, 2003;
  • 3. Nesta nossa doce Língua de Camões e de Aquilino (com prefácio do Prof. Vítor Aguiar e Silva), Sernancelhe, edição da Câmara Municipal, 2010.

Fez uma sessão na Casa da Cultura de Coimbra, no dia 17 de Março, intitulada “Acordo Ortográfico: SOS pelas matrizes profundas da língua portuguesa“. É autor de um texto claríssimo sobre o AO90, que teve a imensa generosidade de deixar em comentário na página da ILC e foi subsequentemente publicado, aqui mesmo, sob o título «Essa sinistra guilhotina».

A propósito da ILC Contra o Acordo Ortográfico, teve a amabilidade de nos dirigir as seguintes palavras:

«É para mim uma rara e honorável distinção estar envolvido
convosco nesta mesma sintonia em crescente movimento.»

Subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da nossa ILC.

Nota: esta publicação foi autorizada pela subscritor, que nos enviou, expressamente para o efeito, a sua biografia, de onde retirámos esta abreviadíssima versão.

 

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Pedro Mexia

Pedro Mexia (Lisboa, 1972) é um escritor e crítico literário português.

Licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. Foi crítico e cronista no Diário de Notícias (1998-2007) e no Público (2007-2011). Escreve actualmente no Expresso. Assina também uma coluna mensal na revista LER.

Foi subdirector e director interino da Cinemateca Portuguesa (2008-2010). Tem colaborado regularmente em projectos das Produções Fictícias (É a Cultura, EstúpidoO Eixo do MalO Inimigo Público, Canal Q). É um dos membros do Governo Sombra, na TSF.

Publicou seis livros de poemas: Duplo Império (1999), Em Memória (2000), Avalanche (2001), Eliot e Outras Observações (2003), Vida Oculta (2004), Senhor Fantasma (2007). Em 2011, saiu Menos por Menos – Poemas Escolhidos.

Editou quatro colectâneas de crónicas, Primeira Pessoa (2006), Nada de Melancolia (2008), As Vidas dos Outros (2010) e O Mundo dos Vivos (2012).

Manteve os blogues A Coluna Infame (com João Pereira Coutinho e Pedro Lomba), 2002-2003; Dicionário do Diabo, 2003-2004, Fora do Mundo (com Francisco José Viegas e Pedro Lomba), 2004-2005; Estado Civil, 2005-2009, e Lei Seca, desde 2009. Desses blogues nasceram três volumes de diários: Fora do Mundo (2004), Prova de Vida (2007) e Estado Civil (2009).

Está representado em 366 Poemas que Falam de Amor (2003), org. Vasco Graça Moura; Antologia do Humor Português (2008), org. Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos; Poemas Portugueses – Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, org. Jorge Reis-Sá e Rui Lage (2009); Alma Minha Gentil: Antologia general de la poesía portuguesa, org. Carlos Clementson (Espanha, 2009); e Poemas com Cinema, org. Joana Matos Frias, Luís Miguel Queirós e Rosa Maria Martelo (2010).

Organizou e prefaciou o volume de ensaios de Agustina Bessa-Luís Contemplação Carinhosa da Angústia. Traduziu Notas sobre o Cinematógrafo, do cineasta francês Robert Bresson. Publicou uma versão de uma peça de Tom Stoppard (Agora a Sério, 2010).

Escreveu a letra de uma canção (“Lixo”) do álbum “Equilíbrio” (2010), de Balla.

Colaborou duas vezes no projecto de peças curtas portuguesas Urgências (Teatro Maria Matos, 2004 e 2006). Adaptou para teatro (com Ricardo de Araújo Pereira) Como Fazer Coisas com Palavras, do filósofo inglês John Austin (Teatro São Luiz, 2008). Publicou a peça Nada de Dois (2009, encenada no Brasil em 2010 e no Canadá em 2011) e escreveu Pigmalião, a partir de Ovídio (Teatro Oficina, Guimarães, 2010). Encenou Agora a Sério, de Tom Stoppard (Teatro Aberto, 2010).

[Transcrição integral da biografia do autor na Wikipedia. Fotografia gentilmente enviada pelo subscritor para o efeito.]

Pedro Mexia subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do “acordo ortográfico”.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da ILC pela revogação do “acordo ortográfico”.

Nota: esta publicação foi autorizada pelo subscritor.

 

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TeresaCadete-08Abr2012

«A desmontagem do “facto consumado”»

Por Teresa R. Cadete

Há algumas semanas, numa conversa ocorrida no meio académico, alguém questionou, como se falasse consigo próprio: “Pois, não gosto do AO, mas tenho de ver o melhor modo de implementá-lo sem dor”. Isto junto de alunos de uma faculdade sem política ortográfica definida. O docente em questão tinha na sua mão decidir o modo de usar a língua materna e participar a sua decisão aos alunos, justificando as razões da opção tomada. E, naturalmente, respeitando as opções destes.

Porquê então tal conformismo? No momento que atravessamos, e perante toda a argumentação exposta nos planos linguístico, cultural e jurídico, já se tornou público e notório que ninguém será prejudicado por criticar as arbitrariedades, as inconsequências, as irregularidades do texto do acordo de 1990 e das posteriores “emendas”. (Já falaremos da situação de quem é profissionalmente coagido a adoptar o AO.) Recentemente, tive de ler uma tese de mestrado escrita por uma candidata brasileira e que continha palavras como excepção, aspecto, perspectiva, recepção, etc. Creio que mesmo um acordista honesto se teria aqui interrogado vezes sem conta sobre a razão do sacrifício de uma erradicação de consoantes (que indicam a pertença a uma família de palavras) imposta ao português europeu.

Não nos iludamos. Por um lado existe uma aparente liberalidade, por parte das autoridades legislativas e governativas, face à possibilidade de resistir às imposições do AO, que reconhecidamente falham as respectivas metas em todos os planos (alegada correspondência entre oralidade e escrita, pretensa unificação da língua para o mundo da lusofonia, real assalto das editoras ao mercado brasileiro, esse em que porém os leitores que amam a língua compreendem sem esforço o português europeu; será que esse assalto visa os analfabetos, os leitores light?). Por outro lado, essa liberalidade não consegue mascarar o carácter totalitarizante de uma medida que confronta o cidadão comum a par e passo com uma língua em que ele não se re-conhece. Porque quem usa o acordês parece ficar isento de passar por esse processo sensorial e reflexivo tão primorosamente descrito por José Gil no texto publicado na Visão no passado 16 de Fevereiro. Engole a língua, sem a mastigar, e vomita-a como moeda de troca que se gasta por passar rapidamente de mão em mão, com valor de comunicação imediata.

Tomemos como exemplo a alegada percentagem de 1,6% de palavras alteradas no Português europeu (Daniel Ricardo, O Novo Acordo Ortográfico, publicação da Impresa distribuída com jornais e revistas em 2011, p. 13). Ora acontece que essa percentagem pode ser verdadeira se tivermos em conta a totalidade lexical, mas que eu saiba ainda não existe nenhum estudo sobre a frequência e recorrência do uso das palavras mais afectadas pela razia acordista. Os resultados dessa nova estatística ultrapassariam, de longe, a percentagem que pressupõe a colocação no mesmo plano de palavras como acção, concepção, espectáculo por um lado, e manati, ornitorrinco, equidno, por outro, essas espécies animais cuja classificação nos deu outrora que fazer nos bancos escolares.

Mas são aquelas palavras que nos ligam não apenas às nossas origens greco-latinas (nesta altura, os acordistas preparam a batuta para o estafado argumento da “pharmácia”, como se precisassem de aspirinas para as dores de cabeça que os argumentos críticos ao AO porventura lhes causam) mas sobretudo, e aqui reside na minha opinião um dos pontos mais sensíveis dos efeitos do AO, à grande família que partilha essas origens. Tal tradição linguística faz com que leitores em numerosos países europeus, e não só, possam entender textos noutras línguas. Nomeadamente, no português europeu.

Sendo porém apartados pela força de uma medida prepotente, ao arrepio de reconhecidos especialistas ao longo de mais de vinte anos, continue reading…

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Pois é: antes fosse mentira

Por NUNO PACHECO

Publico-2_01Abr2012Hoje, 1 de Abril, é o dia consagrado à mentira. Não precisávamos, é verdade. Já temos tantas e em tantos outros dias que a coisa se banalizou consideravelmente. Mas é provável que haja ainda quem siga a tradição. Assim: “Hoje vamos todos jantar a um restaurante caro! Saiu-me a lotaria!”; ou: “A crise acabou!”; ou: “O Álvaro já não é ministro!” Pois sim, então é 1 de Abril e acreditaram? É verdade, acreditaram. A mentira sorriu-lhes. Não se arranjará um dia consagrado à verdade?

Mesmo que arranjassem, haveria sempre alguém a infringir a regra. Aliás, é para isso mesmo que as regras se fizeram, para infringir. Não é verdade? Ou é mentira? Pouco importa, para o caso. Mas há verdades que gostaríamos que fossem mentira. Por exemplo: os portugueses andam a falar mal e a escrever pior. É verdade, mas devia ser mentira. Um exemplo é a moda que veio substituir palavras simples e directas por outras rebuscadas e pretensamente cultas. Vejamos. Ainda não há muito tempo, os verbos receber e perceber tinham utilização geral. Recebia-se uma mensagem e percebia-se (ou não) o que ela dizia. Hoje é diferente: receber foi substituído por recepcionar e perceber por percepcionar. Dá coisas como esta: “Bom dia, já recepcionou o que lhe enviei? E percepcionou tudo? É que há quem não percepcione logo à primeira…” Com o famigerado AO90 o diálogo melhora. Vejam: “Bom dia, rececionou a minha mensagem? Percecionou? Não? É que me pareceu que tinha acusado receção. Mas se não rececionou, reenvio. Quando rececionar, diga. Se não percecionar, explicarei melhor.”

Quem dera fosse mentira. Não é.  continue reading…

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José Fernando Caldas Esteves

Nasceu em Paris em 1974;

Estudou Filosofia e Teologia em Braga;

Ordenou-se padre em 1998, na Catedral de Viana do Castelo;

Foi pároco em Arcos de Valdevez, formador no Seminário Diocesano e responsável pela Pastoral Juvenil em Viana do Castelo;

Em 2003 foi para Roma estudar Ciências da Educação;

Em 2005 foi nomeado Vice-reitor do Pontifício Colégio Português de Roma, do qual é agora Reitor;

Desde 2008 trabalha na Congregação para a Educação Católica no Vaticano.

José Fernando Caldas Esteves subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

Este é mais um perfil publicado na “galeria” de subscritores, activistas e apoiantes da ILC pela revogação do “acordo ortográfico”.

Nota: esta publicação foi autorizada pelo subscritor, que nos remeteu, expressamente para o efeito, a nota biográfica e a fotografia.

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