ILC contra o Acordo Ortográfico

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Quer dizer: Português

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barcoRocioAinda convalescente (não se preocupem, nada de grave, “apenas” um pequeno problema) mas animada pelo Sol que hoje decidiu acompanhar-nos após umas semanas de folga, fui passear junto da minha inseparável câmara fotográfica.

Não era apenas o sol, o vento também estava armado em simpático. Nada de admirar, uma vez que hoje não vinha, como habitualmente, do Norte mas do Oeste, quentinho e bem cheiroso… quer dizer: Português.

A Primavera anuncia-se, as primeiras margaridas, as amendoeiras (essas impacientes!) em flor, os pombos a arrulhar…

E eu ao meu passo de tartaruga a pensar no que irá a acontecer amanhã na Assembleia da República Portuguesa.

Pensamentos estranhos para uma espanhola? Quem não me conhecer acharia que sim, quem tiver partilhado os últimos 3 anos e tal de vida não estranha nada. Quem me conhecer bem, sabe como para mim é importante tudo que tenha a ver com o AO90 ou, melhor dizendo, com a luta contra ele.

Amanhã discutir-se-á no Parlamento um projecto de Resolução do PCP que recomenda, em primeiro lugar, a criação do Instituto Português da Língua e a renegociação das bases e termos do AO90. A ideia é, no meu entender, que sejam os linguistas e não os interesses políticos a decidir se convém ou não seguir à frente com a bosta do AO ou, pelo contrário, se o melhor que se pode fazer é revogar dito Acordo.

Alguém tem dúvidas de qual a opção válida? Eu não tenho. Nenhumas.

Amanhã é pois (mais) um dia para a esperança. Já houve outros e já foram muitas as decepções. Mas quem aguentou (oh, sim, eu aguento) mais de 3 anos para chegar até aqui, resiste mais um dia de incerteza (embora a noite prometa ser longa e mal dormida) e caso, espero bem que não, aquilo não dê em nada de proveito, cá estaremos nós para mais 3 anos ou mais três lustros na luta contra o que nunca devia ter sido iniciado e que é imprescindível seja revogado de vez.

Estou especialmente contente por ter sido o PCP (partido que conta com a minha confiança, amizade e adesão) a apresentar este Projecto de Resolução.

Sei que há outros dois. Um deles (o do BE), acho-o, sinceramente, um insulto a Portugal e à soberania do povo português, o outro (do Deputado Mendes Bota) acho muito bom (de facto, para ser sincera, nem consigo acreditar numa coisa dessas vinda de um Deputado do PSD mas desejo com o coração nas mãos que o partido dele alinhe). A ver vamos.

Se afinal há tantas vozes contra, vozes que na altura da aprovação do AO90 estavam a ouvir outro lado, quer por desinteresse ou não, então onde está o problema para se juntar 23 Deputados? Esqueçam por uma vez as cores políticas, é da Língua de todos vocês – e nós – que se está a tratar, caramba!

Gostava muito mesmo de não ter que aturar nunca mais a visão dos agravos que todos os dias passam canais de TV portugueses, em alguns jornais e revistas e até nos cartazes aqui, em Zamora, a anunciar eventos numa pseudo-língua que me ofende, como pessoa que dá valor à Cultura e ao património cultural dos povos mas também como pessoa que ama profundamente Portugal.

Amanhã é dia para a esperança e espero bem que o vento continue a soprar de Oeste e que traga boas notícias.

Amanhã é dia para a esperança mas, se nada vingar, cá estaremos. Nesta causa, como em muitas outras coisas – as importantes – da vida, não desistimos.

Rocío Ramos

florRocío

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Bom Ano Novo!

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Feliz Natal!

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BOLA CRISTAL

A todos os subscritores, apoiantes, voluntários e activistas da Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do “acordo ortográfico”: Feliz Natal!

[Montagem (foto)gráfica via serviço Pho.to.]

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Vem aí o Natal…

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ARVORE AO

[Montagem via serviço Pho.to.]

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TshirtFVistaPrintLembro-me como se fosse ontem mas já passaram três anos. Ou então poderia também dizer que passaram apenas três anos porque, quando a causa é justa, pode-se lutar por ela a vida inteira. E esta nossa causa é justa. E nobre. E digna.

Neste tempo todo vivi junto dos companheiros e companheiras de luta contra o AO90 momentos inesquecíveis (às vezes bons, outras vezes nem por isso). Já fiquei amiga (para sempre) de alguns deles. Aprendi muito junto deles. Aprendi o significado da palavra coragem no seu sentido mais amplo porque, acreditem, nem sempre foi fácil lidar com o assunto. Ser pioneiros não é nunca fácil, nem também não o é compatibilizar a vida privada com uma tarefa destas dimensões.

Nesta altura já quase toda a gente compreendeu o erro que implica(ria) a aplicação do Acordo nas suas vidas quotidianas e, pior, o roubo que representa(ria) para o património cultural e até identitário de Portugal.

Mas houve um tempo em que não era assim. Houve um tempo em que o povo pensava que nada aconteceria por tirar umas consoantes “mudas”, umas maiúsculas iniciais, uns hífenes…

Felizmente acordaram e estamos a caminho de acabar com algo que nunca tinha que sequer ter começado. Mas, repito, o caminho não foi, nem é, fácil.

Já me desloquei a Lisboa desde a minha cidade, Zamora, com o propósito de fazer uma recolha de assinaturas na rua num fim-de-semana em que o céu da bela Olíssipo decidiu, sem prévio aviso, descarregar a água de todas as nuvens do mundo ali. Já fui ter com o JP todas as vezes em que me foi possível para pensarmos juntos maneiras de a ILC avançar. Até já recebi na minha cidade um JP cansado (a viagem não é confortável) e doente nesta Zamora gelada que os recebeu (a ele e à sua constipação) com 6 graus negativos, mas nem isso o impediu de dar a conferência combinada na Fundação Rei Afonso Henriques e convencer a numerosa audiência, de estudantes espanhóis de Português, da estupidez que o AO90 representa.

Quer dizer, já vivi muita coisa ao longo destes três anos e já vi muito esforço da parte dos companheiros (Rui Valente, Manuela Carneiro, Hermínia Castro, Graça Maciel…) para não sentir imenso orgulho da ILC e de todos eles.

É por isso que, nos últimos tempos tenho assistido com alguma perplexidade à insistente exigência de informação o respeito do número de assinaturas de que a ILC dispõe. E digo perplexidade, para não dizer incredulidade porque, curiosamente, as insistências costumam vir de pessoas que pouco ou nada (salvo, se calhar, com um bocado de sorte, se tiverem assinado a ILC) fizeram por ela.

Nunca ouvi nenhum dos meus companheiros perguntar ao João Pedro pelo número de assinaturas como nunca os vi deixar de trabalhar no duro para conseguir mais, sempre mais. O João Pedro Graça tem a enorme obrigação de fazer de guardião das assinaturas uma vez que foi o primeiro subscritor da ILC e ficou responsável pela dele e por todas as que chegariam a seguir. E, acreditem na minha palavra, não haverá no mundo pessoa que cuide delas com mais dedicação. O mesmo não posso dizer de outras pessoas que reconheceram publicamente ter no seu poder assinaturas que não chegaram nunca às mãos do representante legal da ILC. Será que as perguntas sobre o número de assinaturas vêm precisamente dessas pessoas? Seria o cúmulo do descaramento. Mas, reconheço, já vi tanta coisa diferente nisto que também não me surpreenderia nada.

Eu, que infelizmente não posso assiná-la pelo facto de ser estrangeira mas que estou quase desde o início (o JPG que me corrija se estou errada) no grupo de pessoas que trabalham nela, nunca perguntei o número atingido até à data porque compreendo perfeitamente as razões para a sua não divulgação: se o número for ainda escasso, poderia ser utilizado contra a causa mas, se o número andar perto do necessário, poderia ser desmobilizador porque já sabemos como costumam (não) agir as pessoas quando acham que “já está quase”.

Não, não sei, nem quero saber, o número de assinaturas de que dispomos. Sei é que graças à ILC o debate está na rua, que as pessoas abriram os olhos quanto ao problema e que o assunto chegou finalmente até à AR, onde os diferentes grupos políticos com representação parlamentar estão a trabalhar para tomar a decisão pensada que na altura não se tomou com o devido interesse e com toda a informação e dedicação que o assunto merecia.

A Língua Portuguesa merece esse debate, merece que os prós e os contras sejam ouvidos, que não se defendam os interesses económicos (ou até de egos insatisfeitos) de uns poucos mas os interesses culturais e educacionais de um povo inteiro.

Desde o meu cantinho, desde este “exílio emocional” que é não pertencer a Portugal mas com o imenso amor que sinto por esse maravilhoso rectângulo à beira mar plantado, digo-vos: Não teimem em fazer perguntas estéreis que não conduzem a parte nenhuma e trabalhem em prol da ILC, façam proselitismo, chateiem à família/amigos/vizinhos/colegas… Façam alguma coisa de jeito para atingirmos quanto antes as 35.000 assinaturas e podermos assim ter orgulho num imenso trabalho colectivo, em ter colaborado nele de maneira positiva em lugar de andar por aí com suspeitas que não têm razão de ser.

O dia em que as assinaturas atingirem o número necessário (e que afinal terão que ser mais das 35.000 porque há sempre subscrições inválidas por diversos motivos) não tenham dúvidas que o companheiro JPG será o primeiro a informar.

Até esse dia… vamos trabalhar contra a desídia de uns e o oportunismo de outros.

Rocío Ramos

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No passado dia 7 de Dezembro uma delegação representativa do grupo de cidadãos que promovem a ILC contra o AO90 foi recebida por dois deputados do Grupo Parlamentar do PCP na Assembleia da República, na sequência de encontros marcados com os diferentes grupos políticos com o fim de os informar a respeito da nossa luta e procurar apoios entre eles(ver nota).

Esta reunião em particular alongou-se por várias horas e houve evidente interesse no assunto por parte dos deputados João Oliveira e Miguel Tiago.

Para mim, como cidadã espanhola, este encontro foi especialmente emotivo. Em primeiro lugar, é claro, por ser recebida na Assembleia da República, máximo expoente da representação do povo português (ao qual me sinto já há muito tempo e para sempre unida por laços de afecto indissolúveis) e, em segundo lugar, pela honra de, mesmo sendo estrangeira, fazer parte do grupo representativo da ILC em defesa da Língua Portuguesa, um idioma que não é a minha Língua materna mas que estudei ao longo de muitos anos e que aprendi a amar como se da minha própria Língua se tratasse.

Acompanham estas palavras algumas das fotografias que tirei no decorrer da visita que se seguiu à reunião e na qual o nosso amável cicerone (João Oliveira) nos mostrou o Palácio e amenizou a visita com interessantes (e por vezes divertidas) informações.

Permita-se-me destacar uma fotografia que sem possuir a qualidade técnica necessária passou a ser a minha preferida: trata-se dessa em que (no lintel de uma porta) aparece a escultura da coroa franqueada a um lado pela figura ameaçante de um homem de espada na mão e, do outro lado, uma mulher desarmada e de atitude franca e relaxada. O Deputado João Oliveira disse que é a representação da força contra a verdade e eu fiquei então (e fico agora de novo) a pensar que afinal é disso que a ILC pretende: a verdade (a lógica, o bom senso…) contra a força (dos interesses económicos).

Feliz pela experiência, grata pela amabilidade dos deputados e confiante na vitória da verdade seria o resumo do meu estado de espírito na hora de avaliar a reunião, a visita inesquecível.

Rocío Ramos


[Nota: este texto, bem como as fotografias que o ilustram, são da autoria de Rocío Ramos, a nossa mais veterana militante, e referem-se ao encontro entre uma delegação da ILC e dois deputados do PCP na Assembleia da República, no passado dia 7 de Dezembro, à semelhança de um outro encontro anterior, a 22 de Novembro, também com dois deputados mas dessa vez do PSD. Anteriormente já tínhamos sido recebidos em audiência na CECC, no dia 12 de Julho de 2012. Tencionamos evidentemente prosseguir com o nosso programa de reuniões e audiências com deputados de todas as áreas político-partidárias, a fim de os sensibilizar para esta iniciativa cívica em particular e para a oposição ao “acordo ortográfico” em geral.
JPG]

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