O líder histórico timorense, Xanana
Gusmão, encontra-se em Timor Ocidental com o objectivo de
levar os 80 mil refugiados que ainda se encontram naquela
província indonésia a regressar a Timor-Leste, de preferência
até ao final deste ano.
Xanana Gusmão viajou para
Kupang, capital de Timor Ocidental, acompanhado pela família ,
numa visita que está a decorrer sob fortes medidas de
segurança. À chegada ao aeroporto, Xanana reafirmou o desejo
de paz do povo timorense.
"Queremos a reconciliação e
uma situação de paz para reconstruir o futuro de Timor-Leste.
Não queremos voltar a combater. Queremos a paz. Estamos
cansados de conflitos", declarou o líder
timorense.
Xanana Gusmão classificou esta visita de
três dias como uma missão de paz destinada a encorajar os
"seus irmãos e irmãs" que ainda vivem nos campos de refugiados
a regressar a Timor-Leste e participar na reconstrução do
país.
Milhares de timorenses que fugiram da violência
das milícias pró-Indonésia depois do referendo de 1999 em
Timor-Leste, no qual saiu vencedora a opção independentista,
vivem ainda nos campos de refugiados de Timor Ocidental. De
acordo com um responsável dos refugiados, Câncio Lopes de
Carvalho, citado ontem pelo Jakarta Post, Xanana
gostaria de os convencer a regressar antes de Janeiro de
2002.
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (ACNUR) já repatriou 188 646 timorenses, mas 80 mil
permanecem ainda em Timor Ocidental com medo de voltarem às
suas casas.
No entanto, o Governo de Jacarta anunciou
que vai suspender a ajuda humanitária a estes refugiados a
partir dos finais de Dezembro, no intuito de apressar o seu
repatriamento. Aqueles que decidirem regressar receberão 750
mil rupias por família, além de uma quantidade de arroz,
enquanto aqueles que optarem por ficar na Indonésia serão
tratados como cidadãos comuns, sem benefícios extra.
O
porta-voz do ACNUR em Timor Oriental, Ian Hall, disse que é
esperado o regresso da maioria dos refugiados até ao final de
Dezembro e que os restantes sejam repatriados antes da
declaração da independência de Timor-Leste, prevista para Maio
de 2002.
Entretanto, segundo um porta-voz da
Administração Transitória das Nações Unidas para Timor-Leste
(UNTAET), Mica Barreto, Xanana Gusmão tem igualmente
programados encontros de reconciliação com responsáveis das
milícias anti-independentistas, assim como um encontro com o
bispo de Kupang, Petrus Turang, e ainda com as autoridades
militares e civis da província.
Pouco depois da chegada
a Kupang e ainda no aeroporto, Xanana Gusmão manteve um
encontro à porta fechada com Piet A. Tallo, o governador de
East Nusa Tenggara, zona onde se situa parte dos campos de
refugiados.