ILC contra o Acordo Ortográfico

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Transcrição de intervenção do deputado Miguel Tiago na audiência de 21.02.13 no Grupo de Trabalho parlamentar sobre o AO90.

Audiencia_MT

[Nota: pode ouvir a gravação na íntegra AQUI ou acedendo à mesma através da página da respectiva audiência no “site” do Parlamento.]

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[Nota: pode ouvir a gravação na íntegra AQUI ou acedendo à mesma através da página da respectiva audiência no “site” do Parlamento.]

Transcrição das intervenções de estudantes da Escola Secundária da Amadora na audiência de 21.02.13 no Grupo de Trabalho parlamentar sobre o AO90.

«Sou a Carina Moutinho e sou aluna também do secundário do 11º ano.
Basicamente, o nosso objectivo é mostrar-vos o nosso profundo desagrado com a implementação do novo acordo ortográfico. Há um grande descontentamento. Passamos assim a um conjunto de problemas mais concretos:
Na leitura, palavras que antes eram banais e que nós utilizávamos normalmente começaram a tornar-se confusas com outras e, ao mesmo tempo, eram palavras completamente novas, palavras novas que nós antes, afinal, utilizávamos sempre na nossa rotina e isso agora já não acontece.»

«Sou a Inês Valdoleiros, 11º ano, ESA
Acerca desta leitura que nós temos que fazer constantemente nas aulas, falamos então de uma simples apresentação de um livro numa aula de Português ou até na simples leitura de um texto pedido pela professora. Há certas frases com que nos temos vindo a deparar, como por exemplo, “o comboio pára em todas as estações” – esta frase pode ser igual lida assim, mas fora do contexto, este “pára” pode-nos levar para o “comboio para”. E como podemos ver então, um simples acento, muda o sentido da frase

[Provavelmente, de novo Carina Moutinho]
«Sendo assim, já que falamos nos acentos, passamos assim a outro âmbito, ao âmbito da escrita, em que chegámos à conclusão que não sabemos o que fazer, é uma grande confusão. Não sabemos se havemos de tirar letras, de pôr, se tirar os acentos ou não, e é muito triste chegarmos a esta altura e nós não sabermos como havemos de escrever a nossa própria língua, e acho que isso não está a favorecer grande coisa.
Também nos deparamos com textos nos nossos manuais em que alguns adoptam o novo AO e outros não, e ficamos confusos, porque afinal em que é que ficamos?
Esta dúvida constante acerca de como havemos de escrever as nossas simples composições da escola, digamos que não nos está a deixar muito contentes com esta presente situação, e era isso que nós vínhamos aqui também dizer que para nós não é muito bom mudarmos a nossa língua, e a língua que aprendemos no primeiro ciclo e que temos vindo a aprender para apenas facilitar a comunicação com países como o Brasil e os Palops e a nossa opinião é que, mudarmos a nossa língua agora, a meio da nossa vida, é como mudarmos as nossas origens.
Sinceramente nós duvidamos que com todas essas mudanças haja alguém que consiga escrever realmente com todas as regras do novo AO sem ter o novo corrector, sem ter o corrector, pronto, no computador ou sem estar sistematicamente a ver quais é que são essas regras. Para além do mais nós também não conseguimos compreender que com tantas coisas para mudar, porque razão mudar a nossa língua? Penso que não havia necessidade para tal.
Concluímos assim que não queremos que seja apenas, que pensem apenas que somos só nós os quatro que temos essa opinião, mas sim toda a escola e todas as outras escolas, porque sempre que falamos sobre este assunto há sinceramente um grande descontentamento entre todos.
Portanto, a gente pedia que vocês reflictam sinceramente sobre este assunto, porque se pensam que esta mudança vai provocar um melhor aproveitamento para os alunos e tudo mais, não está realmente a resultar.»

«Sou o Pedro Silva, sou também aluno da ESA.
Em termos mesmo do acordo, portanto, o acordo, como já foi dito pelas minhas colegas, serve também para facilitar as comunicações e uniformizar o português globalmente, portanto, termos uma língua mais semelhante. Mas penso que tal não seja necessário. Como também já a minha professora disse, cada cultura, dependendo das outras com que contacta, vai absorvendo características diferentes. E à medida que uma cultura evolui, ela pode mudar. E mudando a cultura, não precisamos de estar constantemente a uniformizar tudo. Temos por exemplo o Latim. Hoje em dia, sabem, há várias línguas que são línguas latinas, todas baseadas na mesma original. Mas, à medida que essas culturas foram evoluindo entre si, as línguas foram-se cada vez mais separando e se, talvez, daqui a muitos anos, se se vir que as línguas, o português de Portugal e o português brasileiro, são diferentes o suficiente para se [ininteligível] uma à outra, uma língua diferente, que seja, que falemos outra. Mas não é preciso estarmos a mudar as nossas culturas só para termos algo mais em comum com a outra, quando já não existe nada assim

[Esta transcrição (com realces e sublinhados) foi executada pela ILC AO90 (PB). Copie e cole à vontade mas não se “esqueça” de citar a origem do trabalho.]

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Durante uma procura pela tradução oficial para português da peça shakespeariana ‘Hamlet’, de modo a poder transcrever correctamente a famosa frase de Marcellus, “Something is rotten in the state of Denmark” para uma publicação no Facebook, encontrei a página do Plano Nacional de Leitura. Quando comecei a ler a versão da peça que lá está alojada, franzi o sobrolho ao verificar (achava eu) que já teria sido convertida para a nova ortografia. Respirei fundo e iniciei corajosamente a procura pelo termo “Dinamarca”. De repente, passa-me um “súdito” pelos olhos. Voltei ao início do documento e qual não é o meu espanto, a personagem Polónio era Polônio. Não quis ver mais nada, porque já o estômago se me embrulhava ao perceber que, no plano nacional de leitura de Portugal se encontra uma tradução para português do Brasil da peça Hamlet.

Há verdadeiramente algo de muito podre no estado da ‘Dinamarca’, muita leviandade e incompetência ou propósitos muito mais funestos. Tendo a acreditar na segunda hipótese.

Mandei-lhes uma mensagem por correio electrónico que, até agora, não teve resposta, e que passo a transcrever:
_________________________________________________________
From: Paula Blank 21 February 2013 10:20
To:
Bcc:

Exmos Senhores,

Estou de tal forma chocada com a descoberta que acabo de fazer, enquanto procurava uma tradução para português da peça Hamlet, que me limito a estas perguntas:

Como é possível que, no plano nacional de leitura, para Portugal, conste uma tradução para português do Brasil? Com nomes como “Polônio”, e grafias como “súdito”?

Não há traduções para português de Portugal?!

É o destino da língua portuguesa, como a conhecemos, a total e absoluta aniquilação em favor da versão brasileira?

(Link para versão brasileira de Hamlet no site do PNL)

Paula Blank
_________________________________________________________

Neste momento, creio que a resposta à minha terceira pergunta é um redondo e retumbante SIM. E eu não me lembro de algum dia ter dado o meu aval a nenhum governo para alienar aquilo que é meu como cidadã portuguesa. Mas é isso que estão a fazer, pela calada, nas nossas costas, à nossa revelia. Vivemos dias de golpe de estado – mas ao contrário.

(Nota: não se coloca de todo em questão a qualidade da tradução)
suditos
[Imagem retirada do ficheiro PDF no “site” do “Plano Nacional de Leitura“.]

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